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quarta-feira, 29 de julho de 2020

O PADRÃO TOTALITÁRIO - HANNAH ARENDT E OUTROS


 

RECONHEÇA ALGUNS PADRÕES DA ATUAÇÃO TOTALITÁRIA. Trechos resumidos do livro "As Origens do Totalitarismo", de Hannah Arendt. Vou postando conforme for me deparando com essas pérolas. Algumas situações já podem ser detectadas em nossa experiência.

DECLARAR CRIMES MENORES PARA DISFARÇAR CRIMES MAIORES 
Sobre os crimes de Stálin, as confissões de Khrushchev escondiam muito mais do que revelavam pela óbvia razão de que ele estava totalmente envolvido na verdadeira história. Em consequência, indivíduos eruditos, com o seu amor profissional pelas fontes oficiais, minimizaram a gigantesca criminalidade do regime de Stálin, que, afinal de contas, não consistiu meramente na calúnia e no assassinato de uns poucos milhares de figuras importantes do campo político e literário, mas no extermínio de um número literalmente sem conta de milhões de pessoas que ninguém, nem mesmo Stálin, podia acusar de atividades “contrarrevolucionárias”.
Foi admitindo alguns crimes que Khrushchev escondeu a criminalidade do regime como um todo, e é contra essa camuflagem e contra a hipocrisia dos atuais dirigentes russos que as gerações mais jovens de intelectuais russos entraram em rebelião quase aberta. Estes sabem tudo o que se pode saber a respeito de “expurgos em massa, e deportação e aniquilação de povos inteiros”. 


 

TOTALITARISMO REQUER UMA POPULAÇÃO NUMEROSA PARA PODER EXTERMINAR PARTE DELA
Em todos esses países menores da Europa, movimentos totalitários precederam ditaduras não totalitárias, como se o totalitarismo fosse um objetivo demasiadamente ambicioso, e como se o tamanho do país forçasse os candidatos a governantes totalitários a enveredar pelo caminho mais familiar da ditadura de classe ou de partido. Na verdade, esses países simplesmente não dispunham de material humano em quantidade suficiente para permitir a existência de um domínio total — qualquer que fosse — e as elevadas perdas populacionais decorrentes da implantação de tal sistema. Sem muita possibilidade de conquistar territórios, os ditadores desses pequenos países eram obrigados à moderação, sem a qual corriam o risco de perder os poucos súditos de que dispunham. Por isso, também o nazismo, antes do início da guerra, ficou tão aquém do seu similar russo em matéria de coerência e crueldade, uma vez que nem sequer o povo alemão era suficientemente numeroso para permitir o completo desenvolvimento dessa nova forma de governo. Somente se tivesse vencido a guerra, a Alemanha teria conhecido um governo totalitário completo; e podem-se avaliar e vislumbrar os sacrifícios a que isso teria levado não apenas as “raças inferiores”, mas os próprios alemães, através dos planos de Hitler que ficaram para a posteridade. De qualquer modo, foi só durante a guerra, depois que as conquistas do Leste forneceram grandes massas e tornaram possíveis os campos de extermínio, que a Alemanha pôde estabelecer um regime verdadeiramente totalitário. (O regime totalitário encontra ambiente assustadoramente favorável nas áreas de tradicional despotismo oriental como a Índia ou a China, onde existe material humano quase inesgotável para alimentar a máquina de poder e de destruição de homens que é o domínio total, e onde, além disso, o sentimento de superfluidade do homem da massa — um fenômeno inteiramente novo na Europa, resultado do desemprego em massa e do crescimento populacional dos últimos 150 anos — prevalece há séculos no desprezo pela vida humana.) A moderação ou métodos menos sangrentos de domínio não se deviam tanto ao receio dos governos de que pudesse haver rebelião popular: resultaram de uma ameaça muito mais séria: o despovoamento de seus próprios países. Somente onde há grandes massas supérfluas que podem ser sacrificadas sem resultados desastrosos de despovoamento é que se torna viável o governo totalitário, diferente do movimento totalitário.


