"Graças ao seu conhecimento psicológico específico e à sua convicção de que as pessoas normais são ingênuas, uma patocracia é capaz de aprimorar as suas técnicas "anti-psicoterapêuticas" e, patologicamente egotística como de costume, insinuar seu mundo de conceitos deficientes para os outros em outros países, tornando-os suscetíveis à conquista e à dominação. Os métodos mais freqüentemente utilizados incluem os métodos paralógicos e conversivos, tais como a projeção das qualidades e intenção de uma pessoa sobre as outras, sobre grupos sociais ou nações, a indignação paramoral e o bloqueio reverso. Esse último método é o favorito dos patocratas, utilizado em larga escala, direcionando as mentes das pessoas medianas para um beco sem saída porque, como resultado, faz com que elas busquem pela verdade no meio termo entre a realidade e o seu oposto." (PONEROLOGIA: PSICOPATAS NO PODER)
http://conspiratio3.blogspot.com.br/2016/07/paramoralismo.html
AS TÉCNICAS DE
MANIPULAÇÃO PSICOLÓGICA
As técnicas de
manipulação psicológica tornaram-se objeto, jà há muitas décadas, de
aprofundados trabalhos de pesquisa realizados por psicólogos e psicólogos
sociais, tanto militares
quanto civis. É às vezes difícil, e psicologicamente desconfortável, admitir
sua temível eficácia. O objetivo deste capítulo consiste em chamar a atenção
sobre tais técnicas, que frequentemente preferimos ignorar, deixando assim o
campo livre àqueles que não temem utilizá-las.
Já há trinta anos
que as técnicas de lavagem cerebral fornecem resultados notáveis. Desde então,
elas têm passado por significativos aperfeiçoamentos e, atualmente, são
ensinadas nos IUFMs de maneira semivelada. Ainda que brevemente, trataremos de
apresentá-las aqui, pois elas nos permitem perceber os verdadeiros riscos por
trás da querela dos IUFMs e da introdução dos métodos pedagógicos ativos. Tais
técnicas apóiam-se essencialmente sobre o behaviorismo e a psicologia do
engajamento. ' Nossa sumária exposição das técnicas de manipulação psicológica
deverá basear-se principalmente sobre três obras relevantes: D. Winn. The
Manipulated Mind. London, The Octagon press, 19 84; R.V. Joule, J.L. Beauvois.
Soumission et idéologies. Paris, PUF, 1981; R.V. Joule, J.L. Beauvois. Petit traité de manípulation à Pusage des
honnêtes gens. Grenoble, Presses universitaires de Grenoble, 1987.
A submissão à autoridade
Em uma série de
experiências célebres, o professor Stanley Milgram evidenciou de maneira
espetacular o papel da submissão à autoridade no comportamento humano.
Milgram repetiu
suas experiências com 300 mil pessoas, experiências estas que foram
reproduzidas em numerosos países. Os resultados obtidos são indiscutíveis. A
experiência de base envolve três pessoas: o pesquisador, um suposto aluno, que
na verdade é um colaborador do pesquisador, e o verdadeiro objeto da
experiência, o professor. A experiência pretende supostamente determinar a
influência das punições no aprendizado. O professor deve então mostrar ao
suposto estudante extensas listas de palavras e, em seguida, testar sua
memória. Em caso de erro, uma punição precisa ser imposta ao colaborador. O
objeto da experiência ignora, naturalmente, o status real do colaborador, e crê
que este, como ele próprio, não tem qualquer relação com a organização da
experiência. As punições consistem em descargas elétricas de 15 a 450 volts, as
quais o próprio professor deve acionar contra o suposto estudante, situado em
uma peça vizinha. A voltagem das descargas aumenta a cada erro cometido. O
colaborador, é claro, não recebe essas descargas, contrariamente ao que
acredita o professor – este é quem recebe, no início do experimento, uma
descarga de 45 volts, para "assegurar-se de que o gerador funciona".
As reações que o colaborador deve simular são estritamente codificadas: a 75
volts ele começa a murmurar; a 120 volts, ele reclama; a 150 volts ele pede que
parem com a experiência e, a 285 volts, ele lança um grito de agonia, depois do
qual se cala completamente. É assegurado ao professor que os choques são
dolorosos mas não deixam sequelas. O pesquisador deve zelar para que a
experiência chegue a seu termo, tratando de encorajar o professor, caso este
venha a manifestar dúvidas quanto à inocuidade da experiência ou caso deseje
encerrá-la. Também esses encorajamentos são estritamente codificados: à
primeira objeção do professor, o pesquisador lhe responde: "Queira
continuar, por favor"; na segunda vez: "A experiência exige que você
continue"; na terceira vez: "É absolutamente essencial que você
continue"; na quarta e última vez: "Você não tem escolha. Deve
continuar". Se o professor persiste em suas objeções após o quarto
encorajamento, a experiência é encerrada.
