domingo, 21 de julho de 2013

TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO E MARXIZAÇÃO DA IGREJA FOI LONGAMENTE PREPARADA



O livro "O CONCLAVE", de Malachi Martin, trata da infiltração comunista no Vaticano e os consequentes conflitos e tramas para influir na eleição papal, além do lento, traiçoeiro e corrosivo ataque aos fundamentos da religião.  " O Papa João Paulo I foi assassinado [35] [36] de acordo com o livro de Malachi, "Vaticano: A Novel", por Jean-Marie Villot , sob ordens da URSS ".  Jean-Marie Villot, segundo consta, teria então o cargo de Carmelengo.

A seguir, alguns trechos de O CONCLAVE:


Thule tivera um encontro especial com os periti ultraprogressistas, no Concílio, e entre eles ficara decidido que procurariam introduzir, no texto dos documentos conciliares, "bombas de ação retardada" em assuntos de doutrina, que seriam aprovados pelos bispos.  
Uma bomba de ação retardada era uma frase suscetível de mais de uma interpretação. Para os bispos, uma frase dessas teria um significado. Mas depois, como de fato aconteceu, a Comissão daria outro — e por vezes totalmente diferente — significado à frase aparentemente inócua.

Walker trouxe consternação ao Conclave. Pelo menos quatro ou cinco Cardeais, quase todos da América Latina, estão de pé, tentando conseguir permissão para intervir. Um deles, Marquez, consegue: 
     Nosso Irmão, o Cardeal Walker, precisa ter certeza de que dispõe de prova desta grave acusação. 
     Está tudo aqui, meu Eminentíssimo Irmão, está tudo aqui. — Walker levanta no ar outro monte de papéis. Está sorrindo, mas não é um sorriso agradável. — Estes documentos me custaram muito trabalho. Deixai-me ver, agora, — folheia rapidamente algumas páginas. — Ah, sim! — Uma pausa, enquanto lê os nomes dos mais controvertidos e mais modernistas dos periti do Concilio Vaticano.
     Está o nosso Eminente Irmão dizendo, — Marquez insiste na provocação a Walker, — que havia uma espécie de entendimento entre estes homens e outros ainda não mencionados?

     Sim. Estou! — Muito embora todos os presentes a esta altura já tivessem compreendido a significação daquilo que Walker estava dizendo, sua afirmação final de que houvera nada menos que uma trama para aliciar a vontade do Concílio ainda constitui uma bomba. O Presidente não consegue manter a ordem entre os Cardeais e Walker precisa quase berrar, para poder se fazer ouvido. — Estou dizendo precisamente isso, Reverendo Irmão. Houve um plano coordenado, predeterminado, estabelecido por um punhado de bispos e periti, um plano que agora conhecemos em detalhe, um plano que foi seguido meticulosamente. 

     Precisamos saber, Eminentes Irmãos, — Thule é um desafio ostensivo, — precisamos saber quais são os detalhes dessa trama, desse plano.

     Muito bem! Primeiro: Colocar as bombas de ação retardada, aquelas afirmações ambíguas, nos documentos do Concilio. Na nossa CSL oficial, por exemplo, uma afirmação como a que consta do Artigo 21, que diz: "A Liturgia compõe-se de elementos imutáveis, de instituição divina, e de elementos sujeitos a modificação." Ou, no Artigo 33: "Embora a Liturgia sagrada seja, acima de tudo, a adoração da Majestade Divina, contém ela, igualmente, abundante instrução para os fiéis." Ou, no Artigo 38: "A revisão dos livros litúrgicos deveria permitir variações e adaptações legítimas a diferentes grupos, regiões e povos, especialmente em zonas missionárias."
Ora, Confrades, todas as declarações desse tipo foram entendidas por nós, os bispos, num sentido, um sentido conservador, tradicionalista. O passo número um consistiu em introduzir tais declarações nos documentos oficiais.
Segundo passo: Encher a Comissão pós-Concílio, estabelecida para a implementação de nossas decisões, com gente que faria explodir as bombas de ação retardada. O secretário-geral da Comissão pós-Concílio era Bugnini, Hannibal Bugnini.


 Terceiro passo: Em nome do Concilio — agora já disperso e tendo seus membros espalhados pelos quatro ventos — expedir uma série de decretos, determinando as mudanças. E coordenar esses novos e revolucionários decretos com mudanças não-oficiais e unilaterais, iniciadas por bispos complacentes e maquinadores e por periti e padres, em várias dioceses da Igreja...
—Repito: espero que o Eminente Cardeal possa provar tudo isto com documentos, comprovados e autenticados. Thule. E está claramente agitado.
     Vossa Eminência tem uma cópia de cada documento que tenho nas mãos, e de cada carta trocada entre Sua Eminência e os periti e o Arcebispo que chefiava a Comissão e... — O Cardeal Thule levanta-se para interromper novamente Walker, mas desta vez o Presidente intervém: 
     Por favor, permiti que o Cardeal continue. — Walker olha firmemente em torno de si, depois continua: 

     Quarto passo: Traduzir o Cânone da Missa, em toda parte, para vernáculo. E proibir — repito -- PROIBIR o latim, em toda parte. E traduzir para o vernáculo todos os livros litúrgicos. 
Quinto passo: Adaptar a Liturgia da Missa a todas e a cada uma das regiões e localidades e línguas, de modo que não haja mais uniformidade alguma, pelo mundo todo. E adaptá-la de modo que, em qualquer lugar, não seja encarada como uma participação no Sacrifício de Jesus no Calvário. Em vez disso, que seja considerada como um repasto comunal da congregação, com ênfase na Bíblia, particularmente no Velho Testamento, e em problemas sociais. E deixar que os leigos, não o padre, tenham as funções principais. 0 padre deveria ser simplesmente um mestre de cerimônias. 
     Mas afinal de contas que tem tudo isso a ver com a grave decisão que temos diante de nós? — É Thule, agora tomando uma direção diferente para derrubar a argumentação de Walker.