A INTENSIDADE DO TERROR AUMENTA, E NÃO DIMINUI, QUANDO O DITADOR TOTALITÁRIO ESTÁ SEGURO DO SEU PODER
A demência de Stálin como explicação para seus crimes escondia o aspecto mais característico do terror totalitário, que é desencadeado quando toda a oposição organizada já desapareceu e quando o governante totalitário sabe que já não precisa ter medo. 
Stálin iniciou os seus gigantescos expurgos não em 1928, quando admitia que “temos inimigos internos”, e realmente tinha motivos de receio, mas em 1934, quando todos os antigos oponentes haviam “confessado os seus erros”, e o próprio Stálin, no “Congresso dos Vencedores”, havia declarado: “já não há o que provar e, ao que parece, não há ninguém mais a combater”.

O TOTALITARISMO PRECISA ELIMINAR A SOLIDARIEDADE DO POVO
As medidas tomadas por Stálin com a introdução do Primeiro Plano Quinquenal, de 1928, quando o seu controle do partido era quase completo, demonstram que a transformação das classes em massas e a concomitante eliminação da solidariedade grupal são condições necessárias do domínio total. 

SOLIDÃO ORGANIZADA
A atomização da massa na sociedade soviética foi conseguida pelo uso de repetidos expurgos que invariavelmente precediam o verdadeiro extermínio de um grupo. A fim de destruir todas as conexões sociais e familiares, os expurgos eram conduzidos de modo a ameaçarem com o mesmo destino o acusado e todas as suas relações, desde meros conhecidos até os parentes e amigos íntimos. A “culpa por associação” é uma invenção engenhosa e simples; logo que um homem é acusado, os seus antigos amigos se transformam nos mais amargos inimigos: para salvar a própria pele, prestam informações e acorrem com denúncias que “corroboram” provas inexistentes. Em seguida, tentam provar que a sua amizade com o acusado nada mais era que um meio de espioná-lo e delatá-lo como sabotador, trotskista, espião estrangeiro ou fascista. 

A DELAÇÃO ESPALHA A SUSPEITA - DIVIDIR PARA CONQUISTAR 
Nunca duvidamos de que o “dilúvio de denúncias mútuas” durante o Grande Expurgo foi tão desastroso para o bem-estar econômico e social do país como foi eficaz para fortalecer o governante totalitário, mas só agora sabemos quão deliberadamente Stálin colocou essa sinistra cadeia de denúncias em movimento, quando proclamou oficialmente a 29 de julho de 1936: A qualidade inalienável de cada bolchevista nas condições atuais deve ser a capacidade de reconhecer um inimigo do Partido, não importa como ele se disfarce. Pois, tal como a “solução final” de Hitler significava tornar realmente obrigatório para a elite do partido nazista o mandamento “Matarás”, o pronunciamento de Stálin recomendava como regra de conduta para todos os membros do partido bolchevista: “Levantarás falso testemunho”.

A MINORIA ORGANIZADA VENCE A MAIORIA DESORGANIZADA 
Em meados da década de 20 era feroz a oposição solidária de toda a classe camponesa, que achava “melhor não ter nascido do que aderir aos kolkhoz”, e condenava essas medidas, recusando-se a ser classificada em camponeses ricos, médios e pobres, para ser a seguir recrutada para a luta contra os kulaks (camponês rico), pois havia “alguém pior do que os kulaks, sentado em alguma parte, planejando a campanha de perseguição contra o povo”; e que a situação não era muito melhor nas cidades, onde os trabalhadores se recusavam a cooperar com os sindicatos controlados pelo partido, chamando a gerência de “diabos bem alimentados”, “espiões hipócritas”, entre outros epítetos. Fainsod aponta, com razão, que esses documentos mostram claramente não apenas “o descontentamento geral”, mas também a falta de qualquer “oposição suficientemente organizada” contra o regime como um todo.

