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sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

A HISTÓRIA DO NAZISMO E A PROPAGANDA SOVIÉTICA - CAMPANHA FEZ TODO ANTICOMUNISMO EQUIVALER A NAZISMO


Texto de Olavo de Carvalho:

Eis aqui dois exemplos casuais, mas altamente significativos, enviados ao jornal por ocasião do artigo em que João Pereira Coutinho celebrava o livro de Silvia Bittencourt, A Cozinha Venenosa, ao que parece uma pesquisa interessantíssima sobre um jornal menor da Baviera, que alertou, pioneiramente e em vão, contra o perigo da ascensão do Partido Nazista:

1) “Hitler foi um joguete útil que a direita europeia pensou poder controlar e usar à vontade contra o bolchevismo russo e a esquerda alemã. Saiu de controle e deu no que deu. Agora, renegar isso é miopia ou má fé.”

2) “Na verdade, a direita em geral, por medo do comunismo, apostou em Hitler, desprezando a socialdemocracia que, na ocasião, era a única saída possível para conter os dois extremos.”

Uma inversão tão exata e meticulosa da realidade histórica não se impregna na mente de uma coletividade sem que haja uma campanha de falsificação pertinaz e onipresente, renovada ao longo de muitas gerações.

O que se entende e se repassa no Brasil como “história do nazismo”, tanto nas escolas quanto na mídia, é ainda uma repetição fiel, mecânica e servil da propaganda estalinista posta em circulação nos anos 30 do século 20 e até os dias de hoje aceita, sem exame, pelo beautiful people paulistano, a contrapelo da ciência histórica mundial que já deu cabo dessa patacoada há muitas décadas.

Na verdade, a “direita européia” praticamente inteira – representada, por exemplo, por Churchill em Londres, pela Action Française em Paris, pelo chanceler Engelbert Dolfuss em Viena e pelo Papa Pio XII em Roma – opôs desde o início a mais vigorosa resistência à ascensão nazista e continuou a fazer isso depois de 1939, quando Stálin e Hitler, após uma longa colaboração secreta, se deram as mãos em público para invadir a Polônia.

Nem o Partido Nazista nem o fascismo italiano surgiram como facções conservadoras ou de direita, mas como dissidências internas do movimento revolucionário. A tônica de ambos era restaurar o caráter originariamente nacionalista dos vários socialismos, que, no entender deles, o Partido Comunista havia enlatado à força num internacionalismo enganoso, subsidiado pelo grande capital. Como nenhuma mentira pega sem haver um fundo de verdade, a visão nazifascista da história correspondia, nesses pontos, à realidade dos fatos:

(1) Os socialismos apareceram realmente associados aos movimentos de independência nacional que sacudiram a Europa desde o início do século 19 (leiam, de Benedetto Croce, Storia d’Europa nel Secolo Decimonono, reed. Adelphi, 1993).

(2) O “internacionalismo proletário” foi realmente uma invenção do Partido Comunista, nascida de uma resolução proposta por Lênin e Rosa Luxemburgo na Segunda Internacional, em 1907, que declarou todo patriotismo ou nacionalismo o inimigo número um da revolução (sem prejuízo de que, mais tarde, Stálin invertesse o discurso, passando a usar os ressentimentos nacionais “anticolonialistas” como os motores do espírito revolucionário).

(3) O grande capital, especialmente americano, subsidiou o movimento comunista com uma generosidade ilimitada, incomparavelmente superior a qualquer ajuda que possa ter prestado a nazistas e fascistas, antes ou depois (v. Antony C. Sutton, The Best Enemy Money Can Buy, Liberty House Press, 1986; Wall Street and the Bolshevik Revolution, reed. Clairview Books, 2011; e sobretudo os três volumes da série Western Technology & Soviet Economic Development publicados pela Hoover Institution).

Uma das constantes mais nítidas e inegáveis da história do movimento revolucionário é que suas facções, quando entram em conflito, o primeiro recurso a que apelam é acusar-se mutuamente de aliadas e instrumentos do capitalismo, da maldita burguesia.