     Meus Irmãos, — Walker faz o apelo quase num grunhido, — na verdade, por que será que estou vos dizendo tudo isto? Pura e simplesmente para vos declarar que a vontade do Concílio foi prostituída — e com ela toda a representação de vossa Fé Católica, o Sacrifício da Santa Missa. E para vos declarar que não deveríamos, neste momento tão profundamente crucial, depositar nossa confiança nas proposições daqueles que foram implicados nessa fraude e nessa corrupção tão monumentais.
     Mas como pode o Cardeal deixar de mencionar a renovação que se seguiu ao Concílio? 
Thule não está preparado para a tempestade que desaba sobre sua cabeça: 
     Renovação? — Walker berra a palavra. — Renovação? — Volta-se para Thule com uma descarga de palavras. — Deixai que vos diga o que é que a vossa renovação significou. Vamos considerar uns poucos, frios e duros fatos. — Examina rapidamente alguns dos papéis sobre sua mesa.  
Renovação deveria querer dizer, principalmente, um zelo maior pela missa, não? Maior comparecimento à missa, não? E maior interesse pelos Sacramentos, não? E uma função dos padres cada vez mais influentes, não? Maior, ou pelo menos o mesmo, número de conversões à Igreja, não? Afinal de contas, estes são os sinais de renovação. De que outra maneira se pode falar em renovação a não ser nestes termos? Bem, vejamos os fatos, desde 1965, quando esta maldita renovação, esta chamada reforma litúrgica foi iniciada pelos nosso amigos. O comparecimento à missa, a partir de 1965, declinou. enormemente! Na Inglaterra e País de Gales, em 16%. Na França, em 66%. Na Itália, em 50%. Nos Estados Unidos, em 30%. Renovação? E as vocações sacerdotais. Aqui também, declínio. Na Inglaterra e País de Gales, em 25%. Na França, em 47%. Na Holanda, em 97%. Na Holanda! A Igreja de vitrina -- onde todos os seminários estão fechados desde 1970! Na Itália, em 45%. Nos Estados Unidos, em 64%. Renovação! E os batismos. Mais uma vez, declínio. Na Inglaterra e País de Gales, em 59%; nos Estados Unidos, em 49%. Freiras? Um declínio de 24,6% através de toda a Igreja. Desde 1965, 35.000 freiras abandonaram os conventos. E 14.000 padres abandonaram o sacerdócio.  

Renovação? Preciso continuar? E isto não passa de uma leitura ao acaso. Qualquer um dos meus Eminentes Colegas pode ter uma cópia destes documentos. — Ele atira os papéis sobre a mesa do Presidente. Depois, volta-se para encarar Thule e Buff: 

     E, quereis saber, há nisso tudo uma distorção engraçada. E não estou falando sobre missas com música pop, missas com maconha, missas com biscoitos e uísque em vez de pão e vinho, missas jovens com Coca-Cola e pãozinho de Sexta-feira Santa — tudo isso parte de vossa renovação, Meus Eminentes Irmãos! Já percebestes que a Missa Latina é a única versão da missa que não é permitida de modo geral? Só é permitida com permissão especial? Como é que encarais isso? Podeis ter a missa em qualquer língua, EXCETO!!! —ele ruge a palavra — em latim! E o Arcebispo Lefebvre e seus tradicionalistas são castigados por fazerem objeção a isso, enquanto os conspiradores, —sim, conspiradores! — nem mesmo são repreendidos. — Walker vê que Buff e Marquei estão prontos para saltarem de pé, mas levanta a mão: — Terminarei dentro de pouco tempo. Por favor, deixai-me acabar, Eminentes Irmãos. 
     Quanto às demais mudanças na missa, tudo surpresas! Cada uma delas! — Walker está-se referindo às numerosas pequenas modificações em palavras
e no ritual do culto católico, e nas leis da Igreja que foram impostas aos católicos romanos nos últimos doze anos. — Nós, bispos, nunca decretamos a Comunhão na mão, por exemplo. Nunca decretamos que o padre deveria ficar de frente para o povo. Nunca decretamos que uma mesa — novamente a idéia de uma refeição e não de um sacrifício sagrado — deveria ser usada em lugar de um altar. Falamos sobre essas coisas no Concílio e decidimos contra cada uma delas! Por que é que não nos perguntaram de novo? Quem decidiu ao contrário? Eu vos direi: aquele pequeno grupo de periti, apoiado por uns poucos bispos e por alguns cardeais.

 Buff intervém, finalmente:
     Diga o que quiser Vossa Eminência, não acredito que seja prudente insistir na afirmação de que tais mudanças foram resultado de um plano deliberado... 
—Ora, por que, Eminente Irmão, perseverais em dizer coisas como essa? Por quê? Estais com medo? E pode ainda algum dos meus Eminentes Irmãos pensar que tudo isso não foi deliberado? 
     Mas sugerir que houve alguma espécie de abominável plano... 
     Eu penso, eu penso que foi isso, Eminente Irmão. Sim. Penso. Faço mais do que isso. Aponto o dedo para aqueles bispos e aqueles cardeais que adquiriram a condição de membros — aliás, proveitosa condição de membros — de organizações anticatólicas e anticristãs, clubes e coisas semelhantes. 
Thule põe-se de pé:
     Acho que num caso de tal gravidade não só é necessário uma prova documental, mas também que Sua Eminência deveria ter alertado as autoridades há muito tempo. 
     Bem, na realidade, — responde Walker, quase estalando os lábios, — na realidade, tenho a prova documental aqui nas minhas mãos — podeis tê-la, se quiserdes. E, na realidade, o Camerlengo tem estado de posse dessa prova documental há bem mais de três anos. — Depois, para o grupo todo, — Por que é que vós não ficastes sabendo disto? Bem... — olha rapidamente na direção do Camerlengo. — Razões de estado, talvez...
O Meu Senhor Cardeal Buff nos perguntou, há alguns momentos, como foi que a Igreja chegou a este ponto. Não pretendia, compreendo eu, que a pergunta fosse respondida exatamente desta maneira, mas creio que vos dei um exemplo da maneira pela qual chegamos a este ponto. E deixai que eu responda à sua pergunta seguinte: sim, está na hora de rompermos como passado. Não como quis significar Sua Eminência, talvez. Mas no sentido seguinte: que trabalhemos todos nós em absoluta franqueza, durante todo este Conclave. — Olha em volta, para todos os rostos. -- Porque, que cada um tome conhecimento: temos um dever sagrado, o de eleger um sucessor de Pedro e um Vigário do Senhor Jesus. Estou deliberadamente me coibindo de qualquer outro comentário, no momento. Mas, digo de novo, que cada um tome conhecimento: lutaremos contra qualquer tentativa da parte de qualquer um —qualquer um, quer dizer, fora do Conclave — para exercer mesmo um mínimo de influência na eleição desse sucessor e desse Vigário. Assim me permita Deus! 
Esta última afirmação, sua violência e a implicação de conluio entre alguns Cardeais e poderes exteriores provocam uma onda de murmúrios e de comentários. Alguém grita lá de trás:


     Vetos à eleição? Estais insinuando que alguém está quebrando a lei do Conclave, introduzindo um veto em nosso meio?
Na história dos Conclaves, vários governos tiveram a outorga do direito, dada pelos Papas, de vetar um papabile indesejável, e os Cardeais se apresentavam trazendo uma ordem de seu respectivo Rei ou Imperador, no sentido de que este ou aquele Cardeal não poderia ser eleito Papa. 
     Vetos? Vetos? Quem está falando em vetos? E, afinal de contas, que é um veto? Todos vós não trouxestes algum tipo de veto? 0 melhor de todos nós! 
— Pensais que o Meu Eminentíssimo Irmão, Meu Senhor Cardeal Artel, irá sancionar ou trabalhar por um candidato que sabe ser inaceitável pela administração Carter? Ou que o Cardeal Delacoste vai apoiar alguém inaceitável pelas pessoas que ocupam o Palácio do Elysée? Ou que o Cardeal Franzus apóia alguém inaceitável por Moscou? Franqueza, Irmãos! Vamos continuar com franqueza.
—Agora, é claro que esses Eminentíssimos e Reverendíssimos Cardeais sabem apenas que alguém é inaceitável. Não foram instruídos por seus governos para tomarem qualquer espécie de atitude. Nenhum funcionário do governo lhes disse que vetassem determinado candidato. Mas não sejamos simplórios! 
     Exijo, Reverendo Senhor Cardeal Presidente, — Marquez está zangado, ao fazer sua intervenção, — que o Eminente Cardeal esclareça a situação e as suas palavras. Quer ele dizer que os maçons se intrometeram neste Conclave, ou que alguma das superpotências está exercendo hoje, aqui, alguma influência por trás de portas fechadas? 
     Não. Não estou me referindo primeiramente, nem mesmo secundariamente aos maçons, embora, meu Eminente Irmão, quem de nós poderá negar que o Grande Oriente não esteja puxando alguns cordões de marionetes aqui, dentro deste Conclave?  

