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terça-feira, 1 de setembro de 2020

ENGENHARIA DA DESORDEM - OLAVO DE CARVALHO - ESTRATÉGIA DO GRUPO NAZISTA


A engenharia da desordem
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 12 de setembro de 2012
Todo mundo sabe que a base eleitoral do ex-presidente Lula, bem como a da sua sucessora, está nas filas de beneficiários das verbas do Fome Zero. Embora a origem do programa remonte ao governo FHC, o embrulhão-em-chefe conseguiu fundi-lo de tal maneira à imagem da sua pessoa, que a multidão dos recebedores teme que votar contra ele seja matar a galinha dos ovos de ouro.
No começo ele prometia, em vez disso, lhes arranjar empregos, mas depois se absteve prudentemente de fazê-lo e preferiu, com esperteza de mafioso, reduzi-los à condição de dependentes crônicos.
O cidadão que sai da miséria para entrar no mercado de trabalho pode permanecer grato, durante algum tempo, a quem lhe deu essa oportunidade, mas no correr dos anos acaba percebendo que sua sorte depende do seu próprio esforço e não de um favor recebido tempos atrás. Já aquele cuja subsistência provém de favores renovados todos os meses torna-se um puxa-saco compulsivo, um servidor devoto do “Padim”, um profissional do beija-mão.
O político que faz carreira baseado nesse tipo de programa é, com toda a evidência, um corruptor em larga escala, que vive da deterioração da moralidade popular. É impossível que o crescimento do Fome Zero não tenha nada a ver com o da criminalidade, do consumo de drogas e dos casos de depressão. Transforme os pobres em mendigos remediados e em poucos anos você terá criado uma massa de pequenos aproveitadores cínicos, empenhados em eternizar a condição de dependência e extrair dela proveitos miúdos, mas crescentes, fazendo do próprio aviltamento um meio de vida.
Mas o assistencialismo estatal vicioso não foi o único meio usado pela elite petista para reduzir a sociedade brasileira a um estado de incerteza moral e de anomia.
Na mesma medida em que se absteve de criar empregos, o Sr. Lula também se esquivou de dar aos pobres qualquer rudimento de educação, por mais mínimo que fosse, para lhes garantir a longo prazo uma vida mais dotada de sentido. Durante seus dois mandatos o sistema educacional brasileiro tornou-se um dos piores do universo, uma fábrica de analfabetos e delinqüentes como nunca se viu no mundo. Ao mesmo tempo, o governo forçava a implantação de novos modelos de conduta – abortismo, gayzismo, racialismo, ecolatria, laicismo à outrance etc. –, sabendo perfeitamente que a quebra repentina dos padrões de moralidade tradicionais produz aquele estado de perplexidade e desorientação, aquela dissolução dos laços de solidariedade social, que desemboca no indiferentismo moral, no individualismo egoísta e na criminalidade. Por fim, à dissolução da capacidade de julgamento moral seguiu-se a da ordem jurídica: o novo projeto de Código Penal, invertendo abruptamente a escala de gravidade dos crimes, consagrando o aborto como um direito incondicional, facilitando a prática da pedofilia, descriminalizando criminosos e criminalizando cidadãos honestos por dá-cá-aquela-palha, choca de tal modo os hábitos e valores da população, que equivale a um convite aberto à insolência e ao desrespeito.
Só o observador morbidamente ingênuo poderá enxergar nesses fenômenos um conjunto de erros e fracassos. Seria preciso uma constelação miraculosa de puras coincidências para que, sistematicamente, todos os erros e fracassos levassem sempre ao sucesso cada vez maior dos seus autores. Tudo isso parece loucura, mas é loucura premeditada, racional. É uma obra de engenharia. Se há uma obviedade jamais desmentida pela experiência, é esta: a desorganização sistemática da sociedade é o modo mais fácil e rápido de elevar uma elite militante ao poder absoluto. Para isso não é preciso nem mesmo suspender as garantias jurídicas formais, implantar uma “ditadura” às claras. Já faz muitas décadas que a sociologia e a ciência política compreenderam esse processo nos seus últimos detalhes. Leiam, por exemplo, o clássico estudo de Karl Mannheim, “A estratégia do grupo nazista” (no volume Diagnóstico do Nosso Tempo, ed. brasileira da Zahar). A fórmula é bem simples: na confusão geral das consciências, toda discussão racional se torna impossível e então, naturalmente, espontaneamente, quase imperceptivelmente, o centro decisório se desloca para as mãos dos mais descarados e cínicos, aos quais o próprio povo, atônito e inseguro, recorrerá como aos símbolos derradeiros da autoridade e da ordem no meio do caos. Isso já está acontecendo. A ascensão dos partidos de esquerda à condição de dominadores exclusivos do panorama político, praticamente sem oposição, nunca teria sido possível sem o longo trabalho de destruição da ordem na sociedade e nas almas.
Mas também não teria sido possível se o caos fosse completo. O caos completo só convém a anarquistas de porão, marginais e oprimidos. Quando a revolução vem de cima, é essencial que alguns setores da vida social, indispensáveis à manutenção do poder de governo, sejam preservados no meio da demolição geral. Os campos escolhidos para permanecer sob o domínio da razão foram, compreensivelmente, a Receita Federal, o Ministério da Defesa e a economia. A primeira, a mais indispensável de todas, porque não se faz uma revolução sem dinheiro, e ninguém jamais chegará a dominar o Estado por dentro se não consegue fazer com que ele próprio financie a operação. A administração relativamente sensata dos outros dois campos anestesiou e neutralizou preventivamente, com eficiência inegável, as duas classes sociais de onde poderia provir alguma resistência ao regime, como se viu em 1964: os militares e os empresários. Cachorro mordido de cobra tem medo de lingüiça. 



