OLAVO DE CARVALHO
CARTA ABERTA A BRIAN WINTER,
EDITOR DE “AMERICA’S QUARTERLY”
Prezado Brian Winter,
Não vou chamar você de mentiroso, nem supor que teve a intenção
deliberada de deformar o sentido das minhas palavras para me fazer dano.
Vou apenas sugerir que o seu domínio da língua portuguesa falada no
Brasil não é tão perfeito quanto você o imagina, nem muito menos
suficiente para que você publique a sua interpretação das palavras de um
entrevistado brasileiro antes de submetê-la a ele para correção.
Nada, absolutamente nada na língua portuguesa do Brasil permite admitir que a expressão “Às vezes chego a pensar que...” indique uma opinião atual, uma adesão formal ou uma crença firme, especialmente quando se trate de matéria grave. Bem ao contrário, a expressão designa a mera conjeturação de uma hipótese que não se incorpora às crenças atuais do falante.
Ao fazer de mim o adepto do “assassinato em massa patrocinado pelo Estado”, você se mostrou incapaz de captar a nuance correta da declaração e, com isso, trouxe à minha reputação um dano injusto, de consequências provavelmente incalculáveis.
Pior ainda, minha conjetura se referia apenas a um caso determinado, à afirmação do sr. Jair Bolsonaro – ela própria hiperbólica e não necessariamente literal -- de que a ditadura militar brasileira deveria ter matado comunistas em vez de torturá-los. Você não apenas fez da minha conjetura uma adesão formal a essa idéia, mas deu a ela um alcance ampliado e universal, transformando-me num adepto doutrinário do genocídio estatal em geral. É uma distorção monstruosa.
Não vejo como você possa corrigir isso senão pela confissão pública do erro e um pedido formal de desculpas publicado na mesma revista e com destaque suficiente.
https://www.facebook.com/carvalho.olavo/posts/1190389197779819
* * *
Jair Bolsonaro’s Guru
https://www.americasquarterly.org/content/jair-bolsonaros-guru
SUPERAR O OLAVO DE CARVALHO:
https://www.facebook.com/carvalho.olavo/posts/1190347654450640
Nada, absolutamente nada na língua portuguesa do Brasil permite admitir que a expressão “Às vezes chego a pensar que...” indique uma opinião atual, uma adesão formal ou uma crença firme, especialmente quando se trate de matéria grave. Bem ao contrário, a expressão designa a mera conjeturação de uma hipótese que não se incorpora às crenças atuais do falante.
Ao fazer de mim o adepto do “assassinato em massa patrocinado pelo Estado”, você se mostrou incapaz de captar a nuance correta da declaração e, com isso, trouxe à minha reputação um dano injusto, de consequências provavelmente incalculáveis.
Pior ainda, minha conjetura se referia apenas a um caso determinado, à afirmação do sr. Jair Bolsonaro – ela própria hiperbólica e não necessariamente literal -- de que a ditadura militar brasileira deveria ter matado comunistas em vez de torturá-los. Você não apenas fez da minha conjetura uma adesão formal a essa idéia, mas deu a ela um alcance ampliado e universal, transformando-me num adepto doutrinário do genocídio estatal em geral. É uma distorção monstruosa.
Não vejo como você possa corrigir isso senão pela confissão pública do erro e um pedido formal de desculpas publicado na mesma revista e com destaque suficiente.
https://www.facebook.com/carvalho.olavo/posts/1190389197779819
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Jair Bolsonaro’s Guru
https://www.americasquarterly.org/content/jair-bolsonaros-guru
O
Brian Winter, da revista "America's Quarterly", pensa que sabe
português, mas não sabe. Ele deveria ter tido a humildade de trazer um
tradutor capaz de fazê-lo perceber a nuance irônica de certas frases que
ele tomou num sentido grosseiramente literal.
O
Brian Winter, da revista "America's Quarterly", pensa que sabe
português, mas não sabe. Ele deveria ter tido a humildade de trazer um
tradutor capaz de fazê-lo perceber a nuance irônica de certas frases que
ele tomou num sentido grosseiramente literal.