Não. É alguma coisa muito mais sinistra. Lá fora, no mundo dos homens, na sociedade dos homens e mulheres, esteja ela nos Estados Unidos, na Suíça, na Rússia, entre as nações da África e da América Latina, há lá fora uma organização mais abrangente, mais sutil, de maior alcance, uma organização de homens de um tipo especial, que não são leais a este ou àquele país, mas a princípios muito especiais, de acordo com os quais têm em mente um destino muito especial para — entre outras instituições — esta Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Para tais homens, os maçons são bonecos. E os marxistas são bonecos, além de se constituírem em obstáculos temporários à consecução de suas vontades e intenções. — Walker pára. Seus lábios estão-se movendo, seus olhos por um momento se erguem para o teto do salão do Conclave.

(...)



O rosto de Angélico assume uma expressão dura como granito:

     Temos que declarar, categoricamente, que tanto a posição progressista quanto a socialista democrática são totalmente inaceitáveis!

(...)

A posição progressista nos coloca, completamente, nas mãos de forças instáveis, não-eclesiásticas, não-católicas e não-cristãs. Os socialistas democráticos desejariam que prostituíssemos — ele pára por um momento, depois: — sim, que nos prostituíssemos, nossa tradição, nossa graça, nossas esperanças, à única força, em nosso mundo atual, que traz, seguramente, a marca da pata de Satã. — Percebe, num olhar rápido, Lynch e Thule, lívidos, pálidos e, um de cada vez, fazendo sinal para o outro. Oh, é claro! É claro! 0 Cardeal Thule nos incita a confiar. E o Cardeal Lynch a sofrer. E o Cardeal Buff a termos a mente aberta. 

Agora o sarcasmo de Angelico é pesado e direto. Está olhando fixamente para Thule, sem pestanejar, sem suavidade em torno dos olhos, a boca se encrespando em torno de cada sílaba.

     Seja o que for que aconteça, qualquer que seja a aberração em matéria de doutrina, qualquer que seja a ruptura de tradição que venha a ocorrer, o Cardeal Thule garante que pode ver para além disso. Vê adiante da confusão dos acontecimentos. E nos diz: tudo está bem! Mas Sua Eminência não pode continuar, indefinidamente, compreendendo, percebendo, vendo além das coisas. Diz que ele e seus amigos analisaram a situação e que sabe o que está acontecendo, e que não precisamos nos preocupar com o que fica do outro lado da opaca posição que desejaria que a Igreja assumisse. 

     Mas, digo eu, — agora ele afasta o olhar de Thule e olha para Yiu, —digo eu: se podeis penetrar no opaco dessa posição, se sabeis o que há do outro lado, se sabeis o que vai acontecer, quando marcharmos ao som do tambor do Cardeal, então dizei-nos! No entanto, quando lhe perguntamos: que acontecerá ao dogma, ele não sabe — exceto que estará tudo bem, garante-nos. Que acontecerá com a devoção da Virgem? Ele não sabe — exceto que estará tudo bem, garante-nos. Que acontecerá com a infalibilidade papal? Ele não sabe — exceto que estará tudo bem, garante-nos. — Angelico olha em torno. Sua raiva e seu asco são claros. 

     Ele não sabe! Meu Eminente Irmão do Leste! Ele não sabe! E sabeis por quê? Porque, se fordes por aí vendo através de todas as coisas, penetrando todas as coisas, vendo além de todas as coisas. Se o problema social é uma janela através da qual podeis ver. E se o problema político é uma janela através da qual podeis ver. E se a questão das ordens anglicanas é uma janela através da qual podeis ver. E se a infalibilidade papal é uma janela através da qual podeis ver. E se o marxismo ateu é uma janela através da qual podeis ver. E se a sexualidade humana, os votos religiosos, a propriedade privada, a historicidade dos Evangelhos, a divindade de Jesus, a ressurreição de Jesus, a existência de uma vida depois da vida, a vida do feto, a guerra e a paz, a criação e a existência mesma de Deus — se todas essas coisas são janelas através das quais podeis ver, de modo que não existe, realmente, nada que interrompa vossa visão; se não há lugar em que assumais uma posição, sabeis o que é que acabais vendo? Sabeis? — Angelico passa os olhos em torno de si, a voz mantida na nota alta de uma pergunta combativa e cheia de desprezo. 

 Nada! Nada! 0 que vereis é NADA! Nunca vistes nada. E continuareis, para sempre, vendo nada. Não vereis, absolutamente, coisa alguma. E tudo aquilo que valia a pena ver, e tudo aquilo diante de que valeria a pena ter parado — de tudo isso vistes através, tudo isso penetrastes, compreendestes — com Sua Eminência — passando adiante para a janela seguinte, transparente, volátil, insubstancial, e assim por diante e assim por diante... até o infinito. E isto, meus Veneráveis Confrades, isto não constitui o material de que são feitas a fé e a verdadeira crença.
...

Quando Angelico recomeça, sua voz é profunda, calma e lenta. Move a cabeça, os olhos, o corpo, de um lado para outro, para abranger todo mundo no fluxo de seu pensamento: 

— O fato, Eminentes Irmãos, é que os progressistas e os socialistas democráticos transformariam toda a nossa teologia numa ciência de bem-estar social. Transformariam nossa teologia moral numa reestruturação política da sociedade humana. Transformariam nossa piedade e nossa devoção tradicionais numa ciência de vida definida e estudada conforme uma sexualidade, uma antropologia e uma psicologia que não são de Deus — e que, de qualquer maneira, estão falidas em nosso mundo. Não! Digo de novo: Não! Não farão isso! E não o farão, meus Eminentes Irmãos — deixando de lado a sua inerente rendição de todos os nossos valores — porque, como os tradicionalistas e os conservadores, esses socialistas democráticos deixariam a iniciativa aos não-cristãos. Eles nos colocam à disposição de nossos inimigos. — Pára, por um momento, depois repete: — Nossos inimigos! À disposição de nossos inimigos. — Quando repete, forçando a penetração da idéia, vira-se, para olhar de frente cada setor da assistência. — Sem nenhuma iniciativa própria. Nenhuma iniciativa, salvo a imitação de nossos inimigos. Nossos inimigos. —Finalmente, quando termina, deu a volta completa e está olhando para Franzus.
... 