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A ESTRATÉGIA DO GRUPO NAZISTA


"A Estratégia do Grupo Nazista" - do livro “Diagnóstico do Nosso Tempo” de Karl Mannheim


Hitler inventou um novo método a que se pode dar o nome de estratégia do grupo nazista. O ponto capital da estratégia psicológica de Hitler é jamais encarar o individuo como pessoa, mas sempre como membro de um grupo social. O que Hitler faz por instinto está acorde com os descobrimentos da moderna Sociologia, ou seja, de que o homem é mais facilmente influenciado através dos vínculos do grupo; o que é mais importante ainda, as reações dele variam conforme o grupo particular a que pertence. O homem porta -se diferentemente na família, no clube, no exército, em seus negócios, ou como um cidadão em geral. O grande Duque de Marlborough era comandante do exército, em seus negócios e, no entanto, em casa vivia controlado pela esposa.
Cada grupo aparentemente possui suas próprias tradições, proibições e formas de expressão peculiares e enquanto se conserva intacto apóia e orienta o comportamento de seus membros.

1. DESORGANIZAÇÃO SISTEMÁTICA DA SOCIEDADE
Hitler sabia instintivamente que enquanto as pessoas  se sentem abrigadas em seus próprios grupos sociais, ficam imunes à sua influência. O artifício oculto da sua estratégia, por conseguinte, consiste em romper a resistência do espírito individual por meio da desorganização dos grupos aos quais esses indivíduos pertencem. Ele sabe que um homem sem laços com o grupo é como um caranguejo sem a carapaça. Essa desorganização, tal como sua tática de guerra-relâmpago, tem de ser rápida e violenta simultaneamente; mesmo assim, porém, seu efeito só será duradouro se conseguir formar imediatamente novos grupos que fomentem o gênero de comportamento aprovado pelo seu partido. Assim, há duas fases principais na estratégia do grupo de Hitler: a decomposição dos grupos tradicionais da sociedade civilizada e uma rápida reconstrução baseada em um padrão de grupos inteiramente novo.
No trabalho de desintegração inicial ele pode, está claro, confiar em grande parte na ausência de planificação de nossa vida econômica. Por exemplo, essa ausência é responsável pela condição mais desmoralizante de todas, o desemprego crônico. Porém, quando essa desintegração espontânea não avançou o suficiente para atender aos fins de Hitler, ele aplica seus próprios métodos.