O resultado da
experiência é espantoso: mais de 60% dos professores levam-na até o final,
mesmo convencidos de que estão realmente administrando correntes de 450 volts.
Em alguns países, a taxa chega a alcançar 85%. É preciso acrescentar que a
experiência é extremamente penosa para os professores, e que eles vivenciam uma
forte pressão psicológica mas seguem, não obstante, até o fim.
Há algo, porém,
ainda mais inquietante. No caso de o professor limitar-se a simplesmente ler a
lista de palavras, enquanto as descargas são enviadas por outra pessoa, mais de
92% dos professores chegam a concluir integralmente a experiência. Assim, uma
organização cuja operação é setorizada pode-se tornar um cego e temível
mecanismo: "Esta é talvez a lição fundamental de nosso estudo: o comum dos
mortais, realizando simplesmente seu trabalho, sem qualquer hostilidade
particular, pode-se tornar o agente de um processo de destruição
terrível"."
Houve quem
considerasse a hipótese de que, em tais experimentos, os professores davam
livre curso a pulsões sádicas. Mas essa hipótese é falsa. Se o pesquisador se
afasta ou deixa o local de experiência, o professor logo diminui a voltagem das
descargas. Quando podem escolher livremente a voltagem, a maioria dos
professores emite a voltagem mais baixa possível.
A autoridade do
pesquisador é um fator fundamental. Se já de início o colaborador pede que
pesquisador troque de lugar consigo, encorajando em seguida o professor a
continuar a experiência, agora sobre o pesquisador, suas recomendações não têm
efeito, uma vez que ele não está investido de qualquer autoridade.
Quando a
experiência envolve dois professores, um dos quais, atuando em colaboração com
o pesquisador, abandona
precocemente a experiência, em 90% dos casos o outro professor segue-lhe o
exemplo.
Finalmente, e é
isto o que mais chama a atenção, nenhum professor tenta deter a experiência ou
denunciar o pesquisador. A submissão à autoridade é, portanto, muito mais
profunda do que aquilo que os percentuais acima sugerem. A contestação se
mantém socialmente aceitável.
Quais conclusões
se podem tirar dessa experiência inúmeras vezes repetida? Inicialmente, que
existem técnicas muito simples que permitem modificar profundamente o
comportamento de adultos normais. Em seguida, que essas técnicas podem ser, e
são, objeto de estudos científicos aprofundados. Enfim, que seria bastante
surpreendente que tais trabalhos fossem executados por mero amor à ciência, sem
qualquer aplicação prática.
O conformismo
Ao sujeito
avaliado, apresenta-se uma linha traçada sobre uma folha; além dela, três
outras linhas de comprimentos diversos. Em seguida, se lhe pede para apontar,
entre essas três linhas, aquela cuja medida é igual à da linha-padrão. Por
exemplo: esta última mede quatro polegadas, enquanto as linhas que devem ser a
ela comparadas medem, cada qual, três, cinco e quatro polegadas. À experiência
estão presentes indivíduos associados ao pesquisador, que devem igualmente responder
à questão. Estes, cujo papel real na experiência é ignorado pelo avaliado, dão,
nos ensaios válidos, a mesma resposta errônea, combinada anteriormente à
experiência. O indivíduo testado tem duas alternativas: ou dar uma resposta
errônea ou: se opor à opinião unânime do grupo. A experiência é repetida
diversas vezes, com diferentes linhas-padrão e linhas para comparar. Há ocasiões em que
os colaboradores respondem de modo correto (ensaios neutros). Aproximadamente
três quartos dos indivíduos realmente avaliados deixam-se influenciar nos
ensaios válidos, dando uma ou várias respostas errôneas. Assim, 32% das
respostas dadas são errôneas, mesmo que a questão não ofereça, naturalmente,
qualquer dificuldade. Na ausência de pressões, o percentual de respostas
corretas chega a 92%. Verifica-se também que os indivíduos conformistas,
interrogados após a experiência, depositaram sua confiança na maioria,
decidindo-se pelo parecer desta, apesar da evidência perceptiva. Sua motivação
principal está na falta de confiança em si e em seu próprio julgamento. Outros'
conformaram-se à opinião do grupo para não parecer inferiores ou diferentes.
