sexta-feira, 29 de setembro de 2017
Wir (1982) - We - Zamyatin
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"Nós é um romance distópico escrito entre 1920 e 1921 pelo escritor russo Yevgeny Zamyatin. A estória é narrada por um matemático que conta para um interlocutor no passado como é a sua sociedade perfeita, porém profundamente opressora, em que vive no século XXX. Ao tomar contato com um grupo opositor que luta contra o ¨Benfeitor¨, o regente supremo do Estado Único, o narrador passa por conflitos ao perceber as imperfeições desse sistema que julgava até então perfeito. O autor inspirou-se na revolução russa de 1905 e 1917 e no período em que trabalhou supervisionando a construção de navios na Inglaterra. O livro foi publicado pela primeira vez em 1924, em inglês, nos EUA, mas ficou censurado na URSS até a abertura do regime soviético em 1988."
https://leiturasparalelas.wordpress.com/2013/10/28/nos-yevgeny-zamyatin/
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"Orwell não está só nesse esforço. Dois outros escritores, o russo Zamyatin em seu livro Nós, e Aldous Huxley em seu Admirável Mundo Novo, exprimiram o sentimento do presente e uma advertência para o futuro de maneiras muito similares à de Orwell. Essa trilogia do que pode ser chamado de “utopias negativas” de meados do século XX é o contraponto à trilogia das utopias positivas mencionadas anteriormente, escritas no século XVI e XVII."
http://pesquisdemica.blogspot.com.br/2016/11/erich-fromm-sobre-1984-de-george-orwell.html
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NÓS de Zamyatin
https://www.youtube.com/results?search_query=zamyatin+NOS
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Yevgeny_Zamyatin
Yevgeny Ivanovich Zamyatin (Евге́ний Ива́нович Замя́тин por vezes traduzido para português como Eugene Zamyatin ou Eugene Zamiatine ou Ievguêni Zamiátin) (Lebedian, 1 de fevereiro de 1884 - Paris, 10 de março de 1937) foi um escritor russo, famoso pelo seu romance Nós, a história de um futuro distópico que influenciou os romances Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, 1984, de George Orwell e Anthem, de Ayn Rand.
Zamyatin também escreveu vários contos, na forma de contos de fadas, que constituíram uma crítica satírica do regime comunista russo. Um exemplo é uma história na qual o presidente de câmara decide que para fazer toda a gente feliz terá de fazer toda a gente igual. Começa por forçar toda a gente, ele próprio incluído, a viver num grande quartel, depois a rapar os cabelos para ser iguais aos calvos, e finalmente a tornar-se mentalmente deficientes para igualizar os níveis de inteligência com os deficientes mentais.
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Zamyatin apoiou a Revolução de Outubro, mas tornou-se crítico da censura praticada pelos bolcheviques. Os seus trabalhos foram-se tornando cada vez mais críticos do regime e cada vez mais suprimidos à medida que a década de 1920 ia avançando. Por fim, os seus trabalhos foram banidos e ele foi proibido de publicar, em especial depois da publicação de Nós num jornal de emigrados russos, em 1927.
Morte
Obteve a autorização de Estaline para abandonar a Rússia em 1931, depois de Gorki ter intercedido por ele, e instalou-se em Paris com a sua mulher, onde morreu na pobreza em 1937, devido a um infarto, aos 53 anos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Yevgeny_Zamyatin
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Trechos do TEORIA E PRÁTICA DO COLETIVISMO OLIGÁRQUICO de Emmanuel Goldstein, do livro 1984 de George Orwell
"Os membros do Partido passam a vida, do nascimento à morte, sob o controle da Polícia das Ideias. Mesmo quando sozinhos, nunca podem ter certeza de que estão sós. Onde quer que estejam, dormindo ou acordados, trabalhando ou descansando, no banho ou na cama, podem ser inspecionados sem aviso e sem tomar conhecimento de que estão sendo inspecionados. Nada do que fazem é indiferente. Seus amigos, suas distrações, seu comportamento para com esposa e filhos, a expressão de seus rostos quando estão sozinhos, as palavras que murmuram no sono, mesmo os movimentos característicos de seus corpos, são rigorosamente escrutinados. Não apenas seus delitos efetivos, mas toda excentricidade, por menor que seja, toda mudança de hábitos, todo maneirismo nervoso que apresente a possibilidade de ser sintoma de um conflito interno, não deixam de ser detectados. Eles não têm liberdade de escolha sobre coisa nenhuma. Por outro lado, seus atos não são regulamentados por lei nem por qualquer outro código de conduta claramente formulado. Na Oceânia não existe lei. Os pensamentos e os atos que, se descobertos, significam morte certa não são formalmente proibidos, e os infinitos expurgos, detenções, torturas, aprisionamentos e vaporizações não são infligidos na qualidade de castigo para crimes de fato cometidos, sendo apenas a obliteração de pessoas que talvez pudessem cometer um crime em algum momento futuro. De um membro do Partido exige-se que tenha não apenas a opinião certa, mas os instintos certos. Muitas das crenças e atitudes que se esperam dele jamais são expostas com clareza — e não poderiam sê-lo sem que as contradições inerentes ao Socing ficassem visíveis. Se esse membro do Partido for uma pessoa naturalmente ortodoxa (em Novafala um benepensante), em toda e qualquer circunstância saberá, sem precisar pensar, qual é a crença verdadeira e qual a emoção desejável. De qualquer forma, porém, um elaborado treinamento mental aplicado na infância e relacionado às palavras criminterrupção, negribranco e duplipensamento, em Novafala, o deixa sem desejo nem capacidade de pensar muito profundamente em qualquer assunto."