HITLER APRENDEU COM OS COMUNISTAS
São diversos os métodos de que dispõe para lidar com a família, a Igreja, os partidos políticos e as nações. Os elementos dessa técnica ele os aprendeu com os comunistas, mas os pormenores foram por ele elaborados durante sua própria luta na selva política da Alemanha da década de1920. Aprendeu como dissolver comícios de massa, como desmoralizar adeptos de outros partidos, como fingir que cooperava com grupos rivais para, a seguir, quando o momento era oportuno, provocar sua queda. Tudo o que ele fez ultimamente foi transferir essa estratégia do grupo para o campo da política exterior.
Considere-se o caso de nações. Nisso, sua primeira regra parece ser de nunca empregar a força antes de haver esgotado as possibilidades de desmoralização. Ele sabe que os grupos, especialmente nações inteiras, com uma sólida vida de grupo e moral intacto, reagem desassombradamente a ameaças ostensivas e a ataques diretos; tornam-se mais unidos do que antes. Essa saudável vida de grupo é o segredo da inquebrantável resistência britânica e explica a hesitação de Hitler para atacar este país. Quando ele consegue encontrar traidores e colaboracionistas dentro dos grupos, recorre à técnica de penetração no grupo. Manda emissários como turistas e sob outros disfarces para conquistar para seu lado os adversários do regime existente e os desajustados e fracassados sociais.
Tendo organizado os agentes de massa dum movimento subterrâneo, procura isolar a nação do mundo exterior. Flanqueamento, envolvimento e isolamento total são as principais etapas desse processo. A essa altura, a vítima acha-se inteiramente à sua mercê; Hitler, contudo, ainda evita o ataque direto e prefere o sistema de desmoralização total vinda de dentro. Na tensão que então impera, são difundidos boatos, insuflados temores, jogados grupos rivais uns contra os outros e afinal é ministra da a assaz conhecida mistura nazista de ameaças e promessas. Tais são os métodos que ele empregou naÁustria, Tcheco-Eslováquia, Romênia, Bulgária e outros países. Os documentos secretos apreendidos na incursão da Lofoten, na Noruega, mostram claramente como são sistemáticos esses métodos: as instruções do exército nazista previam toda fonte possível de resistência e indicavam as contramedidas.

2. EFEITOS SOBRE O INDIVÍDUO
Nessa fase, a desmoralização e a decomposição dos grupos sociais principiam a produzir efeitos no individuo. E, o que é pior, em vastos números de indivíduos simultaneamente. A explicação psicológica desse fato é simplesmente a seguinte: o homem entregue a si mesmo não pode oferecer resistência. Como os vínculos com seu grupo é que lhe dão apoio, segurança
e reconhecimento, para nada dizer dos valiosos laços de amizade e confiança, a dissolução deles deixa-o inerme. Ele se comporta como uma criança que se extraviou ou que perdeu a pessoa amada; por isso sente-se inseguro, disposto a apegar-se a quem quer que se apresente.
Além de tudo isso, os métodos modernos de guerra total ou de propaganda total não dão tempo ao homem para se recobrar nem oportunidade para congregar-se em torno de um chefe e correr o risco de resistir. Particularmente em nações pequenas, surge do dia para a noite um quase completo caos social e anarquia. Isso tem influencia considerável sobre o individuo e seu ulterior comportamento. O fato é que a desintegração do grupo tende a ser seguida dum colapso da consciência moral do individuo. Ele se vê tentado a pensar mais ou menos assim: “Afinal de contas, tudo em que eu acreditava até agora talvez estivesse errado. Pode ser que a vida não passe de uma luta pela sobrevivência e pela supremacia. A escolha que tenho é entre tornar-me um mártir ou aderir à nova ordem; quiçá eu possa chegar a ser um membro destacado dela. Ademais, se eu não aderir hoje, amanhã talvez seja demasiado tarde”.
É nessa disposição de espírito que as pessoas se permitem engolir afirmações como a feita pelo Ministro da Justiça nazista: “Antigamente estávamos acostumados a dizer: “Isto está certo ou errado?” Hoje devemos colocar a questão nestes termos: “Que diria o Führer?”
É para este tipo de raciocínio que o cínico oportunismo de Hitler apela, e ao qual é endereçado o seu evangelho de violência e lei do mais forte. Tem sido bastante ressaltado o papel desempenhado pelo medo, pelo ódio, pela insegurança e pela desconfiança no regime nazista. De minha parte, quero acrescentar a este rol o elemento de desespero. No fundo de todas as reações nazistas, encontra-se o desespero. O mundo deles é um em que todos se sentem traídos, isolados e não mais confiam no próximo.

