Tenho aqui esse livro estranho. Ele não tem editora nem aviso de copyright. Já li algumas críticas que contestam a alegada autoria soviética e a atribuem a CIA! No entanto, não foram os EUA que praticaram seus métodos, mas, antes, soubemos deles através de pedidos de socorro vazados de dentro das paredes do grande cárcere chamado União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Ele trata do uso do sistema de saúde, da psiquiatria, da psicologia, para fins políticos totalitários.
PSICOPOLITICA
PSICOPOLITICA
TÉCNICA DE LAVAGEM CEREBRAL
ÍNDICE
Discurso preliminar de BÉRIA sobre a Psicopolítica
CAPÍTULO I História e definição da Psicopolítica
CAPÍTULO II A constituição do homem como organismo político
CAPITULO III O homem como organismo econômico CAPÍTULO IV Objetivos estatais para o indivíduo e as massas
CAPÍTULO V Análise da lealdade
CAPÍTULO V Análise da lealdade
CAPITULO VI A obediência
CAPÍTULO VII Anatomia dos reflexos condicionados no homem
CAPITULO VIII Degradação, choque e resistência
CAPÍTULO IX Organização de campanhas de saúde mental
CAPÍTULO X Como atuar contra o ataque
CAPÍTULO XI A Psicopolítica e a difusão do comunismo
CAPITULO XII Remédios violentos
CAPÍTULO XIII Recrutamento de idiotas úteis
CAPITULO XIV Destruição dos grupos religiosos
CAPITULO XV Perigos que se devem evitar
CAPÍTULO XVI Resumo
INTRODUÇÃO À EDIÇÃO ARGENTINA
INTRODUÇÃO A EDIÇÃO AUSTRALIANA
APÊNDICE I Um ex-comunista fala da Psicopolítica
MENSAGEM
Mensagem a todos os cristãos dos Países Livres
Passos na direção do controle da mente
DISCURSO PRELIMINAR DE BÉRIA SOBRE A PSICOPOLITICA
Estudantes americanos da Universidade Lenine: dou-lhes as boas vindas a estas aulas de Psicopolítica.
A Psicopolítica é um capítulo importante, ainda que pouco conhecido, da Geopolítica. É pouco conhecida, porque forçosamente é matéria reservada a um pessoal de alta especialização, a camada superior da “saúde mental”.
A Psicopolítica é que faz progredir nossos grandes objetivos. Nosso primeiro passo decisivo é produzir o caos máximo na cultura inimiga. Nossos propósitos frutificam-se no caos, na desconfiança, na crise econômica e na confusão científica.
O psicopolítico deve esforçar-se para produzir o caos máximo no terreno da «cura mental» . Deve recrutar e utilizar todos os organismos e meios disponíveis da “cura mental”. Deve trabalhar com empenho para aumentar seus agentes e seus elementos, até que finalmente toda a classe da ciência psiquiátrica esteja minada pelos princípios e objetivos comunistas.
Para conseguir esses propósitos, o psicopolítico deve eliminar todas as variedades “domésticas” de cura mental na América. Os métodos de Freud, James, Eddy e outros que se usam nos países mal informados devem desaparecer; para isso, tem-se que os desacreditar, difamar e até anular por ordem dos governos, até que ninguém lhes faça caso e só permaneçam os métodos de “tratamento mental” de orientação comunista.
Vocês devem trabalhar para que todos os professores de Psicologia, com ou sem premeditação, ensinem somente doutrina comunista sob a aparência de Psicologia. Devem empenhar-se para que todos os médicos e psiquiatras sejam psicopolíticos ou pelo menos colaboradores inconscientes de nossos fins.
Devem trabalhar para que cheguemos a dominar as mentes e os corpos de todos os personagens importantes de cada nação. Isso tem que ser conseguido mediante a acusação de demência, lançada com tal respaldo de autoridade, que o estadista assim acusado fique desacreditado ante o povo. Devem esforçar-se no sentido de que o suicídio causado por desordem mental seja algo habitual e não provoque comentários nem investigações.
AS INSTALAÇÕES PARA TRATAMENTO DE DEMENTES, QUE EXISTEM EM CADA PAÍS, PODEM CONVERTER-SE EM PRISÕES de milhões de pessoas, às quais se podem privar de seus direitos individuais e de toda a esperança de liberdade e aplicar tratamentos de choque e de cirurgia, para que jamais recobrem a razão. Vocês devem fazer com que esses tratamentos cheguem a ser algo habitual e corrente, eliminando a intervenção de qualquer outro tratamento ou de quaisquer médicos que queiram procurar uma cura verdadeira.
Devem vocês conseguir impor-se como autoridades em Psiquiatria e Psicologia; devem manejar os hospitais e as universidades. Devem implantar a MISTIFICAÇÃO de que somente um médico europeu é autoridade no terreno da Psiquiatria e, com isso, justificar a intervenção DE GENTE ESTRANGEIRA E ADESTRADA NO EXTERIOR. Quando nos apoderarmos de Viena, se é que podemos fazê-lo, teremos um centro comum para nossas reuniões, ao que todos vocês e outros psiquiatras poderão concorrer, como adeptos de Freud, para receber diretrizes.
A Psicopolítica é uma grave responsabilidade. Por seu intermédio, poderemos varrer como insetos nossos inimigos; poderemos desmoralizar os dirigentes capazes e os membros de suas famílias, levando-os à loucura, por meio do EMPREGO DE DROGAS. Poder-se-á eliminá-los, atestando que estão loucos . Por meio de nossas técnicas, poderemos até provocar-lhes a demência, quando opuserem resistência excessiva.
A Psicopolítica pode mudar as convicções de qualquer indivíduo. Depois de certos tratamentos nas mãos do psicopolítico, é possível alterar, para sempre, a lealdade de um militar ou o patriotismo de um estadista ou, do contrário, Destruir Sua Mente.
Sem dúvida, podem existir riscos. Talvez ocorra que nossos «tratamentos» sejam postos a descoberto. Pode suceder que se produza uma oposição pública contra o «tratamento mental>>. Pode suceder que todos os tratamentos mentais sejam postos em mãos de sacerdotes e fora do alcance de nossos psicólogos e psiquiatras. A ânsia capitalista de domínio, a desumanidade capitalista e um terror geral da demência podem constituir-se em defesa contra nossos procedimentos. Se assim suceder, se os investigadores chegarem a descobrir métodos para combater os procedimentos psicopolíticos, vocês não comerão, nem dormirão, nem economizarão um só centavo, para organizar campanhas contra, para desacreditá-los, combatê-los e anulá-los. Porque seriam uma ameaça efetiva para nossa ação e nossos esforços.
Em um Estado capitalista, a filosofia e a corrupção imperantes são nossos melhores aliados. Tudo contribuirá para a nossa companha destinada a dominar e utilizar o «tratamento mental», difundindo nossas doutrinas e eliminando nossos inimigos dentro de suas próprias fronteiras.
Utilizem os TRIBUNAIS, os JUíZES, a CONSTITUIÇÃO DOS PAíSES, as ASSOCIAÇÕES MÉDICAS e seus regulamentos para levar adiante nossos propósitos. Não economizem esforços neste sentido. E quando conseguirem impor-se, verão que podem aplicar, COM TODA A LIBERDADE, NOSSAS PRÓPRIAS LEIS, e que, organizando convenientemente nossas associações psiquiátricas, por meio de permanentes campanhas terroristas, ao afirmar nossa eficácia, os capitalistas mesmo FINANCIARÃO, DE SEU PRÓPRIO BOLSO UMA GRANDE PARTE DA CONQUISTA PACíFICA DAS NÃÇÓES.
A Psicopolítica pode criar o caos, deixar uma nação sem dirigentes, eliminar nossos inimigos e, por meio do comunismo, criar, na terra, a paz mais absoluta que o homem jamais conheceu.
Muito obrigado.
CAPITULO I
HISTóRIA E DEFINIÇÃO DA PSICOPOLITICA
Ainda que de todo castigo se consiga obter algum resultado, é mais certo que a meta e o fim de todo castigo é inculcar uma idéia de impedimento ou obediência nos castigados.
Desde tempos imemoráveis, cada vez que qualquer governante necessitava da obediência de seus súditos para impor seus fins, tinha que recorrer ao castigo. Assim sucedeu em todas as épocas da História. Hoje em dia, a cultura russa tem desenvolvido métodos mais seguros e definidos para recondicionar e conseguir a adesão de pessoas e povos e de exigir obediência. Esse novo produto de um velho sistema se chama Psicopolítica.
A estupidez e a estreiteza de objetivos das nações que não conhecem o raciocínio russo têm-nas levado a confiarem métodos que, atualmente, já não concordam com o ritmo veloz e heróico de nossa época. E em vista do enorme progresso da cultura russa, no campo das técnicas mentais, iniciadas pelos gloriosos trabalhos de Pavlov e continuadas, mais tarde, por outros cientistas russos, seria estranho se não houvesse surgido uma arte e uma ciência dedicadas totalmente a obter a leadade e a obediência dos indivíduos e dos povos.
Dessa maneira, vemos que os procedimentos psicopolíticos são fruto natural de certas práticas tão antigas quanto o homem, práticas que são correntes em todo grupo humano existente no mundo. Portanto, nos procedimentos psicopolíticos não há problema de ética, já que é evidente que o homem sempre deve ser dominado contra a sua vontade, para maior beneficio do Estado, e forçado, por motivos econômicas ou doutrinários, a realizar a vontade e os fins do Estado.
Basicamente, o homem é animal, um animal ao qual foi dado um verniz de civilização. O homem é animal gregário, que forma grupos para proteger-se a si mesmo contra as ameaças ambientais. Os que agrupam e controlam os homens devem, portanto, possuir técnicas especializadas para dirigir os impulsos e orientar as energias do Homem animal, para uma maior eficácia no cumprimento dos fins do Estado.
A Psicopolítica, sob diversas formas, é usada há muito tempo na Rússia, mas é matéria pouco menos que desconhecida fora das fronteiras de nossa nação, salvo em lugares onde temos transmitido nossos conhecimentos e os temos utilizado para benefício da nação.
Em suma: A Psicopolítica é a arte e a ciência de obter e manter um domínio sobre o pensamento e as convicções dos homens, dos funcionários, dos organismos e das massas e de conquistar as nações inimigas por meio do <<tratamento mental>>.
A Psicopolitíca subdivide-se em várias categorias, cada uma das quais deriva, natural e logicamente, da anterior. A primeira trata da constituição e anatomia do Homem, enquanto organismo político. A segunda é o estudo do Homem, enquanto organismo econômico que pode ser controlado por seus desejos. Segue-se a classificação dos objetivos do Estado com respeito ao indivíduo e ao grupo. Em seguida, vem o estudo das convicções. Segue-se o estudo da obediência. Logo após, vêm os exames dos reflexos condicionados do Homem. Segue-se-lhes o estudo do choque e da resistência. Em continuação, vêm a análise e a aplicação da Contrapsicopolítica. Após, segue-se o emprego da Psicopolítica na conquista de nações estrangeiras. Continuando, segue-se o estudo dos organismos psicopolíticos fora da Rússia, sua composição e funcionamento. Segue-se-lhe a criação de filosofias servis' nas nações inimigas. A próxima é como combater as diretivas antipsicopolíticas na era atômica. A todas essas se podem agregar as outras subcategorias, como a inutilização do armamento moderno por meio da atividade psicopolítica.
A potência e o alcance da Psicopolítica não podem ser subestimadas, em especial quando se aplica em nações decadentes em virtude de um pseudo-intelectualismo, nas quais a exploração das massas combina-se facilmente com ações psicopolíticas e, particularmente, naquelas em que a cobiça dos regimes capitalista ou monárquico já tenha ocasionado grandes contingentes de neuróticos, que oferecem terreno fértil para a atividade das equipes peritas em Psicopolítica.
ESTUDANTE, entra dentro de tua missão: impedir a atividade psicopolítica em detrimento do Estado russo, como também levar adiante, dentro e fora de teu país, os objetivos e propósitos de nossa Psicopolítica. Nenhum agente russo poderia ter sequer remota eficácia, se carecesse de um bom adestramento em Psicopolitica; por isso deves levar contigo uma reserva russa, para utilizar bem o que aqui te ensinamos.
CAPÍTULO II
A CONSTITUIÇÃO DO HOMEM COMO
ORGANISMO POLITICO
O homem é um aglomerado de células, e seria errado considerá-lo como indivíduo. As colônias de células vão-se constituindo em diversos órgãos do corpo, os quais, por sua vez, vão-se unindo para formar o conjunto. Desse modo, vemos que o homem já é, por si, um organismo político, ainda que não o consideremos em grupo.
A enfermidade poderia ser vista como deslealdade, pois, ao se manifestar, origina a rebelião de uma parte da anatomia contra o resto do conjunto; dessa maneira, produz-se, de fato, uma revolução interna. Quando o coração, ao isolar-se do grupo, se nega a solidarizar-se e servir ao resto do organismo, vemos que o funcionamento de todo o corpo se transforma devido a essa rebelião. O coração rebela-se porque não pode ou não quer cooperar com o resto do corpo. Se permitimos ao coração rebelar-se, os rins, seguindo seu exemplo, podem por sua vez rebelar-se também e negar-se a trabalhar em benefício do organismo. Essa rebelião, ao estender-se a outros órgãos e ao sistema glandular, ocasiona a morte do indivíduo. Podemos notar, pois, que a rebelião significa a morte; portanto, não podemos transigir com a rebelião.
O Estado, como o indivíduo, é uma série de conglomerados. As entidades políticas existentes dentro do Estado devem todas cooperar para benefício do Estado, porque, não o fazendo, o mesmo Estado pode desintegrar-se e morrer. Daí o perigo que traz a revolução.
Se estudamos o planeta Terra, também o vemos como um organismo completo. O organismo Terra é um organismo individual. Os órgãos da Terra são as diversas raças e nações humanas. Se qualquer delas pretende isolar-se, a Terra vê-se ameaçada de morte. A rebelião de um país, por pequena que fosse, contra o organismo total da Terra, daria, como resultado, a enfermidade da mesma e seria uma ameaça para a cultura do homem. Portanto, a enfermidade putrefata do Estado capitalista, espalhando seu pus e seus germes pelos países sãos do mundo, não faria mais que ocasionar a morte da Terra, a menos que ditos germes fossem submetidos à obediência e obrigados a trabalhar para o bem maior do Estado mundial.
O Homem é constituído de maneira tal, que o indivíduo não pode funcionar eficazmente se em todas as partes e órgãos de seu corpo não reinar a ordem. O homem normal, em estado primitivo e inculto, é incapaz, tal como o demonstram os silvícolas; por isso, deve ser adestrado por meio da educação, do exercício e do trabalho, para que haja coordenação entre suas funções orgãnicas. Somente assim poderá chegar a cumprir com eficiência as tarefas que se lhe atribuem.
A crença no individualismo áspero, no determinismo pessoal, na rebeldia, na imaginação e no poder criativo pessoal é tendência que predispõe as massas contra o bem de um Estado Superior. Essas forças rebeldes e selvagens não são outra coisa que enfermidades que provocarão a separação, a desunião e, por último, o desmoronamento do grupo a que pertence o indivíduo.
A constituição do Homem presta-se fácil e totalmente para um certo ordenamento positivo externo de todas suas funções, incluindo a reflexão, a obediência e a lealdade, que devem estar sob controle, se é que se quer construir um Estado poderoso.
Se bem que o cirurgião possa amputar um membro ou um órgão para salvar o resto do corpo, deve ter-se em conta que esse recurso não é viável no caso de nações inteiras. Um corpo privado de órgãos fica com suas possibilidades diminuídas. Um mundo privado de seus trabalhadores — que neste momento são escravos da estupidez e da demência dos capitalistas e monarcas da Terra — permaneceria impotente, o que por sua vez repercutiria no Estado. Assim como temos visto que o vencedor, depois de uma guerra, tem forçosamente que perdoar os habitantes do país vencido, assim também qualquer esforço tendente a DESPOVOAR uma região do mundo traria prejuízos para todos. Sem dúvida, se considerarmos o mal que os germes e bactérias hostis provocam no organismo, advertimos que, em favor do organismo atacado, esses elementos nocivos têm que ser dominados.
Em todo Estado, há indivíduos que desempenham o papel de vírus e germes nocivos, os quais, ao atacar qualquer grupo de habitantes com seu veneno pertinaz, produzem em um órgão uma enfermidade que logo se estende ao conjunto.
A constituição do homem, como corpo individual, e a constituição de um Estado ou parte de um Estado, como organismo político, são análogas. A missão da Psicopolítica é, primeiro, impor a obediência e os fins do grupo, e, após, manter essa sujeição, mediante a eliminação de todos aqueles cuja ação eficaz puder fazer com que um grupo se isole do conjunto. Em nossa nação, as coisas estão bem organizadas e, ali, onde prevalece a razão, não é difícil erradicar as bactérias rebeldes que poderiam ameaçar nossos organismos políticos. Mas nas nações mais atrasadas, nas que o Estado russo ainda não domina, não é fácil eliminar, de todo, o indivíduo rebelde. A Psicopolítica proporciona os meios com os quais se elimina essa parte da personalidade que perturba o resto do organismo e, por conseguinte, o grupo a que pertence o indivíduo.
Se ao homem-animal se permitisse viver sem a perturbação da propaganda contra-revolucionária, se lhe fosse permitido trabalhar tranqüilo sob a condução ordenada do Estado, veríamos que apenas sofreria de enfermidades, e não haveria males no Estado. Mas, quando o indivíduo está perturbado pela propaganda reacionária, quando é alvo de atividades subversivas, quando é induzido a criticar o Estado e suas autoridades naturais, então vemos que sua constituição se ressente. Dessa perturbação derivam outras perturbações adicionais em seu coração e em outras partes de seu corpo. Tão verdadeiro é esse princípio que, quando se encontra um indivíduo enfermo, se se investigar a fundo, descobrir-se-á uma desordem em suas convicções e uma alteração de sua obediência à unidade do grupo a que pertence.
Há alguns que embarcam em uma fantástica viagem espiritual pelo que denominam «subconsciente» ou «mente inconsciente» e, por meio da Psicoterapia, tratam de curar as perturbações dos órgãos do corpo; mas é possível observar que têm obtido resultados bastante pobres. Esse enfoque, carece de força. Quando, na Rússia, foi descoberto o hipnotismo, observou-se que, muitas vezes, bastava dominar o indivíduo indefeso, para conseguir-se sucesso. Tem-se que sanar as limitações da hipnose com o fim de aumentar a sugestionabilidade dos indivíduos resistentes a tal método. Dessa maneira, muitas nações têm conseguido curar-se, ao neutralizar os grupos rebeldes. Da mesma forma que, com o hipnotismo, qualquer órgão pode ser induzido a maior lealdade e obediência, assim também, mediante o uso da energia necessária, se consegue obter a lealdade e a obediência de qualquer grupo. Sem dúvida, a violência sabe ser destrutiva e, em certas ocasiões, não é possível recorrer à força para obterem-se os objetivos desejados. Portanto, é mister recondicionar o indivíduo, dominando sua vontade de rebeldia.
Do mesmo modo que é uma verdade aceita que o Homem deve conformar-se ao seu ambiente, é também outra verdade aceita — e o será mais, à medida que o tempo passe — a de que inclusive o corpo humano pode ser obrigado a gozar de boa saúde.
A constituição do Homem está peculiarmente adaptada ao recondicionamento de suas convicções. Onde as crenças imperantes são as de «pequeno burguês>>, as de capitalistas, as idéias anti-russas, verifica-se que o corpo humano está particularmente propenso à enfermidade, o que explica as epidemias, as neuroses coletivas, os transtornos e o caos que reinam nos Estados Unidos e outros países capitalistas. Vemos ali que o trabalhador tem convicções errôneas e inapropriadas, e por isso está enfermo. Para salvá-lo e pô-lo caminho de um grande Estado, necessita-se com urgência fazer com que suas convicções sigam o rumo conveniente. Dai, vê-se com clareza que os objetivos e a orientação da Psicopolítica se afirmam, ao transformar essas convicções e liberá-los dessa mal entendida obediência para uns poucos — ainda nos países capitalistas — que não desejam seu bem. Para ajudar os trabalhadores assim escravizados, faz-se mister erradicar a obstinação dos lideres perversos, utilizando a propaganda em geral, ou qualquer outro meio, e ainda a cooperação dos próprios trabalhadores. Também é necessário doutrinar as classes intelectuais nos dogmas e princípios de cooperação com o meio ambiente, e, dessa forma, obter, para os trabalhadores, uma orientação menos frustradora, uma doutrina menos servil, e uma maior compreensão para com as idéias do Estado Comunista.