Eles não têm consciência de seu comportamento. Assim, a percepção de uma
pequena minoria de sujeitos avaliados foi modificada: seus membros enxergaram
as linhas tais como a maioria as descreveu. Lembremos que o indivíduo não
sofria qualquer sanção caso errasse ao responder, da mesma forma que, na
experiência de Milgram, ninguém se iria opor a quem desejasse abortar a
experiência.
Convém notar que,
se um dos colaboradores dá a resposta correta, o indivíduo avaliado então se
sente liberto da pressão psicológica do grupo e dá, igualmente, a resposta
correta, resultado que ilustra bem o papel dos grupos minoritários. A realidade
social, contudo, é para estes bem menos favorável, uma vez que as pressões ou
sanções são aí muito mais intensas.
Normas de grupo
A célebre
experiência de Sherif sobre o efeito autocinético evidencia a influência
exercida por um grupo sobre a formação das normas e atitudes de seus membros. A
experiência desenrola-se assim: tendo-se instalado um indivíduo, sozinho, em
uma sala escura, pede-se-lhe que descreva os movimentos de uma pequena fonte
luminosa, a qual, na
verdade, acha-se imóvel. O sujeito, não encontrando nenhum ponto de referência,
logo começa a perceber movimentos erráticos (efeito autocinético). Após algum
tempo, passa a considerar que a amplitude dos movimentos oscila em torno de um
valor médio, que varia de indivíduo para indivíduo. Se, ao contrário, a
experiência é realizada com vários indivíduos observando a mesma fonte luminosa
e partilhando entre si suas observações, surge logo uma norma de grupo à qual
todos se conformam. No caso de, posteriormente, um indivíduo ser deixado só,
ele permanece, ainda assim, conformado àquela norma de grupo. Tendo-se repetido
a experiência, propondo agora ao sujeito outras questões ambíguas (estimativas
de temperatura, julgamentos estéticos etc.), constatou-se que, quanto mais
difícil era formular um julgamento objetivo, mais estreita se fazia a
conformidade à norma de grupo.
Pé na porta
Freedman e
Fraser, em 1963 trazem à luz um fenômeno conhecido como pé-na-porta. Tratemos
brevemente de duas de suas experiências. Com a primeira delas, se buscava
conhecer, em função da maneira como era formulada a pergunta, o percentual de
donas de casa dispostas a responder a uma enquete a respeito de seus hábitos de
consumo. Estimando que tal enquete deveria ser longa e aborrecida, somente 22%
aceitaram dela participar quando se lhes convidou a isso diretamente. Mas os
autores, dirigindo-se a uma segunda amostragem, fizeram preceder à pergunta um
processo preparatório bastante simples: três dias antes de formulá-la,
telefonaram aos membros desse grupo, solicitando-lhes que respondessem a oito
perguntas acerca de seus hábitos de consumo em matéria de produtos de limpeza.
Quando, três dias mais tarde, se lhes pediu para que se submetessem à mesma
enquete que fora feita com os membros da primeira amostragem, a taxa de aceitação
elevou-se a 52%. Chama a atenção o fato de que um procedimento tão simples
possua tamanho poder.
Portanto, o
princípio do pé-na-porta é o seguinte: começa-se por pedir ao sujeito que faça
algo mínimo (ato aliciador), mas que esteja relacionado ao objetivo real da
manipulação, que se trata de algo bem mais importante (ato custoso). Assim, o
sujeito sente-se engajado, ou seja, psicologicamente preso por seu ato mínimo,
anterior ao ato custoso. Noutra experiência, os mesmos autores dividiram
igualmente os participantes em dois grupos. Os membros do primeiro não foram
submetidos a qualquer preparação particular. Aos membros do segundo grupo foi
solicitado que colassem (ato aliciador) um adesivo na janela. Pediu-se em
seguida aos membros dos dois grupos que instalassem, cada qual em seu jardim,
uma grande placa – que chegava a encobrir parcialmente a fachada da casa – a
qual recomendava prudência aos motoristas. Enquanto o percentual de aceitação,
no primeiro grupo, foi de apenas 16,7%, no segundo esse percentual atingiu a
marca de 76%. Ainda, convém notar que, contrariamente à pesquisa anterior,
nesta, as duas experiências foram conduzidas por duas pessoas diferentes.
E não é só isso.