Aviso
a todos os jornalistas: Quando um sujeito diz "Às vezes penso que...",
ou coisa parecida, isso quer dizer exatamente que ele NÃO o pensa, que
apenas o tomou como hipótese temporária. Ninguém mais sabe disso nesta
merda de país. O Brian Winter ainda tem a desculpa de ser americano, mas
os outros são apenas filhos da puta ignorantes e maliciosos.
Leio
livros em inglês desde a adolescência, moro nos EUA há treze anos e
não me aventuraria a interpretar as palavras de um entrevistado
americano sem submeter a minha interpretação a ele. O Brian Winter não
apenas deu sentido literal a uma afirmação irônica, mas ainda deu a esse
caso particular um sentido universalizante, fazendo de mim um
apologista do genocídio estatal. É com certeza o maior crime que um
órgão de mídia já cometeu contra mim.
SUPERAR O OLAVO DE CARVALHO:
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A
mídia só consentiu em falar da corrupção petista depois que anos de
investigação tornaram os fatos inegáveis. Ainda me lembro do tempo em
que a única fonte a respeito era o livro do Ivo Patarra, "O Chefe",
sobre o qual reinava nas TVs e jornais o mais completo silêncio. Mas, se
o acusado é o Bolsonaro, a mais vaga suspeita já vira manchete desde o
primeiro instante.
Na
gestão Clinton, discutia-se acaloradamente se seria lícito e prudente
investir num país sob regime ditatorial notoriamente desrespeitador dos
direitos humanos. Então vieram os sábios argumentando (contra toda
evidência histórica) que a liberalização da economia produziria
inevitavelmente a liberalização do regime. O presidente americano era um
dos mais entusiásticos adeptos dessa tese. Decorridas algumas décadas, a
China, após tirar delicioso proveito dos investimentos americanos que a
transformaram de nação falida em grande potência, reassume, como era
inteiramente previsível, o projeto totalitário e a ambição de domínio
mundial. Quando lançamos a culpa disso nas costas do Clinton, aparecem
dezenas de jornalistas apelando ao mais infalível dos argumentos
científicos, o Ha-ha-ha: "Ha-ha-ha, ele diz que o Clinton é
comunista..."
Mostrem-me um só país aonde colonizadores não cristãos tenham levado a indústria, a ciência, a prosperidade e a democracia.
Comparem o que os ingleses fizeram na Índia ou na América com o que os
árabes fizeram na África negra, os chineses no Tibete ou no Vietnã ou os
russos na Polônia e na Finlândia.
No
Brasil, tudo se tornou um segredo esotérico. As verdades mais simples
têm de ser cochichadas em rituais secretos, para não aparecer na mídia
deformadas e criminalizadas.
Todo
imbecil tem a propensão irresistível de dar um sentido emocional e
moralizante a quakquer conceito descritivo histórico oi sociológico.
"Etnocentrismo", meninada, não é o nome de um pecado, é apenas a
descrição de um fenômeno geral e onipresente, que é a impossibilidade de
uma cultura aceitar plenamente a coexistência com outras culturas
concorrentes. Não por coincidência, a cultura que mais se aproximou de
um ideal universalizante de coexistência entre cuturas foi a ocidental,
que é a mais acusada de "eurocentrismo".
Espero
que os leitores mais atentos percebam a diferença entre o que estou
dizendo e o slogan "O fascismo é de esquerda", tão corrente nos meios
direitistas. O que estou dizendo é que a esquerda é fascista, mas não
por escolha e sim por impossibilidade objetiva de ser outra coisa
Quem
quer que estude um pouco o pensamento dos primeiros fascistas -- Enrico
Corradini, Alfredo Rocco, Giovanni Gentile ou o próprio Mussolini --,
não tem como deixar de perceber que todos os socialismos que já
existiram no mundo nunca passaram de variedades do modelo fascista. E
nisso reside o motivo de os socialistas apelarem tão frequentemente ao
termo "fascista" como insulto-padrão, tanto nas disputas internas do seu
movimento quanto no confronto com inimigos declarados
Nunca
se pode esquecer que Marx pouco ou nada disse quanto ao modelo de
sociedade a ser construído no socialismo. Em compensação, os fascistas
descreveram abundantemente esse modelo, não deixando aos marxistas outra
alternativa senão copiá-lo. Mas copiá-lo sem nomeá-lo, para esconder o
vexame.
