sexta-feira, 22 de setembro de 2023

OESTE SEM FILTRO - COM AUGUSTO NUNES E ALEXANDRE GARCIA - 22/09/2023

 

 

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COMUNISMO CAMALEÔNICO

FLÁVIO GORDON - COMUNISMO DE ALMANAQUE X COMUNISMO REAL - "A noção de que alguma vez pregáramos a revolução e a violência deveria ser ridicularizada como um espantalho, refutada como uma calúnia espalhada por reacionários maliciosos. Já não nos referíamos a nós mesmos como “bolcheviques”, nem mesmo como comunistas – e o uso público da palavra era agora bastante reprovado dentro do Partido – éramos apenas simples, honestos, antifascistas amantes da paz e defensores da democracia. " ARTHUR KOESTLER https://revistaoeste.com/revista/edicao-183/comunismo-de-almanaque-vs-comunismo-real/

"The notion that we had ever advocated revolution and violence was to be ridiculed as a bogey refuted as a slander spread by reactionary war-mongers. We no longer referred to ourselves as “Bolsheviks,” nor even as Communists —the public use of the word was now rather frowned at in the Party—we were just simple, honest, peace-loving antiFascists and defenders of democracy." Arthur Koestler "The god that failed " 

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O ZERO E O INFINITO de Arthur Koestler - Comunismo é a religião dos ateus  O crítico literário neotrotskista Irving Howe admitiu que o romance “era uma descrição aterradora e incontestável dos mecanismos da mente comunista”. Por que os crimes da esquerda são em geral “perdoados”? Porque a esquerda diz, com rara mestria, que faz o mal, matando inocentes (democratas ou pessoas comuns, apartidárias), para conquistar o bem (a sociedade igualitária)… para todos, notadamente para os pobres (o proletariado). Sacrifica-se o presente, dando ao indivíduo uma vida sem liberdade e, às vezes, sem pão, por um futuro (talvez o céu) que, garantem os comunistas, será muito melhor. O que é, como notou Koestler, uma nova religião. O comunismo, como perceberam o filósofo inglês John Gray e, antes dele, Koestler, é a religião dos ateus.

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 “‘O Zero e o Infinito’ é notavelmente benigno como representação da prisão e do interrogatório. Não há cenas de tortura. Quase não há violência de todo. A mensagem é clara e afirmada explicitamente: ao contrário dos nazistas e dos fascistas, os comunistas não utilizam tortura física para extrair as estranhas confissões que as pessoas fazem no tribunal. Em vez disso, convencem as suas vítimas da sua própria culpa”. A informação de Koestler é inteiramente falsa, porque, como assinala Tony Judt, “há provas abundantes de que os regimes comunistas foram tão brutais e sanguinolentos quanto as outras tiranias modernas”.

Se Koestler não queria esconder nada e pretendia mostrar a crueldade do regime comunista, e não apenas do stalinismo (este não produziu o comunismo, antes é uma produção do comunismo), por que falseou a respeito das torturas nas masmorras da União Soviética? “A resposta”, afirma Judt, “é que ‘O Zero e o Infinito’ não é um livro acerca das vítimas do comunismo. É um livro acerca dos comunistas. As vítimas — Rubashov e os seus camaradas prisioneiros — são comunistas. (…) O romance de Koestler é um magnífico esforço de um intelectual ex-comunista para explicar a outros intelectuais porque é que o comunismo perseguia os seus intelectuais e porque é que estes conspiravam na sua própria humilhação”.

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