A enorme disparidade entre esses percentuais, citados logo acima, foi obtida
nos casos em que o adesivo também exortava os motoristas à prudência. A atitude
era a mesma (ser favorável a uma conduta mais prudente), tanto
no ato aliciador (fixar um adesivo) quanto no ato custoso (instalar em seu
jardim uma placa sem graça). Acontece que, mesmo que essa condição não seja
atendida, podem-se obter resultados bastante significativos. Convidando um
terceiro grupo, não para colar adesivos que recomendassem uma conduta prudente,
mas para assinar uma petição para manter bela a Califórnia, os autores
obtiveram uma taxa de aceitação de 47,4% contra – notemos esse valor – 16,7%,
quando a demanda não foi precedida de nenhum ato aliciador. Nesse protocolo
experimental, a atitude referente a esse ato aliciador (ser favorável à
preservação da qualidade ambiental) já não é a mesma relacionada ao ato custoso
(estimular uma conduta mais prudente). Da mesma forma, a natureza de um e de
outro ato, nesse caso, diferem: assinar uma petição redigida por um terceiro,
comportamento pouco ativo e, de certa forma, anônimo, não pode ser comparada ao
fixar-se, no próprio jardim, uma placa de grandes dimensões, comportamento
ativo e personalizado. Assim, favorecer as diversas associações e organizações
não governamentais coloca a população no papel – ilusório – de ator 14 e
modifica suas atitudes, levando-a, em seguida, a empreender atos cada vez mais
custosos.
"Porta na
cara"
Técnica
complementar à precedente, a "porta na cara"" consiste em
apresentar, de início, um pedido exorbitante, que naturalmente será recusado,
depois do que se formula um segundo pedido, então aceitável. Em uma experiência
clássica, Citaldini et al. solicitaram a alguns estudantes que acompanhassem,
por duas horas, um grupo de jovens delinquentes em uma visita ao zoológico.
Formulada diretamente, essa
solicitação obteve somente 16,7% de aceitação. Entretanto, colocando-a após um
pedido exorbitante, a taxa elevou-se a 50%. Naturalmente, um "pé na
porta" ou uma "porta na cara" podem ser úteis para se extorquir
um ato custoso, o qual, por sua vez, consistirá em um ato aliciador, no caso de
um próximo pé na porta. Com tal expediente, é possível obter comprometimentos
cada vez mais significativos. Essa técnica de "bola de neve" é
efetivamente aplicada.
Dissonância
cognitiva ou o espiritualismo dialético
A teoria da
dissonância cognitiva, elaborada em 1957 por Festinger, permite perceber o
quanto nossos atos podem influenciar nossas atitudes, crenças, valores ou
opiniões. Se é evidente que nossos atos, em medida mais ou menos vasta, são
determinados por nossas opiniões, bem menos claro nos parece que o inverso seja
verdadeiro, ou seja, que nossos atos possam modificar nossas opiniões. A
importância dessa constatação leva-nos a destacá-Ia, para que, a partir dela,
se tornem visíveis as razões profundas da reforma do sistema educacional
mundial. Verificamos anteriormente que é possível induzir diversos
comportamentos, apelando-se à autoridade, à tendência ao conformismo ou às
técnicas do "pé na porta" ou da "porta na cara". Os
fundamentos que servem de base a esses atos induzidos repercutem em seguida
sobre as opiniões do sujeito, modificando-as (dialética psicológica). Assim,
encontramo-nos diante de um processo extremamente poderoso, que permite a
modelagem do psiquismo humano e que, além disso, constitui a base das técnicas
de lavagem cerebral.
Uma dissonância
cognitiva é uma contradição entre dois elementos do psiquismo de um indivíduo,
sejam eles: valor, sentimento, opinião, recordação de um ato, conhecimento etc.
Não é nada difícil provocar dissonâncias cognitivas. As técnicas de "pé na
porta" e "porta na cara" têm a capacidade de extorquir a alguém
atos em contradição com seus valores e sentimentos. O exercício do poder ou da
autoridade (de um professor, por exemplo) permite que se alcance facilmente o
mesmo resultado. A "clarificação de valores", técnica pedagógica
largamente utilizada, provoca, sem qualquer aparência de coação, dissonâncias
cognitivas. (Exemplo: você está, em companhia de seu pai e de sua mãe, a bordo
de uma embarcação que naufraga; há disponível somente um colete salva-vidas. O
que você faz?) A experiência prova que um indivíduo numa situação de
dissonância cognitiva apresentará forte tendência a reorganizar seu psiquismo,
a fim de reduzi-la. Em particular, se um indivíduo é levado a cometer
publicamente (na sala de aula, por exemplo) ou frequentemente (ao longo do
curso) um ato em contradição com seus valores, sua tendência será a de
modificar tais valores, para diminuir a tensão que lhe oprime.
