sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

GUERRA CULTURAL - Quais as Palavras e Imagens que Impregnam sua mente? - OLAVO DE CARVALHO

 

 

*

Roger Scruton expõe um aspecto da manipulação intelectual esquerdista para pescar trouxas:

As boas teorias deveriam tomar o lugar das ruins, já que as boas são as que sobrevivem à refutação, e o sentido deveria tomar o lugar da falta de sentido, que não tem nada a nos dizer. Nas humanidades, porém, parece vigorar uma espécie de lei de Gresham: as teorias ruins substituem as boas, a falta de sentido substitui o sentido. Há várias explicações para esse fenômeno, algumas mais plausíveis que outras. O ponto importante é que a sobrevivência de uma teoria não depende de sua capacidade de permanecer irrefutável, mas de sua capacidade de tornar a refutação indesejável, impossível ou ambas as coisas. A refutação é indesejável quando a teoria está tão vinculada a uma posição política que se torna quase indistinguível dela; e é impossível quando a teoria está cercada por uma impenetrável muralha de nonsense.  

O jargão afetado e sem sentido é muito mais eficaz na propagação das opiniões de esquerda e progressistas que os argumentos bem fundamentados, pela simples razão de que as opiniões progressistas, quando afirmadas explicitamente, expõem-se a ser refutadas. O objetivo do jargão não é encontrar razões inovadoras para a oposição cultural, mas torná-la incontestável ao colocá-la além do debate racional.     (Extraído de "ARGUMENTOS PARA O CONSERVADORISMO", Roger Scruton)  

*

É claro que os primeiros ressentidos (revolucionários) morrerão, muitos deles vítimas da máquina que construíram para destruir os outros. Talvez algum deles morra de causas naturais, embora uma das lições da história recente seja a descoberta de que são poucos. Por fim, a máquina passará a funcionar em piloto automático, e seu software se solidificará em seu hardware. Este é o estágio final do totalitarismo, um estágio que não foi alcançado pelos jacobinos nem pelos nazistas, mas apenas pelos comunistas. Em tal circunstância, que Václav Havel ousou chamar de "pós-totalitária", a máquina controla a si mesma e é abastecida por sua própria destilação do ressentimento original. As pessoas aprendem a "viver dentro da mentira", como disse Havel, e praticam suas traições cotidianas com uma condescendência rotineira, pagando sua dívida com a máquina e esperando que alguém, em algum lugar, saiba como desligá-la. (Texto com base em "ARGUMENTOS PARA O CONSERVADORISMO" de Roger Scruton)         

Nenhum comentário:

Postar um comentário