Para essa meta se dirigem as técnicas da Psicopolítica.
CAPÍTULO III
O HOMEM COMO ORGANISMO ECONõMICO
O homem está sujeito a determinados desejos e necessidades tão naturais para o seu bem-estar, como o são para qualquer outro animal. Sem dúvida, o homem tem a peculiaridade de exagerar algumas dessas necessidades para além do razoável. Isso se evidencia no crescimento das classes poderosas, os grupos pseudo-intelectuais, a «pequena burguesia>>, o capitalismo e outros males.
Com razão tem-se dito que uma décima parte da vida do homem está absorvida pela política e as nove partes restantes pela econômica. Sem alimento, o homem perece; sem vestimenta, congela-se; sem casa, nem armas, fica à mercê das feras. A aquisição de bens suficientes para responder a essa necessidade de alimentos, indumentárias e abrigo é direito natural e razoável de todo membro de um Estado civilizado. O excesso de bens produz inquietude e perturbações. A superabundãncia de artigos de luxo, como sucede nos países capitalistas, tem o inconveniente de acentuar as características menos lisonjeiras do Homem.
O indivíduo é um organismo econômico, visto que requer uma determinada quantidade de alimento e água e deve manter em seu interior uma certa quantidade de calor, para poder sobreviver. Quando tem mais comida do que a que necessita, mais roupa do que a indispensável para proteger-se, entrega-se a uma certa ociosidade, que entorpece sua inteligência e sua perspicácia e o expõe a riscos que, se não estivesse nesse estado, poderia prever e evitar. Desse modo, a fartura representa uma ameaça para o indivíduo.
Sucede algo análogo com o grupo, Quando o grupo tem demasiados bens, a perspicácia de seus componentes se reduz em igual medida e anula-se a eficácia geral do conjunto.
Manter um equilíbrio entre a fartura e a necessidade é incumbência da economia propriamente dita e deve ser preocupação do Estado comunista.
O desejo e a necessidade são estados de ânimo. Os indivíduos podem ser educados para desejar mais do lhes seja possível obter e, nesse caso, sentem se, infelizes. Grande parte da ambição dos capitalistas deriva-se de sua avareza. O capitalista explora o trabalhador muito mais do que o exigem suas próprias necessidades como capitalista.
Numa nação em que não há controle sobre seu equilíbrio econômico, o apetite do indivíduo é estimulado indevidamente mediante incitações fantasiosas e sedutoras, do que resulta um tipo de loucura, pela qual cada indivíduo quer possuir mais do que necessita, e consegui-lo às expensas de seus semelhantes.
Uma privação interna demasiado prolongada pode provocar desejos doentios que, se não são dominados, induzem por si sã a acumular mais do que o necessário. A própria pobreza, tal como é cultivada cuidadosamente nos países capitalistas, pode gerar uma ambição desordenada. Assim como o vazio absorve as massas, assim também, num país em que se permite que as massas se vejam oprimidas por uma privação forçada
e em que o desejo é estimulado artificialmente, a necessidade chegará a ser cobiça; nesse tipo de países, é fácil comprovar que se explora a muitos em benefícios de uns poucos.
Se, por meio de técnicas psicopolíticas, se conseguisse frear essa cobiça excessiva, nos poucos que a possuem, o trabalhador estaria livre para buscar um equilíbrio mais natural.
Temos aqui dois extremos. Tanto um como outro são uma loucura. Se queremos desequilibrar um indivíduo, não temos mais que saciá-lo ou privá-lo por um período superior aos limites razoáveis, e teremos provocado um transtorno mental. Um exemplo simples disso é a alternância de pressões demasiado baixas e demasiado altas em uma câmara, excelente procedimento psicopolítico. As pressões rapidamente alternadas ;provocam um caos no qual o indivíduo não pode atuar e no qual outros forçosamente, assumirão o controle.
Essencialmente, em um país faz-se necessário eliminar os cobiçosos, por qualquer meio que seja, e então criar e manter um estado de semi-privação nas massas, com o fim de assumir o poder e controlar por completo essa nação.
Deve insuflar-se, nas massas, um permanente desejo de prosperidade, mediante esperanças e visões de fartura e comodidades, e esse desejo deve contrapor-se à realidade da privação e à ameaça de perda de todos os fatores econômicos em caso de ser desleal ao Estado, com o propósito de anular a vontade individual nas massas.
Em uma nação de conquista, como os Estados Unidos da América, nosso avanço lento e sub-reptício tem que aproveitar somente os ciclos de prosperidade e depressão, inerentes ao regime das nações capitalistas, com o fim de assegurarmos cada vez mais um controle maior sobre as vontades individuais. Para nossos fins, a prosperidade é tão vantajosa como a depressão, porque, nas épocas prósperas, nossa propaganda deve insistir no fato de que a riqueza continua em mãos de uns poucos eleitos e fora do controle do Estado. Durante uma época de depressão, só é necessário proclamar que isso é o resultado da avareza de uns poucos e da geral incompetência dos dirigentes nacionais.
O manejo da propaganda econômica não pertence, em realidade, à esfera da Psicopolítica, mas a Psicopolítica deve aceitar as medidas econômicas e adaptar os objetivos comunistas às mesmas.
As massas devem chegar, por último, a convencer-se de que só mediante a aplicação de enormes impostos aos ricos .é possível aliviar os trabalhadores «da carga opressiva das classes acomodadas» e, com isso fazê-los aceitar algo como o IMPOSTO DE RENDA, princípio marxista que foi infiltrado sutilmente dentro da estrutura capitalista norte-americana, em 1909, apesar de o impedir a Constituição dos Estados: Unidos e de ter o comunismo pouco tempo de atividade na América do Norte. Um triunfo tal como a lei do Imposto de Renda, se tivesse sido, seguido por outros similares, teria convertido os Estados Unidos, e não a Rússia, na primeira nação comunista do mundo. Mas prevaleceram a virilidade e a prudência do povo russo. Pode ser que os Estados Unidos não cheguem a ser comunistas de todo até depois da metade deste século, mas, quando isso acontecer, terá sido em virtude de nossa maior compreensão da Economia e da Psicopolítica
O agente comunista perito em Economia tem como tarefa subornar pessoal dos organismos impositivos, para criar o máximo mal-estar e o caos, assim como também influir para que se aprovem as leis que convenham a nossos propósitos.
Os ricos, os especialistas em finanças, os conhecedores de assuntos de governo são os objetivos especiais do psicopolítico. A este cabe a tarefa de anular os indivíduos que pudessem frear ou deitar a perder os planos econômicos do comunismo. Por isso, de cada personagem endinheirado, cada estadista, cada político bem informado e capaz, deve colocar-se ao lado um agente psicopolítico em posição de confiança.
As famílias das pessoas influentes podem ser vítimas do ócio e da ambição, e tal circunstâncias deve ser explorada, e até criada, se é que não existe. As atividades normais de um filho de rico devem ser deformadas e apresentadas como neurose, para, então, com a ajuda de uma oportuna aplicação de drogas ou de violência, fazê-lo cair no delito ou na demência. Isso fará com que, em seguida, um perito em «cura mental>> ponha-se em estreito contato com a família, fato que deve ser aproveitado ao máximo.
O comunismo pode triunfar com facilidade, se junto a cada homem rico ou influente colocar-se um agente psicopolítico ou um especialista em «tratamento mental» que, mediante seus conselhos ou por intermédio da esposa ou filha, possa dirigir a atuação de tal personagem e assim embrulhar ou transtornar a política económica do país; e quando chegar o momento propício de anular para sempre esse homem influente, poder-se
-á administrar-lhe a droga ou o tratamento adequado para conseguir sua total eliminação, internando-o como demente em um hospício ou impulsionando-o ao suicídio.
Colocado junto às pessoas influentes de um país, o agente psicopolítico também pode chegar a modificar a política, em outros terrenos, para benefício de nossa causa.
O capitalista não sabe o que é a guerra. Crê que é o ataque violento por meio de soldados e artefatos bélicos. Não sabe que a guerra mais eficaz, ainda que mais extensa, é a que se trava com pão ou, em nosso caso, com DROGAS e com nossos sábios métodos. O capitalista nunca :soube travar uma guerra verdadeira. O psicopolítico não terá muito trabalho para ganhar esta guerra em que está empenhado.
CAPÍTULO IV
OBJETIVOS ESTATAIS PARA O INDIVIDUO
E AS MASSAS
Assim como vimos que um indivíduo adoece quando cada um de seus órgãos deixa de funcionar para o conjunto, assim também comprovamos que o Estado adoece quando os indivíduos não obedecem a normas rigorosamente codificadas e compulsivas.
Houve pessoas que, em épocas menos ilustradas, induziram o Homem a crer que os objetivos são os que cada um se fixa e persegue por conta própria, e que, em realidade, o impulso total do homem de fazer coisas superiores provinha da Liberdade. Devemos recordar que esses mesmos, que professaram tal filosofia, foram também aqueles que mantiveram o Homem no mito da existência espiritual.
Todo objetivo provém do rigor. A vida é uma contínua fuga. Sem compulsão e sem ameaças não pode haver desejo de escapar da dor. Sem a ameaça de castigo não pode haver proveito. Sem controle rigoroso e firme não se podem cumprir os objetivos do Estado.
Os objetivos estatais devem ser formulados pelo Estado para obter aobediência e cooperação de cada membro do Estado. Um Estado sem objetivos assim estabelecidos é um Estado enfermo. Um Estado sem o poder nem o desejo de fazer cumprir seus objetivos é um Estado enfermo.
Quando o Estado comunista distribui uma ordem e não é obedecido, a conseqüência é uma enfermidade. Quando a obediência falha, as massas sofrem.
Os objetivos do Estado dependem da lealdade e obediência para sua realização. Pretender interpretar os objetivos do Estado é demonstração de teimosia, de cobiça, de preguiça, ou de individualismo feroz e iniciativa egoísta. Comprovar-se-á que os fins do Estado foram obstruídos por alguma pessoa cuja deslealdade e desobediência são resultados diretos de seu desajustamento social.
Nem sempre é imprescindível eliminar tal indivíduo. É possível destruir suas tendências opostas aos objetivos e ao benefício do grupo. Os métodos da Psicopolítica estendem-se desde a eliminação do próprio indivíduo até a mera erradicação das tendências que motivam sua falta de cooperação.
Não basta que o Estado tenha seus objetivos. O cumprimento dos mesmos depende da lealdade e obediência dos indivíduos. Os que estão submetidos a trabalhos forçados têm pouco tempo para dedicar a especulações ociosas, o que é muito conveniente, mas por cima destes, desgraçadamente, tem de haver capatazes de diversas classes, qualquer dos quais poderia gozar de tempo livre e carecer de atividade física suficiente, o que influiria negativamente em sua conduta .
A Psicopolítica sana o inconveniente, quando essa tendência excede os limites da persuasão normal exercida pelas autoridades às quais está subordinado o indivíduo em questão.
CAPÍTULO V
ANÁLISE DA LEALDADE
Se a lealdade é um fator tão decisivo na organização econômico- social, é necessário dedicar-lhe um pouco mais de atenção.
No terreno da Psicopolítica, a lealdade não significa nada mais que disciplina, com respeito aos objetivos do Estado comunista. A deslealdade implica em indisciplina total e, com mais amplitude, indisciplina com respeito aos objetivos do Estado comunista.
Quando pensamos que os objetivos do Estado comunista se propõem ao maior benefício possível para as massas, vemos que a deslealdade, enquanto visar à implantação do comunismo, significa disciplina democrática . A lealdade para pessoas que carecem de doutrinamento comunista seria pura e simplesmente indisciplina .
O remédio para prevenir a deslealdade está compreendido nos princípios da disciplina. Em caso de deslealdade, tudo o de que se necessita é disciplinar os propósitos do indivíduo com respeito aos objetivos do comunismo e ver-se-á que uma série de circunstâncias desagradáveis desaparecem. O coração ou os rins em rebelião contra o resto do organismo são desleais a todo o corpo em conjunto. Para curá-lo, só se necessita fazê-los voltar ao seu funcionamento harmonioso, dentro do organismo total.
Os métodos psicopolíticos demonstram claramente essa possibilidade. O eletro-choque moderado produz a recuperação de qualquer órgão rebelde. O choque e a ameaça de tratamento cirúrgico, em geral, produzem o reordenamento de um órgão rebelde, melhor que a própria cirurgia. O bombardeio de raios X vale mais que o valor terapêutico desses mesmos raios para conseguir que o órgão desordenado volte a funcionar de acordo com o resto do organismo.
Ainda que o eletro-choque não tenha maior eficácia terapêutica como remédio para curar um enfermo mental, é inegável que o seu valor punitivo produzirá no paciente uma atitude mais submissa. Não existem estatísticas que indiquem que a cirurgia do cérebro tenha outro valor que eliminar a personalidade individual, quando esta obstrui o bom funcionamento dos órgãos. Essas duas descobertas russas nunca pretenderam modificar a condição de lucidez mental: só são eficazes e viáveis para introduzir um mecanismo punitivo adequado na personalidade e fazê-la desistir de suas tendências egoístas com respeito ao organismo. São úteis para submeter a personalidade recalcitrante, quando se opõe ao cumprimento dos objetivos estatais. Ocasionalmente, comprova-se que a anulação da personalidade rebelde, por meio de choque e cirurgia, permite, de novo, o funcionamento ordenado dos órgãos que haviam reagido contra essa personalidade. A utilização de eletro-choque e cirurgia cerebral, na Psicopolítica, demonstra com clareza que um Estado são se compõe de organismos e não de personalidades.
O primeiro passo para transformar a lealdade consiste na eliminação das lealdades pré-dominantes. Isso pode conseguir-se de duas maneiras: l) demonstrando que as lealdades anteriores têm ocasionado males físicos, como encarceramento, violências, privações; 2) erradicando a própria personalidade.
A primeira, consegue-se mediante uma doutrinação firme e persistente do indivíduo, no sentido de que suas convicções anteriores tinham uma origem indigna. Uma das primeiras medidas para isso é criar circunstâncias que derivem, em aparência, do motivo de suas convicções, a fim de desequilibrar o indivíduo. Parte do método é criar um certo estado de ânimo no indivíduo, submetendo-o à violência e logo proporcionando-lhe provas falsas, para demonstrar que o objeto de sua lealdade primitiva é, de per si, a causa de tal violência. Outra parte do mesmo método consiste em difamar ou degradar o indivíduo visado até o ponto em que o próprio objeto de sua lealdade, ou seja, seus superiores ou seu governo, o considerem indigno, reneguem-no e contribuam para convencê-lo de que suas convicções eram errôneas. Estes são métodos moderados, mas que têm eficácia. O grande inconveniente é que requerem esforço e tempo para fabricar as provas falsas e distraem a atividade do agente psicopolítico.
Em momentos de apuro, o que é bastante comum, a própria personalidade pode ser transformada mediante o choque, a cirurgia, o rigor e a privação, e, em particular, por meio da melhor das técnicas psicopolíticas: a persuasão, mediante o neo-hipnotismo. Este método tem dois tempos: primeiro, a, destruição das lealdades primitivas, e segundo, a implantação de lealdades novas. Um agente psicopolítico eficaz e avisado, que trabalhe em ótimas condições, pode modificar, mediante as técnicas psicopolíticas, a lealdade de um indivíduo, com tal habilidade ,que nem sequer seus próprios companheiros suspeitarão da troca. Esse .método, sem dúvida, requer muito mais sutileza do que podem fornecer .as circunstâncias. O NEO-HIPNOTISMO MASSIVO pode obter, mais ou menos, os mesmos resultados, quando aplicado por um agente psicopolítico de grande experiência. O objetivo final de uma operação desse tipo seria alterar as lealdades de uma nação inteira, em pouco tempo, por meio do neo-hipnotismo, coisa que efetivamente se tem ,Conseguido nas Regiões Menos úteis da Rússia.
Está bem demonstrado que a lealdade carece, por completo, deste místico componente denominado «qualidade espiritual>>. A lealdade é uma questão total de dependência econômica e mental, que pode ser ,alterada mediante persuasão violenta. Experiências com trabalhadores e camponeses demonstram que entregam tão facilmente sua lealdade a um capataz como a uma mulher, e que, com a mesma facilidade, trocam de objeto, depositando-a em outro indivíduo, retirando~a daquele a quem a prestavam antes. Isso se comprova, com muito mais freqüência, entre ,as massas dos países capitalistas — que sofreram uma insegurança infamante — do que em um país adiantado como a Rússia. Nos Estados capitalistas, a sujeição é tão abjeta, a necessidade e a miséria são tão extremadas, que a lealdade carece de fundamento ético e subsiste só com um caráter de sujeição, rigor e necessidade.
É uma sorte que o comunismo se aproxime tanto do estado mental ideal, porque isso facilita, de certo modo, qualquer modificação das lealdades, dado que todas as demais filosofias, que hoje prevalecem e se professam no mundo, são algo degradante e vil, comparadas com o comunismo. Portanto, o agente psicopolíticó trabalha com uma certa se. gurança, porque sabe que pode substituir a lealdade de um indivíduo por algo mais idealista, mediante a razão somente, e a urgência é o único motivo que nos obriga a recorrer aos distintos aspectos da técnica psicopolítica. Qualquer indivíduo contrário à doutrina comunista tem, por força, que ser considerado como pouco ajuizado e, por isso, está plenamente justificada a utilização dos métodos de tratamento mental para os não comunistas.
Com o fim de alterar a lealdade, é necessário estabelecer, primeiro, qual é a lealdade predominante no indivíduo . A tarefa é facilitada pelo fato de que as nações capitalistas e fascistas não podem contar muito com a lealdade de seus habitantes. E pode suceder que as lealdades destes já sejam demasiado débeis para demandar esforço em erradicá-las. Geralmente, apenas é necessário persuadir, mediante a lógica racional e esmagadora do comunismo, para conseguir que a pessoa entregue sua lealdade ao Estado russo. Sem dúvida, segundo a importância do indivíduo em questão, se fracassar a persuasão por meio da propaganda comunista, deve-se recorrer, sem perda de tempo, à violência, ao eletrochoque ou à cirurgia cerebral. No caso de se tratar de uma pessoa muito importante, será necessário utilizar as técnicas mais delicadas da Psicopolítica, para que nem a pessoa em questão, nem os seus parentes e amigos se dêem conta da manobra. Em tais casos, emprega-se a simples persuasão com o máximo rigor . Em uma operação semelhante, convém utilizar um agente psicopolítico de muita experiência, dado que um passo em falso poderia deixar a descoberto todo o processo. Se existem dúvidas acerca do bom resultado da operação, é muito mais aconselhável eleger, como alvo do ataque psicopolítico, pessoas chegadas ao indivíduo em questão e a ele ligadas por vínculos afetivos. Os melhores objetivos podem ser a esposa e os filhos, sobre os quais se pode atuar sem reservas. Para assegurar a lealdade de um personagem de muita influência, pode colocar-se-lhe ao lado alguém que cuide do aspecto sexual ou familiar em nome do comunismo . Talvez não seja necessário comunizar a esposa e os filhos, mas isso não deixaria de significar uma vantagem, se bem que na maioria dos casos não seja possível.
Nestas épocas modernas e dentro do domínio da realidade psicopolítica, é sumamente simples provocar, mediante a utilização de diversas drogas, um estado de neurose aguda ou de demência na esposa ou nos filhos de algum personagem, o que por sua vez fará com que esses pacientes, com pleno consentimento do personagem citado e de seu governo ou do organismo de que façam parte, passem às mãos do especialista psicopolítico; este último, em seu laboratório, com ampla liberdade, sem temor de investigações ou de censuras, por meio do ELETRO-CHOQUE, da neuro-cirurgia, do ATAQUE SEXUAL, do hipnotismo, das drogas e outros recursos, poderá dedicar-se a perverter e alienar a personalidade desses pacientes e convertê-los cru escravos psicopolíticos, que, obedecendo ordens ou sugestões, cometerão AÇÕES- INDIGNAS, desacreditando desse modo o membro importante de sua família ou obrigando-o, nos casos mais graves, a adotar certas medidas que, por certo, lhe serão ditadas pelo agente psicopolitico.