Em outros termos,
se um indivíduo foi aliciado a um certo tipo de comportamento, é muito provável
que ele venha a racionalizá-lo. Convém notar que, nesse caso, trata-se de uma
tendência estatística evidente, e não de um fenômeno sistematicamente
observado; as teorias que referimos não pretendem resumir a totalidade da
psicologia humana, mas sim fornecer técnicas de manipulação aplicáveis na
prática. Dispõe-se, assim, de uma técnica extremamente poderosa e de fácil
aplicação, que permite que se modifiquem os valores, as opiniões e os
comportamentos e capacita a produzir uma interiorização dos valores que se
pretende inculcar. Tais técnicas requerem a participação ativa do sujeito, que
deve realizar atos aliciadores os quais, por sua vez, os levarão a outros,
contrários às suas convicções. Tal é a justificação teórica tanto dos métodos
pedagógicos ativos como das técnicas de lavagem cerebral.
"Os métodos
ativos, fundados sobre a participação, são particularmente aptos a garantir
essa aquisição [de valores úteis]." (Declaração mundial sobre a educação
para todos." WCEFA, Conférence mondiale sur Péducation pour tons, 5-9 mars
1990, Jomtien)
Notemos, de
passagem, pois não seria ocasião de aprofundar esse aspecto, o papel
fundamental desempenhado pelo sentimento de liberdade experimentado pelo
indivíduo durante uma experiência. Na ausência desse sentimento, não se produz
qualquer dissonância cognitiva e, consequentemente, nenhuma modificação de
valor, já que o sujeito tem consciência de agir sob constrangimento e não se
sente minimamente engajado. Essas considerações, bem como outras similares, no
domínio da dinâmica de grupo, podem lançar uma nova luz sobre importantes
processos políticos ocorridos nesses últimos anos.
Passemos em
revista algumas experiências ou observações célebres a respeito da dissonância
cognitiva.
Não pague a seus
empregados
A experiência de
Festinger e Carlsmith" pode ser assim resumida: num primeiro momento, os
examinandos devem realizar uma tarefa manual repetitiva e extremamente tediosa.
Em seguida, o pesquisador – pretextando uma indisponibilidade de seu
colaborador – lhes pede que apresentem a tarefa a outros examinandos,
mostrando-a como um exercício interessante, prazeroso. Para que realizem essa
apresentação, a uns é oferecido um dólar, a outros são oferecidos vinte
dólares. Ao termo da experiência, os indivíduos desses dois grupos são
testados, a fim de se conhecer suas atitudes reais em relação àquela tarefa
inicial. Aqueles aos quais foram pagos vinte dólares descreveram-na como tediosa,
enquanto os demais, que receberam um dólar, modificaram sua cognição
relativamente à tarefa e passam não somente a considerá-la interessante e
prazerosa, mas, ainda, mostram-se dispostos a participar de outras experiências
semelhantes. Os primeiros justificam sua mentira admitindo haver agido por
interesse na retribuição, o que já não podem fazer os do outro grupo, aos quais
se havia prometido um dólar apenas. Colocados em situação de dissonância
cognitiva, provocada pela contradição entre sua percepção inicial da
experiência e o ato que foram levados a cometer (mentir a respeito do caráter
da experiência), sentem-se impelidos a reduzir a dissonância, e a maneira mais
natural consiste em modificar sua opinião em relação àquela percepção inicial.
Assim, uma
pressão fraca (oferecer um dólar como prêmio), quer dizer, uma pressão apenas
suficiente para induzir ao comportamento buscado, tem efeitos cognitivos muito
mais extensos que uma pressão mais forte (oferecer vinte dólares). Esse
fenômeno é bem conhecido do "menagers", que não ignoram que os
dirigentes que percebem salários menores são mais comprometidos com o trabalho
e na sua relação com a empresa. Da mesma forma, os pedagogos puderam constatar
que uma ameaça fraca, apenas suficiente para gerar o comportamento desejado, é
frequentemente mais eficaz a longo prazo do que uma ameaça mais forte. Nesse
último caso, a criança, consciente de que cede a uma forte pressão, conserva
seu desejo inicial, o qual ela deverá satisfazer logo que possível. Entretanto,
no primeiro caso dá-se o cóntrário: a criança tenderá a entrar em dissonância
cognitiva induzida pela contradição entre seu desejo inicial e seu
comportamento efetivo, produzido pela pressão psicológica ligada à ameaça
fraca. Exatamente como no caso dos indivíduos submetidos às experiências de
Festinger e Carlsmith, impõe-se a necessidade de reduzir essa dissonância, o
que se pode obter mediante o expediente de desvalorizar o comportamento
proibido. A modificação de atitude e de comportamento é então duradoura, uma
vez que, nesse caso, ocorreu uma interiorização da proibição.