Os Relatórios têm, como efeito primordial, a faculdade de esclarecer o corpo de Eleitores quanto ao porquê e ao portanto de certos lances, tanto dentro do Conclave, quanto nos anos que imediatamente o precederam. Um desses movimentos pré-Conclave foi a voga sócio-política e psicologizante, surgida nesse período. No decorrer dos últimos cinco anos, foi perceptível através de toda a Igreja uma ênfase, constantemente ressurgindo, sobre problemas que, anteriormente, os homens da Igreja consideravam como sendo exclusivamente pertencentes ao domínio dos políticos, dos cientistas sociais, dos psicólogos, dos assistentes sociais, dos líderes das comunidades, dos entusiastas da etnia e dos órgãos do governo. 

Desde o começo dos anos 70, padres, freiras, frades e bispos pareceram de todo dedicados a um esforço, não apenas de "participar" de todos os movimentos civis e políticos de sua região — assim como de se manterem aucourant de qualquer modismo psicológico que viesse a estar em voga — mas de substituir por essa atividade qualquer pregação especializada da doutrina cristã e qualquer ensinamento profissional da espiritualidade cristã. Não é raro nem inesperado, por exemplo, encontrar padres usando grafologia em lugar de teologia, na preparação para o casamento. Nem há qualquer surpresa no fato de Bispos americanos organizarem reuniões de caráter nacional para tratar de problemas como origens étnicas ou posse da terra; ou mesmo no que toca a bispos que expressamente se identificam de modo franco com facções revolucionárias. 

Mas, raro ou não, inesperado ou não, todo esse modismo foi incompreensível para a maioria dos cardeais — salvo para aqueles que, entusiasticamente, aderiram à voga eles próprios. A essência da incompreensão tem sido a tendência esquerdista, que vem marcando este comportamento puramente secular dos clérigos cristãos.  

Agora se torna claro para cada Eleitor, julgando a partir dos dois Relatórios — o da Iniciativa Russa e o da Liberação — que todo o processo não foi, de forma alguma, acidental. Não foi, como continua insistindo Lynch, um acaso e o movimento do Espírito Santo, mas sim um plano bem orquestrado.

Através de ações discretas e eficientemente coordenadas, na Europa e nas Américas, grande número de clérigos católicos e de intelectuais, juntamente com muitas freiras, frades e ativistas leigos, foi levado a ver uma aliança "temporária" com o marxismo como coisa aconselhável, e um certo grau de marxização como um passo inevitável no caminho da "liberação cristã". Não pode haver dúvida quanto ao caráter coordenado desse desenvolvimento.

A substância do Relatório sobre a Iniciativa Russa é a sugestão de um acordo, ou plano prático, entre o Vaticano*(*Paulo VI), por um lado, e a URSS, como centro operador do marxismo europeu ocidental, e a influência preponderante da política esquerdista na América Latina, de outro. A URSS deseja que o Vaticano tome determinadas providências: que suavize, de maneira lenta e gradual, quaisquer, declarações antimarxistas, explícitas e formais, em documentos e pronunciamentos oficiais. Que evite qualquer condenação formal da teologia da liberação, ou da filiação a Partidos Comunistas de qualquer país europeu (Pio XII havia emitido uma condenação desse tipo, nos anos 40). Que aumente o número de contatos diplomáticos abertos entre o próprio Vaticano, por um lado, e a URSS e seus satélites do Leste, por outro, por medidas como as visitas feitas ao Papa, em 1977, por Janos Kadar, da Hungria, e Hruska, da Checoslováquia, e as correspondentes visitas de diplomatas vaticanos a países comunistas. 

Sem prever uma abertura imediata (mas certamente futura) de relações diplomáticas formais entre o Vaticano e Moscou, os contatos deverão ser multiplicados e os relacionamentos desenvolvidos pari passu, com o entendimento diplomático entre o Vaticano e os Estados Unidos, que mantêm apenas um representante pessoal do presidente americano junto à Santa Sé, mas não um embaixador. 

Ao mesmo tempo, o Vaticano deverá reduzir qualquer apoio oficial católico romano aos regimes direitistas, especialmente na América Latina. Deverá desencorajar pressões de direita (digamos, oriundas de organizações direitistas como a Opus Dei e os Cavalheiros de Colombo) na Espanha e na Irlanda.

Finalmente, deverá o Vaticano sancionar os diálogos marxistas-cristãos iniciados em diversos países, e assim alimentar uma certa simpatia entre cristãos amantes da justiça e marxistas entusiastas da renovação política.

Em troca de tais concessões, a URSS aprovaria a restauração da hierarquia católica nos Países Bálticos, na Checoslováquia e em outros países satélites. Atenuaria as leis anti-religiosas através de todos esses países, leis que têm mantido os católicos romanos fora das funções públicas, dos cargos governamentais e da vida acadêmica. Promete tornar efetiva uma forma especial de submissão do Patriarcado Ortodoxo Russo de Moscou e do Patriarcado de Constantinopla ao Papa, como Chefe da Igreja, e ao Vaticano, como órgão central de governo da Igreja. Na hipótese de que a esfera de influência russa se estenda para o Oeste, ultrapassando suas fronteiras de 1977, deveria ser dada uma consideração especial às propriedades da Santa Sé, sendo concedidos à mesma privilégios especiais de culto. 

O Relatório da Liberação, quando considerado juntamente com a Iniciativa Russa, fornece o painel de acompanhamento daquilo que muitos encaram como um díptico dos planos comunistas russos para facilitar sua tomada de controle do Ocidente, assim como do lugar previsto pelos atuais planejadores do Vaticano para a Igreja Católica Romana no contexto daquela nova área de influência e dominação russa.

O Relatório da Liberação trata principalmente da propagação da teologia da "liberação", partindo da América Latina e espalhando-se para o Norte, atingindo os Estados Unidos e atravessando a Europa. A doutrina essencial dessa nova teologia, primeiro formulada por teólogos latino-americanos, é a de que o primeiro e mais importante passo para a salvação cristã da raça humana é a liberação de todos os homens e mulheres do jugo do capitalismo — primordial e malevolamente representado pelos Estados Unidos. A Igreja, de acordo com tal teologia, deveria ser a serva da raça humana e de sua história. E deveria não apenas permitir, deveria aprovar e fomentar qualquer violência revolucionária (denominada contraviolência, justificável) visando a remover e erradicar os centros do capitalismo. 

O Relatório Cristãos para o Socialismo descreve duas organizações —Padres para a América Latina e o Comitê para Diálogo e Ação na América Latina — como frentes para a penetração do comunismo russo. Cita nomes de teólogos como os Padres Gustavo Gutierrez, Giuleo Gerardi, Pablo Richard e Gonzalez Arrogo, e indica os diversos passos através dos quais essa teologia de "liberação" deve ser propagada: deve ser ensinada em seminários e universidades. Deve constituir o tema das Conferências Episcopais, de congressos e convenções de teólogos, de cartas pastorais escritas cada ano pelos bispos às suas dioceses, de livros, panfletos e manuais. Padres, freiras e outros, diretamente ocupados no ministério religioso, deverão identificar-se com movimentos revolucionários e de guerrilhas. Quadros esquerdistas de apoio deverão ser constituídos em cada paróquia e em cada diocese — sempre sob o disfarce de ação católica e de apostolado exercido pela Igreja entre os fiéis. Assim, política e religião deverão identificar-se e confundir-se. 