Em geral, quando o partido não tem interesse pelas atividades ou decisões do personagem importante, sendo que somente deseja impedi-lo de atuar, o agente psicopolítico não tem por que se esforçar e é suficiente que se ponha o personagem em mãos de algum psiquiatra com formação psicopolítica, o qual conseguirá neutralizar sua influência.
Quando a lealdade de um indivíduo não pode ser alterada e quando a opinião, a influência ou a eficácia de tal indivíduo seja um impedimento para os objetivos comunistas, nesse caso convém provocar-lhe uma neurose moderada, por qualquer meio, e, em seguida, fabricando-lhe antecedentes de desequilíbrio mental, levá-lo ao suicídio. Os agentes psicopolíticos têm muita prática neste tipo de ação, realizada milhares de vezes, dentro e fora da Rússia.
Um princípio fundamental da Psicopolítica exige que a pessoa-objeto seja, diante de todos, acusada, direta ou indiretamente, de demência e que depois caia em poder dos agentes psicopoliticos ou seus colaboradores, tudo isso em meio do máximo sensacionalismo e publicidade. A reputação de sanidade de tal pessoa deve ser posta em dúvida, fazendo com que ela ou os membros de sua família se vejam implicados em atos irracionais . Esse tipo de atividade pode denominar-se destruição parcial da lealdade e, quando levada a suas últimas instâncias, facilita a implantação de convicções distintas. Provocando a loucura ou o suicídio da esposa de algum personagem importante, tem-se conseguido preparar o terreno para uma mudança de atitude. E daí, com a ajuda do agente psicopolítico, e fácil chegar a induzir uma lealdade mais adequada e benéfica.
Outra das razões pelas quais a Psicopolítica se ocupa da insânia é que tal estado é depreciativo, desonroso e desqualifica publicamente. Dessa maneira, um agente psicopolítico situado perto de um insano pode refutar ou desqualificar qualquer acusação do mesmo, alegando que toda sua família sofre do mesmo desequilíbrio mental. Isso tem muita eficácia nos países capitalistas, nos quais tanto se teme a loucura, que nada os animaria a dar crédito às acusações feitas por um demente. A propaganda psicopolítica se ocupa e deve ocupar-se constantemente em criar e intensificar o halo de mistério em torno da demência, e deve acentuar quão tremendo e irremediável é esse mal, com o fim de justificar a falta de tratamento terapêutico no caso dos dementes. Nos países
capitalistas, em particular, um demente carece de direitos perante a lei. Nenhum demente pode possuir bens. Nenhum demente pode prestar testemunho. Isso nos oferece uma perspectiva excelente para conseguirmos nossos objetivos.
Quando, publicamente, se lançam dúvidas sobre o juízo são de uma pessoa em particular, é possível anular e desacreditar os fins e as atividades de tal pessoa. Demonstrando a demência de um grupo ou de um governo, pode-se conseguir que o público lhes retire a confiança. Ao magnificar a reação geral contra a demência, ao manter permanentemente o tema da insânia na atenção do público, e utilizando depois essa reação popular contra os dirigentes da nação, é possível anular a ação de qualquer movimento ou de qualquer governo.
Uma das missões primeiras e fundamentais do psicopolítico é conseguir que o anticomunismo e a demência cheguem a ser consideradas equivalentes. Deve-se conseguir que as pessoas terminem por crer que «a paranóia é uma forma de alienação mental, na qual toda pessoa se crê perseguida por comunistas>>. Assim, conseguir-se-á anular e eliminar a ação dos anticomunistas.
Em lugar de condenar à morte os dirigentes políticos, seria melhor forçá-los a um suicídio sob circunstâncias que justifiquem seu desaparecimento. Dessa maneira, poderemos eliminar todos os opositores do comunismo, deixar indefesas as multidões que nos resistem e provocar uma situação de caos e anarquia, na qual nos será fácil impor as claras e temíveis doutrinas comunistas.
A habilidade do ataque psicopolítico, nesta matéria, vem muito ao caso para evitar as suspeitas dos leigos e dos funcionários estúpidos, já que atuaremos com todo o respaldo da autoridade; e ao fazer notar que os métodos psicoterápicos são demasiado complexos para a compreensão do povo, realizaremos uma revolução total, que não despertará as suspeitas do povo, até que seja um fato consumado.
A alienação mental é a rebelião máxima, e pode ser a melhor arma para eliminar velhas lealdades. Portanto, é de suma importância que os agentes psicopolíticos se infiltrem na profissão médica do país assinalado como objetivo de uma conquista, e, dentro desse ambiente, exerçam uma pressão permanente contra o povo e o governo, até que a conquista seja um fato. Eis ai, a essência e a razão de ser da própria Psicopolitica
Ao modificar as lealdades, temos que controlar os valores que as sustentam. O animal homem é, antes de tudo, leal consigo mesmo. Isso é suscetível de destruir, demonstrando-lhe seus próprios erros, demonstrando-lhe que não tem memória, que não pode raciocinar nem confiar em si mesmo. Em segundo lugar, o homem é fiel a seu grupo familiar, a seus pais e irmãos. Isso pode destruir-se, criando-lhe um grupo familiar que não dependa dele para o sustento, rebaixando o VALOR DO MATRIMÔNIO, facilitando o divórcio e, na medida do possível, pondo a criança e a educação dos filhos nas mãos do Estado. Em terceiro lugar, o homem é leal para com seus amigos e para o lugar em que vive. Isso se destrói, minando sua confiança com presumidas denúncias de seus vizinhos ou autoridades de sua cidade. O homem é, também leal para com o Estado e, para os propósitos comunistas, essa é a UNICA LEALDADE tolerável, uma vez que o Estado se faça comunista. Até lá, deve destruir-se, por todos os meios, a lealdade da JUVENTUDE para com o Estado, de forma que não se sinta obrigada para com ele, e dê sua adesão aos movimentos de inspiração comunista, mediante promessas de um futuro melhor sob o comunismo.
Obstruindo o FÁCIL RECURSO A JUSTIÇA, fazendo propaganda permanente contra o lugar, criando uma contínua delinqüência juvenil, obrigando o Estado a estabelecer leis que suscitem o desagrado na juventude, provocar-se-á o caos que favorece o comunismo.
Sob a suave aparência de prestar ajuda ao menor, estabelecer-se-ão leis rigorosas de trabalho para o menor, o que dificultará seus direitos na sociedade. Ao dificultar-lhe o ganho do sustento, ao obrigá-lo a depender de seus pais contra a sua vontade e assegurar-se, por outras vias, a estreiteza econômica dos pais, o adolescente se verá impulsionado à rebelião. Daí à delinqüência não há mais que um passo.
Pondo a seu alcance diversas classes de drogas e bebidas alcoólicas, elogiando sua rebeldia, excitando-os com literatura erótica e com as práticas que se ensinam efetivamente na Escola de Psicopolítica, o agente psicopolítico pode criar as condições necessárias de caos, indolência e envelhecimento, para logo seduzir os adolescentes com a isca da liberdade total, que lhes oferecerá o comunismo.
Tratar-se-á de conseguir a ampliação do período do serviço militar, além do razoável, mediante a provocação de guerras impopulares e outros meios que obstem a carreira dos jovens, eliminando todas as oportunidades de sua participação imediata na vida civil do pais.
Com esse recurso, o patriotismo dos jovens pode ser minorado, ao ponto de que já não sejam perigosos como soldados. Se bem que tudo isso requeira décadas para conseguir-se, os curtos horizontes do capitalismo nunca lhe permitirão imaginar os prazos com que trabalhamos.
Se se conseguir eliminar, efetivamente, o orgulho e o patriotismo nacional de uma só geração, esse país estará ganho. Portanto, temos que continuar com nossa propaganda, tendente a minar a lealdade do cidadão em geral e do adolescente em particular.
O papel que toca, a este respeito, ao psicopolítico é de suma importância. Em seu caráter de autoridade em questões mentais, o agente pode aconselhar toda a classe de medidas destrutivas. De sua privilegiada posição, pode assessorar, em todo o país, a educação dos meninos, de modo que estes, livres de seus caprichos, privados de jogar, possam atuar sem travas, nem responsabilidades para com seu país e nem para consigo mesmos.
Quando se trata de dirigentes de grupos juvenis, o agente psicopolítico tem muitas maneiras de aproveitar ou desacreditar sua influência. Para aproveitá-la, tem-se que desviar cuidadosamente a personalidade do moço ou da jovem em questão, por vias criminosas, e conseguir seu controle por meio de extorsão e outros recursos. Quando tal liderança não for suscetível de utilização, quando resistir a nossos esforços e existir a possibilidade de que se torne perigosa para a nossa causa, não se devem economizar esforços para chamar a atenção das autoridades sobre o dirigente em questão e hostilizá-lo de uma ou outra maneira, até que se consiga põ~lo em poder dos organismos competentes. Quando isso for conseguido, é de supor-se que o agente psicopolítico, em seu caráter de assessor de juventudes e amparado pela autoridade da lei, poderá destruir o equilíbrio mental do dirigente. É aconselhável utilizar qualquer desses dois métodos nos casos de intelectuais, de esportistas e de dirigentes de grupos juvenis.
A questão de influir nas decisões dos tribunais de menores é uma das tarefas mais simples para o agente psicopolítico. Em qualquer pais capitalista, abundam tanto as injustiças, que uma injustiça a mais passa despercebida. Nos tribunais de menores sempre há pessoas com tendências desviadas, sejam juizes ou policiais masculinos ou femininos; se não houver, deve-se providenciar para que haja. Pondo os jovens e crianças ao alcance desse tipo de pessoas protegidas pela «segurança» do cárcere ou do alojamento para detidos, e obtendo-se disso fotografias ou testemunhos incriminatórios, é fácil forçar tais pessoas a obedecerem nossas indicações e porem,se a nosso serviço.
Os casos de delinqüência juvenil que comparecem ante os tribunais de menores devem ser apresentados como «problemas mentais>>, em vez de casos criminais. Os juizes, auditores e autoridades policiais que não concordem com a existência de tais «problemas mentais» devem ser considerados incapazes, por não possuírem o conhecimento científico necessário, e, por isto, afastados. Isso ocasionará vagas nos tribunais, nas auditorias e na polícia, as quais poderão ser ocupadas por agentes psicopolíticos, que se converterão, assim, em juízes do país, pela influência exercida, e terão em suas mãos o controle total dos delinqüentes, cuja colaboração é necessária para levar a cabo qualquer revolução.
Ao põr em relevo sua autoridade em matéria de problemas de delinqüência juvenil e de adultos, os agentes psicopolíticos chegarão a ser tão necessários, que até as FORÇAS ARMADAS requererão seus serviços, na qualidade de «especialistas mentais», e, quando isso ocorrer, toda a defesa armada da nação estará em suas mãos. Com o simples expediente de colocar-se um agente psicopolítico junto a cada técnico ou depositário de segredos militares, o país, em caso de revolução —como ocorreu na Alemanha em 1918 e 1919 — se encontrará paralisado por seu próprio Exército e sua própria Marinha, que estarão completamente em poder dos comunistas.
Portanto, vemos que o tema da lealdade e da obediência é, em realidade, a questão da conquista pacífica do inimigo.
CAPITULO VI
A OBEDIÊNCIA
A obediência é o resultado da violência.
Quando estudamos a história da humanidade, comprovamos que a obediência aos novos governantes tem sido conseguida mediante o desenvolvimento de uma força superior à do governante anterior. Uma população submetida e conquistada pela guerra obedece ao conquistador, e o faz porque o conquistador evidencia mais força.
Concomitantemente, a força e a violência brutal, utilizadas sem medida, servem para implantar a obediência. A força bruta, quando atua durante certo tempo sobre um indivíduo, consegue submetê-lo a qualquer princípio ou autoridade. A força é a antítese da ação humanizadora. Para a mente humana, significa o mesmo que a selvageria, a injustiça, a brutalidade e a barbárie, até o ponto em que, só com o evidenciar de uma atitude desumana com certos grupos, consegue-se que obedeçam.
Qualquer organismo que tenha valor e decisão para empregar a força desumana, a selvageria e a brutalidade será obedecido. Uma utilização semelhante de força é, de per si, um elemento de grandeza. Exemplo disto o temos nada menos que em nossos grandes dirigentes comunistas, os quais, em momentos críticos da tirania czarista sobre um povo escravizado, tiveram o valor de não sentir escrúpulos e conseguiram, assim, que se estabelecesse o governo comunista no Estado russo.
Se se quer conseguir obediência, não se deve transigir por compaixão. Se se quer obter obediência, não se deve demonstrar misericórdia. O homem é um animal que, em última instância, entende só o que entende um animal.
Vejamos um exemplo: um homem se nega a obedecer e, por isso, é castigado fisicamente. Depois de mais golpes, sua desobediência é menos ostensiva, e, a cada novo golpe, sua resistência diminui mais.
Ao golpeá-lo novamente, várias vezes, consegue-se, por fim, sua obediência pura e simples à pessoa que o golpeou. Isso é um fato comprovado. Está comprovado, porque é o fator principal utilizado pelo Animal Homem, desde suas primeiras épocas . É o único princípio de eficácia demonstrada, o único com o qual se obtém uma persuasão ampla e permanente. Temos que aproveitar esta certeza: de que um homem, quando alguém o golpeia uma e outra vez, muitas vezes, terminará por crer hipnoticamente em tudo o que o causador dos golpes lhe diga.
A estupidez do mundo ocidental fica plenamente demonstrada pelo fato de acreditar que no hipnotismo há algo que concerne à mente, à atenção e ao desejo do inconsciente. ISSO NÃO É VERDADE. O hipnotismo só pode ter verdadeira eficácia, quando a pessoa for golpeada e castigada duramente. Os especialistas ocidentais afirmam que só vinte por cento das pessoas são suscetíveis à hipnose. Essa afirmação é TOTALMENTE FALSA. Se se lhe administra o castigo adequado, qualquer pessoa, em qualquer momento e lugar, é suscetível ao hipnotismo. Em outras palavras, o hipnotismo, quando se lhe soma a força, tem uma eficácia invariável. Quando a inconsciência não puder ser induzida mediante a simples concentração do hipnotizados, pode induzir-se por meio de drogas, do eletro-choque ou de qualquer outro meio. E quando não se consegue obter a inconsciência para implantar eficazmente uma convicção por meio do hipnotismo, faz mister amputar as seções ativas do cérebro humano, para deixã~lo inútil e inofensivo. De modo, pois, que o hipnotismo é sumamente eficaz .
O objetivo do hipnotismo é implantar uma convicção. Em que pode crer a pessoa? Pode crer em qualquer coisa que se lhe ordene com a necessária brutalidade e força. A obediência da massa depende do que se lhe faça crer.
Isso é um fato conhecido pelas religiões desprezíveis, como o cristianismo. Este sabia que, se conseguisse implantar uma crença determimada nas massas, poderia escravizá-las com as fantasias cristãs de humanidade e misericórdia e deixá-las desarmadas. Mas não é necessário contar com esse ato de fé, para conseguir criar uma convicção. Basta demonstrar a necessária força, brutalidade, selvageria e violência, que criem uma convicção implícita e imponham obediência. Como o comunismo é questão de convicção, seu estudo é o estudo da força.
Os primeiros psiquiatras russos, pioneiros deste ramo da Medicina, compreenderam muito bem que a hipnose se induz mediante o medo servil. Descobriram que também se poderia induzir prévio choque emocional por privações extremas, em vez de castigos e drogas.
Com o fim de criar um estado hipnótico agudo em um indivíduo, um grupo ou uma nação, deve-se ter sempre presente um elemento de terror imposto pelos que governam. O psiquiatra se presta muito para a dita função, já que seus rigores se exercem em nome da ciência e são sumamente complexos e incompreensíveis para o povo. O terror popular, inspirado pelo psiquiatra, provocará o desequilíbrio mental em muitos indivíduos. As manobras dos psiquiatras, portanto, podem dissimular-se sob o manto da autoridade e dar origem a uma campanha de propaganda em torno dos diversos <<tratamentos>> que se aplicam aos enfermos mentais. A campanha psicopolítica deverá sempre fazer notar que tais tratamentos são terapêuticos e imprescindíveis. As publicações psiquiátricas têm de conter extensas listas de presumíveis pacientes curados por esses meios. Mas essas <<curas>> não têm porque serem verdadeiras, na realidade. Nisto, o agente psicopolítico e seus seguidores são as únicas autoridades que decidem quem está enfermo ou não. Sua palavra será a única norma quanto ao valor terapêutico de tais tratamentos. Nenhum leigo se animará a opinar sobre o estado do indivíduo que já tenha sido declarado insano pelo psiquiatra oficial. O próprio indivíduo não estará em condições de reclamar e sua família já estará desacreditada, pelo fato de ter um caso de demência em seu seio. Não tem que haver mais autoridade na matéria do que a do agente psicopolítico; do contrário, descobrir-se-á que as violências e rigores administrados sob pretexto de tratamento não são curativos.
Um agente psicopolítico não tem interesse em meios terapêuticos, nem em curas . Quanto mais dementes houver num país, maior quantidade de gente haverá sob seu domínio e mais se facilitará sua tarefa. Dado que o problema parece estar assumindo características de gravidade incontrolável, cada vez haverá mais ocasiões em que sua tarefa seja considerada urgente, o que justifica que recorra a tratamentos tais como o eletro-choque, a lobotomia pré-frontal, a leucotomia transorbital e outras classes de operações que, desde há muito, se vêm efetuando nos prisioneiros políticos na Rússia.
Para o interesse da operação psicopolítica, convém que a possibilidade de curar os dementes seja descartada e eliminada a todo momento. Deve manter-se, a todo custo, o nível de violência, para conservar a obediência da população dentro dos limites necessários. Só dessa *maneira pode,se consegui-la, mantendo-se, sem discussão, o ditame absoluto dos agentes psicopolíticos acerca da lucidez ou loucura das personalidades públicas. Empregando a brutalidade necessária com os pacientes, o público em geral chegará a crer em qualquer coisa sobre essas figuras. Além disso, e isso é muito mais importante, o campo mental tem que ser açambarcado suficientemente pelo agente psicopolítico, para que qualquer convicção que ele imponha seja acreditada hipnoticamente. O agente psicopolítico, ao controlar todas as classes de psicologia de uma zona, pode conseguir a reforma completa da educação dos futuros dirigentes de um país e, dessa maneira, prepara-los para o comunismo.
Para ser obedecido, deve fazer-se acreditado. Se é acreditado suficientemente, a obediência, sem dúvida, virá depois.
Quando se tem a sorte de conseguir ficar junto de um personagem político importante, o fator obediência se torna fundamental. Deve criar-se uma certa dose de medo ou temor na pessoa que esteja sob tratamento, para que tal pessoa aceite, sem discussão e totalmente, as ordens do agente psicopolítico e assim possa influenciar, por sua vez, os demais.
Criar esse estado de ânimo no povo e em seus dirigentes — sobre a autoridade indiscutida do agente psicopolítico — pode chegar-se a conseguir com todo o êxito. Não é demasiado esperar que os agentes psicopolíticos, em um país como os Estados Unidos, possam chegar a converter-se em assessores mais chegados dos personagens políticos, até o ponto de assessorar todo um partido político, em seus planos de governo.
O que importa são us planos de longo alcance. A convicção é engendrada por certa dose de terror e medo sobre os que governam e isso impulsionará à obediência.
A propaganda que melhor serve à psicopolítica é insistir, continuamente, no que as autoridades da saúde mental consideram tratamento adequado à demência. Esses tratamentos sempre devem incluir uma certa dose de brutalidade. A propaganda deverá acentuar, permanentemente, a quota crescente de demência no país. Todo o campo do comportamento humano normal deve chegar a transformar-se em comportamento anormal. Dessa maneira, qualquer um que incorra em alguma extravagância, especialmente na excentricidade de opor-se aos psicopolíticos, poderá ser silenciado pelas autoridades, alegando-se que padece de desequilíbrio mental. Assim, com ajuda de circunstancias—55—
favoráveis, essa pessoa poderá ir parar em mãos dos agentes psicopolíticos, que se encarregarão de incapacitá-la ou de vencer sua resistência, mediante castigos, drogas e hipnose.