Você gosta de
gafanhotos fritos?
Sob o pretexto de
diversificar o menu de um colégio militar, incluíram-se nele gafanhotos fritos,
o que, convém notar, não agradou a ninguém. Mas a apresentação dessa novidade
foi realizada de duas maneiras diversas: um grupo foi convidado a dela
participar por um sujeito simpático, enquanto o segundo grupo foi confiado a um
homem desagradável, que tinha mesmo por objetivo forjar-se numa figura antipática,
efeito que obtinha – a par de outros recursos – ao tratar seu assistente de
modo grosseiro. Realizada a experiência, constatou-se que, entre as pessoas que
realmente comeram gafanhotos fritos, o percentual de membros do segundo grupo
que declararam haver gostado era significativamente maior que o do primeiro
grupo. Enquanto estes podiam justificar interiormente seu ato, já que haviam
agido motivados pela simpatia do apresentador, os membros do segundo grupo
viram-se obrigados a encontrar uma justificação do comportamento que lhes fora
extorquido. Para reduzir a dissonância cognitiva provocada pela contradição
entre sua aversão por gafanhotos fritos e o ato de comê-los, só lhes restava
mudar sua opinião a respeito daquela aversão.
Dramatização
Constatou-se
experimentalmente que uma dramatização, em que pese seu caráter aparentemente
lúdico, é capaz de provocar
dissonâncias cognitivas e as subsequentes alterações de valor. A identificação
ativa ao papel assumido é suficientemente forte para aliciar o ator. Esse
surpreendente resultado é incontestável e firmemente estabelecido. Ao obrigar
os indivíduos a agir em oposição às suas convicções, sem constrangê-los
formalmente a isso, facilita-se o surgimento de dissonâncias cognitivas e a
consequente organização do universo cognitivo do ator. A dramatização é a base
do psicodrama, técnica psicológica correntemente utilizada. Igualmente, a
dramatização constitui uma das psicopedagogias ativas mais.poderosas e de uso
mais comum; é ensinada nos IUFMS, por exemplo.
Para que as
experiências multiculturais dos alunos não sejam deixadas ao acaso dos
encontros, pode-se mesmo simular, nas dramatizações, as quais se inspiram na
dinâmica de grupos, o encontro de pessoas pertencentes a culturas diversas. Já
são propostas estratégias de ensino e técnicas que oferecem aos alunos a
possibilidade de explorar sistematicamente situações standard, de exercer
metodicamente seu julgamento (o que permite descobrir como funcionam os
mecanismos de julgamento), de clarificar os valores que eles encontram ou
descobrem e de colocar à prova os princípios das diversas crenças. Há quem
sustente que essas técnicas podem ser introduzidas nas escolas, e que já é hora
de fazê-lo; outros há que sustentam opinião contrária, condenando essa inflexão
do ensino para um sentido subjetivista e quase terapêutico. Essa última frase
é um exemplo notável da dialética utilizada constantemente pelas organizações
internacionais.
Assinalemos um
aspecto frequentemente pouco conhecido da dramatização: a redação de textos,
que se pode levar até à escrita de confissões. Experimentalmente, provou-se que
tais expedientes tem a capacidade de promover uma mudança nas atitudes de seus
autores. Sabe-se, além disso, que eles são parte integrante das técnicas de
lavagem cerebral.
Decisão e
discussão de grupo
As decisões e
discussões de grupo, por seu inegável caráter público, tem um alto potencial
para promover o engajamento. Elas constituem uma das mais poderosas técnicas
para introduzir dissonâncias cognitivas. A terapia de grupo, técnica
psicoterapêutica clássica, tem nelas um de seus elementos constitutivos
fundamentais. Elas são também utilizadas pela pedagogia ativa, que
frequentemente as apresenta como exercícios de comunicação. E são ensinadas nos
IUFMS.
Claro está que a
dinâmica de grupos apóia-se ainda sobre outros elementos, principalmente
afetivos, mas não seria pertinente detalhá-los aqui.
A avaliação (dos
alunos e dos professores)
A avaliação23
consiste em outro meio extremamente eficaz para conduzir à interiorização de
valores e de atitudes. Não é possível esclarecer os seus fundamentos
recorrendo-se a outras teorias da psicologia social que não a do engajamento.
Suas conclusões podem ser resumidas em poucas palavras, dizendo-se que, por
força do exercício do poder personificado pelo avaliador, o sujeito da
avaliação é levado a interiorizar normas sociais. Esse processo está na base da
reprodução social ou – se se altera a escala da avaliação – da modificação de
valores.
