— 'O Conde de St. Germain! — eu exclamei —. O homem dos milagres!
— 'Ele mesmo.
"Foi enorme a minha surpresa ao saber que ele estava em Paris, à porta de minha casa. Fazia oito anos que ele tinha partido da França e ninguém tinha a menor idéia do que lhe havia acontecido. Sem me preocupar com mais nada, além da minha curiosidade, ordenei que ela o fizesse entrar.
— 'Ele pediu que o enunciasse pelo seu próprio nome?
— 'Não. Fez-se anunciar sob o nome de Saint-Noêl. Mas não importa, porque eu o reconheceria entre milhares de outros.
"A criada saiu e instantes depois aparecia o Conde. Tinha aparência jovial e exuberante e diria que até parecia mais jovem. Fez o mesmo cumprimento em relação a mim, mas duvido que tenha sido com a mesma sinceridade que eu.
"E eu lhe disse:
— 'O senhor perdeu um protetor e um grande amigo na pessoa do falecido Rei.
— 'Sinto duplamente essa perda, por mim mesmo e pela França.
— ' A nação não tem a mesma opinião. Nossa gente espera do novo monarca o seu bem-estar.
— 'É um grande erro. Este reinado será fatal para a nação.
— 'O que está dizendo?' —, eu perguntei, abaixando minha voz e olhando ao meu redor.
— 'A verdade. ... Uma gigantesca conspiração está sendo armada, sem que haja um chefe identificado, mas que vai aparecer sem demora. A finalidade é nada mais nada menos que a deposição do que existe e sua reconstrução conforme um novo plano. São muitos os ressentimentos contra a família real, contra o clero, a nobreza e a magistratura. Mas ainda há tempo de sufocar o movimento. Mais tarde será impossível.
—' Onde foi que viu tudo isso? O senhor está dormindo ou acordado?
— 'Em parte com a ajuda dos meus dois ouvidos e em parte por meio de revelações. Repito que o Rei da França não tem tempo a perder.
— 'O senhor deve então pedir uma audiência com o Conde de Maurepas para informá-lo a respeito de seus receios porque ele pode fazer tudo o que for necessário, já que desfruta da total confiança do Rei.
— 'Ele pode fazer tudo, eu sei, exceto salvar a França. Ou seja, ele mesmo é quem vai acelerar a ruína da nação. Esse homem vai levá-la à desgraça, Madame.
— 'O que está me dizendo poderia levá-lo à Bastilha pelo resto dos seus dias.
— 'Só digo estas coisas aos amigos em quem tenho total confiança.
— 'Seja como for, aconselho que se aviste com M. de Maurepas. Ele tem boas intenções, apesar de não ser muito hábil.
— 'Ele rejeitaria as provas que tenho. Além de tudo, ele me detesta. Conhece a quadrinha que o levou ao exílio?
`Maravilhosa Marquesa, elogiam vosso charme.
Sois adorável e muito franca;
Mas nada disso pode evitar
Que vossas flores sejam flores'.
— 'A rima está errada, Conde.
— `Oh, a Marquesa não deu atenção a isso. Mas sabia que M. de Maurepas era o autor da quadrinha e ele alegou que eu havia roubado dele o manuscrito original e o enviara à orgulhosa Sultana. Seu exílio seguiu-se à publicação desses miseráveis versos e a partir daquele momento ele me incluiu nos seus esquemas de vingança. Jamais me perdoará. No entanto, Madame Condessa, eis o que venho propor. Fale sobre mim à Rainha informe sobre os serviços que já prestei ao governo nas missões que me foram confiadas junto às várias cortes da Europa. Se sua Majestade quiser me ouvir, revelarei a ela tudo o que sei. Então ela poderá julgar se vale a pena ir à presença do rei com tais informações. Mas sem a intervenção de M. de Maurepas. Esta é a minha condição sine qua non.
"Ouvi atentamente tudo o que M. de St. Germain me dizia e compreendi os perigos que estavam a ponto de desabar sobre minha cabeça se interferisse em uma questão como aquela. Por outro lado, conhecia o Conde e sabia que tinha contato direto com os políticos europeus e temia perder a oportunidade de servir ao Estado e ao rei. Percebendo minha perplexidade, o Conde de St. Germain me disse:
— 'Pense bem em minha proposta. Estou incógnito em Paris. Não fale sobre mim com ninguém. Se puder encontrar-me amanhã na igreja dos Jacobinos, na Rua Saint-Honoré, estarei esperando sua resposta às onze horas em ponto.