Os comunistas utilizaram esse rótulo abundantemente contra os anarquistas, os trotskistas, os social-democratas e, como não poderia deixar de ser, contra os nazistas e os fascistas. Só que estes já o haviam usado contra os comunistas muito antes e, sabe-se hoje, até com mais razão. Depois, como o nazifascismo perdeu, foi a propaganda comunista que acabou prevalecendo na memória popular.

O segundo comentário é até mais louco do que o primeiro: a direita negou apoio à socialdemocracia e, assim, entregou o poder a Hitler. Não, porca miséria. Toda a historiografia mundial sabe que foi o contrário, mas a notícia ainda não se espalhou entre os cultíssimos leitores da Folha.

Quem boicotou os socialdemocratas não foi a direita; foi o Partido Comunista, por ordem de Stálin, que via neles a direita quintessencial, o inimigo burguês por excelência, e nos nazistas o “navio quebra-gelo” (sic) apropriado para desmantelar as democracias em torno e, mesmo a contragosto, abrir caminho ao avanço das tropas comunistas, como de fato acabou acontecendo em todo o Leste Europeu.

A credibilidade infinitamente renovada que as lendas historiográficas do estalinismo continuam desfrutando no Brasil depois de passadas oito décadas é um dos fenômenos mais lindos nos anais da estupidez universal. 

Texto completo:
"Lindeza de estupidez", Olavo de Carvalho, 2013
http://olavodecarvalho.org/lindeza-de-estupidez/

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"O fascismo (e sua versão radical, o nazismo) eram categoricamente anti-comunistas. Nos anos de 1930, o stalinismo fez do anti-fascismo um pilar de sua propaganda, seduzindo intelectuais e galvanizando movimentos de resistência em todo mundo. Na verdade, na ausência da retórica anti-fascista, é difícil imaginar o stalinismo tornando-se um imã tão extraordinário para indivíduos, quanto mais, inteligentes e razoáveis. Essas pessoas estavam convencidas de que, ao apoiar os Frontes Populares, especialmente durante a Guerra Civil Espanhola, estavam se opondo à barbárie nazista. A máquina de propaganda da Internacional Comunista defendia os direitos humanos contra as atrocidades abomináveis perpetradas pelos nazistas, ocultando o fato de, até 1939, a maior parte dos crimes na Europa terem sido cometidos por stalinistas na URSS." (Vladimir Tismaneanu, O Diabo na História) 
 
A fórmula "comunismo = anti-fascismo" foi ampliada pela retórica comunista para atingir seus acusadores: "anti-comunistas = fascistas". O anti-fascismo tem servido como escudo para ocultar os crimes comunistas contra a humanidade desde a década de 1940. 

"As dificuldades relatadas para um reconhecimento dos crimes em massa comunistas são devidas às longas décadas de controle pelo Estado, das informações nesses países, ao atraso na abertura dos arquivos e à reação nervosa de círculos de esquerdistas na Europa Ocidental ao que acreditaram ser uma instrumentalização política do passado."
"Jeffrey Herf, por exemplo, argumentou que "a despeito de algumas exceções, Courtois tem razão: na academia ocidental, os eruditos que escolhem focalizar os crimes do comunismo eram e continuam a ser uma minoria, e enfrentam o perigo de bloqueio da carreira se forem rotulados de direitistas". (Vladimir Tismaneanu)

Em 1947 a URSS conseguiu retirar "grupos políticos" da definição de genocídio da ONU para não ser investigada e condenada por seus crimes, mantendo sua reputação ilesa:
 "Ademais, "todos os esboços iniciais da Convenção de Genocídio, incluindo o esboço inicial do Secretariado da ONU, feito em maio de 1947, incluiam grupos políticos em sua definição. Os soviéticos, os poloneses e mesmo alguns membros não-comunistas dos comitês da comissão de redação objetaram" (Vladimir Tismaneanu, O Diabo na História)  