MAQUIAVEL
PEDAGOGO
*
O IMPÉRIO DA VONTADE OLAVO DE CARVALHO - O relativismo militante é um véu de análise racional feito para camuflar a imposição, pela força, de uma vontade irracional. Sua função é cansar, esgotar e calar a inteligência para abrir caminho ao “Triunfo da Vontade”. É um método de discussão inconfundivelmente nazista. Se você estudar Nietzsche direitinho, verá que toda a filosofia dele não
é senão a sistematização e a apologética desse método, hoje adotado
pela tropa inteira dos ativistas politicamente corretos. Por trás de
toda a sua estudada complexidade, a estratégia do nietzscheísmo é bem
simples: trata-se de dissolver em paradoxos relativistas a confiança no
conhecimento objetivo, para que, no vácuo restante, a pura vontade de
poder tenha espaço para se impor como única autoridade efetiva.
Descontada a veemência do estilo pseudoprofético, não raro inflado de
hiperbolismo kitsch , não há aí novidade nenhuma. É o velho Eu
soberano de Fichte, que abole a estrutura da realidade e impera sobre o
nada. É a velha subjetividade transcendental de Kant, que dita regras ao
universo em vez de tentar conhecê-lo.
http://www.olavodecarvalho.org/semana/060105jb.htm
*
A MANIPULAÇÃO POLITICAMENTE CORRETA:
É PROIBIDO PERCEBER
Olavo de Carvalho
Será que já esqueceram? O projeto de lei que dá à corrupção o estatuto de “crime hediondo” não teve origem inocente, nem sequer decente: foi enviado à Câmara em 2009 por aquele mesmo indivíduo que, acusado de inventor e gestor do maior esquema de corrupção que já se viu neste país, apostou na lentidão da Justiça como garantia de sua eterna e tranqüilíssima impunidade.
Nada mais típico da mentalidade criminosa que a afetação de honestidade exagerada, hiperbólica, histriônica. Encobrindo com uma máscara de severidade o sorrisinho cínico que lhe vai por dentro, o capomafioso não se satisfaz com ostentar a idoneidade média do cidadão comum. Não. Ele tem de ser o mais honesto, o mais puro, o modelo supremo das virtudes cívicas e, no fim das contas, o caçador de meliantes, a garantia viva da lei e da ordem.
Confiante, como sempre, na eficácia da sua performance, o indivíduo permitia-se até blefar discretamente, sabendo que, no ambiente de culto reverencial montado em torno da sua pessoa, ninguém se permitiria perceber que ele falava de si mesmo: “O corrupto é o que mais denuncia, porque acha que não será pego.”
Isso era, de fato, mais que o resumo sintético de trinta anos de luta de um partido que galgou os degraus do poder escalando pilhas de cadáveres políticos embalsamados em acusações de corrupção. Era a definição do que aquele homem estava fazendo naquele mesmo momento. Mas quem, neste país, ainda é capaz de comparar a fala com a situação e distinguir entre a sinceridade e o fingimento?
Li outro dia um estudo sobre os males do botox, que, travando o jogo natural dos músculos da face, destrói a expressão emocional espontânea e confunde a leitura imediata de sinais em que se baseia toda a convivência humana.
Mais que o botox, porém, têm esse efeito as imposições legais e morais de um Estado psicologicamente prepotente e invasivo, que em nome dos direitos humanos extingue o direito às reações naturais.
Se por lei é proibido distinguir, na fala e no tratamento, entre uma mulher e um homem vestido de mulher, ou entre a voz feminina e a sua imitação masculina, se a simples associação da cor preta com o temor da noite é alusão racista, se o simples fato de designar uma espécie animal pelo seu exemplar masculino é um ato de opressão machista, todas as demais distinções espontâneas, naturais, auto-evidentes, arraigadas no fundo do subconsciente humano pela natureza das coisas e por uma experiência arquimilenar, tornam-se automaticamente suspeitas e devem ser refreadas até prova suficiente de que não infringem nenhum código, não ofendem nenhum grupo de interesses, não magoam nenhuma suscetibilidade protegida pelo Estado.
Quantas mais condutas pessoais são regradas pela burocracia legisferante, mais complexa e dificultosa se torna a percepção humana, até que todas as intuições instantâneas se vejam paralisadas por uma escrupulosidade mórbida e estupidificante, e o temor das convenções arbitrárias suprima, junto com as reações espontâneas, todo sentimento moral genuíno.
Não é de espantar que, nessa atmosfera de inibição geral das consciências, a encenação de combate moralista por um corrupto notório não desperte nem mesmo o riso, e que a proposta cínica com que ele encobre seus próprios crimes seja levada literalmente a sério no instante mesmo em que ele, brincando com a platéia como gato com rato, se permite mostrar sua face de denunciante hipócrita sem o menor temor de que alguém venha a comparar suas palavras com seus atos.