MENTIRAS SÃO TODOS OS FATOS QUE DISCORDAM DA FICÇÃO OFICIAL 
Com relação ao período de inconteste domínio de Stálin, de 1929 em diante, o arquivo de Smolensk tende a confirmar o que já sabíamos antes através de fontes menos irrefutáveis. Isso se aplica até a algumas de suas estranhas lacunas, especialmente quanto a dados estatísticos. Pois essa falta de dados prova apenas, neste ponto como em outros, que o regime de Stálin era cruelmente coerente: eram tratados como mentiras todos os fatos que não concordassem, ou pudessem discordar, com a ficção oficial, fossem dados sobre as colheitas de trigo, a criminalidade ou as reais ocorrências de atividades “contrarrevolucionárias”. 


 "CRIMINOSOS SEM CRIME" - A PASSIVIDADE DOS PERSEGUIDOS
Sempre suspeitamos, e agora sabemos, que o regime nunca foi “monolítico”, mas “conscientemente construído em torno de funções superpostas, duplicadas e paralelas”, e que o que segurava essa estrutura grotescamente amorfa era o mesmo princípio de liderança — o chamado “culto da personalidade”, encontrado na Alemanha nazista; que o ramo executivo desse governo não era o partido, mas a polícia, cujas “atividades operacionais não eram reguladas através de canais do partido”; que as pessoas inteiramente inocentes, as quais o regime liquidava aos milhões, os “inimigos objetivos” na linguagem bolchevista, sabiam que eram “criminosos sem crime”; que foi precisamente essa nova categoria, e não os antigos e verdadeiros inimigos do regime— assassinos de autoridades, incendiários ou terroristas —, que reagiu com a mesma “completa passividade” que vimos tão bem na conduta das vítimas do terror nazista.

O TERROR NÃO VISA O PROGRESSO 
As dúvidas quanto à teoria segundo a qual o terror dos anos 20 e 30 foi “o alto preço da dor”, exigido pela industrialização e pelo progresso econômico, dissipam-se com esse primeiro documento. O terror não produziu industrialização nem progresso. O que a eliminação dos kulaks , a coletivização e o Grande Expurgo produziram foi a fome, as caóticas condições da produção de alimentos e o despovoamento. As consequências têm sido uma perpétua crise na agricultura, uma interrupção do crescimento populacional e a incapacidade de desenvolver e colonizar o interior da Sibéria. Além disso, como o arquivo de Smolensk mostra em detalhes, os métodos stalinistas de governo conseguiram acabar com toda a competência e know-how técnico que o país havia adquirido após a Revolução de Outubro.

POLÍCIA É UM ÓRGÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
A ascendência da polícia secreta sobre o aparelho militar é a marca de muitas tiranias, e não somente das tiranias totalitárias; mas, no caso do governo totalitário, a preponderância da polícia não apenas atende à necessidade de suprimir a população em casa, como se ajusta à pretensão ideológica de domínio global.

ETAPAS DA TOMADA DE PODER SE REPETEM 
Depois de 1945, as medidas tomadas para reafirmar o domínio total após o temporário relaxamento do período da guerra na União Soviética, bem como aquelas através das quais o governo totalitário fora introduzido nos países satélites, todos seguem as regras do jogo que viemos a conhecer. A bolchevização dos países satélites começou com as táticas da frente popular (coligações de partidos de esquerda) e um falso sistema parlamentar; passou rapidamente ao franco estabelecimento de ditaduras unipartidárias nas quais os líderes e os membros dos partidos, que eram tolerados antes, foram liquidados; e depois atingiu o estágio final quando os líderes comunistas nativos, dos quais Moscou suspeitava com ou sem razão, foram brutalmente incriminados, humilhados em julgamentos ostensivos, torturados e mortos sob o domínio dos mais corruptos e desprezíveis elementos do partido, ou seja, aqueles que eram agentes de Moscou. Foi como se Moscou repetisse apressadamente todos os estágios da Revolução de Outubro até o surgimento da ditadura totalitária. A história muda pouco: o que sucedeu a um país satélite ocorreu quase ao mesmo tempo a todos os outros, do Báltico ao Adriático. Os acontecimentos diferiram em regiões não incluídas no sistema de satélites. Os Estados bálticos foram diretamente incorporados à União Soviética, e sofreram muito mais que os satélites; mais de meio milhão de pessoas foram deportadas dos três pequenos países e um “enorme influxo de colonizadores russos” começou a ameaçar as populações nativas, transformadas em minoritárias em seus próprios países. 