— 'Preferiria encontrá-lo em minha própria casa.
— 'Muito bem. Amanhã então, Madame.
"Ele partiu. Fiquei pensando o dia todo naquela aparição repentina e nas palavras ameaçadoras do Conde de St. Germain. O quê? Estaríamos de fato às vésperas da desorganização social? Naquele reinado, que se havia iniciado sob perspectivas de tamanha felicidade, estaria mesmo fermentando a tempestade? Depois de meditar muito a respeito disso decidi apresentar M. de St. Germain à Rainha, se ela consentisse nisso. Ele foi pontual ao encontro e mostrou-se feliz com a resolução que eu havia tomado. Perguntei-lhe se pretendia ficar morando em Paris. Ele negou, acrescentando que seus planos não lhe permitiam continuar morando na França. E disse:
— `Um século há de passar antes que eu reapareça aqui.
"Eu ri de suas palavras e ele também. Naquele mesmo dia viajei para Versailles. Passei pelos aposentos menores e, tendo encontrado Mme. de Misery, implorei que informasse à Rainha que eu a desejava ver o mais depressa possível. A camareira-chefe voltou com ordem de me levar para os aposentos da Rainha. Entrei e a encontrei sentada diante de uma linda escrivaninha de porcelana, que lhe fora dada de presente pelo Rei. Estava escrevendo e voltou-se para mim com o seu sorriso gracioso:
—'O que deseja de mim?
— 'Uma coisa insignificante, Madame. Pretendo apenas sal var a monarquia.
Sua Majestade olhou para mim assombrada.
— 'Por favor, explique-se.
"Diante dessa ordem mencionei o Conde de St. Germain. Disse tudo o que sabia dele, de sua intimidade com o falecido Rei, com Mme. de Pompadour, com o Duque de Choiseul. Falei dos grandes serviços que ele prestara ao Estado, valendo-se de sua enorme habilidade diplomática. Acrescentei que desde a morte da Marquesa ele havia desaparecido da Corte e que ninguém sabia do lugar para onde se retirara. Quando percebi ter despertado suficientemente a curiosidade da Rainha, terminei repetindo-lhe o que o Conde dissera no dia anterior e que confirmara naquela manhã.
"A Rainha refletiu um pouco e depois disse:
— 'É estranho. Recebi ontem uma carta de meu correspondente misterioso. Ele me advertiu que uma importante comunicação me seria feita em breve e que eu devia considerá-la com toda seriedade, sob pena da maior desventura. A coincidência entre esses dois fatos é extraordinária. A menos que tenham origem na mesma fonte. O que acha disso?
"Confesso que não sabia o que pensar. Ali estava a Rainha, recebendo cartas misteriosas durante vários anos e o Conde de St. Germain só havia reaparecido no dia anterior.
— "Talvez ele esteja agindo assim para manter-se oculto.
— "É possível. E algo me diz que devemos ter confiança em suas palavras. Afinal de contas, a presença dele é bastante agradável, mesmo que seja apenas de passagem. Então vou autorizar que ele seja trazido amanhã a Versailles, escondido em sua carruagem. Ele deve permanecer nos seus aposentos e assim que for possível mandarei chamá-los. Não concordo em falar com ele a menos que seja em sua presença. Essa também é minha condição sine qua non.
"Curvei-me com todo o respeito e a Rainha me dispensou com o sinal convencional. No entanto, confesso que minha confiança no Conde de St. Germain diminuiu um pouco pela coincidência de sua chegada a Paris um dia depois da advertência recebida por Marie-Antoinette. Achei tratar-se de um esquema de intriga e perguntei a mim mesma se deveria falar com ele a respeito. Mas, depois de pensar bem no assunto, decidi manter-me calada, certa de que ele deveria estar preparado de antemão para minhas perguntas nesse sentido.
"M. de St. Germain já estava à minha espera. Assim que o percebi, parei minha carruagem. Ele entrou e voltamos juntos para minha casa. Esteve presente durante o meu jantar mas, como de costume, não comeu. Depois disso sugeriu que fôssemos a Versailles. Disse que dormiria na estalagem e voltaria a me encontrar no dia seguinte. Concordei, preocupada em não descuidar de nada que pudesse levar ao sucesso daquela missão.