A desgraça vai mais fundo. Pouco a pouco, o código de inibições fabricado por grupos de pressão vai sendo elevado à condição de único sistema moral vigente, e ninguém parece se dar conta de que o nível de corrupção tem algo a ver com a moralidade comum. À medida que as consciências se entorpecem, as aspirações morais perdem toda ligação com a realidade e se enrijecem num ritual mecânico de poses e caretas sem sentido. Todos parecem imaginar que, num ambiente de degradação geral onde cinqüenta mil homicídios anuais são aceitos como uma banalidade indigna de discussão, é possível preservar intacto e imune um único bem – o dinheiro público –, isolado e protegido de todos os pecados. Num Estado para o qual as fantasias sexuais são mais santas, mais dignas de proteção do que os direitos da consciência religiosa e os princípios da moral popular, todo combate oficial à corrupção nunca pode passar de uma farsa – esta sim – hedionda.
https://olavodecarvalho.org/e-proibido-perceber/
http://www.olavodecarvalho.org/semana/110919dc.html
PMB - (...) A gente se perde. François-Bernard Huyghe, o que realmente significa a palavra “desinformação”?
FBH
- Primeiro o sentido mais técnico: aqui o conceito de desinformação
existe com um significado muito preciso. Nos campos da cibernética, das
ciências da comunicação, falamos da desinformação como um distúrbio da
comunicação: má recepção de dados. Indo um passo adiante, Watzlavick faz
experimentos de laboratório sobre desinformação.
Paul Watzlavick,
pesquisador do Mental Research Institute, é considerado na França o
líder da escola de psicoterapia de Palo Alto, cujos fundamentos são
diametralmente opostos à psicologia tradicional e à terapia freudiana: A
logic of communication, Seuil, 1974; Changes, Paradoxes and
Psychotherapy, Threshold 1980.
Sua abordagem pragmática consiste em
"manipular" os pacientes, modificando sua visão do mundo e dos outros,
até que restaurem um estado estável de suas relações com os outros e
lhes dê a sensação de estarem curados. Algumas escolas de negócios,
incluindo na França, ensinam os métodos de Paul Watzlawick para
aplicá-los a negócios e relações corporativas, estudando a reação de
porquinhos-da-índia, animais ou humanos, a experimentos manipulados.:
Por exemplo, são oferecidas aos seres humanos uma série de números que
devem ser fez sentido; na verdade não há sentido nessas séries, mas se
os participantes fingirem encontrar um, eles são encorajados a
interpretar mal por recompensas. O objetivo é medir como o cérebro
humano é capaz de criar um sistema de interpretação coerente, mas
delirante, a partir de dados arbitrários e aleatórios. (...) " "Ainda sobre a "desinformatzia", agora em francês..."
*
OLAVO DE CARVALHO "INSUSPEITÍSSIMOS"
"Se você se interessa pelos
rumos da política mundial, chega um dia em que tem de escolher entre
compreender os fatos e continuar tentando parecer um sujeito normal e
equilibrado. Normalidade e equilíbrio são coisas altamente desejáveis,
mas um esforço exagerado para simular calma e ponderação quando na
verdade você está perplexo e desorientado prova apenas que você é um
neurótico incapaz de suportar suas próprias emoções. Como o calmante
artificial mais popular consiste em negar as realidades perturbadoras,
há muito tempo os estrategistas revolucionários e os engenheiros sociais
a seu serviço já aprenderam a usá-lo como instrumento de controle da
opinião pública. O truque é de um esquematismo espantoso: eles
simplesmente adotam o curso de ação mais ousado, estranho, inesperado e
inverossímil, e ao mesmo tempo estigmatizam como louco paranóico quem
quer que diga que estão fazendo algo de anormal. De cada dez cidadãos,
nove caem no engodo. A insegurança mesma da situação faz a maioria
apegar-se a falsos símbolos convencionais de normalidade, sufocando os
fatos estranhos sob o peso dos lugares-comuns consagrados e assim
ajudando a tornar ilusoriamente secreto o que na verdade está à vista de
todos.
Os exemplos de aplicação dessa estratégia
desde o início do século XX são tantos, que seu estudo bastaria para
constituir uma disciplina científica independente. Vou aqui citar apenas
um, cuja magnitude contrasta com a escassez de interesse geral em
conhecê-lo." https://olavodecarvalho.org/os-insuspeitissimos/
otimo
ResponderExcluir