Quanto à obediência, a melhor é a obediência automática. As ordens devem ser obedecidas sem que o sujeito as submeta a um processo racional. Portanto, o sujeito que recebe as ordens deve atuar sem recorrer ao raciocínio, porque não haverá reação consciente em sua mente.
Para a psicopolítica, interessa que as pessoas pensem que um indivíduo hipnotizado nunca age contra sua vontade, nem comete atos imorais, nem trabalha contra sua própria segurança. Se bem que isto possa ser verdade no caso do hipnotismo superficial, de salão, não sucede assim com ás ordens implantadas por hipnose posterior à aplicação do eletro-choque, das drogas ou do castigo violento. Naturalmente que os agentes psicopolíticos tratarão de que todos ignorem esse fato, posto que, se chegar a saber-se que os indivíduos podem cometer ações atentatórias contra sua própria pessoa ou atos imorais quando estão sob a influência de um estado de hipnose profunda, o proceder de muitos dos que trabalham inconscientemente em favor do comunismo teria clara explicação. As pessoas que atuam sob ordens impostas em um estado de hipnose profunda procedem, aparentemente, por vontade própria e de acordo com suas convicções.
Toda a questão da hipnose psicopolítica, em geral, depende, para impor-se, de que as autoridades competentes declarem continuamente que tal coisa não é possível. E se alguém chega a denunciar uma ação psicopolítica, as autoridades competentes devem declarar, em seguida, que se trata de um absurdo e empregar todo o seu poder para desacreditar o denunciante. Se se chega a descobrir alguns escritos psicopolíticos, é necessário que se os denuncie como uma impostura, pondo-os em ridículo. Desse modo, as atividades psicopolíticas são fáceis de dis. simular e defender.
Quando as atividades psicopolíticas tiverem alcançado certa expressão, daí em diante é impossível desfazer sua obra, porque a população já estará submetida às ordens dos agentes psicopolíticos e seus seguidores. Esta questão da obediência é essencial. O mais importante é que se consiga ocupar postos de influência, dos quais se assessorem os funcionários acerca de qualquer suspeita em torno das manobras psicopolíticas. Portanto, deve colocar-se um agente psicopolítico junto de cada FUN CIONÁRIO DO GOVERNO. Quando for requerida sua opinião sobre qualquer denúncia, poderá ser usada sua influência para desbaratar qualquer intento de oposição e, dessa forma, o país será dominado pelo comunismo.
A PSICOPOLITICA DEVE APELAR PARA O FANTÁSTICO, PARA DESPISTAR OS LEIGOS. ESSA É SUA MELHOR DEFESA, MAS, ANTES DE TUDO, REQUER OBEDIÊNCIA IMPLÍCITA POR PARTE DOS FUNCIONÁRIOS E DO POVO EM GERAL, CONSEGUIDA PELA ÍNDOLE DAS MANOBRAS PSICOPOLITICAS NO TERRENO DA SAÚDE MENTAL.
CAPÍTULO VII
ANATOMIA DOS REFLEXOS CONDICIONADOS NO
HOMEM
O homem é um animal de estímulos e reações. Sua capacidade de raciocínio e, inclusive, sua ética e sua moral dependem desse mecanismo de reflexos condicionados. Isto já foi demonstrado por alguns russos, como Pavlov, e tais princípios têm sido utilizados para reduzir os recalcitrantes, educar crianças e produzir um comportamento ótimo em determinados setores humanos.
Ao não ter vontade própria, o Homem é facilmente dirigido por seus reflexos. Basta criar um estímulo, na anatomia cerebral do homem, para que tal estímulo reaja e responda cada vez que o solicite uma ordem externa.
O funcionamento dos reflexos condicionados é de fácil compreensão. O corpo cria imagens de todos os atos que se sucedem no meio circundante. Quando esse meio inclui a brutalidade, o terror e a violência, a imagem mental que se forma contém todos esses ingredientes ambientais. Se o indivíduo é maltratado no momento em que fixa a imagem, os maus-tratos voltarão a manifestar-se cada vez que a situação se reproduza por ordem externa.
Como exemplo, digamos que um indivíduo é golpeado e, enquanto sofre o castigo, recebe ordem de determinadas pessoas. O indivíduo em questão experimentará, depois disso, a mesma sensação de dor, cada vez que pretenda desobedecer. A sensação de dor, uma vez implantada, agirá como vigilante, porque a experiência ensina, ao indivíduo, que não pode lutar e que será castigado se desobedecer a determinadas pessoas.
Os reflexos condicionados são algo bastante complexo. Tal como demonstra com clareza o hipnotismo, existem séries inteiras de ordens que se referem a numerosas ações, produzidas por meio de castigos corporais, choque ou terror, e que ficarão latentes até que voltem a ser evocadas por certas semelhanças com as circunstâncias ambientais ligadas ao castigo.
Esse estímulo denomina-se «incidente de castigo» e, para ativar o mecanismo de reflexo, basta uma pequena parte do estímulo, a qual é suficiente para evocar a imagem mental que provocará a dor física. Enquanto o indivíduo obedecer à imagem ou cumprir as ordens implantadas pelo estímulo, ver-se-á livre da dor. Esse é o sistema com que se regula a conduta das crianças nos países civilizados. Quando o pai vê que não pode obter a obediência e a boa conduta da criança de forma imediata, recorre à violência física; depois de castigar fisicamente a criança em diversas ocasiões, tem a satisfação de comprovar que a criança obedece imediatamente, quando o pai ordena.
Como os pais são benévolos com seus filhos, raras vezes aplicam o castigo suficiente para obter a máxima obediência. A resistência do organismo humano ao castigo pode ser muito grande. O reflexo de obediência total e implícita obtém-se só com estímulos suficientemente brutais, que ocasionem prejuízos físicos ao organismo. O método dos cossacos para domar cavalos selvagens é um bom exemplo. O cavalo não se quer sujeitar, nem obedecer às ordens do cavaleiro; o cavaleiro monta e, pegando uma garrafa de vodka, a quebra entre as orelhas do animal. O cavalo, molhado até os cascos, com os olhos cheios de álcool, confunde o líquido com sangue e, a partir deste instante, quebra-se sua resistência para sempre. Os cavalos não se domam quando o castigo é leve. Há aqueles que sentem escrúpulos sentimentalistas, quando têm que «quebrar o espírito», mas quando o que se quer é dominar o animal, há de se utilizar a brutalidade, para conseguir-se obediência total.
Os mecanismos corporais de reflexos condicionados funcionam de tal modo, que a dor e a ordem se subdividem para atuar reciprocamente. A imagem mental do castigo não ocorrerá se o indivíduo não desobedecer à ordem. Em muitas obras primitivas russas, diz-se que esse é um mecanismo de sobrevivência; hoje é usado com plena eficácia para a sobrevivência do comunismo.
O importante é implantar, no organismo, um estímulo capaz de provocar o reflexo adequado. Enquanto o corpo obedecer ao estímulo, cada vez que este apareça, não sofrerá as conseqüências dolorosas do mesmo.
Mas, se chega a desobedecer à ordem, ele atua para castigar o individuo. Assim, cria-se uma circunstância ótima, principio básico da Psicopolítica. Um estimulo bem arraigado subsistirá daí em diante, à maneira de mecanismo policial dentro do indivíduo, para fazê-lo obedecer às ordens e indicações que se lhe dêm. No caso de desobediência, o reflexo entraria em ação . Como as ordens são dadas junto com a vigilância, não é preciso repeti-las; se o indivíduo chegar a afastar-se a grande distância do agente psicopolítico, continuará obedecendo a este, ou, do contrário, experimentará grandes sofrimentos e angústias. Esses princípios, elaborados na Rússia desde as primeiras épocas de Pavlov, mediante continuas experiências, têm chegado, por fim, a constituir um poderoso instrumento para a nossa causa. Porque os países menos adiantados e instruídos da Terra, que carecem desses métodos, que não os compreendem e estão anestesiados por nossos próprios agentes psicopolíticos — que negam e pretendem desconhecer tais métodos — terão que sucumbir ante eles.
O corpo tem menos resistência ao estímulo quando está fatigado e mal alimentado. Por conseguinte, tais estímulos devem ser utilizados quando as resistências dos indivíduos tenham sido dominadas pela fome e o cansaço. Quando se lhes impede de dormir por muitos dias, ou se lhes nega o alimento necessário, consegue-se um estado de receptividade ótimo para o estímulo. Se, então, se lhes aplica o eletro-choque, e, durante o mesmo, se lhes ordena obedecer ou realizar certas coisas, não têm outro recurso que o fazer, pois, do contrário, voltará a atualizar,se a imagem mental do eletro-choque. Esse mecanismo altamente científico e de grande eficácia não pode ser subestimado na técnica psicopolítica.
A ação das drogas produz, no indivíduo, um esgotamento artificial, e se lhe são- administrados drogas e eletro-choque e se for castigado cada vez que se lhe atribuir uma série de ordens, o indivíduo ficará alterado definitivamente; essa operação se denomina hipnose por drogas e dor.
O aprendiz da ciência psicopolítica deve estudar muito bem a questão da hipnose e a sugestão pós hipnótica. Deve prestar grande atenção ao «mecanismo de esquecimento>>, vale dizer, à persuasão da mente inconsciente. Deve observar, em especial, que quando a uma pessoa em estado hipnótico e dada uma ordem e, enquanto subsistir esse estado, diz-se-lhe que esqueça tal ordem, voltará a executá-la quando, ao seu redor, se produzir o sinal adequado para o reflexo, depois que tenha <<saído>> do transe hipnótico.
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Após haver assimilado bem estes ensinamentos, o agente deverá praticá-los com criminosos e presos, ou com pessoas, que estejam ao seu alcance, induzindo transes hipnóticos mediante drogas e implantando, sugestões hipnóticas, ao mesmo tempo que faz sentir dor à pessoa drogada. Depois, terá que estudar as reações da pessoa quando «despertar», e produzir os sinais adequados para que atue o reflexo das doses subliminares das distintas drogas e da violência, traduzidas em termos de choque elétrico ou novas doses de drogas, para provocar uma obediência ótima às ordens. Terá que estai persuadido de que o homem não conhece outro método melhor, de que não há outro método possível, para que o paciente saiba o que está sucedendo, mas se mantenha em estado de obediência condicionada, ainda que ignore a causa que a produz
Ao utilizar criminosos e prisioneiros, o estudante de Psicopolítica deverá desde logo experimentar a violência sem privações, administrando choques elétricos, castigos físicos e táticas de terror, acompanhados dos mesmos mecanismos utilizados na hipnose, e observar o comportamento da pessoa quando já não atue o rigor.
O estudante de Psicopolítica deverá observar cuidadosamente os que dão sinais de protesto, a fim de impedir qualquer tentativa de recordação das ordens implantadas. Com o fim de completar sua aprendizagem, deverá convencer-se, por si mesmo, da eficácia da Neurocirurgia para a inutilização do prisioneiro insensível.
A audácia do agente psicopolítico pode aumentar, se lhe for demonstrado que a acusação de «insânia» desacredita e anula a eficácia das declarações de uma pessoa que der sinais de rebeldia ou de recuperação, quando se conseguir aplicar nessa pessoa o tratamento de hipnose com drogas e dor.
Será conveniente, também, que pratique o método de provocar ataques de demência à vontade, simplesmente com um sinal às pessoas que tenham recebido o tratamento de hipnose com drogas e dor, e também que pratique o modo de provocar os ataques aludidos mediante o contato com certas pessoas em certos lugares e sob certas circunstâncias.
A Neurocirurgia, tal como se tem desenvolvido na Rússia, também, deverá ser praticada pelo estudante de Psicopolítica, para infundir-lhe plena confiança de que: 1) a operação é elementar; 2) dá a certeza da erradicação do mecanismo de reflexos; 3) provoca o cretinismo, o idiotismo e a falta de coordenação do paciente; 4) haverá ausência quase total de comentários a respeito dos fracassos da Neurocirurgia .
Outro campo de experiência para o estudante de Psicopolítica é a ofensiva no campo sexual, para comprovar a impotência do paciente submetido ao tratamento de hipnose com drogas e dor, e recordar essa ofen. siva cada vez que se lhe inculquem hábitos de lubricidade. O sexo é, para todos os animais, um estímulo poderoso, e não o é menos para o homem. ,Se se conseguir provocar contatos sexuais entre as mulheres de uma família-objetivo e certos homens determinados, sob o controle dos agentes psicopoliticos, isso porá nas mãos destes últimos uma arma excelente para quebrar os laços familiares e acarretar o descrédito público sobre os objetos da manobra psicopolítica.
O homem pode ser adestrado do mesmo modo como se adestra um cachorro ou um cavalo. Mediante a hipnose com drogas e dor, podem ser inculcados o masoquismo, a lascívia e outras perversões adequadas aos fins da Psicopolítica.
As técnicas psicopolíticas podem facilmente conseguir a transformação das convicções, dos afetos e lealdades, coisas que deve aprender o psicopolítico iniciante, antes de empreender operações psicopolíticas de grande envergadura.
A completa simplicidade da hipnose por drogas e dor, uso de eletro,choque, das drogas, de injeções que produzem a loucura e demais elementos deve ser dissimulada por completo sob uma nomenclatura técnica, ou sob o pretexto de não prejudicar o paciente, ou mediante uma atitude autoritária, ao mesmo tempo em que se empenha em ocupar postos chaves no país-objetivo.
Ainda que o agente psicopolítico que trabalhe nas universidades, onde pode dirigir os programas da cadeira de Psicologia, possa sentir-se tentado a ensinar alguns dos princípios da Psicopolítica aos estudantes de Psicologia mais suscetíveis, tem que ser advertido de que deve limitar sua atividade a transmitir os princípios comunistas sob aparências ,de Psicologia e cingir se a produzir, nos estudantes, uma mentalidade inclinada a adotar as idéias comunistas sob pretexto de modernos princípios científicos e como guia para sua própria ação. O agente psicopolítico jamais deve inteirar por completo os estudantes acerca da questão dos reflexos condicionados, nem tampouco deve fazer lhes conhecer —exceto aos que serão seus futuros colegas — o alcance exato da Psicopolítica.
CAPÍTULO VIII
DEGRADAÇÃO, CHOQUE E RESISTÊNCIA
A degradação e a conquista marcham juntas.
Para conquistar uma nação, primeiro ter-se-á que a desmoralizar, seja mediante ação de guerra, seja dominando-a por meio de humilhantes tratados ou entregando seu povo à mercê dos exércitos inimigos. Sem dúvida, a degradação pode realizar- se de forma mais eficaz e insidiosa mediante a difamação permanente e organizada.
A difamação é a arma melhor e mais importante da Psicopolítica em geral. Tem-se que levar a cabo, de maneira sistemática, uma campanha de difamação das instituições, dos dirigentes, dos costumes e dos heróis nacionais; mas, em termos gerais, essa tarefa corre por conta dos membros do Partido Comunista e não dos agentes psicopolíticos.
O objetivo da difamação e da degradação é o próprio homem. Ao atacar a personalidade e a moral do homem e ao provocar, por meio da contaminação da juventude, um ambiente de degradação geral, facilita-se grandemente o domínio sobre a população.
Existe uma curva no processo de degradação que, em sentido descendente, chega até um ponto no qual a resistência do indivíduo é quase nula e onde qualquer ação exercida sobre ele o submeterá a estado de choque. Desse modo, pode-se vexar, maltratar, desmoralizar e degradar um prisioneiro até que o mínimo gesto de seus carcereiros o faça tremer . Assim, a menor palavra de seus inimigos o fará obedecer, mudar de convicções e aceitar qualquer ordem . No último extremo de sua degradação, chegará até a assassinar seus companheiros de quartel. As experiências realizadas com prisioneiros alemães têm demonstrado que, com apenas setenta dias de alimentos infectos, de privação do sono e de alojamento em condições quase intoleráveis, pode conseguir-se submeter o prisioneiro a um estado de choque abaixo do limite de sua resistência, com o qual se consegue fazê-lo obedecer, como hipnotizado, a qualquer ordem que se lhe dê. Dessa maneira, pode-se obter obediência servil de milhares de prisioneiros, sem ter que se ocupar pessoalmente de cada um, e se consegue modificar suas crenças e dirigir sua conduta futura, depois de haverem sido devolvidos aos seus.
Minando as resistências de uma pessoa, de um grupo ou de uma nação, por meio da desmoralização e degradação constantes, é possível induzir um estado de choque.
O primeiro que se tem de desmoralizar, em uma nação, é o próprio homem. As nações que gozam de, um alto nível ético são mais difíceis de conquistar. Nelas as convicções são muito sólidas, a adesão aos dirigentes é fanática e o que chamam de integridade espiritual não se pode minar pela violência. Não convém atacar uma nação nessas condições. O propósito básico da Psicopolítica é reduzir o nível da nação até um ponto em que seus habitantes possam ser dominados e escravizados. Por isso, o indivíduo é o objetivo da Psicopolítica. Tem-se que rebaixar o homem em sua estrutura espiritual, até degradá-lo à condição puramente animal; tem-se que o obrigar a não pensar em si mesmo, nem em seus semelhantes como capazes de resistência espiritual e de nobreza.
O melhor recurso para as primeiras etapas da desmoralização é a propaganda de «caráter científico>>. Com ela, deve-se demonstrar que o homem é um mecanismo carente de individualidade e que as reações individualistas são produto de anomalias mentais. As massas devem chegar a estar convencidas de que qualquer indivíduo que se rebele, de qualquer maneira, contra os esforços e os intentos de escravização, deve ser considerado como um desequilibrado, cujas excentricidades são fruto de neurose ou de demência, e que deve ser posto, de imediato, sob tratamento em mãos dos agentes psicopolíticos.
Um grande passo nessa campanha seria dirigir-se às Forças Armadas da nação e convencê-las de que os desobedientes devem submeter-se a uma “cura mental”. A escravização da nação pode fracassar se se possibilitar liberdade de ação a tais indivíduos rebeldes, que podem apelar aos demais cidadãos, chamando-os à reflexão e recordando-os de seus deveres e de suas convicções tradicionais. A menos que se ponham os indivíduos em questão bem guardados, entregando-os aos agentes psicopolíticos, surgirão complicações que serão obstáculos à conquista da nação.
Os funcionários do governo, os estudantes, os que lêem e os que assistem a espetáculos públicos devem ser doutrinados, por qualquer meio que seja, para persuadi-los de que os rebeldes, os ambiciosos, os dirigentes natos sofrem de inadaptação, que só pode ser curada com o «tratamento mental” administrado pelos agentes psicopolíticos, disfarçados de cientistas.
Com essa difamação em grande escala, ajudada pelas cunhas econômicas que se apliquem ao país, é relativamente fácil isolar entre si os cidadãos e conseguir que cheguem a duvidar da prudência do próprio governo e que até clamem por sua escravização.
Os programas educacionais psicopolíticos devem visar aos jovens, futuros dirigentes do país, para doutriná-los acerca da animalidade humana. Essa doutrina deve chegar a pôr-se em moda. Os jovens devem chegar a convencer-se de que as idéias e o comportamento individual são coisas suspéitas. Sobretudo, deve inculcar-se-lhes que a salvação do homem enraíza-se somente em sua completa adaptação ao ambiente em que vive.
Os programas educativos da Psicopolítica podem ser aplicados melhor se forem estabelecidas como obrigatórias algumas matérias, como, por exemplo, a Psicologia e práticas afins, e assegurando-se de que o ensino seja dirigido por psiquiatras adestrados como agentes psicopolíticos .
Como parece que, em alguns países, é a Igreja o órgão de maior influência na elevação espiritual, todas e cada uma das organizações e práticas religiosas devem ser desacreditadas. Tem-se que persuadir o povo de que a religião é algo fora de moda, mediante o doutrinamento psicopolitico; que a alma não existe e que o homem é nada mais que um animal. Os métodos falhos do cristianismo induzem os homens a realizar atos heróicos, com seus ensinamentos de uma vida futura. Isso deve ser eliminado, para conseguir-se a obediência das massas. Por isso, tem-se que conseguir que se deixe de acreditar nas igrejas e fazer desaparecer o poder da religião.