STÁLIN ACUSA O INIMIGO DO CRIME QUE ELE MESMO VAI COMETER - FALSIFICANDO UM MAL PARA JUSTIFICAR OUTRO 

Para o nosso contexto, são mais importantes os acontecimentos da União Soviética, especialmente depois de 1948 — o ano da misteriosa morte de Zhdanov e do processo de Leningrado. Pela primeira vez depois do Grande Expurgo, Stálin mandou executar grande número de altos e altíssimos funcionários, e isso foi planejado como início de outro expurgo de dimensões nacionais. Este teria sido deflagrado pela “conspiração dos médicos”, se a morte de Stálin não ocorresse antes. Um grupo de médicos, a maioria dos quais judeus, foi acusado de haver tramado “eliminar os escalões superiores da URSS”. Tudo o que sucedeu na Rússia entre 1948 e janeiro de1953, quando a “conspiração dos médicos” estava sendo “descoberta”, tinha uma notável e tenebrosa semelhança com os preparos do Grande Expurgo dos anos 30: a morte de Zhdanov e o expurgo de Leningrado correspondiam à não menos misteriosa morte de Kirov em 1934, que foi imediatamente seguida de uma espécie de expurgo preparatório “de todos os antigos opositores que ainda existiam no Partido”. Além do mais, o próprio conteúdo da absurda acusação contra os médicos — que iriam matar pessoas em posição de destaque em todo o país — deve ter enchido de temerosos presságios todos os que conheciam o método de Stálin, de ACUSAR UM INIMIGO FICTÍCIO DO CRIME QUE ELE MESMO IA COMETER. (O melhor exemplo conhecido é, naturalmente, a acusação de que Tukhachévski conspirava junto com a Alemanha, no próprio momento em que Stálin se preparava para aliar-se aos nazistas.) É claro que, em 1952, o séquito de Stálin conhecia muito melhor o real significado de suas palavras do que nos anos 30, e o próprio fraseado da acusação deve ter semeado o pânico entre todos os altos funcionários do regime. Este pânico pode ainda ter sido a explicação mais plausível da morte de Stálin, das misteriosas circunstâncias em que ocorreu e do rápido cerrar de fileiras nos altos escalões do partido, notoriamente minado por conflitos e intrigas, durante os primeiros meses da crise de sucessão. Por menos que conheçamos os detalhes da história, sabemos mais do que o suficiente para confirmar a minha convicção original, de que “operações de desmonte” como o Grande Expurgo não eram episódios isolados, não eram excessos do regime motivados por circunstâncias raras, mas constituíam uma instituição do terror e deviam ser esperadas a intervalos regulares — a não ser, naturalmente, que mudasse a própria natureza do regime.

O elemento novo mais dramático desse último expurgo planejado por Stálin, nos últimos anos de sua vida, foi uma importante mudança de ideologia: a introdução de uma conspiração mundial judaica. Durante anos, os fundamentos para essa mudança haviam sido cuidadosamente elaborados numa série de julgamentos nos países satélites— o julgamento de Rajk na Hungria, o caso Ana Pauker na Romênia e, em 1952, o julgamento de Slansky na Tchecoslováquia. Nessas medidas preparatórias, altos funcionários do partido foram escolhidos por suas origens “burgueso-judaicas” e acusados de sionismo; aos poucos, essa acusação foi alterada para implicar agências notoriamente não sionistas (especialmente o Comitê Judaico-Americano — joint), insinuando que todos os judeus eram sionistas e que todos os grupos sionistas eram“assalariados do imperialismo norte-americano”. Naturalmente, nada havia de novo no “crime” do sionismo; mas, à medida que a campanha progredia e começava a concentrar-se nos judeus da União Soviética, outra mudança importante ocorreu: os judeus eram agora acusados de “cosmopolitismo” e não de sionismo, e o tipo de acusação que derivava desse slogan seguia cada vez mais de perto o modelo nazista de uma conspiração mundial judaica ao estilo dos sábios do Sião.