3. "A NOVA ORDEM”
Tendo reduzido a comunidade ao pânico e ao desespero, Hitler inicia então o segundo movimento de sua estratégia. Procura reconstruir uma nova ordem seguindo duas linhas distintas. Uma destina-se a escravizar as massas, a outra a entrincheirar sua liderança e o terrorismo de seu Partido. Para aquela, adota uma organização militar baseada no modelo prussiano: aplica-a a tudo, à organização da juventude, da indústria,dos trabalhadores e da opinião. Uma vez mais, explora o medo, o ódio e o terrorismo, pois é muito mais fácil encontrar um escoadouro para o sentimento de hostilidade dos grupos do que mobilizar suas energias construtivas. Daí o uso de “raças” e de indivíduos como bodes expiatórios. As supostas inferioridade e perversidade dos judeus são transformadas em desculpa para que se lhes cuspa nos rostos, bata-se neles ou matem-nos a sangue frio. O sistema do bode expiatório não só ajuda a libertar a comunidade de seu sentimento desculpa, mas impede que a hostilidade se volte contra o chefe quando a insatisfação é despertada.
Está claro, o bode expiatório não precisa ser forçosamente um produto interno. Os chefes de todos os países que se opõem ao nazismo podem ser apontados como alvo para a hostilidade no lugar de Hitler. E assim o vemos acusando Churchill de todos os pecados de sua própria cartilha.

4. FORMAÇÃO DE NOVOS LÍDERES
A organização militar e a supressão, todavia, por si sós não bastariam. Hitler sabe que para esse tipo de sociedade sobreviver é mister algo mais dinâmico do que arregimentação; por isso, criou centros de fermentação emocional de que as unidades das tropas de assalto constituem o modelo. Elas provém diretamente dos bandos militares posteriores à I Guerra Mundial, que desde o começo ameaçaram e tentaram dissolver a sociedade civil. Mas sua organização e mentalidade deveram muito também aos primeiros grupos de Juventude Alemã em sua fase Wandervogel. O fim secreto desses grupos é perpetuar a atitude psicológica da adolescência; isso explica muito do que aparece peculiar ao Estado nazista. Assim como é possível tornar a influência da família tão dominadora que a mentalidade de seus membros permaneça retardada e imatura, também o é utilizar artifícios do grupo para manter e difundir uma infantilidade irrestrita na sociedade em geral. Nas escolas de líderes (Führers) em que eles treinam a liderança, tudo é feito para produzir uma mescla bizarra de emotividade infantil e submissão cega.
Os nazistas sabem que seu tipo de líder só pode florescer em grupos do tipo bando. É sobretudo a esses auditórios com um desenvolvimento emocional artificialmente tolhido que atraem os gritos histéricos de Hitler. Quando Churchill diz: “Nada tenho a oferecer além de sangue, suor, labuta e lágrimas” ele está apelando para uma nação de adultos. A finalidade capital dessa análise é chamar a atenção para a necessidade da criação de uma contra-estratégia. Em remediar os efeitos desintegradores da civilização industrial em nossa família e na vida da comunidade.
Mas elas tem de fazer mais do que se protegerem contra o contágio. O que há de verdadeiramente promissor no novo método do grupo é que pode ser empregado com fins construtivos. Hitler apenas malbaratou e deturpou uma potencialidade até então negligenciada: as forças criadoras da existência em grupo. A ocasião para a melhor utilização dos métodos coletivos chegará quando nos defrontarmos com o problema de reorganizar o mundo segundo novos traços e com a tarefa de recondicionar a mentalidade Nazista.
 

NAZISMO É SOCIALISMO

Como a direita conservadora, que recentemente, graças sobretudo à internet, teve acesso ao pensamento conservador, censurado velada e abertamente nas faculdades de Humanas do Brasil, e percebeu que conservadorismo não tem nada a ver com o que a esquerda diz que o conservadorismo é (natürlich), a incipiente direita brasileira lembrou ao mundo que o nacional-socialismo é uma forma de socialismo (…!), e não de conservadorismo ou capitalismo.

O nazismo, que sempre se apresentou como uma terceira via, pega elementos do socialismo (sobretudo as antigas teses germânicas sobre socialismo), do trabalhismo e do sindicalismo político.

O sindicalismo, aliado ao islamismo, já havia realizado o primeiro genocídio da história a superar 1 milhão de mortos: o grupo Jovens Turcos (Jön Türkler), que se opunha à monarquia do Abdülhamid II no Império Otomano (atual Turquia), buscando uma homogeneização cultural com laços com a Revolução Russa, promoveu o genocídio de cristãos armênios em 1915, durante a Primeira Guerra. A Armênia foi, provavelmente, o primeiro lugar do mundo a se converter ao cristianismo.

Mais em: Resposta ao textículo do militante do PSOL no blog do Guga Chacra sobre “nazismo ser de direita”  https://sensoincomum.org/2017/08/17/resposta-guga-chacra-nazismo-direita/ 

 
 

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