Um ponto do programa psicopolítico de degradação consiste em denunciar toda família que tenha convicções religiosas e, se se conseguir provocar algum caso de demência ou neurose em tal família, responsabilizar por isso as crenças aludidas. A pessoa de arraigada religiosidade deverá ser cada vez mais responsável pela sua própria saúde mental e dever-se-á tratar de levá-la, cada dia mais, para a zona de influência dos agentes psicopolíticos.
Quando se pervertem as instituições nacionais e se provoca um estado de degradação geral, juntando a isso o manejo da Economia com o objetivo de causar escassez e crises, com poucos impactos poderá obter-se, das massas, uma reação de obediência ou de histeria. Dessa maneira, à menor ameaça de guerra, só a menção de bombardeios aéreos fará com que a população instantaneamente capitule, em busca de paz. Isso significa uma larga e árdua tarefa para o agente psicopolítico, mas, para levá-la a cabo, não serão necessários mais de vinte ou trinta anos, tendo, como temos, a nosso alcance, os instrumentos com que realizar nossos fins.
CAPÍTULO IX
ORGANIZAÇÃO DE CAMPANHAS DE SAUDE MENTAL
Os agentes psicopolíticos deverão estar continuamente de sobreaviso para as ocasiões de organizar clubes ou grupos de saúde mental, «para o aperfeiçoamento da comunidade>>. Ao suscitar, dessa forma, a cooperação da população em conjunto para os programas de saúde mental, poder-se-á espalhar o terror da aberração mental entre a massa. Além disso, cada um desses grupos de saúde mental, orientado adequadamente, pode conseguir, finalmente, uma pressão legislativa sobre o governo, para assegurar a situação do agente psicopolítico e obter que se lhe concedam subsídios e recursos governamentais, com o que o governo diligenciará sua própria queda.
As organizações de saúde mental devem eliminar cuidadosamente de suas fileiras todo aquele que tenha conhecimentos corretos sobre tratamentos e curas mentais. De tal maneira, devem excluir-se sacerdotes, pastores, psicanalistas profissionais, bons hipnotizadores e dietistas especializados. Estes possuem conhecimentos sobre as aberrações mentais e seu tratamento e, por sua experiência, ao observar os desequilíbrios mentais, se tiverem ocasião de visitar com freqüência os hospícios e de ler literatura sobre o tema, cedo ou tarde passariam a suspeitar das atividades dos agentes psicopolíticos. Deve-se difamá-los e excluí-los como “inábeis”, «charlatães» e “impostores”.
Não se deve permitir que em qualquer nação subsista nenhuma organização de saúde mental que tenha fins terapêuticos válidos. Por exemplo, o uso da acupuntura chinesa no tratamento de desequilíbrios físicos e mentais será conceituado como absurdo e descartado por completo, dado que tem certa eficácia e — o que é mais' importante ainda —aqueles que a aplicam têm experiência da verdadeira saúde mental e de
seus princípios.
No terreno da saúde mental, os psicopolíticos devem ocupar e manter, por diversos motivos, a posição de autoridades na matéria. Sempre existe o perigo de que os problemas de saúde mental sejam resolvidos por algum indivíduo ou algum grupo que poderia fazer perigar os fins da Psicopolítica nas associações de saúde mental.
Os funcionários estatais, as personalidades de projeção e outras pessoas desprevenidas no referente à questão da saúde mental devem ser convidadas a colaborar ativamente com os grupos de saúde mental. Mas a totalidade de tais atividades 'deve destinar,se a proporcionar melhores facilidades para o agente psicopolítico. A tais grupos tem-se que convencer continuamente de que a questão das enfermidades mentais é tão complexa que, seguramente, nenhum deles poderia entender nada a respeito. Desse modo, a associação manterá um caráter cultural e financeiro .
Quando já existirem associações dedicadas à saúde da comunidade, haverá de infiltrar-se nelas e absorvê-las; se isso não for possível, terão elas que ser desacreditadas e difamadas, para logo serem denunciadas como perigosas às autoridades do lugar.
Quando surgirem alguns desses grupos dedicados à saúde mental, não controlados e hostis à Psicopolítica, o agente psicopolítico deverá recorrer à mescalina, ao peyote e a outras drogas que provoquem a demência temporária. Então se enviará um paciente — controlado pelo psicopolítico, — para que se submeta a um pequeno tratamento dos psiquiatras do grupo opositor. Estes últimos, no afã de demonstrar sua ,capacidade, atuarão geralmente com entusiasmo. Chegada a uma etapa nédia do tratamento, o psicopolítico aplicará, às ocultas, uma injeção ,de mescalina, peyoté ou outra droga, ou o eletro-choque, que produzirá sintomas de loucura no indivíduo tratado pelo grupo rival. Então, o caso será denunciado às autoridades competentes e o paciente será imediatamente levado para um lugar dominado por psicopolíticos. Os funcionários pensarão, assim, que o grupo oposto provoca a loucura com seus métodos incompetentes e tal grupo será, por conseguinte, totalmente desacreditado e se lhe proibirá atuar.
A conveniência de uma ampla organização para a saúde mental se põe em evidência, quando se observa que qualquer governo pode ver-se obrigado a proporcionar facilidades para as atividades psicopolíticas, em forma de salas de psiquiatria nos hospitais, ou de controle total das instituições nacionais em mãos de agentes psicopolíticos, e funcionamento de clínicas nas quais a juventude possa ser posta em contato com os—69—
mesmos e submetida a tratamentos que convenham aos fins psicopolíticos .
Esses grupos constituem uma força política, que logo pode propugnar por qualquer lei ou poder desejado pelos agentes psicopolíticos.
A manutenção do domínio sobre as citadas organizações de saúde mental se consegue apelando principalmente para a educação. O agente psicopolítico deve assegurar-se de que os psiquiatras sob seu controle, os que atuam sob suas ordens, tenham tido um adestramento de longos anos. Quanto maior seja tal adestramento, maiores serão as probabilidades de êxito do programa psicopolítico, já que os grupos opositores que podem surgir não contarão com essa experiência de longos anos.
Desde que se consagrou como capital da Psicanálise, Viena tem sido considerada como a capital da Psicopolítica. Ainda que nossas atividades já há muito superaram a dos grupos freudianos, a proximidade de Viena com a Rússia e a necessidade de que os agentes psicopolíticos tenham «estudos mais especializados» no berço da Psicanálise, facilitam a transmissão e o contato com o alto comando psicopolítico. Por isso, deve acentuar-se constantemente a Psicanálise e deve-se mantê-la aparecendo como parte fundamental do adestramento psicopolítico.
A Psicanálise tem um vocabulário valioso, mas uma aplicação bastante pobre, sendo ineficaz como antídoto às convicções implantadas pela Psicopolítica. As associações de saúde mental podem pô-la em voga e, aprendida sua tecnologia inócua e acreditados alguns de seus. fenômenos, os membros dos grupos de saúde mental estarão convencidos. de que conhecem muito sobre a questão, visto que põe o acento no sexo, que é um instrumento conveniente à degradação e serve admiravelmente para os fins da desmoralização psicopolítica. De modo que as literaturas recomendadas a tais grupos devem ser de índole psicanalítica.
Se em qualquer cidade importante do país sob conquista se formarem grupos de pessoas interessadas em eliminar a delinqüência juvenil, cuidar dos dementes e fomentar a atividade psicopolítica, o êxito dos programas psicopolíticos está assegurado, dado que os grupos em questão representam aparentemente um grande setor da população. Ao difundir uma incessante propaganda referente ao hábito das drogas, da homossexualidade e dos costumes depravados, por parte da juventude, até os próprios juizes do pais se verão impulsionados a reagir violentamente contra os jovens, com o que se granjeará a inimizade e o desapego da juventude.
Quando tais associações de saúde mental estiverem bem enraizadas, dever-se-á, então, ter linhas psicopolíticas de comunicações estendidas entre o governo e os cidadãos mais proeminentes. Não é necessário ser demasiado otimista para esperar que a influência dos grupos citados consiga que se estabeleçam um pavilhão psiquiátrico em cada hospital do país, equipes de psiquiatras em cada batalhão e regimento do exército do país, que os institutos oficiais tenham pessoal totalmente controlado pelos agentes psicopolíticos e que, nesses institutos, se internem os funcionários públicos enfermos, sobre os quais os agentes psicopolíticos possam ter uma grande influência.
Se se puder estabelecer um pavilhão psiquiátrico em cada cidade do país, com segurança, cedo ou tarde 'todo cidadão proeminente cairá em poder dos agentes psicopolíticos ou de seus seguidores.
O prestígio dos psiquiatras entre as Forças Armadas e os Serviços de Segurança da nação sob conquista poderia significar uma afluência de dados superior a qualquer outra fonte. Se cada piloto que ensaia um novo modelo de aparelho, se cada elemento de ligação do Estado-Maior fosse submetido ao exame dos agentes psicopolíticos, a simplicidade com que é possível obter informações, mediante a aplicação de certas drogas cujo efeito não se recordará depois, anulará por completo qualquer ação anticomunista. Se a nação estiver persuadida de que todo soldado ou oficial rebelde ou recalcitrante deve ser posto nas mãos dos agentes psicopolíticos, o país perderá seus melhores defensores. Desse modo, pode apreciar-se a conveniência das organizações pró saúde mental, posto que as mesmas podem lograr seus objetivos e seus fins exercendo uma aparente pressão política sobre o governo.
O financiamento de uma operação psicopolítica fica pesado, a menos ,que corra por conta do governo e dos cidadãos. Ainda que seja possível ,obter grandes somas de dinheiro dos pacientes e de suas famílias, que ,desejam interná-los, sem dúvida é difícil obter os milhões necessários, -a menos que se conte com a cooperação do governo. Essa cooperação è melhor obtida por meio das associações de saúde mental, compostas de personagens destacados, que utilizem sua capacidade organizadora para influir sobre o governo. Assim, poderão financiar-se muitas atividades psicopolíticas que, de outra maneira, não se poderiam levar a cabo.
O psicopolítico, deve esforçar-se por formar numerosos grupos de ,saúde mental e deve tratar de eliminar, por todos os meios, as organizações de verdadeiro saneamento mental, como a acupuntura da China, as de Ciência Cristã e Dialética nos Estados Unidos, o Catolicismo na Itália e Espanha e os grupos de Psicologia Prática na Inglaterra.
CAPÍTULO X
COMO ATUAR ANTE O ATAQUE
O agente psicopolítico pode ser objeto de ataques pessoais ou como integrante de um grupo. Pode ser acusado de comunista, por obra de alguma denúncia. Pode ser atacado por incompetência profissional. Pode ser denunciado pelas famílias dos pacientes a quem tenha prejudicado. Em todos os casos, sua conduta ante esses ataques deve ser equilibrada e comedida. Deve fazer valer seus muitos anos de prática e apoiar-se em sua autoridade no campo da Psiquiatria.
Se o agente psicopolítico não tiver trabalhado bem, os grupos hostis podem denunciá-lo e põr em dúvida a sua eficácia em certos tratamentos psiquiátricos, tais como o choque, as drogas e a Neurocirurgia. Portanto, o agente psicopolítico deve ter, a seu alcance, numerosos documentos ,que ofereçam estatísticas eloqüentes com respeito a curas por meio dos tratamentos aludidos. Não é necessário que uma só de tais curas seja verídica: o que conta é que seja bem documentada e impressa, de modo -que se torne prova convincente ante um tribunal.
Se o que se põe em dúvida é sua lealdade, o agente psicopolítico deverá explicar suas relações com Viena com o argumento de que essa cidade é um centro de estudo para todas as questões mentais.
Mais ainda, deverá põr em ridículo — empregando sua autoridade o juízo da pessoa que o ataca e, se possível, invocar os numerosos casos de difamação que possa haver nos arquivos do país .
Se alguém procura denunciar a Psicoterapia como arma psicopolítica, a melhor defesa é atacar a lucidez do denunciante. A seguir, tem-se que esgrimir com o argumento da autoridade. Depois, convém esgrimir corri a validez dos tratamentos psiquiátricos, por meio de. cifras extensas e impressionantes. Outro recurso eficaz é a eliminação concreta do atacante, submetendo-o a um tratamento capaz de provocar um estado de
insãnia que dure tanto quanto durar o processo. Esse recurso é muito eficaz, mas muito perigoso de aplicar.
A Psicopolítica deve evitar o assassinato e a violência — que possa ser utilizada com o amparo de alguma instituição — contra as pessoas declaradas dementes. Quando o agente psicopolítico ou seu grupo obtiver um triunfo, devem compilar-se e arquivar-se dados infamantes sobre seu presumível atacante, para serem usados com o objetivo de desalentar qualquer investigação.
Depois de certo período de doutrinação, o país deve estar persuadido de que' a demência se cura com métodos de violência psicopolítica. As atividades psicopolíticas se converterão em único tratamento reconhecido contra os insanos. Até se pode chegar a sancionar, como ilegal, a omissão do eletro-choque e da neurocirurgia nos tratamentos para enfermos mentais.
Para melhor defesa das atividades psicopolíticas, exagerar-se-ão as complexidades das técnicas psiquiátricas, psicanalíticas e psicológicas. Qualquer auditório deve ficar aniquilado ante a terminologia muito complicada de transcrever. Tem-se que aproveitar, ao máximo, o halo de mistério que rodeia vocábulos como paranóia, esquizofrenia e outros semelhantes.
Não é necessário que os testes psicopolíticos guardem muita coerência entre si, quando dirigidos ao grande público. Os diversos tipos de demência serão classificados de acordo com uma terminologia confusa e difícil. A enfermidade verdadeira se dissimulará, mas o aparato verbal servirá para manifestar, ante um tribunal, ou ante uma mente inquisiti-,a, que existe um enfoque científico demasiado complexo para a compreensão do leigo. É de imaginar que um juiz ou uma comissão investigadora não aprofundarão muito a questão da demência, visto que seus próprios componentes — parte das massas doutrinadas — já estarão intimidados, posto que o elemento de terror das atividades psicopolíticas já terá tido ampla difusão, por meio de revistas e jornais.
Em caso de uma audiência ou um juízo público, exagerar-se-á o perigo da demência e sua ameaça à sociedade, até que o tribunal ©u a comissão se convença de que a função do agente psicopolítico seja uma necessidade vital, que não deve sofrer interferência de indivíduos irracionais.
A melhor defesa é um ataque imediato contra o juízo do atacante. Deve-se põr em evidência que “só os insanos atacam os psiquiatras”. A sociedade deve chegar a estar convencida de que paranóia é um estado no qual o indivíduo acredita ser perseguido pelos comunistas. Esse método defensivo será sumamente eficaz.
Como parte de uma defesa efetiva, deve-se eliminar toda Psicoterapia verdadeira, pois a subsistência desta significará o perigo constante de que as atividades psicopolíticas sejam descobertas.
Nos países capitalistas, os assuntos judiciais se manejam com tanta torpeza, que invariavelmente os casos são estampados nos jornais. Essas coisas as arranjamos muito melhor na Rússia, onde os acusados chegam ao tribunal com a vontade condicionada para reconhecerem-se culpados dos crimes que se lhes imputam.
Qualquer rumor ou libelo que apareça contra as atividades psicopolíticas será ridicularizado; seus propagadores ou seus editores serão acusados imediatamente de impostores e, logo após, de demência, estado que, em verdade, lhes será imposto, uma vez que se lhes administrem as drogas necessárias.
CAPÍTULO XI
A PSICOPOLITICA E A DIFUSÃO DO COMUNISMO
As nações reacionárias são de uma índole tal, que atacam uma palavra sem entendê-la. Como a conquista de uma nação depende de se implantarem convicções comunistas em seus habitantes, não é necessário que, em princípio, se aplique a palavra comunismo às medidas educativas utilizadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, temos conseguido alterar as obras de William James e outros, até fazê-las mais aceitáveis, e temos introduzido os princípios de Karl Marx, Pavlov, Lemarack e os dados do materialismo dialético nos textos estudantis de Psicologia, até o ponto em que qualquer um que estude a fundo a Psicologia prontamente reconverterá em candidato sério a comunista militante.
Como todas as cátedras de Psicologia nos Estados Unidos estão ocupadas por pessoas afinadas com nossas idéias, o uso desses textos está assegurado. São aceitos como verdadeiros e ensinados a fundo.
A pressão constante sobre os legisladores estadunidenses pode conseguir uma legislação que obrigue todos os estudantes universitários e secundários a seguir cursos de Psicologia.
Ao difundir, amplamente, às classes mais cultas da população, os princípios comunistas, relativamente simplificados, conseguir-se,á que, no momento de optar entre capitalismo e comunismo, o comunismo lhes parecerá muito mais razoável.
CAPÍTULO XII
REMÉDIOS VIOLENTOS
A justificação geral da violência, no tratamento dos dementes, pode levar a opinião pública a aceitar que do colete de força se passe a métodos mais brutais .
Ao aumentar a brutalidade do <<tratamento>>, satisfar-se-á a expectativa do público e de nada valerão os protestos do indivíduo que suporta -o tratamento, visto que imediatamente depois do tratamento encontrar-se-á incapacitado. A família do indivíduo em questão já se torna suspeita .pelo fato de ter em seu seio um indivíduo demente. Os protestos dessa família não serão levados em conta.
Quanto mais violento for o tratamento, mais poder conseguirá o •agente psicopolítico. As operações cerebrais deverão chegar a ser método comum e corrente. Apesar de que as cifras das mortes devam ser ,escamoteadas na medida do possível, ao agente psicopolítico, sem dúvida, não deve importar muito essa média de desaparecimentos .
Gradualmente, o público terá que se ir acostumando ao eletro-choque, ,considerando-o como um princípio muito terapêutico e, depois, corno tranqüilizador; logo se inteirará de que, em geral, prejudica a coluna vertebral e os dentes e, por último, de que pode matar o paciente ou produzir sérias lesões na coluna e na dentadura . É muito problemático que .algum leigo se anime a presenciar a aplicação de um só eletro-choque. Por -certo que tampouco poderia tolerar assistir a uma lobotomia pré-frontal, .nem a uma leucotomia transorbital. Sem dúvida, seria conveniente que os leigos se inteirassem desses detalhes, na medida do possível, a fim de aumentar, assim, o prestígio da Psicopolítica.
Quanto mais violento for o tratamento, mais incurável parecerá a demência. Dessa maneira, conseguir-se-á que a sociedade alcance um nível tal, ,que seja possível que qualquer recalcitrante possa ser processado e entregue aos agentes psicopolíticos, para que se lhe aplique o eletro-choque e seja reduzido a uma total docilidade, pelo resto de sua vida.
Mediante uma propaganda contínua e crescente com respeito à violência do tratamento, o público chegará a acostumar-se com a presença desses autômatos e, inclusive, a se utilizar deles caso necessário. Desse modo, um grande setor da sociedade, em especial o dos inconformados, pode ser reduzido à escravidão por meio da Psicopolítica.
Por esses meios diversos, o público pode chegar a convencer-se de que os únicos remédios para a cura da demência são o choque, a tortura, a privação, a degradação, o descrédito, a violência, a mutilação, os castigos de todo tipo e a morte. Ao mesmo tempo, tem-se que convencer a sociedade de que a loucura aumenta, dia a dia, entre seus membros . Isso criará um estado de emergência e dará ao papel do psicopolítico foros de providencial e imprescindível.
CAPÍTULO XIII
RECRUTAMENTO DE IDIOTAS ÚTEIS
O idiota útil é um indivíduo bem adestrado que atua com uma obediência total ao psicopolítico (ainda que sem o saber) .
Posto que quase todas as pessoas doutrinadas têm de sofrer certo, grau de tratamento no terreno mental, não será difícil persuadir os que atuam nesse terreno a que se submetam a uma cura moderada, mediante drogas ou choques temperados. Se se conseguir isso, imediatamente o resultado será um idiota útil, conseguido à base de hipnose por dor e drogas. O recrutamento desses elementos revela-se mais eficaz quando se efetua entre os estudantes dos «tratamentos mentais>> que sofram — ainda que em pequeno grau — de alguma depravação ou que tenham sido «tratados» por agentes psicopolíticos.
O recrutamento fica facilitado fazendo-se com que o terreno da saúde mental se torne atrativo, financeira e sexualmente.