Até
umas décadas atrás, a orientação moral da sociedade era incumbência de
religiosos que passavam a vida meditando os ensinamentos de Cristo,
renunciando a satisfações materiais e praticando severas disciplinas
ascéticas.
Hoje é obra de bilionários, jornalistas e marqueteiros.
2018
foi o cinquentenário da morte do Mário Ferreira dos Santos. Se nem a
obra dele a porra da universidade brasileira foi capaz de absorver até
agora, por que há de conseguir absorver a minha? É mais fácil espalhar
intrigas. Num país onde o Ruy Fausto é filósofo, o Mário, com certeza,
não o é.
Jamais
poderei, pelas minhas próprias forças, conter a avalanche de
invencionices, lendas urbanas e citações falsas que a mídia espalhou a
meu respeito no Brasil e no exterior. Não poderei nem tentarei. Só
espero que o sacrifício da minha imagem em tais rituais de canibalismo
moral sirva para destruir os últimos resíduos de credibilidade que os
oficiantes dessa cerimônia entre macabra e patética ainda desfrutam.
Ranhetas e filhos da puta adoram dizer "Não" -- a palavra que, segundo Mestre Eckart, arde no fundo do inferno.
Ranhetas e filhos da puta adoram dizer "Não" -- a palavra que, segundo Mestre Eckart, arde no fundo do inferno.
Se
não há nada de novo a dizer sobre um filosofo de antigamente, escrever
sobre ele é só uma frescura acadêmica, uma exibição de cutura para fazer
currículo. Nunca escrevi sobre Platão porque Paul Friedländer, Eric
Voegelin e Giovanni Reale descobriram mais coisas sobre ele do que o meu
pobre cérebro conseguiu processar até agora. Mas creio ter descoberto
umas coisinhas sobre Aristóteles, Descartes, Maquiavel e Karl Marx.
A
raiz da hostilidade insana dos Donkeys e Faustos contra mim reside no
simples fato de que nas minhas aulas e escritos tratei de centenas de
temas, problemas e autores TOTALMENTE DESCONHECIDOS PELA UNIVERSIDADE
BRASILEIRA. Ler o meu material é, para esses microcéfalos, uma
experiência intoleravelmente humilhante, que só poderiam superar
dispondo-se a reconstruir todo o universo de crenças coletivas que dá
uma aparência de fundamentos à sua segurança psicológica. Muitos
imaginam que xingando-me, fingindo depreciar-me ou mesmo matando-me
podem se livrar desse problema. São pessoas infinitamente ridículas.
A
máquina comunopetista de desinformação e confusionismo é bilionária e
de alcance muiltinacional. Agora apareceu um site espanhol me associando
a Alain de Benoist e a seu chefe Alexander Duguin -- dos quais, como
ninguém no Brasil ignora, sou inimigo declarado.
Os
que mais me cobram diploma são os mesmos que colocaram na presidência
um sem-analfabeto sem diploma nem do primário e uma semi-analfabeta com
diploma falso.
Para
o filósofo burguês, teoria e prática são momentos separados e
inconfundíveis. Para o marxista, a teoria é apenas um momento da práxis,
e a práxis consiste eminentemente em matar.
O mais paiaço de todos é o Christian Donkey, cuja única atividade intelectual consiste em seguir alimentando os seus aluninhos com aquela ração de Foucault, Derrida e Lacan em que a gente se lambuzava nos anos 60 do século passado. Ele continua atolado no mingau, como se nada tivesse acontecido no pensamento mundial em seis décadas -- e na USP isso faz um sucesso dos diabos
Poucas
coisas no mundo são tão imorais quanto um intelectual conservador
discutindo educadamente suas divergências teóricas com um comunista
enquanto os comunistas não param de roubar, torturar e matar. Isso que o
João Pereira Coutinho quer ser quando crescer é o que eu me envergonho
de ter sido enquanto era pequeno,.