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Na sua propaganda de guerra, os comunistas soviéticos espalharam que o nazismo era um movimento de trogloditas semi-analfabetos, sem nenhuma qualidade intelectual. Tanto essa propaganda funcionou, que até hoje o leitor médio de jornais acredita nela. Mas, do ponto de vista da ciência histórica, ela só serve para encobrir o problema central do fenômeno nazista, o qual, bem ao contrário, consiste justamente em compreeender como tantos intelectuais e artistas de primeiro plano, não só na Alemanha como em outros países, puderam aderir àquela ideologia mortífera. Esse problema é igual, em tudo, ao da intelectualidade comunista. Ocultando-o sob a mentira publicitária, os comunistas criaram artificialmente uma diferença fictícia entre eles e os nazistas, continuando a usar como emblema de superioridade o número de intelectuais e artistas que aderiam ao seu Partido. Darei uma aula sobre isso em breve.  https://www.facebook.com/olavo.decarvalho/posts/10159146847777192
 
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A nova biografia de Hitler pelo historiador britânico Brendan Simms, a mais amplamente documentafa de todas, demonstra que o objetivo central do líder nazista nunca foi a de deter a expansão da Russia comunista e sim a do imperialismo americano. Esse pensamento do Füher se harmoniza muito bem com as primeiras doutrinas do fascismo italiano, mas também com a experiência direta que ele teve da I Guerra Mundial, onde a Rússia foi neutralizada sem grande dificuldade pelo governo alemão mas o ingresso dos EUA na guerra trouxe o desastre final e total do Kaiser. A lenda urbana comunista, que faz de Hitler um anticomunista por excelência, pode assim ser considerada morta e encerrada, o que é o mesmo que dizer: cultuada só na Úichpi e na Fôia.

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Esquerda diz que nazista tem de ser tratado matando. A seguir, chama todo mundo de nazista
Um fenômeno perigosíssimo está ocorrendo no Brasil. A esquerda prega morte aberta a nazistas, o que seria ótimo. Mas, para esquerdistas, “nazista” é todo mundo à direita de Stalin
http://sensoincomum.org/2020/01/24/esquerda-nazista-tratado-matando-chama-todo-mundo-nazista/

Massacre de Katyn: quando a União Soviética matou 22 mil poloneses e culpou o inimigo
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-massacre-de-katyn-quando-antiga-urss-executou-22-mil-poloneses-e-jogou-culpa-nas-tropas-nazistas.phtml

Parlamento Europeu aprovou resolução que coloca nazismo e comunismo em pé de igualdade
https://observador.pt/2019/10/15/parlamento-europeu-aprovou-resolucao-que-coloca-nazismo-e-comunismo-em-pe-de-igualdade/

Fidel recrutou ex-nazistas da SS para treinar Exército cubanoDocumentos da inteligência alemã mostram contato com extrema direita.Relatório mostra que dois oficiais alemães foram ao país.
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/10/fidel-recrutou-ex-nazistas-da-ss-para-treinar-exercito-cubano.html

"Rudolph Rummel, o demógrafo perito em contabilizar todos os homicídios em massa causados por governos, estimou o total de vidas humanas dizimadas pelo socialismo do século XX em 61 milhões na União Soviética, 78 milhões na China, e aproximadamente 200 milhões ao redor do mundo. Todas essas vítimas pereceram de inanições causadas pelo estado, coletivizações forçadas, revoluções culturais, expurgos e purificações, campanhas contra a renda não-merecida, e outros experimentos diabólicos envolvendo engenharia social."
https://www.mises.org.br/ArticlePrint.aspx?id=2795


* "Vocês não viram ainda o que é uma ditadura fascista. Ajudem a derrubar o Bolsonaro, e verão."  
Olavo de Carvalho 

     
#EstouComBolsonaro
 

Carimbar de "negacionista" qualquer debatedor do noticiário covid oficial, usando um termo consagrado como denominação dos negadores do Holocausto e assim deixando no ar a impressão de que o infeliz é um nazistaa -- eis um truque verbal tão sórdido, tão porco e tão criminoso que já basta para sugerir que há algo de patifaria em todo esse noticiário. https://www.facebook.com/olavo.decarvalho/posts/10159146224242192

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"Declaro claramente que Marx foi conscientemente um intelectual embusteiro com o propósito de manter uma ideologia que permitiria a ele apoiar ação violenta contra seres humanos, com uma demonstração de indignação moral." Eric Voegelin, Reflexões Autobiográficas 

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