"Estávamos em meus aposentos, que em Versailles são chamados de suíte de apartamentos, quando um dos pagens da Rainha bateu e me pediu, em nome dela, que levasse o segundo volume do livro que pedira que eu lhe trouxesse de Paris. Esse era o sinal combinado. Entreguei ao pagem um volume de um novo romance, cujo título até agora desconheço e esperei que ele se fosse. Então o segui, acompanhada de meu lacaio.
"Entramos por entre os armários. Mme. de Misery nos levou para a câmara particular onde a Rainha estava à nossa espera. Ela se levantou com a maior dignidade.
— "Monsieur Conde —, ela disse —. Versailles não é um lugar estranho para o senhor.
— `Madame, durante quase vinte anos desfrutei da intimidade do falecido Rei. Ele se dignou me ouvir de maneira muito cordial. Fez uso de minhas modestas habilidades em várias ocasiões e não acho que se tenha arrependido de me dar a sua confiança.
— 'O senhor manifestou o desejo de que Madame d'Adhémar o trouxesse à minha presença. Tenho grande afeição por ela e estou certa de que devo dar atenção ao que tem a me dizer.
— 'A Rainha —, respondeu o Conde com uma voz solene —, poderá analisar, com toda a sua sabedoria, o que estou prestes a confidenciar.
O partido dos Enciclopedistas deseja o poder. Sabe que só o poderá obter através da queda do clero e para garantir esse resultado está preparado para derrubar a monarquia.
Esse partido, que procura um chefe entre os membros da família real, voltou seus olhos para o Duque de Chartres. Esse Príncipe tornar-se-á a ferramenta dos homens que o deverão sacrificar assim que deixar de ter utilidade para seus propósitos. A coroa da França lhe será oferecida mas ele subirá a escada do cadafalso e não a que leva ao trono. Mas antes de chegar esse dia de retribuição, quanta crueldade, quantos crimes serão cometidos! As leis não servirão mais de proteção dos bons e de terror contra os malvados. Serão estes últimos que tomarão o poder com suas mãos manchadas de sangue. Eles pretendem abolir a religião católica, a nobreza, a magistratura.
— 'De modo que apenas a realeza será mantida! —, interrompeu a Rainha, impaciente.
— 'Nem mesmo a realeza!... mas apenas uma república gananciosa, cujo cetro será o machado do carrasco.
Diante dessas palavras eu não me contive e tomei a liberdade de interromper o Conde, na presença da Rainha.
— `Monsieur! —, eu gritei —. Sabe o que está dizendo e na presença de quem está falando?
— 'De fato —, disse Marie-Antoinette, meio agitada —. Essas são palavras às quais meus ouvidos não estão acostumados.
— 'É a gravidade da situação que me dá coragem para falar
respondeu friamente M. de St.Germain —. Não vim com a intenção de prestar homenagem à Rainha, como ela deve ter percebido, mas sim para colocar em destaque os perigos que ameaçam sua coroa caso não sejam tomadas prontas medidas para evitar o desastre.
— O senhor tem certeza, Monsieur? —, perguntou Marie-Antoinette com ar petulante.
— 'Estou muito sentido por ter de causar esse desgosto, Majestade, mas só posso dizer a verdade.
— `Monsieur —, respondeu a Rainha, com um tom de zombaria na voz —, o que é verdadeiro nem sempre é muito provável.
`Admito Majestade, que este é o caso agora. Mas Vossa Majestade há de me permitir lembrar que Cassandra previu a ruína de Tróia e que se recusaram a acreditar nela. Sou Cassandra e a França é o reinado de Príamo. Alguns anos ainda hão de transcorrer, envolvidos por uma enganosa calma. Então, de todas as partes do reino aparecerão homens sequiosos de vingança, de poder, de dinheiro, derrubando tudo que encontrarem pela frente. A massa sediciosa e alguns grandes membros do Estado lhes darão apoio. Um espírito de verdadeiro delírio tomará conta dos cidadãos. A guerra civil irromperá com todos os seus horrores. Em seu encalço virão mortes, saques, o exílio. Então todos se arrependerão de não me terem dado ouvidos. Talvez eu seja chamado de novo, mas o tempo terá passado ... a tempestade ter-se-á abatido sobre tudo.
