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OLAVO DE CARVALHO “Mentalidade revolucionária” é o estado de espírito, permanente ou
transitório, no qual um indivíduo ou grupo se crê habilitado a remoldar
o conjunto da sociedade – senão a natureza humana em geral – por meio
da ação política; e acredita que, como agente ou portador de um futuro
melhor, está acima de todo julgamento pela humanidade presente ou
passada, só tendo satisfações a prestar ao “tribunal da História”. Mas o
tribunal da História é, por definição, a própria sociedade futura que
esse indivíduo ou grupo diz representar no presente; e, como essa
sociedade não pode testemunhar ou julgar senão através desse seu mesmo
representante, é claro que este se torna assim não apenas o único juiz
soberano de seus próprios atos, mas o juiz de toda a humanidade,
passada, presente ou futura. Habilitado a acusar e condenar todas as
leis, instituições, crenças, valores, costumes, ações e obras de todas
as épocas sem poder ser por sua vez julgado por nenhuma delas, ele está
tão acima da humanidade histórica que não é inexato chamá-lo de
Super-Homem.
Autoglorificação do Super-Homem, a
mentalidade revolucionária é totalitária e genocida em si,
independentemente dos conteúdos ideológicos de que se preencha em
diferentes circunstâncias e ocasiões.
Recusando-se a prestar satisfações senão
a um futuro hipotético de sua própria invenção e firmemente disposto a
destruir pela astúcia ou pela força todo obstáculo que se oponha à
remoldagem do mundo à sua própria imagem e semelhança, o revolucionário é
o inimigo máximo da espécie humana, perto do qual os tiranos e
conquistadores da antigüidade impressionam pela modéstia das suas
pretensões e por uma notável circunspecção no emprego dos meios.
http://www.olavodecarvalho.org/a-mentalidade-revolucionaria/
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