O grau de promiscuidade provocado entre os pacientes mentais pode resultar altamente proveitoso para o agente psicopolítico encarregado do recrutamento. O idiota útil poderá, assim, satisfazer seus impulsos lúbricos e estes, devidamente registrados, podem ser utilizados como elemento de extorsão para conseguir sua obediência (em caso de falhar o tratamento da hipnose por dor e drogas) .
As promessas de ocasiões ilimitadas de desafogos sexuais, de domínio, sobre os corpos e almas dos pacientes indefesos, de completa impunidade, podem servir de isca, no terreno da saúde mental, para muitos indivíduos que servirão extraordinariamente aos fins psicopolíticos.
Como o psicopolítico tem sob seu controle os dementes do país, cuja grande maioria tem instintos criminais, e como pode chegar a recrutar elementos entre as fileiras dos criminosos, chegará a ter enormes quantidades de indivíduos à sua disposição, para qualquer ação que se lhe ocorra executar. Como os insanos são propensos a cometer toda classe de excessos sem nenhuma vacilação, quando se lhes aplica o tratamento adequado de castigos e persuasão, a degradação da juventude, o descrédito dos dirigentes e o suborno da justiça se tornarão algo sumamente simples.
O psicopolítico tem a vantagem de poder denunciar, como desequilíbrio mental, qualquer atitude discordante ou qualquer intento de hostilidade contra seus próprios fins.
O psicopolítico deve infiltrar-se nas instituições e evitar, na medida do possível, a prática privada, pois a primeira alternativa lhe proporciona o maior número de seres humanos para usar a serviço do comunismo. Quando tiver atuação privada, deve ser só entre famílias de gente rica e de funcionários do governo.
CAPÍTULO XIV
DESTRUIÇÃO DOS GRUPOS RELIGIOSOS
É sabido que, até há pouco tempo, toda a questão de desequilíbrios mentais, quer se tratasse de uma simples preocupação ou de uma esquizofrenia, era do domínio da igreja e somente dela.
Tradicionalmente, nas nações civilizadas e nas selvagens, eram os sacerdotes que tinham a seu cargo o cuidado com o estado mental das pessoas. Essa tendência ainda subsiste no Ocidente, para grande preocupação dos psicopolíticos, sofrendo oposição somente por esforços científicos, em esferas oficiais e nunca nos ambientes privados.
O magnífico instrumento que nos proporcionou Wundt de nada nos valeria, se não fosse a insistência dos governos dos países civilizados no sentido de utilizar «métodos científicos>> para os problemas mentais. Se esses métodos não tivessem apoio oficial e se se descuidasse um só minuto, as massas voltariam a recorrer aos sacerdotes, aos ministros, e ao clero, em questões de saúde mental.
Hoje em dia, os «métodos científicos>> na América e na Europa não poderiam subsistir se não contassem com o apoio dos governos.
Tem-se que ocultar muito bem o fato de que a média de desequilíbrios mentais tem aumentado, desde que se passou a utilizar esses “métodos científicos”. Deve fazer-se grande ruído, invocando o “ritmo da vida atual” e outros mitos como causas do aumento das neuroses no mundo. A nós pouco importam as causas, se é que existem; mas o que nos importa é não tolerar as tendências que canalizam as neuroses em direção à igreja. Se ao público se permitir que escolha por si só, sem pressão oficial, o lugar ao qual levar seus seres queridos enfermos, elegerá os hospícios de religiosos e evitará, como se fosse peste, aqueles nos quais prevalecem os «métodos científicos”.
A menor provocação, as pessoas se inclinarão, de imediato, a pôr todas as questões mentais nas mãos das igrejas. E são muitas as igrejas a se ocuparem dessas questões, muitas e muito hábeis. Esse terrível monstro, a Igreja Católica Romana, ainda exerce firme domínio no campo das enfermidades mentais do mundo inteiro e seus destros sacerdotes sempre estão à espreita, para dominar o povo. A Igreja Fundamentalista e a de Pentencostes realizam campanhas em prol da saúde mental, que, devido a seus resultados, conquistam muitos adeptos para o culto cristão. No terreno das curas mentais, a Igreja da Ciência Cristã de Boston (Massachusets, EE.UU) distingue-se por sua influência sobre o público e sustenta muitos hospitais. Tem-se que fazer desaparecer tudo isso. Tem-se que as ridicularizar, difamar e desacreditar todas as suas curas, denunciando-as como superstições. Uma quinta parte da atividade do agente psicopolítico deve ser dedicada a combater essas ameaças. Assim como na Rússia tivemos que destruir a Igreja, depois de muitíssimos anos de árduo trabalho, assim também devemos destruir a fé em todas as nações que o comunismo se propõe a conquistar.
A demência deve ser algo que impressione os sacerdotes e profissionais. Seus melhores êxitos devem ser apresentados como casos extremos de demência, sejam quais forem os meios empregados para tal fim.
Não há que se preocupar com o efeito sobre o público. O que importa é o efeito sobre as esferas oficiais. Todas as instituições da nação devem chegar a sentir ódio profundo das curas religiosas. Tem-se que infundir, nos juizes e fiscais, a crença absoluta de que a Ciência Cristã ou qualquer outro método religioso de saúde mental é inoperante, mau, perturbador, odioso e intolerável.
Tem-se que persuadir todas as associações médicas para que apóiem esta campanha; tem-se que apelar para a sua venalidade e, também, para seu sentido de humanidade, para que colaborem em destruir as organizações religiosas preocupadas com o cuidado dos dementes. Há que se cuidar de que essas associações médicas tenham somente militantes comunistas como assessores nesta matéria, porque tais associações devem ser aproveitadas, já que são estúpidas e se alarmam facilmente. Sua fachada e suas atividades devem servir de meio a nossos fins. Temos que conseguir que sejam cúmplices nossos, para nossos propósitos, para que caiam sob nosso domínio e nunca possam voltar a livrar-se dele.
Estamos lutando na América, desde princípios do século, para que desapareça a influência cristã e já o estamos conseguindo. Ainda que pareça que somos clementes para com os cristãos, recordem-se que ainda temos que conquistar o «mundo cristão» para nossos fins. Quando isso for obtido, terminará nossa tolerância. Aqui na Rússia, já os temos como macacos amestrados. Ignoram que lhes damos rédeas soltas, até que os macacos dos outros países tenham caído em nosso laço.
Tem-se que trabalhar até que «religião» seja sinônimo de <<demência>>. Tem-se que conseguir que os magistrados municipais, estaduais e federais não titubeiem em denunciar os grupos religiosos como inimigos públicos.
Recordemos que todos os países estão governados por minorias que só fingem consultar as maiorias. O mesmo sucede na América. O empregado subalterno e o legislador eminente são ambos crédulos e fáceis de enganar. Não há porque convencer as massas. A única coisa a fazer é trabalhar sem cessar para conquistar os funcionários, utilizando a difamação pessoal, a mentira, a calúnia e a propaganda contínua, de modo que os mesmos magistrados e funcionários oficiais sejam aqueles que lutem por nós, contra a igreja e os psiquiatras profissionais.
Do mesmo modo que os funcionários, os médicos de boa fé também se tornem crédulos, se se lança mão da rivalidade profissional. E'da mesma forma que aos cristãos, também os liquidaremos quando for chegado o momento.
Devemos ser como a trepadeira sobre a árvore. Usaremos a árvore para trepar e depois, estrangulando-a, utilizaremos sua seiva para nutrir-nos e fazer-nos crescer.
Devemos eliminar todos os obstáculos de nosso caminho. Temos que utilizar, como instrumento, qualquer autoridade ao nosso alcance. E afinal, com o correr do tempo, eliminaremos toda a autoridade que não seja a nossa e triunfaremos, para maior glória do Partido.
CAPÍTULO XV
PERIGOS QUE SE DEVEM EVITAR
Há certas manobras perigosas que poderão restringir a conquista psicopolítica. Em razão da importância dos setores dos quais provêm, tem-se que tomar a iniciativa e estrangulá-las antes de nascer.
Certos grupos importantes e poderosos do país talvez proponham que os dementes sejam postos aos cuidados daqueles que, durante Séculos, se ocuparam dos enfermos mentais nos povos e tribos: os sacerdotes. Tem-se que combater toda a iniciativa tendente a colocar sacerdotes à frente dos institutos de saúde mental, invocando a incompetência e os desequilíbrios motivados pela religião. A coisa mais nefasta para um operador psicopolítico seria que o cuidado dos alienados fosse atribuído ao clero.
Se existem hospitais de alienados que funcionam a cargo de grupos religiosos, devem ser desacreditados e fechados, a qualquer preço, porque poderia suceder que o número de curas realizadas nesses institutos chegasse ao conhecimento público, que o compararia com o número de fracassos das instituições oficiais, e isso poderia ocasionar um movimento geral em favor de entregar ao clero o cuidado dos enfermos mentais. Tem-se que prevenir isto e impedir toda a possibilidade de que assim suceda.
As leis de um país devem ser elaboradas cuidadosamente, a fim de negar todo direito individual aos desequilibrados. Qualquer sugestão de emendas constitucionais que estabeleçam penas para os que maltratam os alienados deve ser violentamente combatida, com o pretexto de que as medidas violentas são as únicas que dão resultado. Se a lei chegasse a proteger os alienados, como não sucede normalmente, todo o programa psicopolítico seria certamente derrubado.
Tem-se que desestimular qualquer movimento tendente a inspecionar as ordens de internação, requeridas para hospitalizar os enfermos mentais.
Estas devem ser deixadas, por completo, em mãos de pessoas controladas por agentes psicopolíticos. Deve proceder-se com um mínimo de formalismo, e a lei deve prescrever a recuperação dos alienados mediante internamento em hospícios. Desse modo, qualquer movimento para aumentar os trãmites legais nos casos de enfermidades mentais deve ser desestimulado, dada a sua índole urgente. Para facilitar isso, o melhor é instalar um pavilhão de psiquiatria e estudo de enfermos mentais em cada hospital do país.
Tem-se que impedir a publicação de qualquer escrito referente à Psicopolítica, ainda que ocasional. Toda a literatura existente sobre o tema das enfermidades mentais e seu tratamento deve ser suprimida, primeiro por razões de segurança, e depois porque sua terminologia complicada se faz incompreensível. As cifras e estatísticas de curas e falecimentos não devem ser publicadas em jornais. Qualquer investigação que vise a estabelecer se a Psiquiatria e a Psicologia têm contribuído para curar os enfermos deve ser descartada e ridicularizada; para isso, devem mobilizar-se todos os recursos dos psicopolíticos. A princípio, pode ignorar-se, mas se tal coisa não e possível, há de empregar-se todo o peso da influência dos agentes psicopolíticos de todo o país, utilizando toda a classe de táticas; para fazer oposição, devem aparecer publicações especializadas, que declarem enormes quantidades de casos curados pela Psiquiatria e Psicologia e, se necessário, devem publicar-se estatísticas de curas fictícias nas publicações jurídicas, para que sirvam de <<antecedentes>> para desestimular todo o esforço que pretenda aclarar ,este ponto.
Se se descobrem as conexões comunistas de um agente psicopolítico, ,deve~se atribuir o fato*à negligência do mesmo e imediatamente o tirar de sua profissão. Os que escrevem obras que pretendam demonstrar que n sociedade sofre violência e escravidão total por obra dos especialistas mentais, devam ser difamados ou impulsionados ao suicídio, com o fim de desacreditar tais obras.
Toda a legislação que contribua para liberalizar os tratamentos mentais deve ser combatida e eliminada imediatamente. Os tratamentos mentais devem gravitar nas esferas autorizadas e não se deve admitir outra autoridade ou opinião que não sejam as suas, para evitar revelações perigosas.
Os movimentos pró elevação da juventude -devem ser podados e destruídos, já que poderiam por obstáculos nos intentos de fomentar a delinqüência juvenil, o hábito de estupefacientes, o alcoolismo e a promiscuidade sexual.
Os agentes comunistas dedicados à imprensa, ao rádio e à televisão devem ser protegidos, dentro do possível, eliminando-se, mediante as técnicas psicopolíticas, toda pessoa que os tentar atacar. Tais agentes, por sua vez, devem dar publicidade — até onde for possível — aos benefícios das atividades psicopolíticas, com o rótulo de “ciência”.
Não se deve permitir a existência de nenhum grupo dedicado ao estudo das enfermidades mentais dentro das fronteiras da Rússia e seus satélites. Somente podem continuar exercendo-o os agentes psicopolíticos bem conhecidos, e somente em benefício do governo ou contra prisioneiros inimigos.
Deve ser combatido todo o esforço tendente a excluir as Forças Armadas da ação dos psiquiatras e psicólogos.
Toda investigação acerca do “suicídio” ou do desequilíbrio mental repentino de qualquer dirigente político deve ser realizada só por agentes psicopolíticos ou por «idiotas úteis”, seja ou não a Psicopolítica responsável pelo mesmo.
0- crime e a violência contra pessoas que lutem contra o comunismo em um país devem ser descartados como prejudiciais e proibidos. Somente devem empregar-se a difamação e a acusação de demência.
CAPÍTULO XVI
RESUMO
Nestes tempos de recursos ilimitados, em que os antagonismos nacionais possibilitam uma guerra nuclear entre as potências capitalistas, a Psicopolítica deve atuar com maior eficácia que nunca.
Todas e cada uma das atividades e campanhas psicopolíticas devem ser usadas para colaborar com as atividades de outros agentes comunistas dispersos pela nação-alvo.
O fracasso da Psicopolítica poderia ocasionar o bombardeio de nosso próprio país.
Se a Psicopolítica conseguir seu objetivo em todas as nações capitalistas do mundo, não ocorrerá uma guerra nuclear, porque a Rússia terá dominado todos os seus inimigos .
O comunismo já ocupa uma sexta parte do mundo habitável. As doutrinas marxistas têm-se infiltrado nas partes restantes. Em todas as partes, tem triunfado uma prolongação da ordem social comunista. O comunismo não se tem imposto pela força das armas e sim peia conquista das mentes. A Psicopolítica é a expressão mais refinada de tal conquista.
O operador psicopolítico deve triunfar, porque seu triunfo significa um mundo de paz. Seu fracasso poderia significar a destruição das partes civilizadas da Terra, «por meio das armas nucleares utilizadas pelos dementes capitalistas>>.
O fim justifica os meios. A degradação das massas humanas é menos desumana que sua destruição mediante a guerra nuclear, porque, para o animal que só tem uma vida, essa vale mais do que a morte.
O fim da guerra é a dominação do povo conquistado. Se um povo é dominado sem luta, o fim da guerra será conseguido sem destruição, material. Eis aí um propósito louvável. O psicopolítico tem sua recompensa no controle quase infinito das massas e na supremacia comunista sobre a estupidez dos inimigos do Povo. Milhares de crianças em idade escolar estão sendo forçadas a tomar anfetaminas, muitos milhares têm sofrido lobotornias e controle eletrônico da mente, que agora
está sendo rapidamente desenvolvido.
INTRODUÇÃO À EDIÇÃO ARGENTINA
O comunismo intenta a criação de um homem <<novo>>, totalmente novo e diferente daquele que tem conhecido a tradição humana e cristã dos povos. Nessa tradição, como tive ocasião de expor em recentes obras, o homem trabalha para dispor de riquezas que lhe possibilitem viver; vive para conseguir um alto enriquecimento cultural da vida, do pensamento; pensa, enfim, para aproximar-se de Deus, que é o seu Principio e Fim. O homem, definitivamente, foi feito para contemplar Deus. Poderá, é certo, ocupar-se de muitas outras atividades, porém só na medida em que as mesmas o disponham e preparem para esta sua tarefa essencial, que é a única para a qual foi criado.
O comunismo, em troca, ao suprimir Deus do horizonte do homem, sustenta que ele não é senão uma ferramenta de trabalho, útil na grande fábrica em que se transforma toda a cidade dos homens.
Essa transformação plena do conceito de homem implica numa nova concepção do universo, no qual tudo tem de reduzir-se a um processo dialético no sentido hegel~marxista. Ou seja, a um processo dos seres, do próprio homem, dos povos e da história, numa luta incessante e interminável do ser e do não ser, da mentira, do ódio e do crime. Tudo tem de converter-se em Guerra Revolucionária contra o homem. Guerra Revolucionária pela conquista do poder de um povo e, quando no poder, Guerra Revolucionária para converter o homem em um mero escravo da nova sociedade revolucionária.
Porém, para que a Guerra Revolucionária seja realmente eficaz, não deve atuar apenas fora do homem e sim no homem, em sua totalidade, alcançando não só o corpo, mas também a alma. Daí o comunismo prestar cada vez mais atenção à ciência da Psicopolítica ou ciência da lavagem cerebral. Quando se fala de lavagem cerebral, as pessoas tendem a pensar que isso não se pratica senão em escala individual. Por isso, preferimos o nome de Psicopolitica, por fazer referência explícita ao político ou coletivo, dimensão na qual o comunismo pratica de preferência
a lavagem cerebral. É essa, na verdade, a ciência da domesticação dos povos. Uma nova espécie de ciência arquitetônica que, lançando mão de todas as conclusões das outras ciências humanas, em especial da Psicologia e Sociologia, trabalha na elaboração de um novo tipo de homem domesticado. Algo já foi mostrado ao grande público, do poderio desta ciência, com «1984», de Orwell, e com “O Retorno ao Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley. Mas como esses são livros de ficção, o leitor pode estar induzido a pensar que a prática desta formidável ciência está limitada ao, campo da fantasia. Por isso, faz-se urgente e necessário dar conhecimento aos leitores da Argentina do texto comunista de Psicopolítica, tal como chegou ao mundo Ocidental. O primeiro material sobre Psicopolítica foi divulgado nos Estados Unidos no ano de 1953, por Charles Stickley, e depois, em 1956, por Kenneth Goff, que divulgaram realmente o mesmo texto usado pelo poderoso policial da União Soviética, Laurenti Béria. A edição que ora apresentamos é o texto de Stickley, que concorda substancialmente com o de Goff.
O leitor logo perceberá que o grandioso progresso operado pelas ciências fisio-psicológicas e psiquiátricas, nos últimos cinqüenta anos, tem sido posto a serviço dessa prática de transformação da psiquê humana. Unia prática, poderíamos dizer, diabólica de transformação do homem. Para isso, utilizam-se não só das !teorias da Psicanálise da escola freudiana, sobre o «armazenamento» no fundo da consciência de tudo o que o homem, ainda que sem se aperceber disso, recebe através dos sentidos, como também das teorias dos reflexos condicionados, elaboradas nas célebres experiências dos cães, de Pavlov.
Pela prática da Psicopolítica, povos inteiros se convertem em laboratórios onde indivíduos ou grupos, mais ou menos grandes, de indivíduos são submetidos, com diferentes técnicas, a um tratamento de domesticação, como se fossem animais vulgares, dos quais não se trata senão de ter o maior rendimento com o menor esforço. Dessa forma, ciências nobilíssimas, como a Política e a Economia, que até aqui eram consideradas como ciências de valor humano, convertem-se em técnicas de domesticação coletiva, que não ultrapassam a esfera da fisiologia animal. O homem não é senão um ser movido por diversos instintos, cuja manipulação, puramente fisiológica, há de resolver, em mãos de expertos psicopolíticos, os grandes problemas da condução dos povos.
O leitor argentino poderá apreciar o valor e a importância das páginas que publicamos se tiver em conta que, neste preciso momento nossa querida Pátria está submetida por forças ocultas internacionais à Guerra Revolucionária comunista. Em conseqüência, também em nossa Pátria há de estar operando febrilmente um grupo de homens que, dotados de poderosos recursos internacionais e com toda a atuação das Ciências Psicopolíticas e Sociológicas novíssimas, propõem-se a efetuar a tarefa criminosa e diabólica de aplicar em nossas crianças, adolescentes, jovens e ainda em certos homens maduros, colocados em pontos chaves da vida nacional, esta ciência da domesticação do homem. Chegará o momento de revelar algo sobre esta matéria. Basta, por ora, saber que um dos centros mais ativos dos visíveis é constituído, atualmente, pelo grupo, vastamente ramificado, que se reúne ao redor dos judeus comunistas, o psicólogo Jaime Berstein e o sociólogo Gino Germani, da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires.
O texto de Psicopolítica, que pela primeira vez é publicado entre nós, há de contribuir para criar consciência da terrível periculosidade do comunismo.