IDEOLOGIA E TERROR - DESTRUIÇÃO DA PSIQUE, DOS VALORES, TRADIÇÕES, INSTITUIÇÕES 
O totalitarismo difere essencialmente de outras formas de opressão política que conhecemos, como o despotismo, a tirania e a ditadura. Sempre que galgou o poder, o totalitarismo criou instituições políticas inteiramente novas e destruiu todas as tradições sociais, legais e políticas do país. O governo totalitário sempre transformou as classes em massas, substituiu o sistema partidário não por ditaduras unipartidárias, mas por um movimento de massa, transferiu o centro do poder do Exército para a polícia e estabeleceu uma política exterior que visava abertamente ao domínio mundial. Os governos totalitários do nosso tempo evoluíram a partir de sistemas unipartidários; sempre que estes se tornavam realmente totalitários, passavam a operar segundo um sistema de valores tão radicalmente diferente de todos os outros que nenhuma das nossas tradicionais categorias utilitárias — legais, morais, lógicas ou de bom senso — podia mais nos ajudara aceitar, julgar ou prever o seu curso de ação. 

ELES NÃO SABEM DEBATER, MAS SABEM MATAR
Em sua ascensão, tanto o movimento nazista da Alemanha quanto os movimentos comunistas da Europa depois de 1930 recrutaram os seus membros dentre essa massa de pessoas aparentemente indiferentes, que todos os outros partidos haviam abandonado por lhes parecerem demasiado apáticas ou estúpidas para lhes merecerem a atenção. A maioria dos seus membros, portanto, consistia em elementos que nunca antes haviam participado da política. Isso permitiu a introdução de métodos inteiramente novos de propaganda política e a indiferença aos argumentos da oposição: os movimentos, até então colocados fora do sistema de partidos e rejeitados por ele, puderam moldar um grupo que nunca havia sido atingido por nenhum dos partidos tradicionais. Assim, sem necessidade e capacidade de refutar argumentos contrários, preferiram métodos que levavam à morte em vez da persuasão, que traziam terror em lugar de convicção. As discórdias  ideológicas  com  outros  partidos  ser-lhes  iam  desvantajosas  se  eles competissem sinceramente com esses partidos; não o eram, porém, porquanto lidavam com pessoas que tinham motivos para hostilizar igualmente todos os partidos.

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COTAS DE PRISÕES PARA MANTER O POVO ATERRORIZADO

"As prisões políticas em nosso país singularizaram-se durante décadas precisamente pelo fato de serem detidas pessoas em nada culpadas e, por isso mesmo, de modo nenhum preparadas para oferecer resistência.
Criou-se o sentimento geral da fatalidade, a idéia de que era impossível fugir..."
(...)
"Os "Órgãos" não tinham frequentemente motivo profundo para a escolha, não sabendo que pessoa deter ou não deter, mas simplesmente QUAIS OS NÚMEROS A ATINGIR. O cumprimento desses números podia estar de acordo com as normas, mas podia também ter um caráter completamente casual. Em 1937 apareceu na recepção da NKVD de Novotcherkassk uma mulher perguntando que destino devia dar a uma criança de peito que tinha fome, de uma vizinha detida.
"Sente-se", disseram-lhe, "vamos esclarecer isso." Esperou duas horas e levaram-na da recepção à cela: era preciso completar urgentemente a cota prevista e faltavam agentes para mandá-los percorrer a cidade, e aquela mulher já estava ali mesmo!"

A. Soljenítsen, ARQUIPÉLAGO GULAG

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“Só há uma maneira pela qual as agonias mortais da velha sociedade e as dores de parto sangrentas da nova sociedade podem ser encurtadas, simplificadas e concentradas, e essa forma é o terror revolucionário”, de acordo com Marx em 1848. 

“A próxima guerra mundial resultará no desaparecimento da face da terra não apenas de classes e dinastias reacionárias, mas também de povos reacionários inteiros. E isso também é um passo em frente”, segundo Engels em 1849.