Deverá haver, ao mesmo tempo, o contínuo incitamento de ressentimentos de direita, os quais, obviamente, crescerão, provocando sua transformação em violentas medidas repressivas. As ordens religiosas como a dos Dominicanos, dos Jesuítas e dos Padres e Freiras de Maryknoll (http://www.maryknollsociety.org) deverão ser usadas para a defesa dos direitos do povo contra regimes repressivos desse tipo. Nas Conferências Episcopais e em vários congressos regionais e internacionais, deve-se ter o cuidado de adotar uma linguagem oficial suficientemente ambígua para satisfazer as exigências dos crentes e para justificar a violência e os métodos revolucionários de tomada do poder. Todos os tópicos nacionalistas (como, por exemplo, o Canal do Panamá) devem ser explorados, devendo os prelados locais ser conduzidos a uma identificação pessoal com essas causas. 

Ao mesmo tempo, é preciso que haja um contínuo esforço no sentido de impregnar os bispos americanos, o clero e o pessoal leigo dos Estados Unidos de um sentimento de culpa quanto aos pecados do capitalismo americano e aos excessos verificados na América Latina, bem como da aprovação dos princípios práticos da teologia da liberação. 

O impulso desse plano deverá localizar-se primeiro na América Latina, generalizando-se posteriormente. A idéia, na América Latina, é a preparação para o dia em que seja possível formar o primeiro núcleo dos ESUAL — os Estados Socialistas Unidos da América Latina; não poderá ter começo a menos que seja assegurada a colaboração do clero.

Tanto na América Latina quanto na Europa, o tema da "liberação" deve ser inculcado. Por exemplo, a crença popular principal da América Latina é a devoção de Nossa Senhora de Guadalupe, como o é o Santuário de Lourdes, na França, onde a Virgem é também venerada. A aparição da Virgem nesses dois lugares, a imagem ultravenerada da Senhora de Guadalupe e os milagres verificados em Lourdes devem ser descritos como "atos de serviço de uma civilização de amor, da qual deverão ser excluídas a crueldade do capitalismo e a opressão da sociedade burguesa".

Com esses Relatórios nas mãos, muitos Eleitores juntaram dois e dois. E é Witz quem, finalmente, resume o assunto, quando diz:

— Diplomaticamente, o regime anterior (do Papa Paulo VI) procurou suavizar a situação dos católicos romanos dialogando com os russos, apoiando regimes de esquerda e desencorajando — mesmo indiretamente — todos os

movimentos direitistas. Na realidade, essa manobra política foi injetada ao crescente esforço de propaganda, como está descrito no Relatório da Liberação. 

E um Cardeal americano observa para o Cardeal Artel:

— Muitas das políticas sociais e das declarações dos Bispos americanos, de 1965 para cá, foram — sem que muitos deles o soubessem — profundamente influenciadas por um insidioso plano destinado a preparar para a marxização. Nesse processo, a Igreja Americana tem sido usada e abastardada. 

Na proporção em que continua a leitura desses dois Relatórios, surgem novas indagações sobre o papel de Franzus e sobre seu relacionamento com os senhores soviéticos de seu país. E, inevitavelmente, a atenção se concentra na aliança entre Franzus e Lynch, de um lado, e com Thule e seu grupo, de outro. 

Porque, para aqueles que estão lendo o Relatório da Liberação, referente ao movimento doutrinário esquerdista no interior das fileiras católico-romanas, fica evidente que Thule é uma pessoa que, por seu caráter e pelas circunstâncias, cai facilmente no papel de testa de ferro e líder desse tipo de movimento. Uma coisa é clara: ele conseguiu estabelecer uma extraordinária lista de contatos e associações com entidades não-católicas que, até aquele momento, nunca haviam considerado seriamente qualquer idéia genuína de uma estreita aproximação, e menos ainda de uma união, quer com Roma, quer com qualquer alta autoridade oficial da Cúria.

Thule, porém, tinha modificado aquilo tudo! Sua força — e seu calcanhar de Aquiles — naquele quadro todo é seu desejo verdadeiramente ardente de ver uma união real entre os cristãos. Gostando de dizer que o espírito que prevaleceu depois do Concílio Vaticano foi algo de único, e que jamais será gerado de novo, Thule se havia convencido de que o Espírito Santo já forjara uma nova unidade entre cristãos, e que apenas as estruturas jurídicas e as mentalidades tradicionalistas impedem que tal unidade se torne a força orientadora da forma quase definitiva da Igreja que Jesus fundou. 

Num período de dez anos, em seus contatos pessoais, Thule estabelecera particularmente, com muitos líderes cristãos não-católicos, as bases em que essa unidade poderia ser conseguida. O objetivo não era atingir uma conformidade completa ou mesmo geral, quanto à fé, ao culto e às estruturas de governo da Igreja. Ele é e sempre fora demasiado realista, para achar que isso poderia ser alcançado agora, ou num futuro previsível. Cada Igreja, de fato, deverá conservar sua presente configuração e sua própria formulação de fé, é o que tem dito. 

O principal obstáculo a tudo, no plano da Liberação, é o Papa, o Bispo de Roma, como chefe tradicional da Igreja Católica — seu primado de autoridade doutrinal, sua infalibilidade nessa autoridade e sua primazia na jurisdição de governo. A maioria dos contatos de Thule nas outras igrejas concorda em que o Bispo de Roma deverá ter — por força de simples longevidade histórica — uma certa precedência de honra: quer dizer, o Papa deveria ser e seria aceito como Chefe dos Bispos (nas Igrejas com estrutura episcopal), ou como o chefe de maior antiguidade (em Igrejas desprovidas dessa estrutura).

Não haveria exigência de aceitação de quaisquer dogmas católicos, definidos ou aceitos no Ocidente depois dos primeiros seis Concílios (o ponto de cisão deveria ser por volta do final do século VII). Isso eliminaria todos os dogmas católicos sobre o Papado, sobre a Virgem, sobre a Eucaristia, sobre o clero (o celibato e o clero masculino) e sobre liberdades políticas e a propriedade pessoal.

Thule mantivera estreitas vinculações com muitos teólogos, na Europa e na América, que haviam feito trabalho pioneiro na área das crenças aceitáveis, numa ampla escala, por cristãos não-católicos.

A acrescentar a tudo isso, havia ele planejado, juntamente com seus irmãos não-romanos, tanto quanto com teólogos progressistas, a criação de um novo ministério vaticano, ou Congregação, como são chamados em Roma todos os ministérios. Será constituído por uma equipe internacional de teólogos e incluirá não-católicos. Esse organismo terá poder legislativo e normativo — isto é, não apenas assessoria) — dentro da Igreja, no que se refere a doutrina e disciplina. Haverá, de acordo com o novo ecumenismo do plano de Thule, um pujante esforço no sentido de estabelecer formas comuns de culto, sendo a tendência e o objetivo a transformação da cerimônia da Missa Católica em alguma coisa aceitável por uma larga faixa de crentes não-católicos. Este é o tipo de Igreja aberta calculada para permitir "o máximo de liberdade ao Espírito de Cristo", para citar uma frase do Relatório.