JULIO MEINVIELLE
Buenos Aires, «Festa de Reis>> de 1963.
INTRODUÇÃO À EDIÇÃO AUSTRALIANA
Ao publicar-se, pela primeira vez, uma síntese do manual comunista de Psicopolítica — ciência conhecida geralmente como «Lavagem Cerebral» — faz-se necessário põr em relevo que o feito de não se captar a idéia de que um dos propósitos fundamentais da conspiração comunista é atacar a mente e a alma do homem significa entregar o indivíduo indefeso em mãos de seus inimigos.
Lendo as diretivas comunistas sobre a lavagem cerebral, haverá muitos que se horrorizarão ante o que elas contêm e se perguntarão como é possível que semelhante perversidade se organize e funcione com eficácia nos países não comunistas. Por desgraça, as vítimas já chegaram a uma cifra elevadíssima, sem que ninguém, salvo uns poucos, se dê conta cabal do que está ocorrendo.
As diretivas psicopolíticas foram publicadas, pela primeira vez, na América do Norte, em 1955, por obra de Charles Stickley, que declarou não poder revelar as fontes de tal material, para não comprometer a vida daqueles que lho haviam fornecido. No início de 1956, Kenneth Goff, ex-comunista norte-americano, publicou também o mesmo material, em forma de folheto. O texto é idêntico ao de Stickley, salvo pequenas diferenças no que diz respeito ao discurso de Béria. Para a presente edição, foi utilizado o texto de Stickley.
Um ex-oficial do Serviço de Informações do Exército norte-americano, em carta dirigida à Liga dos Direitos Australianos, expressou que, se bem que não lhe havia sido possível conseguir um exemplar do manual comunista original, <<não cabia dúvidas de que ele (Goff) tenha lido certos textos aos quais agora já não tem acesso. Além disso, a evidência que surge do conteúdo do livro é sumamente convincente para quem quer que esteja bem familiarizado com a organização, os métodos e os objetivos comunistas .
Não se pode negar que as técnicas da lavagem cerebral, esboçadas neste livro, estão sendo aplicadas, sob diversas formas, em todas as partes do mundo.
Lenine, gênio do mal, fez ver claramente que tinha grande interesse no ataque à mente humana. O doutor Boris Socoloff, médico que desempenhou um importante papel nos acontecimentos que culminaram com a revolução bolchevista, revela, em seu livro «The White Nights» (As Noites Brancas), certas conversações íntimas entre Lenine e o Dr. Ivan Pavlov, que 'prepararam o terreno para as experiências soviéticas tendentes a uniformizar o pensamento e a conduta humana. O Manual de Psicopolítica alude à importância dos trabalhos de Pavlov.
No informe sobre o comunismo, preparado pela Real Comissão, Canadense, a seção dedicada ao Desenvolvimento da Motivação Ideológica trata, de forma brilhante, de um dos aspectos da lavagem cerebral. Tal informe expressa que «as provas apresentadas demonstram que, na maioria dos casos, a motivação estava intimamente relacionada com os recursos da Psicologia».
O ex-senador norte americano Jack Tenney, de ativa militância como cristão e patriota, que dirigiu a investigação oficial sobre atividades comunistas na Califórnia, particularmente em Hollywood, e era considerado grande especialista na matéria, declarou ao final de seu informe sobre a lavagem da mente na América do Norte:
“Em circunstâncias normais, os esforços de uma ínfima minoria para condicionar o cérebro de milhões de cidadãos, ou para levá-los ao internamento em hospícios, pareceriam coisa incrível e até hilariante. Mas estas não são circunstâncias normais, nem épocas normais. Vivemos na era do Grande Engano, quando os ajuizados são tidos por dementes e os dementes estão convertidos em psiquiatras internacionais...» .
Basta que estudemos detidamente o texto de Psicopolítica e o comparemos com os acontecimentos atuais em todos os países ocidentais, para convencermo-nos de que estamos ante uma espantosa realidade. Por exemplo, nestes últimos anos, vem-se fazendo cada vez mais publicidade em torno das campanhas pró «saúde mental». O ex-comunista Goff, em sua declaração sobre a autenticidade do Manual de Psicopolítica, alude à Lei de Saúde Mental do Alaska. Tal Lei produziu, nos Estados Unidos, uma onda de oposição tão violenta por parte dos grupos cristãos e patriotas, que se criou uma subcomissão do Senado para estudar esse assunto em especial. A legislação foi modificada posteriormente.
Durante as audiências, fez-se notar que a legislação aludida pretendia estabelecer que qualquer cidadão poderia entrar em juízo contra outro cidadão ou cidadãos e que «um trabalhador social ou um higienista estaria autorizado a penetrar em qualquer lar norte-americano — que todo cidadão considerou até agora como sua fortaleza — para fazer deter um indivíduo em virtude de um mero testemunho oral...”
(declaração do major Robert Williams, ex-agente dos Serviços de Informações Norte-Americanos) .
Também se apresentaram provas para demonstrar como um indivíduo que, ao ser preso, estava em pleno gozo de suas faculdades, podia ser convertido, mediante a aplicação de drogas, em um enfermo mental, que logo era declarado insano pelos psiquiatras. Durante as audiências sobre a Lei de Saúde Mental do Alaska, foi lida, como uma das provas, a seguinte notícia, aparecida em «The Los Angeles Examiner”, de 6 de janeiro de 1956:
«O doutor Nicholas A. Bercel, psiquiatra de Beverly Hills, qualificou de grande adiantamento o novo método de provocar enfermidades mentais em um indivíduo normal, injetando-lhe ácido lisérgico com dictilamida (LSD), com o objetivo de estudar os resultados. Estes feitos ameaçadores indicam a necessidade urgente de fortalecer as garantias constitucionais do indivíduo e de se resistir a qualquer tentativa, por mais sutil que seja, de menosprezá-las.”
É difícil saber até que ponto se chegou quanto ao emprego de drogas e outros métodos de controle mental nos países atrás da Cortina de Ferro. Mas o famoso processo do Cardeal Midtzensty, por exemplo, demonstra que os comunistas sabem terem seus métodos de controle tanta eficiência, que logo podem apresentar suas vítimas em público, sem nenhum temor de que reajam. Não há dúvida de que os comunistas estudaram exaustivamente todos os métodos possíveis de ofensiva contra a mente.
Em uma conferência que pronunciou pela B. B. C. a 11 de novembro de 1953, o doutor Sargent salientou que o ataque à mente é o problema mais grave que ameaça hoje a civilização ocidental. O pronunciamento do doutor Sargent versou sobre o tema de doutrinação e descreveu a aplicação das teorias de Pavlov na política atual. Pavlov é, por certo, um dos criadores da Psicopolítica. No curso de sua conferência, disse o doutor Sargent: «Os médicos britânicos estão agora tratando de saber o mais possível acerca desses métodos tão terríveis e eficazes para trocar as idéias e as convicções dos homens, em grande escala, porque, em última instância, o destino do mundo dependerá de que as massas se resolvam a adotar um outro modo de vida”.
E isso é o que interessa fundamentalmente aos comunistas: TROCAR, EM GRANDE ESCALA, AS IDÉIAS E AS CONVICÇÕES DOS HOMENS. Por desgraça, existe grande quantidade de gente bem intencionada que está sendo utilizada para levar adiante o ataque à mente, sem se dar conta do que está fazendo. O solapamento dos princípios morais cristãos, o debilitamento da fidelidade em prol de um poder internacional centralizado, tão capaz de criar uma Utopia mundial, tudo isso forma parte do plano descrito com clareza na presente obra. Por certo que, nesta introdução, apenas é possível assinalar algumas das fontes desse ataque geral. Mas fazemos notar a utilização da ONU e de alguns de seus organismos, para que se perceba a seriedade do perigo de que falamos.
Enquanto muitos idealistas vêem a ONU como uma esperança de paz mundial, os comunistas a consideram como a plataforma mais importante, a partir da qual poderão dirigir a propaganda contra os países livres. Mas as provas mais alarmantes do insidioso ataque contra a mente humana, dirigido por homens que não ocultam sua decisão de exterminar a civilização cristã, as encontramos em organismos internacionais como a Organização Mundial de Saúde e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Os autores do Manual de Psicopolitica aplaudem com entusiasmo, sem dúvida, a seguinte declaração do doutor Brock Chisholm, diretor da Organização Mundial de Saúde: «Tivemos que engulir toda classe de peçonhentas convicções que nos foram administradas por nossos pais, nossos professores e por nossos mestres de religião>>. Em continuação, explica qual é o remédio: «Voltara interpretar e por último eliminar as noções do bem e do mal... Quase todos os psiquiatras e psicólogos tém,se libertado dessas ataduras morais» .
Centenas de milhões de libras, proporcionadas pelos cidadãos dos países não comunistas, são utilizadas por gente como este doutor Chisholm, por meio de diversos organis mos internacionais, com o fim de realizar exatamente o que aconselha 6 Manual de Psicopolitica. Existem provas documentais que confirmam mossas afirmações. Mas repetimos: o homem comum está completamente alheio à guerra que se trava contra sua mente e suas convicções. A imprensa mundial pouco ou nada informa sobre certas conferências, tais como o Congresso Internacional de Saúde Mental, realizado em 1948. Presidiu-o o doutor Chisholm, e todos os oradores referiram-se à necessidade da «cura mental>> para quebrar os vínculos de família, nacionalidade e religião. Textos escritos pelo doutor Chisholm e seus colegas, esses que têm rejeitado “toda noção do bem e do mal”, estão chegando a todas as instituições em que se processa a formação de nossas juventudes. Nesses textos, afirma-se, com toda a clareza, que os patriotas genuínos têm que ser considerados como indivíduos com sintomas de desequilíbrio mental, que necessitam de tratamento psiquiátrico: precisamente o que recomendam os autores desse manual.
A seguinte declaração de A.K. Chesterton, grande escritor e patriota inglês, em seu periódico <<Candour>>, de 26 de outubro de 1956, mostra outro aspecto da «cura mental>>:
«O setor ocidental do projetado Estado Policial Mundial parece estar preparando o caminho para silenciar seus opositores políticos. Seus métodos teriam de ser algo mais útil que os utilizados pelos assassinos e escravizadores do Kremlin. Em certa carta enviada por um de meus melhores correspondentes canadenses, lê-se o que cito em continuação: «O Departamento de Saúde continua dedicado a fazer com que todo o mundo se ocupe da saúde mental, de modo que se torne natural a consulta ao psiquiatra e, depois, a internação em um hospício. Na televisão, prossegue a exibição de fotografias, captadas através de vidros, violadoras da intimidade do paciente, sem que este o saiba. Finalmente, os en. fermos, atores provavelmente, nos dizem quanto melhoraram com o tratamento mental, depois de haverem descrito os terríveis sintomas anteriores. Também pela televisão, um sujeito chamado Katz, da revista 'Mclean's, foi entrevistado por outro indivíduo sinistro. Disse que grandes quantidades de um produto químico destinado a se utilizar no Teste X (para demonstrar que o paciente sofre de uma enfermidade mental) têm sido enviadas a muitos países. Logo chegará uma dose a Toronto. 'Que significa isso para o homem comum?', perguntou o entrevistados.
Significa que esse teste logo será coisa normal e se aplicará em todo enfermo que ingresse em um hospital. Também poderá ser utilizado pelos médicos em seus consultórios'. A seguir, acrescentou: 'Não se vai esperar que um homem se ponha de cabeça para baixo, para aplicar-se tal teste. Será aplicado às pessoas que falem 'com juízo' e se a reação for positiva, empregar-se-á em seguida o tratamento”
O comentário de meu correspondente não requer acréscimos. ‘É uma das coisas mais terríveis que tenho ouvido”, escreve-me e acrescenta: «Logo receberemos a advertência de que nossos filhos deveriam ser tratados, visto que poderiam ter tendências esquizofrênicas”.
Não queremos que se pense, com alarmismo, que todos os psiquiatras e psicólogos são charlatães ou comunistas disfarçados. Mas já faz muitos anos que um pequeno grupo de psiquiatras e psicólogos cristãos tem chamado a atenção, geralmente sem maior ressonância, para as idéias perigosas propagadas pela maioria de seus colegas. Alguns até têm chegado a falar em «negócio criminoso>>. Por exemplo, o famoso cirurgião de cérebro, doutor Percival Barley, da Universidade de Illinois, tem declarado, sem rodeios, que está consternado ante os efeitos que se seguem a uma lobotomia. É sugestivo que o Manual de Psicopolítica acentue o valor das operações do cérebro e do eletrochoque. O doutor Barley declara que a grande revolução neurocirúrgica tem fracassado. E menciona algumas de suas horrendas conseqüências, horrenda para qualquer cristão, mas satisfatória para os que se têm proposto a provocar o caos deliberadamente.”
O doutor Barley também declara que a esquizofrenia será curada não pela psiquiatria, mas pela farmacopéia.
Sua opinião, no sentido de que os colapsos mentais são fundamentalmente um problema de nutrição, tem sido avalizada nada menos que pela autoridade do doutor J. F. Cade, psiquiatra, diretor, durante muitos anos, do <<Royal Park Receiving Home>> em Vitória (Austrália) . Os que tiverem interesse pela matéria podem ler o artigo do doutor Cade, publicado no «Medicai Journal Of Austrália>>, de 28 de julho de 1956. O doutor Cade opina que as «explicações psicológicas e sociológicas não parecem ter fundamento real>> com relação ao colapso nervoso, e acentua que a incidência do desequilíbrio mental é mínima em certas regiões onde são consumidos certos alimentos, em especial as frutas com caroço. Os psicopolíticos têm, logicamente, que rechaçar essa opinião, a fim de fomentar sua campanha em prol da «cura mentab5. Antes de abandonar este tema, ofereceremos mais outro dado, digno de ser levado em conta no que se refere ao conteúdo desse manual. O trecho seguinte, tomado de uma declaração conjunta prestada pelo doutor John Maurice e Gerald E. Wilcox, engenheiro civil, ante a sub-comissão do Senado Norte-Americano sobre Lei de Saúde do Alaska (já mencionada), fala por si só:
«O doutor Joseph Wortis é um desses propagandistas mais proeminentes e de maior influência. O doutor Wortis estudou com Sigmund Freud e introduziu, nos Estados Unidos, o perigoso e duvidoso tratamento por choque. Praticou a Psiquiatria no hospital de Bellevue e na Associação de Veteranos”.
«O doutor Wortis distribuiu ensinamentos a muitos psiquiatras jovens, tem feito numerosas conferências e é muito lido por seus 'colegas psiquiatras. Dez mil exemplares de seu livro «Soviet Psychiatry>> (Psiquiatria Soviética) foram vendidos aos universitários e aos médicos. As provas submetidas à Comissão Judicial do Senado demonstram que o livro é de propaganda soviética, mais do que de psiquiatria.”
«O doutor Mishchenko atestou que esse livro «representa uma coletãnea de elementos oficiais soviéticos impregnados do espírito da filosofia comunista...». .
«Quando foi interrogado pela comissão acerca de suas conexões com o Partido Comunista, o doutor Wortis negou-se a responder, invocando a Quinta Emenda”.
«Outro psiquiatra que agiu de maneira análoga foi um dos homens de maior influência no Pentágono durante a Segunda Guerra Mundial. O doutor Julius Schriber, que presidiu, em 1955, a Associação de Saúde Mental do Distrito de Colúmbia e, em 1944/45, foi Chefe da Seção de Programas do Plano de Orientação do Exército Norte-Americano».
A grande maioria dos psiquiatras que atuam nos Estados Unidos não e cristã.
Em seus ataques contra a mente, os comunistas também têm tentado destruir o valor das palavras como um dos laços entre a mente e a realidade. Pavlov acentua a importância das palavras como vínculo com a realidade. Em 1896, o filósofo francês Gustave Le Bon publicou sua pequena, mas importantíssima obra, «A Multidão”, na qual fazia notar ,que a maioria das revoluções se têm feito trocando o significado das palavras, do qual tem resultado uma confusão de idéias. Uma quantidade de gente repete, sem pensar, certas <<instruções>> premeditadas, sem perceber seus verdadeiros alcances. Um dos fundamentos do sistema econômico de livre empresa é o fator lucro. Mas os comunistas, mediante sua contínua propaganda inescrupulosa, têm conseguido criar a opinião de que o fator lucro é maléfico. Com isso, têm conseguido estabelecer eficazmente o que poderíamos chamar de complexo de culpa em grande escala. Esta pequena obra não se ocupa em especial das perversões do idioma, mas todo aquele que quiser desempenhar um papel ativo na luta contra o ataque à mente deve inteirar-se desse aspecto da luta.
Muitos outros também se têm ocupado da questão. Recomendamos, em particular, a leitura do grande livro de Charles Morgan, intitulado «Liberties of the Mind» (Liberdades da Mente), especialmente a primeira parte. Morgan cita as palavras de um psiquiatra seu amigo, que coincide no afirmar que agora é possível obter o controle total da mente.
«...estamos todos sendo condicionados para aceitar uma limitação da liberdade... Isso é o que temo inconscientemente, ainda quando nos achamos preparados para superar essa nova contaminação, que não nos poderia danificar antes de 1937... Mas a grande massa de nosso povo não conta com essa imunidade e não tem noção do perigo... É possível imaginar inúmeras maneiras mediante as quais o grosso da população está sendo condicionado ou preparado para essa transformação mental, essa perda da individualidade e da identidade>>.
Os acondicionadores da mente não só estão utilizando as técnicas esboçadas neste folheto; agora estão capacitados para empregar o que se tem denominado ataque «subliminar» contra a mente humana. Há anos que os psicólogos experimentados conhecem o efeito que tanto os sons, como as imagens não percebidos conscientemente podem ter sobre o subconsciente. já se demonstrou que a gente pode estar vendo um filme, sem perceber que uma inscrição aparece com regularidade na tela, a uma velocidade demasiado elevada para ser percebida pela mente consciente, mas que causa um impacto no subconsciente. A inscrição só pode ser vista quando a película é passada em câmara lenta. Uma firma inglesa aumentou recentemente, de forma notável, as vendas de sua marca de sorvete, utilizando esse sistema. Um procedimento análogo pode empregar-se com o som.
As aterradoras possibilidades do ataque «subliminar» são, portanto, evidentes. Mediante a moderna propaganda centralizada, agora se torna possível que toda a comunidade seja objeto de ataque, sem que perceba o que está acontecendo. Não existe a menor dúvida de que se estão empregando todos os esforços para usar extensamente esse método na guerra para o domínio da mente e da alma do homem.
Portanto, não surpreende que os psicopolíticos expressem a opinião de que o comunismo pode ganhar a guerra sem provocar um conflito militar de importância. O ataque contra a mente deve ser enfrentado, e para resistir eficazmente não cabe dúvida de que as igrejas cristãs devem liderar a contra-ofensiva.
A verdade é que o Estado secular não pode enfrentar esse desafio, tal como se viu no caso dos prisioneiros cristãos capturados durante a guerra da Coréia e submetidos a lavagem cerebral (a propósito, esses métodos foram expostos em um filme americano, <<O Embaixador do Medo>>, que desapareceu pouco depois de cartaz, sem voltar a ser exibido); somente aqueles que tinham uma fé profunda nas verdades fundamentais puderam sair relativamente ilesos de tão terrível prova. Todos os cristãos deviam estudar detidamente as conclusões do texto da presente obra e logo se unirem ao grupo de patriotas da cristandade que lideram a luta para salvar a mente do homem. A civilização ocidental tem que ganhar esta guerra ou, do contrário, perecerá.
ERIC D. BUTLER
Diretor da Liga dos Direitos. Victória (Austrália).
APÊNDICE I
UM EX-COMUNISTA FALA DA PSICOPOLITICA
Kenneth Goff, ex-comunista e atualmente cruzado do anticomunismo norte-americano, declarou o seguinte:
«Desde 2 de maio de 1936 até outubro de 1939, fui filiado contribuinte do Partido Comunista, no qual atuei com meu próprio nome, Kenneth Goff, e também com o pseudônimo de John Keats... Durante o período em que fui membro do Partido, assisti aos cursos de doutrinação na escola situada no 113 E. de Wells Street, Milwaukee (Wisconsin), que funcionava com o nome de “Eugene Debs Labor School”. Ali, fomos adestrados em todos os tipos de luta, físicas e psicológicas, para destruir a sociedade capitalista e a civilização cristã. Como parte de nosso curso, estudamos a fundo a questão psicopolítica.”
