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O livro "Cannibal Island" apresenta toda a brutalidade do sistema
socialista, um alerta ao mundo sobre onde as ideias de "igualdade e
justiça social" podem nos levar.
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TOTALITARISMO REQUER UMA POPULAÇÃO NUMEROSA PARA PODER EXTERMINAR UMA PARTE - HANNA ARENDT
Em todos esses países menores da Europa, movimentos totalitários
precederam ditaduras não totalitárias, como se o totalitarismo fosse um
objetivo demasiadamente ambicioso, e como se o tamanho do país forçasse
os candidatos a governantes totalitários a enveredar pelo caminho mais
familiar da ditadura de classe ou de partido. Na verdade, esses países
simplesmente não dispunham de material humano em quantidade suficiente
para permitir a existência de um domínio total — qualquer que fosse — e
as elevadas perdas populacionais decorrentes da implantação de tal
sistema. Sem muita possibilidade de conquistar territórios, os
ditadores desses pequenos países eram obrigados à moderação, sem a qual
corriam o risco de perder os poucos súditos de que dispunham. Por isso,
também o nazismo, antes do início da guerra, ficou tão aquém do seu
similar russo em matéria de coerência e crueldade, uma vez que nem
sequer o povo alemão era suficientemente numeroso para permitir o
completo desenvolvimento dessa nova forma de governo. Somente se tivesse
vencido a guerra, a Alemanha teria conhecido um governo totalitário
completo; e podem-se avaliar e vislumbrar os sacrifícios a que isso
teria levado não apenas as “raças inferiores”, mas os próprios alemães,
através dos planos de Hitler que ficaram para a posteridade. De qualquer
modo, foi só durante a guerra, depois que as conquistas do Leste
forneceram grandes massas e tornaram possíveis os campos de extermínio,
que a Alemanha pôde estabelecer um regime verdadeiramente totalitário.
(O regime totalitário encontra ambiente assustadoramente favorável nas
áreas de tradicional despotismo oriental como a Índia ou a China, onde
existe material humano quase inesgotável para alimentar a máquina de
poder e de destruição de homens que é o domínio total, e onde, além
disso, o sentimento de superfluidade do homem da massa — um fenômeno
inteiramente novo na Europa, resultado do desemprego em massa e do
crescimento populacional dos últimos 150 anos — prevalece há séculos no
desprezo pela vida humana.) A moderação ou métodos menos sangrentos de
domínio não se deviam tanto ao receio dos governos de que pudesse haver
rebelião popular: resultaram de uma ameaça muito mais séria: o
despovoamento de seus próprios países. Somente onde há grandes massas
supérfluas que podem ser sacrificadas sem resultados desastrosos de
despovoamento é que se torna viável o governo totalitário, diferente do
movimento totalitário.
https://conspiratio3.blogspot.com/2020/07/o-padrao-totalitario-hannah-arendt-e.html
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