“O Estado é um instrumento de coerção… Queremos organizar a violência em nome dos interesses dos trabalhadores”, disse Lênin em 1917.

https://www.epochtimes.com.br/principios-distopicos-do-verdadeiro-comunismo/
 

 

Comunismo é genocídio. É genocídio na teoria, é genocídio na estratégia, é genocídio na prática historicamente conhecida e é genocídio nos métodos atuais com que subsiste em Cuba, se fortalece na China e se propaga na Colômbia. É genocídio na apologia da violência por Karl Marx, na técnica leninista do terror sistemático, na arquitetura stalinista e maoísta do Estado-presídio cuja máxima eficiência, segundo técnicos da KGB, foi alcançada em Cuba. O comunismo prega o genocídio, justifica o genocídio, orgulha-se do genocídio e, onde quer que tenha reinado, sempre viveu do genocídio. Discuti-lo respeitosamente é admitir que exista o direito moral à propaganda do genocídio. https://olavodecarvalho.org/brincar-de-genocidio/

Olavo de Carvalho - "Trinta anos de estudos sobre a mentalidade revolucionária convenceram-me de que ela não é a adesão a este ou àquele corpo de convicções e propostas concretas, mas a aquisição de certos cacoetes lógico-formais incapacitantes que acabam por tornar impossível, para o indivíduo deles afetado, a percepção de certos setores básicos da experiência humana. A mentalidade revolucionária não é um conjunto de crenças, é um sistema de incapacidades adquiridas, que começam com um escotoma intelectual e culminam numa insensibilidade moral criminosa. É uma doença mental no sentido mais estrito e clínico do termo, correspondente àquilo que o psiquiatra Paul Sérieux descrevia como delírio de interpretação. Numa discussão com o homem normal, o revolucionário está protegido pela sua própria incapacidade de compreendê-lo." 
https://olavodecarvalho.org/urss-a-mae-do-nazismo/

RELATIVISMO, MENTIRA E COERÇÃO
O IMPÉRIO DA VONTADE OLAVO DE CARVALHO - O relativismo militante é um véu de análise racional feito para camuflar a imposição, pela força, de uma vontade irracional. Sua função é cansar, esgotar e calar a inteligência para abrir caminho ao “Triunfo da Vontade”. É um método de discussão inconfundivelmente nazista. Se você estudar Nietzsche direitinho, verá que toda a filosofia dele não é senão a sistematização e a apologética desse método, hoje adotado pela tropa inteira dos ativistas politicamente corretos. Por trás de toda a sua estudada complexidade, a estratégia do nietzscheísmo é bem simples: trata-se de dissolver em paradoxos relativistas a confiança no conhecimento objetivo, para que, no vácuo restante, a pura vontade de poder tenha espaço para se impor como única autoridade efetiva. Descontada a veemência do estilo pseudoprofético, não raro inflado de hiperbolismo kitsch , não há aí novidade nenhuma. É o velho Eu soberano de Fichte, que abole a estrutura da realidade e impera sobre o nada. É a velha subjetividade transcendental de Kant, que dita regras ao universo em vez de tentar conhecê-lo.
http://www.olavodecarvalho.org/semana/060105jb.htm


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VLADIMIR TISMANEANU - "O totalitarismo comunista, como organização social, política, cultural, econômica e caracterizado por três elementos. Em primeiro lugar, pela recusa à memória. A aversão, a hostilidade diante da memória o faz mnemófobo. Ele age, por todas as suas instituições, para a destruição da memória. Em segundo lugar, e uma organização que procura a destruição dos valores, e, neste sentido, e axiófobo. E, não em ultimo lugar, detesta o espírito, portanto e uma organização de tipo noofóbica. Portanto, o comunismo e mnemofobico, axiofobico e noofobico." Vladimir Tismaneanu 
https://archive.org/stream/VladimirTismaneanuDoComunismo/Vladimir_Tismaneanu_-_Do_Comunismo_djvu.txt