http://planetalibro.net/leerlibro/orwell-george-1984_pt/349
Criminterrupção significa a capacidade de estacar, como por instinto, no limiar de todo pensamento perigoso. O conceito inclui a capacidade de não entender analogias, de deixar de perceber erros lógicos, de compreender mal os argumentos mais simples, caso sejam antagônicos ao Socing, e de sentir-se entediado ou incomodado por toda sequência de raciocínio capaz de enveredar por um rumo herético. Em suma, criminterrupção significa burrice protetora. Mas burrice não basta. Ao contrário, a ortodoxia em sentido pleno exige um controle tão absoluto sobre os próprios processos mentais quanto o do contorcionista sobre o próprio corpo. A sociedade oceânica repousa, em última análise, na crença de que o Grande Irmão é onipotente e o Partido infalível. Mas, dado que na realidade o Grande Irmão não é onipotente e o Partido não é infalível, existe a necessidade de adotar-se o tempo todo uma flexibilidade incessante no tratamento dos fatos. A palavra-chave, no caso, é negribranco. Como tantas outras palavras em Novafala, ela tem dois sentidos mutuamente contraditórios. Aplicada a um adversário, alude ao hábito que esse adversário tem de afirmar desavergonhadamente que o negro é branco, em contradição com os fatos óbvios. Aplicada a um membro do Partido, manifesta a leal disposição de afirmar que o negro é branco sempre que a disciplina do Partido o exigir. Mas significa ao mesmo tempo a capacidade de acreditar que o negro é branco e, mais, de saber que o negro é branco, e de esquecer que algum dia julgou o contrário. Isso exige uma alteração contínua do passado, tornada possível pelo sistema de pensamento que realmente abrange tudo o mais e que é conhecido em Novafala como duplipensamento.
http://planetalibro.net/leerlibro/orwell-george-1984_pt/350
A modificação do passado é necessária por duas razões, uma das quais secundária e, por assim dizer, preventiva. A razão secundária é que o membro do Partido, tal como o proletário, tolera as condições vigentes em parte porque não dispõe de termos de comparação. Deve ser afastado do passado, assim como deve ser afastado de países estrangeiros, porque é necessário que acredite que está em melhor situação do que seus antepassados e de que o padrão médio de conforto material aumenta ininterruptamente. Mas, de longe, a razão mais importante para que se reajuste o passado é a necessidade de salvaguardar a infalibilidade do Partido. Não se trata apenas de atualizar constantemente discursos, estatísticas e registros de todo tipo para provar que as previsões do Partido se confirmam em todos os casos. Trata-se também de não admitir em hipótese nenhuma a ocorrência de alterações na doutrina ou no alinhamento político. Porque mudar de opinião, ou mesmo de atitude política, é uma confissão de fraqueza. Se, por exemplo, a Eurásia ou a Lestásia (conforme o caso) for o inimigo de hoje, então é necessário que esse país sempre tenha sido o inimigo. E se os fatos atestarem algo diferente, então é preciso alterar os fatos. Dessa forma, a história é constantemente reescrita. Essa falsificação diária do passado, levada a efeito pelo Ministério da Verdade, é tão necessária para a estabilidade do regime quanto o trabalho de repressão e espionagem realizado pelo Ministério do Amor
http://planetalibro.net/leerlibro/orwell-george-1984_pt/351
A mutabilidade do passado é o ponto central da doutrina do Socing. Afirma-se que os fatos passados não têm existência objetiva e que sobrevivem apenas em registros escritos e nas memórias humanas. O passado é tudo aquilo a respeito do que há coincidência entre registros e memórias. Considerando que o Partido mantém absoluto controle sobre todos os registros e sobre todas as mentes de seus membros, decorre que o passado é tudo aquilo que o Partido decide que ele seja. Decorre ainda que, embora seja possível alterar o passado, o passado jamais foi alterado em nenhuma instância específica. Isso porque nas ocasiões em que é recriado na forma exigida pelas circunstâncias, a nova versão passa a ser o passado, e nenhum outro passado pode ter existido algum dia. Esse sistema funciona inclusive quando — como acontece muitas vezes — o mesmo fato precisa ser profundamente alterado diversas vezes no mesmo ano. Em todas as ocasiões, o Partido detém a verdade absoluta, e fica evidente que o absoluto jamais poderia ter sido diferente do que aquilo que passou a ser. Veremos que o controle do passado depende acima de tudo do treinamento da memória. Garantir que todos os registros escritos estão de acordo com a ortodoxia do momento é um mero ato mecânico. Mas é necessário lembrar-se que os fatos se passaram da maneira desejada. E caso seja necessário reorganizar nossas memórias ou alterar os registros escritos, também será necessário esquecer que o fizemos. O modo como se produz isso pode ser aprendido, como qualquer outra técnica mental. E ele é aprendido pela maioria dos membros do Partido: certamente por todos os que são ao mesmo tempo inteligentes e ortodoxos. Em Velhafala isso recebe o nome muito direto de “controle da realidade”. Em Novafala é o duplipensamento, embora o termo duplipensamento também abranja muitas outras coisas.
