domingo, 29 de dezembro de 2019

OLAVO DE CARVALHO - A Direita se Destruindo

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Do livro de Vladimir Tismaneanu, "O Diabo na História":

"Uma das reações mais acerbas à decisão de Vladimir Lênin, Leon Trotsky, Grigory Zinoviev, Nikolai Yakov Sverdlov e seus companheiros de dissolver os remanescentes da democracia na Rússia veio da pensadora marxista teuto-polonesa Rosa-Luxemburgo, em suas notas manuscritas acerca da Revolução Russa. Em sua trilogia, Leszek Kolakowiski cita o comentário de Luxemburgo: "Liberdade apenas para os adeptos do governo, apenas para os membros do partido único, embora numerosos - isto não é liberdade. A liberdade tem de ser sempre para os que pensam diferente."

"Rosa de Luxemburgo antecipou o caminho tomado pelos bolcheviques em direção à totalização do poder quando escreveu que o desenvolvimento da revolução deles "move-se naturalmente numa linha ascendente: dos começos moderados para a radicalização cada vez maior de fins e, paralelo a isso, de uma coalizão de classes e partidos para o governo de apenas um partido radical. Na mesma crítica à Revolução Russa, Luxemburgo apresentou um aviso resoluto concernente aos métodos de preservação do poder adotados por Lênin e seu partido. Ela advertiu que a eliminação da democracia, com suas instituições que, embora incômodas, preveniam de fato os abusos de poder, levaria à mortificação do primeiro estado proletário:

"Na verdade, cada instituição democrática tem seus limites e insuficiências, coisas que sem dúvida compartilha com todas as outras instituições humanas. Mas o remédio que Trotsky e Lênin encontraram, a eliminação da democracia como tal, é pior que a doença que supostamente pretende curar; pois faz cessar a única fonte vivente da qual pode vir a correção de todas as insuficiências inatas de instituições sociais. Esta fonte é a vida política enérgica, sem entraves e ativa das mais amplas massas de pessoas".

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O Manifesto Comunista pressagiou este cisma fundamental, ao avançar em duas direções que seriam posteriormente desenvolvida na teoria marxista madura: de um lado, enfatizava o auto-desenvolvimento da consciência de classe; de outro, glorificava a violência. O abastardamento do marxismo no experimento de Lênin não pode ser dissociado dos ataques aos direitos burgueses e à criminalização da propriedade privada nos escritos dos pais fundadores. Isto era, na verdade, legitimado por uma alta necessidade histórica, o fim último que justificaria de algum modo a crueldade dos meios: "no lugar da velha sociedade burguesa, em que o desenvolvimento livre de cada um é a condição para o desenvolvimento livre de todos". "

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