Se essa política eclesial fosse conjugada à doutrina sócio-política e à ação delineadas nas propostas russas, então se transformaria num plano pelo qual o cristianismo seria operado "livre" de qualquer "enredamento em sistemas sociais ultrapassados e formas decadentes observadas pela Igreja, coisas que se tornaram ossificadas, impopulares e inoperantes". 

O efeito da aliança entre Franzus, Lynch e o grupo de Thule toma-se dolorosamente claro à luz desses documentos.

Os outros dois Relatórios Secretos são igualmente importantes, em seus setores específicos. Um diz respeito aos entendimentos do Vaticano (Paulo VI) com o Partido Comunista Italiano (PCI). O outro refere-se à situação financeira do Vaticano, bem como às projeções de suas finanças. Fica evidente, por esse segundo Relatório, que a presente administração do Vaticano vinculou as finanças da Igreja aos percalços da economia dos Estados Unidos e à idéia do sistema trilateral — Estados Unidos, Japão e Arábia Saudita — como meio através do qual superar e sobreviver à inflação e à recessão dos anos 80.
...

No início dos anos 70, ficou evidente que as economias da Europa estavam em declínio e que, politicamente, a Europa estaria pronta para a penetração russa pelo fim da década. O Vaticano não tinha intenção de ir à falência.

Aí, por volta de 1973/1974, prossegue Bonkowski, ficou claro que a Arábia Saudita estava a caminho de exercer o papel de uma superpotência nos campos das finanças e da política internacionais — tudo isso com base em suas insuperáveis e, aparentemente, inesgotáveis fontes de petróleo. Enquanto isso, a política dos Estados Unidos começou a talhar-se estreitamente na conformidade do papel ascendente da Arábia Saudita. Os Estados Unidos já não tinham mais necessidade alguma de manter uma posição de primazia e liderança na Europa Ocidental. Novos mercados precisavam ser buscados e conquistados, na África e em outros lugares.

— O outro Relatório, sobre entendimentos entre o PCI e o Vaticano, —conclui Bonkowski, — tem aqui sua relevância. Se, consoante as projeções, a economia da Europa não pode ser reforçada, e se o Vaticano tem que se associar estreitamente à combinação trilateral. dos Estados Unidos, Japão e Arábia Saudita; e se, ao mesmo tempo, os Estados Unidos diminuem seu interesse e sua influência na Itália e na Europa, então é quase certo — é claro que no momento exato e nunca como um choque ou uma surpresa — que o governo italiano seja parcialmente composto de ministros marxistas e que venha, afinal, a ser marxista, não apenas em sua composição ministerial, mas em suas políticas. O Vaticano, porém, permanece e permanecerá na Itália. Daí as conversações com o PCI. 

— Não, — responde Bonkowski a um comentário, — na verdade, não é realmente esquizofrênico. Apenas parece ser assim, se a gente não percebe as enormes mudanças que estão ocorrendo na geopolítica.

Os pontos principais do oferecimento feito pelo PCI ao Vaticano são simples e diretos. Se o Vaticano retirar seu tradicional apoio — financeiro e moral — aos democratas-cristãos (DC), e se amenizar os ataques oficiais ao comunismo como sistema econômico, então quando e se o PCI adquirir a preponderância e o controle no governo italiano, o Partido garantirá à Igreja três vantagens principais: a posse e o domínio de suas propriedades, em Roma e por toda a Itália; liberdade de manter e desenvolver seus atuais planos e investimentos financeiros no exterior; e liberdade de doutrinar e pregar conforme os ditames de sua consciência.      

Os asiáticos, que já tinham visto tudo isso antes, no Extremo Oriente, acham que compreendem o que havia acontecido. Sabem que o processo, uma vez iniciado, é irreversível. — Não é pessimismo, — observa Ni Kan. — Realismo! Vossa Eminência. — E vão-se embora. 

Há, contudo, uma violenta discussão sobre todo esse problema entre vários grupos de italianos que se reuniram:
     Não me importa que Angelico, ou quem quer que seja, declare que "a coloração comunista que emergirá do caldeirão europeu terá um tom pálido de rosa" — ou seja lá qual for a coloração que vocês prefiram! — exclama Nolasco para aqueles que o cercam no apartamento de Masaccio. — Disseram isso a propósito dos chineses — como é que poderiam os chineses de cultura tão antiga, como poderiam eles virar marxistas. E sobre os amáveis cambojanos. E os laosianos, tão simples. E os doces vietnamitas. E, podeis acreditar em mim, hoje tudo isso está de uma maldita, maldita cor vermelha, vermelha! Por que é que os europeus iriam ser diferentes?

— Como, diabos, podem eles imaginar um regime comunista na Itália —especialmente se for cercado por outros regimes semelhantes na França, Espanha e Portugal, e com o apoio de uma esfera de influência russa mais para o Ocidente, afetando a Alemanha Ocidental, a Suíça e os países do Benelux? Corno é que podem mesmo imaginar que um regime comunista assim iria respeitar quaisquer compromissos? - Canaletto não acredita nisso e sua pergunta é muito prática.

 (...)
     Seria fácil, tão fácil — adulador, é a palavra — responder ao Eminentíssimo Senhor Cardeal com suas próprias palavras. Afinal de contas... — um sorriso zombeteiro espalha-se sobre a boca de Azande, — o Meu Senhor Cardeal gostaria que confiássemos naqueles que já mataram, aleijaram, aprisionaram, executaram, caluniaram e perseguiram a Igreja por toda a Europa e Ásia. — Sua voz torna-se áspera, no protesto. — Confiarmos nos maoístas, Reverendo Cardeal? Confiarmos no KGB, Eminentíssimos Irmãos? Confiarmos no chacal castrado comunista que é Kadar, Eminentíssimo Cardeal? 
—Thule fica perplexo. 

Depois a voz de Azande retorna ao normal: 

     Portanto eu estaria habilitado a dizer: Confiemos em Nosso Senhor! — Sorri, fingindo desculpar-se. — Mas isso não seria resposta. Minha resposta consiste em deplorar a indigência de vossas alternativas, Eminente Cardeal! Vossa e de todo aquele que negligenciou uma verdade essencial de nossa fé, e uma incontestável promessa de nosso adorado Jesus Cristo. — Levanta o olhar para o lado de Angelico, depois para o Camerlengo, depois para o lugar em que se senta Vasari. — Essa verdade e essa promessa são uma. — Enche a palavra "uma" de enorme ênfase e a repete: — uma!

 Pensai Eminências! Imaginai e relembrai para vós mesmos aquele dia dos dias! Vêde Jesus conferindo a Simão Pedro o poder das Chaves, perto de Hermon. Olhai! Eminentes Irmãos! Olhai, cada um de vós, para essa cena com os olhos da mente. Todos a conhecemos. Sabemos as palavras de cor. Em latim... Em grego. Em nossas línguas nativas. No entanto, — olha para tudo que o cerca, pergunta a todos os que ali estão — a todos, em toda parte, —teremos nós compreendido, realmente, o que aquelas chaves representam? Qual o poder que, através delas, nos está sendo dado? — caminha de novo gravemente pela passagem, entre os Cardeais, meditando enquanto anda. 

