sábado, 6 de fevereiro de 2016
Hangout Completo-Olavo de Carvalho, Caio Fábio e Danilo Gentili - Dossiê Cayman
DOSSIÊ CAYMAN
(...)
"Só não me acabei porque Deus foi e é comigo. Um dia, entretanto, com calma, narrarei a história toda, e seus muitos desdobramentos à época — sempre um abismo chamando outro abismo.
Entretanto, sem ser detalhado, quero repetir que a partir daquele momento, líderes do PT passaram a me pressionar para que participasse do descobrimento e da divulgação do suposto Dossiê, por conta de minha influência e credibilidade na sociedade civil.
Eram ligações, meia-noite, quase todos os dias. Às vezes a Bené ligava chorando: “Meu reverendo, pelo amor de Deus salva a gente. Sem essa história o Lulinha não vai ganhar. Nós jamais vamos conseguir. Não deixa a gente nessa, pelo amor de Deus”.
Deus é minha testemunha; e as contas telefônicas também — elas provam quem ligava pra quem.
A covardia foi tão grande que à medida que o tempo foi passando, e ficou patente que a papelada era uma grande operação de falsificação, eles foram transferindo tudo para as minhas costas. De repente, o Dossiê Cayman era “uma coisa do Caio”.
Fui acusado de propor intermediar, por dinheiro, o chamado Dossiê Cayman; uma papelada que comprovaria que FHC, José Serra, Sérgio Motta e Mário Covas mantinham centenas de milhões de dólares em um paraíso fiscal no Caribe. Investigações posteriores apontaram os documentos como pura armação. Eu, enquanto isto, sempre dizia que nunca havia visto nada. Mas adiantava? É claro que não!
Acabei processado por calúnia pelo então presidente. Somente ano passado me vi livre de tudo — tendo sido inocentado pelo depoimento de Eduardo Jorge (ex-secretário geral da presidência no governo FHC), a quem eu mesmo havia procurado antes de tudo se tornar público, e contado toda a história. Somente três anos depois é que de fato soube que tudo não passara de uma grande armação, conforme fui informado pela entrevista dada por Oscar de Barros ao Jornal “O Globo”, na qual ele me inocentou, chamando-me de “freira” em relação a tudo aquilo. De fato, as maiores informações que tive me vieram da entrevista de Oscar de Barros e do livro “Cayman: Dossiê do medo”. Do contrário, até hoje não saberia com exatidão o que havia acontecido.
Quanto ao mais, era como ser acusado de calúnia secreta e de saber o que não sabia!
Assim, o que tenho a dizer é que em 1998 fui deixado com uma mão na frente outra atrás, nessa história do Dossiê Cayman, por um PT que posou de ético — enquanto tentou me fazer passar por bandido interessado em dinheiro. Tudo mentira. O pessoal do PT é que ficou atrás de mim. Eles sabem. E tenho testemunhas. Além disso, quando vi o tamanho da armação na qual me envolvera, passei a gravar tudo o que podia, e guardei tais fitas por muito tempo. O que mais doeu foi ver o Lula e a Bené tirarem o corpo fora diante da mídia. Quase nem me conheciam mais. Isto sem falar que quando a história minguou e não foi a lugar algum (antes da história vir a público) — a Bené ainda me chamou numa sala que ela tinha no centro do Rio e deu outro Dossiê. Dessa vez contra ACM, mas que envolveria FHC — pedindo-me que ajudasse o Lula pelo amor de Deus; e sugerindo que dada a minha amizade com o senhor Domingos Alzugaray, dono da IstoÉ, eu fizesse o material chegar às mãos dele.
Hoje, quando li os jornais, sinceramente não tive nem espanto e nem dúvidas acerca de nada. Por experiência própria eu sei que eles podem proceder assim, tão somente tenham a chance.
Aliás, as questões propostas como defesa pelos líderes do PT são a própria confirmação de minha tese: “De que tal dossiê nos ajudaria se estamos na frente para Presidente?”
Ora, não estão em São Paulo para governador. E mais: a pergunta-defesa embute o argumento que, em havendo necessidade, tal expediente é algo a ser considerado.
Não guardo mágoas e não comemoro este momento em que o PT passa de promotor de justiça a réu. Não celebro nenhum desses escândalos. De fato, fiquei triste; mas já não mais com aquela tristeza dos ingênuos. Não tenho surpresas porque o PT que eu fui conhecendo era capaz disso.
Além disso, também não creio em castigo exemplar dos envolvidos em corrupção. Sim, porque existe no inconsciente coletivo brasileiro o seguinte: a impunidade pode até continuar desde que a mídia cumpra o papel de chicoteamento público do indivíduo numa praça. Ou seja: se a mídia pegar o cara, tirar a roupa dele com meticulosidade, descer-lhe o azorrague por dias e dias sem fim, puser as vísceras dele pra fora e mostrar de que material ele é feito, a população dá o juízo como realizado, a impunidade continua, a mídia muda de pauta e a investigação pára. Na hora em que o indivíduo se torna um fantasma, um ser irrecuperável, dá-se a justiça como feita. Assim é o Brasil. E mais: Lula vai ganhar as eleições outra vez.
Concluindo digo o seguinte: Se o atual Dossiê tem ou não a participação do PT, não me interessa — embora pareça estar mais que provado. Sei apenas que em 1998 eles foram capazes de se interessar pelo falso Dossiê Cayman; e sobre mim puseram muita pressão; e, por fim, jogaram sobre meus ombros a responsabilidade. E também sei que não houve as chamadas contenções éticas à época alegadas por eles. Eu, todavia, quero distancia de tudo isto. Afinal, tudo o que sei é o que aqui digo; e que é o que sempre disse, embora não me tenham crido.
Com oração, pena, e pedindo a Deus misericórdia para o nosso país," Caio
Escrito em 21 de setembro de 2006 - às 16 hs.
Texto integral em:
DOSSIÊ DE 1998: A HISTÓRIA CONTA SUA PRÓPRIA HISTÓRIA HOJE
http://www.caiofabio.net/conteudo.asp?codigo=02955
VÍDEOS
https://www.youtube.com/user/canalcaiofabio/search?query=Cayman
O partido dos dossiês
http://turmadochapeu.com.br/o-partido-dos-dossies/
Petista e Collor se juntam para chamar FHC para falar sobre falcatrua criada por… petistas!!! Quem diz isso? As gravações
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/petista-e-collor-se-juntam-para-chamar-fhc-para-falar-sobre-falcatrua-criada-por-petistas-quem-diz-isso-as-gravacoes/
ESCÂNDALOS DO BRASIL
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_esc%C3%A2ndalos_pol%C3%ADticos_no_Brasil
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