— 'Confesso, Monsieur, que seu discurso me assombra cada vez mais e se não soubesse que o falecido Rei dedicava ao senhor uma grande afeição e que o servia com a maior fidelidade... O senhor deseja falar com o Rei?
— 'Sim, Madame.
— 'Mas sem a presença de M. de Maurepas?
— 'Ele é meu inimigo. Além disso, eu o considero como um daqueles que pretendem causar a ruína do reinado, não por maldade, mas por incapacidade.
— 'O senhor faz um julgamento severo de um homem que conta com a aprovação da maioria.
— 'Ele é mais do que primeiro ministro, Madame,e por causa disso certamente é seguido por uma legião de bajudalores.
— 'Se pretende excluí-lo do seu relacionamento com o Rei, temo que vai encontrar grandes dificuldades em avistar-se com Sua Majestade, que não age sem o seu conselheiro principal.
— Estarei às ordens de Vossas Majestades se quiserem empregar os meus serviços. Mas, como não sou seu súdito, toda obediência de minha parte é um ato de gratuidade.
— 'Monsieur —, disse a Rainha, que já demonstrava não estar levando o assunto muito a sério onde foi que o senhor nasceu?
— 'Em Jerusalém, Madame.
— 'E isso foi... quando?
— 'A Rainha há de me permitir uma fraqueza comum a muitas pessoas. Não gosto de revelar minha idade. Isso traz má sorte.
— 'Quanto a mim, o Almanaque Real não me permite ilusões quanto a minha idade. Adeus, Monsieur. A decisão do Rei será comunicada ao senhor.
"Com essas palavras fomos dispensados. Quando nos retiramos, a caminho de volta para minha casa, M. de St. Germain me disse:
— Também estou para deixá-la, Madame, e por muito tempo, pois não pretendo permanecer mais de quatro dias na França.
— 'O que é que o leva a decidir-se por uma partida tão brusca?
— 'A Rainha vai repetir ao Rei o que eu lhe disse. Luiz XVI, por sua vez, dirá tudo a M. de Maurepas e o Ministro mandará preparar um mandado (lettre de cachet) contra mim e o chefe da polícia terá ordens para executar o mandado. Sei como essas coisas são feitas e confesso não ter vontade de ir parar na Bastilha.
— 'Qual a diferença para o senhor? Poderia escapar pelo buraco da fechadura.
— 'Prefiro não ter de recorrer a milagres. Adeus, Madame.
— 'Mas e se o Rei mandar chamá-lo?
— 'Então voltarei.
— 'E como vai ficar sabendo?
— 'Tenho os meios necessários para isso. Não precisa preocupar-se a respeito.
— 'Enquanto isso estarei comprometida.
— 'Acho que não. Adeus.
"Ele partiu assim que desceu de minha carruagem. Fiquei muito perturbada com tudo aquilo. Dissera à Rainha que, para cumprir melhor as suas ordens, eu não deixaria o castelo. ... Duas horas mais tarde, Mme. de Misery veio me procurar, em nome de Sua Majestade. Confesso que não vi com bons olhos aquele chamado. Encontrei o Rei com Marie-Antoinette. Ela parecia desconcertada. Luiz XVI, ao contrário, aproximou-se de mim com um
ar de franqueza, segurou minha mão e a beijou com uma enorme cortesia. Era um homem de maneiras muito refinadas quando estava satisfeito.
— `Madame d'Adhémar —, ele me disse —. O que fez com o seu amigo mágico?
— 'O Conde de St. Germain, Senhor? Partiu para Paris.
— 'Ele causou um grande susto à Rainha. Já havia falado desse jeito com a senhora também?
— 'Não havia entrado em tantos detalhes.
— Não tenho ressentimento algum contra a senhora por causa do episódio e tampouco a Rainha os tem, pois sua intenção foi das melhores. Mas lanço a culpa sobre o estrangeiro por tentar prever tantos revezes contra nós que nem os quatro cantos do mundo nos poderiam causar no correr de todo um século. Acima de tudo ele está errado em se esconder do Conde de Maurepas, que saberia deixar de lado toda a sua animosidade pessoal se fosse necessário sacrificá-las no interesse da monarquia. Devo falar com ele a respeito e se ele me aconselhar a procurar St. Germain não me recusarei. O seu intelecto e habilidade são reconhecidos. Meu avô gostava de sua companhia, mas antes de lhe conceder uma conferência sinto-me no dever de dar à senhora todas as garantias no caso do reaparecimento desse misterioso personagem. Aconteça o que acontecer, a senhora não será responsabilizada.