Em algum ponto ao longo da linha de nossa história horizontal neste globo, perdemos o controle daquele prumo vertical. Confundimos aquele poder com os efeitos do dinheiro, das tendências políticas, da superioridade militar, do enriquecimento cultural, da glória humanística. E, para dizer-vos a verdade, tal como a vejo, Eminentes Irmãos, não creio que haja dez homens entre nós, agora, que saibam o que significa ter poder em espírito. E, raramente, algum de nós o viu usado em nossos dias. E quando foi usado debaixo de nossos próprios olhos, nós o reconhecemos pelo que era? Duvido. Duvido. 

Meditemos, por um momento, sobre esse poder. Porque, o que proponho, em nome dos Eminentes Cardeais que me apóiam é que remodelemos, reformemos, renovemos toda a atividade do Papa, do Vaticano e da Igreja, de modo que contemos apenas com esse poder. Somente com esse poder.

 Este poder, — as palavras de Azande determinam que se faça de novo silêncio, — este poder não é o de curar membros doentes, nem de ver à distância, nem de estar ao mesmo tempo em dois lugares, nem de ler os segredos da mente ou prever o futuro. Este poder é uma força que emana de Deus, habita naqueles que estão na graça de Deus. É poder que reside no espírito, e no Guardião das Chaves, em seus ministros, nos padres e no povo. É um poder que reside neles, que lhes dá autoridade moral — de acordo com sua posição no Reino Espiritual de Deus. 

Em Pedro, seja ele quem for, o poder é preeminente, poderoso e insuperável. Em razão dele pode invocar a lealdade, a obediência e exigir ação de todos os fiéis. Pode, literalmente, opor-se a inimigos e a opressores e a todo mal, e estes não podem conquistá-lo, nem aos fiéis, nem à sua fé.

Seria fácil relembrar o exemplo do Papa Leão, o Grande, sozinho, sem arma, saindo para encontrar-se com Alarico, o Huno, e seus sessenta mil guerreiros. Leão, sozinho, com a força do poder moral, convenceu Alarico a       retirar-se e a não saquear Roma. Mas isso foi, pelo menos há uns 1.500 anos. E a distância no tempo torna o acontecimento irreal para nós, modernos. 

     No entanto, temos exemplos mais recentes, perto de casa. Como é que supondes que os poloneses sobreviveram com sua Igreja intacta na Polônia stalinista? Acreditais que eles e sua Igreja conseguiram isso por causa de seu saldo bancário? Ou de seu investimento em ações? Ou suas propriedades imobiliárias? Sua cobertura política? Sua influência diplomática? Nada disso! Sabeis disso melhor do que eu. Nada disso. Apenas porque se aferraram a esse poder espiritual!

     Quantas vezes, na história recente, confiaram o Papa e o Vaticano apenas nesse poder? Quantas vezes, confiando apenas nele, ambos o brandiram?   E não apenas o Papa. Vamos enfrentar a verdade. Para muitos de nós, Bispos, para milhares de padres, para milhões de leigos, esse poder espiritual tem sido obscurecido, disfarçado, transmudado, degradado. Acima de tudo, tem sido confundido com outras coisas. Tornamo-nos vinculados como escravos aos pavorosos rigores de um sistema político-econômico. E nem percebemos isso, nem sabemos como nos libertar disso. Meu Deus! Eminentes Irmãos, meu Deus! E corremos para nossos administradores de bens, para nossos banqueiros, para nossos corretores de imóveis e para nossos diplomatas, para que resolvam nossos problemas, em vez de confiarmos no poder de Deus. "Pede aos Deuses", disse Sócrates, "apenas as coisas boas." "Pede o que quiserdes em meu nome", disse Jesus, "e vos será dado." Teremos esquecido tudo isso? Tudo isso é uma piada? Uma história antiga? Que Jesus nos ajude a deixar que as vendas nos caiam dos olhos. 

E isto mostra o quanto todos nós estamos confusos. Confundimos poder espiritual com energia psíquica. Confundimos a alma com a psiquê. Confundimos a inspiração de Deus com o subconsciente irracional. A piedade transforma-se em psicologia do comportamento. A teologia inclina-se ante a antropologia. A ética e a lei moral são tratadas como nada mais e nada diferente de uma quantificação sociológica. Definimos a história humana com as frases gélidas de Lenin e as condensamos num "Quem fez o que a quem?". Definimos a salvação divina conforme a crassa obliteração do espírito promovida por Darwin. E isso se resume a "Em que se tomou o que?". O amor é reduzido ao sexo. A dignidade do mendigo é reduzida às pretensões dos recebedores da assistência social. A liberdade é aviltada como ausência de qualquer tipo de controle. A licença é transformada no ressentimento contra qualquer limitação do comportamento. 

O Sacrifício da Missa é praticamente destruído pela indignidade de uma "santa refeição". O mal é equiparado a fatores ambientais negativos; bom é um refrigerador, uma máquina de lavar pratos, um aparelho de TV.  

A caridade de Cristo é confundida com cotas de minoria; as obras pias com o ativismo social; o culto de Deus com a fraternidade de homens e mulheres bebericando coquetéis; unidade e harmonia com caprichos majoritários; civilidade com ausência de inflação; a conveniência das coisas com o bom sistema de canalização; liberação com mais dinheiro; autocontrole com permissão para matar bebês antes de nascerem; a dignidade do homem com sodomia masculina; a emancipação das mulheres com lesbianismo; a verdade com a publicidade constante de mentiras, meias mentiras e mitos. E neste Conclave, a graça gratuita da vida está em perigo de ser confundida — pela última vez — com subsídios financeiros de governos socialistas. 

Meu Deus! Eminentes Irmãos, ó meu Deus! Bom Jesus! Até onde chegamos! — Os olhos de Azande estão cheios de lágrimas. Seu corpo treme. Os punhos abrem-se e fecham-se. Fica de pé, em silêncio e encarando a assembléia, por alguns instantes.
...

     Se realmente quisermos, — Azande parte da última exclamação, erguendo a própria voz, para fazer-se ouvir acima dos gritos da assistência. — Se pudermos recorrer ao Espírito de Jesus. Ainda que todo o mundo dos homens estivesse coberto de concreto e que toda a nossa vida fosse revestida de aço e de cromo, mesmo assim! Algum dia, de alguma forma, nossa fé e nossa confiança nesse Espírito romperiam o cimento, e através dessa fenda solitária, a flor da fé e da verdadeira devoção do Cristo Ressuscitado iria nascer e crescer. Essa brilhante maquinaria inanimada ficaria engrinaldada na glória do amor de Deus. E sobre a paisagem árida de nossa vida humana romperia o sol da Ressurreição! Acreditai nisso, meus Irmãos! Acreditai nisso! Acreditai nisso com os Apóstolos! Com Pedro! Com Clemente! Com Leão! Com Paulo! Com Pio! Com todos os santos! Com os crentes! Acreditai nisso! Acreditai nisso e isso será feito!