http://planetalibro.net/leerlibro/orwell-george-1984_pt/352
Duplipensamento significa a capacidade de abrigar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias e acreditar em ambas. O intelectual do Partido sabe em que direção suas memórias precisam ser alteradas; em consequência, sabe que está manipulando a realidade; mas, graças ao exercício do duplipensamento, ele também se convence de que a realidade não está sendo violada. O processo precisa ser consciente, do contrário não seria conduzido com a adequada precisão, mas também precisa ser inconsciente, do contrário traria consigo um sentimento de falsidade e, portanto, de culpa. O duplipensamento situa-se no âmago do Socing, visto que o ato essencial do Partido consiste em usar o engodo consciente sem perder a firmeza de propósito que corresponde à total honestidade. Dizer mentiras deliberadas e ao mesmo tempo acreditar genuinamente nelas; esquecer qualquer fato que tiver se tornado inconveniente e depois, quando ele se tornar de novo necessário, retirá-lo do esquecimento somente pelo período exigido pelas circunstâncias; negar a existência da realidade objetiva e ao mesmo tempo tomar conhecimento da realidade que negamos — tudo isso é indispensavelmente necessário. Mesmo ao usar a palavra duplipensamento é necessário praticar o duplipensamento. Porque ao utilizar a palavra admitimos que estamos manipulando a realidade; com um novo ato de duplipensamento, apagamos esse conhecimento; e assim por diante indefinidamente, com a mentira sempre um passo adiante da verdade. Em última instância, foi graças ao duplipensamento que o Partido foi capaz — e, até onde sabemos, continuará sendo por milhares de anos — de deter o curso da história.
http://planetalibro.net/leerlibro/orwell-george-1984_pt/353
Nem é preciso dizer que os praticantes mais sutis do duplipensamento são aqueles que inventaram o duplipensamento e sabem que ele é um vasto sistema de logro mental. Em nossa sociedade, aqueles que estão mais informados sobre o que ocorre são também os que estão mais longe de ver o mundo como ele é. Em geral, quanto maior a compreensão, maior o engodo; quanto maior a inteligência, menor a saúde mental. (...) Nem é preciso dizer que os praticantes mais sutis do duplipensamento são aqueles que inventaram o duplipensamento e sabem que ele é um vasto sistema de logro mental. Em nossa sociedade, aqueles que estão mais informados sobre o que ocorre são também os que estão mais longe de ver o mundo como ele é. Em geral, quanto maior a compreensão, maior o engodo; quanto maior a inteligência, menor a saúde mental. (...) Esse estranho entrelaçamento de opostos — conhecimento com ignorância, cinismo com fanatismo — é um dos principais traços da sociedade oceânica. A ideologia oficial está impregnada de contradições, mesmo quando não há nenhuma justificativa prática para elas. Assim, o Partido rejeita e avilta cada um dos princípios originalmente defendidos pelo movimento socialista, e trata de fazê-lo em nome mesmo do socialismo. Exorta um desprezo pela classe operária sem equivalente nos últimos séculos e obriga seus membros a usar um uniforme que em outros tempos caracterizava os trabalhadores manuais e que por isso mesmo foi adotado. Erode sistematicamente a solidariedade da família e chama seu líder por um nome que é um apelo direto ao sentimento de lealdade familiar. Mesmo os nomes dos quatro ministérios que nos governam exibem uma espécie de descaramento na inversão deliberada dos fatos. O Ministério da Paz cuida dos assuntos de guerra; o Ministério da Verdade trata das mentiras; o Ministério do Amor pratica a tortura; e o Ministério da Pujança lida com a escassez de alimentos. Essas contradições não são acidentais e não resultam da mera hipocrisia: são exercícios deliberados de duplipensamento. Pois somente reconciliando contradições é possível exercer o poder de modo indefinido. É a única maneira de quebrar o antigo ciclo. Se quisermos evitar para sempre o advento da igualdade entre os homens — se quisermos que os Altos, como os chamamos, mantenham para sempre suas posições —, o estado mental predominante deve ser, forçosamente, o da insanidade controlada.
http://planetalibro.net/leerlibro/orwell-george-1984_pt/355
"Para entender qual é o verdadeiro sentido da obra de Eric Blair (a.k.a. "GEORGE ORWELL"), é preciso conhecer a história da vida dele. A foto abaixo foi feita em 1937, durante a Guerra Civil Espanhola; quando ele ingressou como voluntário nas tropas do grupo guerrilheiro Marxista P.O.U.M. (Partido Obrero de Unificación Marxista)." Kleber Verraes
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