"Meus olhos se encheram de lágrimas diante dessa prova patente da cordialidade de Suas Majestades, pois a Rainha falou comigo demonstrando tanta afeição como o Rei. Voltei de lá mais calma, mas ainda assim aborrecida com o rumo que o episódio tomara. No fundo eu me considerava satisfeita por M. de St. Germain ter previsto tudo.
"Duas horas mais tarde ainda me encontrava em meu quarto, mergulhada em pensamentos, quando alguém bateu à porta de meus modestos aposentos. Ouvi uma comoção fora do comum e quase de imediato abriram-se as duas metades da porta e o senhor Conde de Maurepas foi anunciado. Levantei-me para recebê-lo até com maior rapidez do que se fosse o Rei da França chegando. Ele se aproximou com uma fisionomia sorridente.
— 'Perdoe-me, Madame, pela falta de cerimônia em minha visita, mas tenho algumas perguntas a fazer e não seria educado se não viesse vê-la em pessoa.
"A cortesia que predominava naquela época era de um elevado grau de polidez para com as mulheres, mas desapareceu depois que a tempestade se abateu sobre tudo. Uma vez feitos os cumprimentos preliminares ele continuou:
— Então o nosso velho amigo, o Conde de St. Germain apareceu de novo... E já está de volta aos seus velhos truques, tendo recomeçado suas intrigas —. Eu estava a ponto de interromper, mas ele fez um gesto de advertência e prosseguiu: — Acredite, Madame. Conheço o velhaco melhor do que a senhora. Só uma coisa me surpreende. A passagem dos anos não me poupou nem um pouco, mas a Rainha declara que o Conde de St. Germain ainda tem
a aparência de um homem de quarenta anos. Seja como for que ele faça isso, temos de descobrir onde obteve as informações que nos trouxe, tão circunstanciais e alarmantes... Estarei certo se presumir que ele não deixou o seu endereço?
— 'Sim, senhor Conde.
— 'Não faz mal. Ele será descoberto, porque os investigadores de nossa polícia têm excelente faro... Além do mais... o Rei agradece a senhora pelo zelo demonstrado. Nada muito grave acontecerá com St. Germain exceto o fato de ficar encerrado na Bastilha, onde será bem alimentado, bem aquecido até que concorde em nos dizer onde ficou sabendo de tantas coisas curiosas.
"Nesse instante nossa atenção foi desviada pelo barulho de uma porta que se abria ao nosso lado... Era o Conde de St. Germain que entrava! Um grito me escapou da boca enquanto M. de Maurepas se levantava, com o semblante um tanto modificado. Aproximando-se dele, o taumaturgo disse:
— `Monsieur, Conde de Maurepas, o Rei o convocou para lhe dar bons conselhos e a única coisa que o preocupa é manter sua própria autoridade. Ao se opor à minha entrevista com o Monarca o senhor está colocando a monarquia a perder, porque disponho de muito pouco tempo para dar à França e, quando esse tempo se acabar, não serei mais visto aqui até que três gerações consecutivas sejam levadas à sepultura. Já disse à Rainha tudo que me é permitido dizer. Minhas revelações ao Rei teriam sido mais completas. Considero uma infelicidade o senhor ter decidido intervir nos contatos entre Sua Majestade e eu. Mas não terei por que me repreender no momento em que a horrível anarquia devastar toda a França. Quanto a essas calamidades, o senhor não as verá, mas será suficiente para sua lembrança que as tenha ajudado a preparar... Não espere homenagem alguma da posteridade, senhor Ministro frívolo e incompetente! O seu nome estará inscrito entre os daqueles que causaram a ruína dos impérios.
Tendo falado sem ao menos tomar fôlego, M. de St.Germain voltou-se na direção da porta e desapareceu" Foram infrutíferos todos os esforços no sentido de encontrar o Conde!
COMTESSE D’ADHÉMAR, “Souvenirs sur Marie-Antoinete” , citado no livro de Isabel Cooper-Oakley “Conde de Saint-Germain”
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