O tumulto explode outra vez:

     Nós acreditamos nisso! Tu és Pedro! Acreditamos nisso! — As palmas e os gritos de "Bravo!" ressoam pelo Salão. Até o jovem Monsenhor, sentado do lado de fora, escuta o barulho. Levanta-se, o rosto corado de excitação, e pensa:

     Um Papa foi escolhido! — Ele espera.

Por trás das portas fechadas, continua o entusiasmo. Azande não tem intenção de deixar que se atenue. E o que realiza agora não leva mais que um minuto. Sua energia está quase no fim. Suas emoções estão começando a regredir. Mas ele sabe o que precisa fazer. Num rápido olhar pela assembléia, examina-a toda. Há, naquele momento, um mar de afirmação e de calor —braços erguidos, olhos brilhando de expectativa, vozes ecoando uma e outras vezes. E, no meio dessas figuras vestidas de escarlate, os rostos erguidos na direção de Azande, há os impassíveis membros da oposição, um Thule, um Franzus, um Buff, os rostos rígidos, os olhos compreendendo mais do que seus colegas que aplaudem. E eles, mantendo-se às margens daquela emoção coletiva, sentem o próximo movimento de Azande. Mas não têm o poder de impedi-lo.

     Irmãos! — É a primeira vez que Azande eleva a voz ao nível de uma proclamação. Levanta ambos os braços, as palmas das mãos viradas para a assistência, e suavemente pedindo silêncio. Param todos os gritos. Eleitores são interrompidos em meio de seus aplausos. — Irmãos! Declarareis vós em vossa maioria, declarareis vós a política geral que esbocei, dar-lhe-eis vós a mais antiga forma de apoio cristão — vossa voz! Vossas vozes! — Pára, depois explode em um alto e triunfante grito: "Ita!"

Apenas por um par de segundos, toda a assembléia fica ali suspensa. E, de repente, como um corpo só, decide. Reage.

Mais uma vez, são os negros que começam. Pronunciando a primeira sílaba dessa afirmativa Ita, detêm-se nela, prolongando o som do "i" até que um, sete, vinte, cinqüenta, noventa, mais de cem vozes se juntaram às deles. Esse "i" tornou-se agora a fluência de gargantas plenas. Como chefes de coro natos, os negros elevam o nível de suas vozes, enquanto prolongam o som. Todos compreendem, instintivamente, que a uma determinada altura da elevação desse nível surgirá a segunda sílaba de Ita. Todos têm os olhos pregados em Azande, que está no comando. As mãos dele, os olhos, os contornos da boca, enquanto forma a sílaba "i" — todos os seus ouvintes os vigiam. Esta assembléia age agora como um corpo único.

De modo mágico, quando vem essa segunda silaba, a maioria daquelas vozes a ataca vigorosamente. E o jovem Monsenhor — que apressadamente convocara os padres-confessores, ouve o final daquele "i" que aumenta de volume coroado por um trovejante e prolongado "ta!". Azande, no comando da cena, mantém os braços numa mesma posição e imediatamente grita, em tom incisivo "Ita!". Os Cardeais repetem "Ita!". E depois é uma série de doze ou quinze Itas, vindo como os golpes de um martelo firmando um prego já profundamente enfiado na madeira.

Agora Azande precisa cumprir seu último dever. Ergue as mãos pedindo silêncio:

     Irmãos! Que é que estamos esperando? 0 Espírito Santo falou! Sabemos qual é a nossa política geral. Precisamos de um Papa! Precisamos de um Papa! A Igreja precisa de um Papa! Jesus quer que tenhamos um novo Papa! Não iremos votar? Agora? Aqui e agora? Não elegeremos o sucessor de Pedro e Vigário de Jesus? Não o faremos? É isso bom para o Espírito Santo e para nós?

Há mais um ressoante Ita, seguido do bater de palmas. Azande olha em torno, para os Presidentes, depois leva o olhar até Domenico. 0 velho está recostado na cadeira, imóvel, o rosto cansado. Mas, em seus olhos, Azande lê: "Muito bem! Muito bem! Pare agora! Retire-se de cena." Azande volta-se, inclina-se para os Presidentes. Enquanto caminha para seu lugar, o Cardeal-Presidente fala:

      Muito bem, Eminentes Irmãos. Vossa vontade está clara. A política geral, como a piopâs o nosso Eminentíssimo Senhor, o Meu Senhor Cardeal Azande, é a política oficial do Conclave. Vamos proceder a uma votação e apuração. Queiram, por favor, os Escrutinadores, Revisores e Infirmarii chegar até aqui, para que possamos distribuir as cédulas para a votação. 

Enquanto as cédulas estão sendo distribuídas, dois Cardeais saem de seus lugares. 0 jovem Cardeal gago, sem que muitos o percebam, vai até Domenico e deixa-se cair de joelhos diante do homem mais velho, o rosto escondido nas mãos. Os que estão próximos vêem os lábios de Domenico movendo-se, sua mão direita fazendo o sinal da cruz. Os Eleitores podem apenas presumir o que está acontecendo entre os dois. Quando o jovem Cardeal se levanta e caminha de volta a seu lugar, os Eleitores dão uma mirada em seu rosto e depois afastam rapidamente os olhos, cheios de dor e constrangimento. A maioria deles, embora sendo padres, se esqueceu e não pode suportar um rosto retratando a paz especial e aquela força bastante assustadora que vêm do arrependimento experimentado, da humilhação aceita, do amor renovado. É demais. 

O outro Cardeal é Thule. Teso como um carvalho do Reno, o rosto tão imóvel quanto um pico dos Alpes, os grandes olhos avermelhados de emoção, ele caminha com uma dignidade rara e é seguido por 117 pares de olhos. Pára em frente de Azande, que já está sentado. Azande está prestes a levantar-se diante do homem mais velho. Um lampejo dos olhos de Thule faz Azande parar, como uma mão pousada sobre o peito; e ele fica ali sentado, a face negra erguida, enquanto olha nos olhos de Thule. Depois, espontaneamente, Azande une suas duas mãos e as levanta até Thule. Este as toma entre as suas e sobre elas inclina a cabeça. Algumas palavras — curtas, suaves, em sussurros — são trocadas entre o europeu e o africano. Depois, devagar e sem pressa, como se estivesse caminhando numa solidão total e só dele, Thule volta a seu lugar.
...
Cai o silêncio sobre o Conclave. Um por um, cada Cardeal inclina-se sobre sua escrivaninha, apanha uma cédula e abre-a, para escrever o nome do futuro Papa. 

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OS JESUÍTAS E O MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO

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JESUITAS DA DEPRESSÃO
http://youtu.be/OIbxUpBJOqg
 
Jesuitas da Depressão II
http://youtu.be/YA_2KZweh7s
 
Maçonaria, jesuítas, sionismo e Vaticano dentro da Nova Ordem Mundial.
http://youtu.be/9byhxLZPQgA 
 
 

Programa: boletim Rádio Vox,Tema : terrorismo no campo é teologia da missão integral
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PAPA GLOBALISTA




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