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OLAVO DE CARVALHO - A primeira metade do século XX presenciou a ascensão da economia planificada; a segunda, a sua queda, seguida do surgimento de um esquema de dominação ainda mais ambicioso: a cultura planificada. A cultura transcende e abarca a economia: inclui o orbe inteiro das criações humanas, a linguagem e a imaginação, os valores e sentimentos, a vida íntima e os reflexos inconscientes. A ampliação do objetivo mostra que a intelectualidade ativista tirou da experiência de oito décadas uma conclusão inversa à dos economistas liberais: estes acreditaram que o fracasso do socialismo provava a loucura intrínseca do Estado gigante; aqueles, que o Estado gigante fracassou por não ser gigantesco o bastante.O objetivo final do socialismo, como observou Hannah Arendt, é a modificação da natureza humana. 
https://olavodecarvalho.org/raizes-do-mundo-novo/

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A DESTRUIÇÃO FÍSICA NO COMUNISMO E NO NAZISMO - SOBRE O LIVRO DE ALAIN BESANÇON, A INFELICIDADE SO SÉCULO 
https://conspiratio3.blogspot.com/2020/07/a-destruicao-fisica-no-comunismo-e-no.html

 
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CLICK TIME - A CENSURA DO APOIA-SE e o peso da verdade! - O QUE VAI ACONTECER COM QUEM DENUNCIAR OU QUESTIONAR?
A FALSIFICAÇÃO DO MAL E O DEPLATFORMING 
IDEOLOGIA DA EXCLUSÃO - O direito de perseguir e matar decorre do direito de condenar e demonizar adversários (inimigos) e, antes disso, de redefinir e falsificar o que é bem e mal, certo e errado, verdade e mentira, com o aval da população manipulada e acovardada.

ANTIGA TÉCNICA COMUNISTA DA FABRICAÇÃO DO CRIME E DA CULPA - A campanha de expurgo de certas administrações recrudesceu a partir de 1930, quando Stálin, desejoso de acabar definitivamente com os "direitistas" decidiu demonstrar as ligações destes com os "especialistas-sabotadores". Devidamente instruída por Stalin, a GPU (Polícia Secreta) havia preparado dossiês destinados a demonstrar a existência de organizações anti-soviéticas ligadas entre si. Os investigadores conseguiram extrair "confissões" de um certo número de pessoas presas, tanto sobre seus contatos com "direitistas", quanto sobre sua participação em complôs imaginários para eliminar Stalin e derrubar o regime soviético. As técnicas e os mecanismos de fabricação de casos sobre pretensos "grupos terroristas" estavam perfeitamente afinados desde 1930. (Referência: O Livro Negro de Comunismo) - https://conspiratio3.blogspot.com/2020/04/click-time-censura-do-apoia-se-e-o-peso.html

E QUANTO MAIS NOS CENSURAREM, MAIS PODERÃO NOS ACUSAR. 

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"Toda a tragédia do comunismo está dentro desta afirmação alucinante: a visão de uma elite superior cujos fins utópicos santificam os métodos mais bárbaros, a negação do direito à vida àqueles que são definidos como "parasitas e predadores degenerados", a desumanização deliberada das vítimas e o que Alain Besançon identificou corretamente como a perversidade ideológica no coração do pensamento totalitário: a falsificação da idéia do bem (la falsification du bien)." Vladimir Tismaneanu, O Diabo na História

"Pode-se provar, desta forma, que qualquer ato é imoral, por meio de PARAMORALISMOS utilizados como sugestão ativa, e sempre haverá pessoas cujas mentes sucumbirão a tais raciocínios. Infelizmente, inventar critérios morais sempre novos, de acordo com a conveniência de alguém, tornou-se um fenômeno frequente para indivíduos, grupos de opressão, ou sistemas políticos patológicos. Tais sugestões privam parcialmente as pessoas do seu raciocínio moral e deformam o desenvolvimento deste nos mais jovens." Andrew Lobaczewski "Ponerologia - Psicopatas no Poder"
 