O mais paiaço de todos é o Christian Donkey, cuja única atividade intelectual consiste em seguir alimentando os seus aluninhos com aquela ração de Foucault, Derrida e Lacan em que a gente se lambuzava nos anos 60 do século passado. Ele continua atolado no mingau, como se nada tivesse acontecido no pensamento mundial em seis décadas -- e na USP isso faz um sucesso dos diabos
O
mandado de extradição de Cesare Batisti deveria permanecer secreto até
que fosse efetuada a prisão do criminoso. Assim havia decidido o
ministro Fux. Algum agente petista infiltrado vazou a notícia para a
mídia, com o óbvio propósito de alertar Batisti e ajudá-lo a fugir.
Tanto esse agente quanto os órgãos de mídia cometeram crime de OBSTRUÇÃO
DA JUSTIÇA e devem ser punidos.
Concessões
esporádicas às exigências do “politicamente correto” — como outrora às
da “linha justa” do Partido, a qual é exatamente a mesma coisa — não
bastam para estragar por completo um romance, um filme, uma peça de
teatro; mas quando essas exigências se tornam obrigatórias e
onipresentes, elas acabam por violar as leis mais elementares da
verossimilhança e assim destroem a possibilidade mesma da arte
narrativa.
Eis por que o cinema de hoje busca sobretudo uma platéia de adolescentes, na qual a exigência da verossimilhança cede facilmente ante a ânsia de sensações fáceis.
O julgamento de verossimilhança depende essencialmente da maturidade, da “experiência da vida”.
Eis por que o cinema de hoje busca sobretudo uma platéia de adolescentes, na qual a exigência da verossimilhança cede facilmente ante a ânsia de sensações fáceis.
O julgamento de verossimilhança depende essencialmente da maturidade, da “experiência da vida”.
A
tradução da linguagem dos sonhos na lógica dos desejos — a
“interpretação dos sonhos”, segundo Freud — reduz os símbolos oníricos a
disfarces provisórios e escamoteia assim aquilo que os desejos mesmos
têm de semiótico e simbólico. De fato, é impossível desejar qualquer
coisa sem ter falta dela, isto é, sem possuir dela nada mais que um
signo sem a coisa dentro. Se o desejo fosse uma presença bruta e não
apenas o aceno semiótico de uma ausência, a masturbação seria impossível
e o desejo mesmo só poderia vir à tona na presença plena do seu objeto,
o que o tornaria ao menos praticamente indistinguível da sua
satisfação.
Ou
os frankfurtianos padeciam daquela imprevidência radical que Eric
Voegelin chamava de “estupidez criminosa”, ou eram pérfidos reacionários
empenhados em transformar a esquerda em instrumento da dominação
capitalista, ou eram apenas uns filhinhos-de-papai que se divertiam
brincando de dialética negativa enquanto, do teto de um hotel de cinco
estrelas, observavam o mundo pegar fogo. A primeira hipótese é a mais
humana.
A
premissa fundante de todo marxismo — isto é, do marxismo tomado em toda
a variedade dos seus estilos e versões — é que todos os problemas
filosóficos
essenciais já estão resolvidos, e que, no fundo, só o que resta são questões de estratégia e de tática, se não de retórica e propaganda.
Essa premissa é estupidificante em si, mas o fato de que permaneça quase sempre inconsciente ou pelo menos indeclarada aumenta “ad infinitum” o seu poder de estupidificar.
essenciais já estão resolvidos, e que, no fundo, só o que resta são questões de estratégia e de tática, se não de retórica e propaganda.
Essa premissa é estupidificante em si, mas o fato de que permaneça quase sempre inconsciente ou pelo menos indeclarada aumenta “ad infinitum” o seu poder de estupidificar.
Esvaziado
dos símbolos que dão um sentido moral ao trabalho, ao comércio, à
poupança, à ordem social, ao direito e até às relações pessoais, a que
se reduz o capitalismo senão àquela “capitalismo cru” terminal que
segundo Marx deveria anunciar e anteceder imediatamente o advento do
socialismo? Mas, sendo a economia socialista impossível na sua forma
integral e viável somente na forma híbrida da economia fascista (com
esse ou outro nome), que é que impede que o capitalismo cru se eternize,
e que o faça precisamente por meio da substituição dos velhos símbolos
culturais pela nova indústria dos simulacros? Quem não percebe que esse é
precisamente o mundo em que vivemos hoje, tanto em Pequim quanto em
Nova York?
OLAVO DE CARVALHO
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