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"De acordo com a fórmula de Stalin, a crítica era o mesmo que oposição; a oposição inevitavelmente implicava conspiração; a conspiração significava traição. Algebricamente, portanto, a mais leve oposição ao regime ou a falha em reportar tal oposição era equivalente ao terrorismo". (Vladimir Tismaneanu, "O Diabo na História")
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SEM CENSURA, A MENTIRA NÃO PERDURA - "O cidadão, no sistema comunista, vive oprimido (...) Em última análise, todos os jornais são oficiais, bem como o rádio e outros meios de comunicação. Os resultados de tudo isso não são grandes, e em nenhum caso correspondem aos meios e medidas empregados. Porém, resultados consideráveis são conseguidos tornando IMPOSSÍVEL A MANIFESTAÇÃO DE OPINIÕES que não sejam as oficiais e combatendo as idéias contrárias. " (Milovan Djilas – “A Nova Classe”) 

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LIBERDADE DE EXPRESSAO É QUESTÃO DE VIDA OU MORTE!  



O blogueiro russo Vladimir Luzgin pediu ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos que defendesse seu direito de afirmar corretamente que a Alemanha nazista e a União Soviética invadiram a Polônia em 1939. Ele não teve alternativa depois que o Supremo Tribunal da Rússia concordou que essa verdade desagradável constituía 'reabilitação do nazismo ". Luzgin é a primeira pessoa na Rússia a ser condenada sob uma lei controversa que foi, desde o início, condenada como um ataque ao debate histórico. Provou ser uma ofensiva contra fatos históricos.  
“Os comunistas e a Alemanha invadiram conjuntamente a Polônia, iniciando a Segunda Guerra Mundial. Ou seja, o comunismo e o nazismo colaboraram estreitamente ... ”
O primeiro tribunal considerou que se tratava de "informação conscientemente falsa", alegando como justificativa que a declaração contradiz os fatos expostos nas sentenças do Tribunal de Nuremberg.
Sob o presidente russo Vladimir Putin, Moscou negou consistentemente fatos inegáveis, como a invasão da Crimeia e o envolvimento militar no leste da Ucrânia.
A convicção surreal de Luzgin foi, sem dúvida, um aviso assustador do que esperar se você levantar questões que o atual regime não deseja que sejam feitas, ou fatos que deseja que sejam borrados ou totalmente negados. .
É muito provável que a detenção em curso por acusações absurdas do historiador e ativista do Memorial Yury Dmitriev também seja um aviso para que outros não exponham informações sobre os autores do Terror de Stalin.
 
 

https://web.archive.org/web/20200604053442/http://khpg.org/en/index.php?id=1488552228

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A PROIBIÇÃO DE PERGUNTAR - Por linguagem ideológica, refiro-me ao fenômeno diagnosticado por Eric Voegelin em uma fração considerável do pensamento político moderno e que marcaria um ineditismo em relação à antiguidade clássica: a "PROIBIÇÃO DE PERGUNTAR". Não se trata aí, diz Voegelin, de uma simples resistência à análise, coisa que, decerto, também existia no passado. Não estamos falando apenas de um apego passional a opiniões (doxai) em face de uma análise (episteme) que as contrarie. Como esclarece o filósofo alemão: "Em vez disso, confrontamos-nos aqui com pessoas que sabem que, e por que, suas opiniões não podem resistir a uma análise crítica, e que, portanto, fazem da proibição do exame de suas premissas parte do seu dogma." (Eric Voegelin). Essa linguagem ideológica, sustentada sobre a proibição de perguntar, é um dos traços mais característicos do ambiente intelectual marxista e esquerdista de modo geral. (...) Gramsci foi, inegavelmente, um dos mais hábeis técnicos em linguagem ideológica. (FLÁVIO GORDON - A CORRUPÇÃO DA INTELIGÊNCIA) 

Flávio Gordon - "Se, durante a ditadura, tínhamos uma censura autoritária e visível (frequentemente burlada, como muitos artistas e jornalistas da época já cansaram de confessar, até com certa graça), hoje temos uma censura totalitária, invisível, grave, onipresente. Ela não comporta gracejos nem brechas. Se, antes, ela vinha exclusivamente do governo, hoje ela é mais de tipo soviético-chinês, e o censor pode estar ao lado."
http://obrasileouniverso.blogspot.com/2013/11/censura.html

 

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