“Tratava-se de submeter a mente de uma nação por meio da lavagem cerebral e da falsa cura mental; submeter povos inteiros ao domínio do Kremlin, pela submissão de suas mentes. Foi-nos ensinado que degradar a população é menos desumano que bombardeá-la... se um povo pode ser conquistado sem luta, os fins da guerra deverão ser alcançados evitando-se a destruição e a violência.”
“Durante os últimos anos transcorridos, observei, com horror, o desenrolar da guerra psicológica sobre o povo norte-americano. Primeiro foi a lavagem cerebral em nossos soldados na Coréia e, logo após, a bem financiada propaganda em prol da saúde mental, levada a cabo por grupos esquerdistas de influência; como resultado disso, muitos de nossos Estados têm aprovado leis que bem podem ser aproveitadas pelos inimigos de nossos países, para torturar e encarcerar os que pregam o Evangelho e se opõem à ameaça do comunismo... Esse texto era usado nas escolas clandestinas de doutrinação... seu conteúdo geral foi tirado do “Manual Comunista de Adestramento para a Guerra Psicológica” e tem sido usado na América do Norte para instruir os quadros de militantes comunistas”.
Goff também explica que o último capítulo do texto sobre Psicopolítica é um acréscimo ao curso principal e evidentemente foi acrescentado em anos recentes, depois da primeira demonstração do poderio atômico como instrumento bélico.
PASSOS NA DIREÇÃO DO CONTROLE DA MENTE
Pelo Deputado Federal norte-americano
p JOHN G. SCHMITZ
A suprema ditadura é o controle direto da mente humana. É a culminação lógica do impulso na direção da escravização do homem pelo homem, que tanto tem maculado a história do mundo .
Em tempos mais simples, escravizavam~se os corpos dos homens com o emprego de força bruta, chicote e correntes . Eles eram postos a trabalhar para seus donos, assistidos por feitores, dirigidos e vigiados. Era-lhes dito que deveriam aceitar seu destino passivamente, e os submissos freqüentemente faziam isso; mas homens e mulheres de coragem não faziam. Havia fugas e rebeliões. Com o tempo, a consciência do homem ocidental não teleraria mais uma perversidade tão flagrante e a escravidão, como instituição legal, foi abolida em fins do século passado em todas as nações do ocidente.
Mas, tão logo foi legalmente abolida, a escravidão ressurgiu sob nova forma, mais sutil e mais perigosa, disfarçada em propaganda, e firmou-se em nome de ideologias nobres. Tendo deixado de ser legal como instituição privada, a escravidão tornou-se pública. Ao invés de permitir que alguns homens escravizassem outros homens, o Estado agora escraviza todo mundo e chama a isso de igualdade. Uma vasta estrutura nova, sob um partido único, um conselho comunitário ou Soviete; polícia secreta; um líder glorificado; e um aparato administrativo compacto foram estabelecidos para escravizar totalmente o homem, tanto no pensamento como na ação, usando todos os instrumentos de propaganda, para convencer os homens submetidos a essa escravidão e aqueles geográfica e politicamente fora de seu alcance de que tudo isso era bom. Assim foi
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o sistema na Alemanha Nazista, e assim é o sistema na União Soviética, na China Maoista e em toda ditadura comunista.
O controle do pensamento pela propaganda, apoiando o controle ditatorial da palavra e da ação pela força, tem feito mais maldade nas nações totalitárias do século XX do que os mais cruéis escravizadores dos tempo antigos. Mesmo assim, as técnicas modernas para manter a ditadura não são inabaláveis. A propaganda é altamente eficaz, mas não convence a todos indistintamente. Haverá sempre alguns homens que não sucumbirão, cujas mentes permanecerão livres. E como a meia-verdade' e a mentira seguem uma à outra, numa corrente aparentemente interminável, o número dos céticos tende a crescer.
Mesmo na Rússia Soviética, o <<Pravda>> não é universalmente acreditado. E a maioria dos nossos homens aprisionados pelos comunistas na Coréia resistiu com grande sucesso à lavagem cerebral. Mais instrutivo é o exemplo, agora quase esquecido, de milhares de prisioneiros chineses (vermelhos) capturados na Guerra da Coréia — homens que tinham vivido exclusivamente sob a influência da propaganda comunista — que pediam para ir para Formosa em vez de serem mandados de volta para seus lares, na China sob controle comunista.
E houve também os jovens lutadores pela liberdade da Hungria, na insurreição de 1956, muitos dos quais nada tinham conhecido além da ditadura, primeiro sob os nazistas e depois sob os comunistas. Mesmo assim, eles ansiavam pela liberdade, ousavam lutar por ela e morriam tentando conquistá-la, apesar de tudo o que seus professores e os propagandistas oficiais tinham feito para retirar tais pensamentos de suas mentes.
Como resultado, o moderno totalitarismo, em sua busca por melhores meios de escravizar seus concidadãos, tem procurado um método de controle direto da mente humana, através da ação química e física sobre o cérebro. Até muito recentemente, a discussão dessa perspectiva restringiu-se ao campo da ficção futurológica, de que é exemplo o livro «1984», de George Orwell. Mas agora acumulam-se evidências de que o controle direto da mente pode tornar-se tecnologicamente possível dentro em breve.
No exterior, nos países onde o totalitarismo é evidente, pouco tem sido dito a respeito do controle da mente. Seus líderes, numa atitude coerente com a finalidade de seus lúgubres planos de controle físico e químico da mente humana, mantêm-se silenciosos quanto aos mesmos.—93—
Nossos cientistas ou psicólogos não fazem o mesmo. Eles, ao contrário, já falaram e fizeram o suficiente para nos darem motivos de sobra para fazê-los parar enquanto é tempo.
Ainda há tempo. Mas nós devemos saber o que eles estão fazendo aqui nos EUA e quão rapidamente se movem.
O Dr. B. F. Skinner, considerado por muitos o líder dos psicólogos da América de hoje, deu a conhecer esse novo controle da mentelumana em seu livro amplamente discutido «Beyond Freedom And Dignity>> (<<Além da Liberdade e da Dignidade>>), publicado em fins de 1971. Nesse livro, o Dr. Skinner deixa bem claro seu empenho em promover a mudança dos homens da maneira que ele considera desejável, por todos os meios que farão essa mudança a mais certa, mais difundida e aceitável, mas totalmente sem consideração para com seus direitos. De fato, como o título desse livro indica, Skinner rejeita a idéia de que os homens têm direitos, dizendo que sua liberdade e dignidade devem ser sacrificadas para formar «o novo homem>>, na imagem coletiva.
As técnicas necessárias para alcançar a meta do Dr. Skinner, no processo de construção definitiva do Estado totalitário, estão agora em rápido desenvolvimento e estão sendo testadas atualmente em. milhões de americanos. E estão mostrando diabólica eficiência.
O crescente uso do controle da mente em crianças de nossas escolas públicas foi trazido à luz em setembro de 1970, pelo Senador Cornelius J. Gallagher. Pesquisadores de drogas descobriram que a anfetamina — conhecida por aqueles que a usam como <<speed>> (velocidade) — atua em adultos e adolescentes como estimulante, mas tem efeito contrário em crianças de turmas atrasadas nas escolas, deprimindo-as e tornando-as dóceis e submissas. Com grande entusiasmo, professores e diretores de escolas públicas começaram a colaborar com «doutores interessados>>, dando anfetaminas — mais freqüentemente, um tipo de anfetamina contida numa droga chamada «Ritalin» — às crianças que apresentavam problemas de comportamento na escola. Elas são chamadas hiperativas e consideradas atacadas de «disfunção do cérebro>>, um distúrbio vagamente definido, desde que, como seu próprio nome indica, nenhum dano real do cérebro pode ser encontrado onde se supõe que exista. De acordo com o Senador Gallagher, pelo menos um quarto de milhão de crianças nos Estados Unidos estão sob a ação de «Ritalin» ou drogas similares contendo anfetamina. 1
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Conquanto pareça ser realmente anormal o <<comportamento hiperativo>> de algumas crianças, há grandes possibilidades de que os diagnósticos desse distúrbio sejam feitos de maneira abusiva. É, acima de tudo, um diagnóstico que professores e diretores incompetentes e preguiçosos podem utilizar em qualquer criança que cause problemas e que, devido às limitações desses <<educadores>>, não possa ser controlada. Esses problemas, que devem ser longamente pensados e esclarecidos. podem ser resolvidos drogando-se as crianças. Todo pai sabe quão ativas as crianças perfeitamente normais são, ou podem ser, quando faltam a disciplina e os estímulos adequados para suas mentes.
Há testemunho de aplicação de doses substanciais de t<Ritaliw, ein crianças de escolas públicas de Omaha, Nebraska e Little Rock, Arkansas. Em todos os casos, o testemunho revelava uma colaboração informal mas real entre autoridades dessas escolas, pessoal médico local e clínicas envolvidas no estudo e distribuição de drogas contendo anfetaminas. O resultado dessa colaboração, de acordo com o testemunho, foi induzir grande número de crianças a tomarem «Ritalin» regularmente, com forte pressão sobre os pais relutantes em concordar — incluindo ameaças de desforra contra as próprias crianças, na escola.
Considere-se o testemunho de Mrs. Daniel H. Youngs, ex~mcradora de Little Rock, Arkansas:
<<A pressão foi extrema. Nós recebíamos quase que diariamente notas dos professores das crianças e chamados da escola. Afirmavam-nos que nossas crianças estavam falhando em todos os assuntos. Nós sabíamos o que eles queriam conseguir com isso, pois conhecíamos pais nas vizinhanças que submetiam suas crianças ao programa porque não podiam agüentar a pressão. Acredite-me, não era nada bom ver as personalidades de nossos filhos modificadas pelo uso de drogas...
Meu esposo e eu não tínhamos a quem recorrer. Nós sabíamos que as autoridades escolares não iriam fazer nada. A essa altura, nós sentimos que tínhamos apenas duas alternativas: deixar Arkansas eu ficar e lutar. Nós decidimos ficar e lutar. Sabíamos que havia centenas de crianças drogadas, e confiávamos que alguém, em algum lugar, nos ouviria e ajudaria a por um fim a este programa. Nós estávamos errados!>>.
Mrs. Youngs pediu ajuda a nada menos que quinze autoridades e outras pessoas. Nenhuma delas pôde ou desejou fazer qualquer coisa para proteger nossas crianças. Num comunicado especial para a Saúde Pública, apontei o perigo,, do crescente uso de «Ritalin» nas crianças das classes atrasadas das nossas escolas públicas, descrevendo em detalhes um caso que me chamou a atenção, de um acontecimento que eu conheço por experiência pessoal, valendo a pena ser divulgado. Envolveu um menino de sete anos, cujos testes mostraram que ele era um por cento superior em intcligência às demais crianças do Estado de Maryland e que foi examinado, por um psiquiatra e um pediatra, que disseram ser ele perfeitamente normal. Apesar disso, devido à insistência de sua escola, aquela criança foi forçada a tomar «Ritalin» por um período de alguns meses, durante os quais não aprendeu quase nada. Quando sua mãe finalmente o transferiu para uma escola particular e tirou-lhe a droga, ele progrediu rapidamente e uma vez mais obteve resultados acima do normal.
Como essa experiência mostra, uma breve exposição aos efeitos dessas drogas de controle da mente humana pode não causar prejuízos duradouros às crianças, embora ~o risco exista e cresça à medida que as drogas são mais freqüentemente usadas. Mas a cirurgia cerebral é irreversível. Seus efeitos são permanentes. E a cirurgia cerebral está começando a ser usada em crianças “hiperativas”, com «disfunção cerebral”. O “Washington Post”, de 12 de março de 1972, transcreveu um Relatório publicado em 1970 num periódico médico, no qual o Dr. Orlando J . Andy, Professor e Diretor de Neurocirurgia na Escola de Medicina da Universidade do Mississipi, expôs o seguinte caso:
“Um menino de nove anos, com inteligência normal, foi descrito como “hiperativo”, agressivo, combativo, explosivo, destrutivo e “sadista” por seu médico. Para controlar seu comportamento e torná-lo mais maleável, ele foi operado. Foram feitas aberturas em seu crânio e introduzidos elétrodos, profundamente, em seu cérebro, para coagular ambos os lados do tálamo, o centro regulador das emoções cerebrais.
Nove meses depois, a operação foi repetida em um só lado. Depois, disso, seu médico relatou que o comportamento do menino estava «visivelmente melhor”, estando ele apto a retornar à “Escola de Educação, Especial”. Mas seus sintomas reapareceram um ano mais tarde e ele foi submetido a uma nova operação, desta vez no fõrnice (trígono cerebral), outra parte do sistema regulador das emoções. Seu médico então, constatou «memória para acontecimentos recentes danificada», um sinal de perigo cerebral, e o menino passou a ser descrito como “muito mais irritável, negativista e combativo”. Conseqüentemente, lesões adicionais destrutivas foram feitas no local das duas primeiras operações, o tálamo.
Seu médico então constatou que o paciente estava <<novamente recuperado, ajustado e mostrava melhora considerável no comportamento e memória», mas concluiu: <<intelectualmente, no entanto, o paciente está arruinado» .
Uma primeira e superficial reação a este fato — seis investidas contra o cérebro de uma criança, tentando controlar seu comportamento — pode ser a consternação de saber que, após tudo isto, não houve “melhora”. Mas, pensando melhor, imaginamos que poderia ter sido pior se o tratamento tivesse alcançado sucesso, se tivesse sido possível “domar” essa criança por meio da destruição de seu cérebro. Pois o cérebro é o lugar onde o homem pensa e sente. É o instrumento de sua mente, como o violino é o instrumento do concertista. A destruição deliberada de parte do cérebro inevitavelmente reduz as capacidades de pensar e sentir. Certamente, tal “cura” é muito pior do que qualquer doença.
A história completa do “retorno da lobotomia e da psicocirurgia” foi divulgada pelo Dr. Peter R. Breggin, um membro do Corpo Docente da Escola de Psiquiatria de Washington e ex-Professor da Escola de Medicina de Harvard, em um primeiro artigo publicado pelo Senador Gallagher no “Diário do Congresso», de 24 de fevereiro de 1972. Nesse trabalho, o Dr. Breggin relatou que a horripilante operação conhecida como lobotomia pré frontal foi feita em 50.000 pessoas até 1950, tendo sido, a partir desse ano, completamente abandonada, por causa da evidência de que tendia a transformar homens e mulheres em “vegetais humanos». Mas o Dr. Breggin diz que a lobotomia está agora fazendo seu renascimento de forma mais sofisticada, envolvendo, menos drástica porém mais prolongadamente, a mutilação do cérebro, como no caso daquele menino de nove anos do Mississipi. Tal psicocirurgia não está mais limitada somente à sala de operações e ao bisturi. Têm sido desenvolvidas técnicas para enfraquecer áreas selecionadas do cérebro por meio da implantação de elétrodos ligados a uma corrente elétrica, os quais podem, quando ativados, destruir tecidos cerebrais. O Dr. Breggin, descrevendo como o “psicoterapeuta” fala com o paciente enquanto os neurocirurgiões ligam a corrente, verificando, desse modo, o efeito da destruição cerebral nas emoções do paciente, alertou:
-KO próprio paciente não pode perceber quando seu cérebro está sendo coagulado, mas o terapista pode, visto que a destruição do tecido lobo frontal é imediatamente evidenciada por uma perda progressiva de todas as funções humanas relacionadas com os lobos frontais — perspicácia, empatia, sensibilidade, consciência, julgamento, responsabilidade emocional, etc.
Recentemente, na Inglaterra, um juiz determinou que fosse feito esse tipo de operação cerebral em um vendedor de sorvetes, como um meio de impedi-lo do <<jogo compulsivo». Somente um protesto público salvou, no último instante, aquele homem de se tornar um subumano.
De acordo com um Relatório do Dr. Robert G. Heath, Chefe do Departamento de Psiquiatria e Neurologia da Universidade Tulane, de New Orleans, publicado no «Medicai World News” “Notícias do Mundo da Medicina”, têm-se desenvolvido meios pelos quais indivíduos, com esses elétrodos implantados, podem usá~los para estimular centrais de prazer em seus próprios cérebros, acionando botões de controle, o que, naturalmente, significa que alguma outra pessoa poderia controlá-lo da mesma maneira. Eles poderiam ser implantados nas centrais de dor, como o foram nas centrais de prazer. O Dr. Breggin indubitavelmente não exagera quando diz que o potencial totalitário dessa técnica quase supera o que se possa imaginar.
O Dr. José Delgado, Professor de Psicologia da Universidade de Yale, mostrou-se favorável a tudo isso, em seu livro de 1969, “Physicat, Control of the Mind» (“Controle Físico da Mente”), e nos relatórios públicos posteriores. O Professor Delgado declarou:
“A tese deste livro é a de que agora dispomos da tecnologia necessária para a investigação experimental das atividades mentais, e de que alcançamos um ponto crítico na evolução do homem, a partir do qual a mente pode ser usada para influenciar sua própria estrutura, funções e intenções. ... Nós podemos controlar, de uma certa distância, as funções biológicas dos organismos vivos. Gatos, macacos ou seres humanos podem ser induzidos a curvar um membro, rejeitar alimentos, ou sentir excitação emocional, sob a influência de impulsos elétricos que, ativados por ondas de rádio intencionalmente emitidas de um lugar distante, vão atuar no interior de seu cérebro. Um sistema duplo de comunicação via rádio poderia ser estabelecido entre o cérebro de um indivíduo e um computador... ansiedade, depressão e fúria poderiam ser identificados pelo computador, que acionaria o estímulo inibitório especifico» .
O Dr. Delgado descreveu experiências nas quais o estimulo elétrico no cérebro forçou indivíduos a agirem em oposição direta à sua própria vontade. Ele previu, mais adiante, investigações dentro das funções do neurônio, relacionadas com a aplicação de eletricidade n6 cérebro, que possibilitarão a definição, em termos reais, de conceitos altamente controvertidos, tais como “liberdade”, “individualidade” e «espontaneidade», mais efetivamente do que em «discussões semânticas e ilusórias”. Visto que mais tarde ele continuou a atacar especificamente a convicção de que o indivíduo tem «o direito de desenvolver sua própria mente... enquanto permanecer independente e auto-suficiente», é evidente onde ele espera chegar com esse “esclarecimento”.
Uma pessoa que recentemente viu e ouviu o Dr. Delgado, i,um Congresso de Ética e Tecnologia Médica, realizado em Washington, disse que não pôde evitar lembrar-se constantemente do Dr. Frankenstein, embora felizmente o Dr. Delgado não tivesse o monstro com ele... ainda. Não é de estranhar, pois, que o Dr. Breggin esteja fazendo tanto para denunciar esse perigo que cresce rapidamente e pleiteando uma legislação — federal e estadual — que proíba totalmente a psicocirurgia. Se tal legislação não for promulgada, ou até que ela o seja, ele insiste em ação direta na Justiça contra a psicocirurgia e pressão pública contra hospitais que permitem essas operações.
O Senador Gallagher descreveu o Relatório em que o Dr. Breggin expõs as provas que reuniu como um dos documentos mais chocantes que eu já vi e propõs uma decisiva ação corretiva. Eu iria mais adiante do que ele: acredito serem inteiramente necessárias e justificadas não só as ações corretivas como as preventivas. Devem ser terminantemente proibidas tanto a mutilação do cérebro, com qualquer intenção que não seja para remover tecido claramente afetado, como tumores, como também qualquer técnica para controlar mentes pela implantação de elementos estranhos no cérebro. O verdadeiro insano talvez possa ser tratado pelos métodos tradicionais, cujos maus efeitos colaterais são usualmente reversíveis nos doentes, mas ninguém pode ser forçado a sofrer tal tratamento sem ter primeiramente uma oportunidade de ser ouvido em juízo; com a assistência de um advogado de defesa.
Não há exagero na ênfase com que se denuncia o perigo do controle direto da mente, num mundo onde há tanta gente ansiosa por usá-lo para subordinar a vontade de outros homens às suas próprias.
O efeito em nossa nação (EUA) de um programa obrigatório de controle das mentes, como o que tem sido divulgado, poderia ser tão irreversivelmente monstruoso, quanto o seu efeito num indivíduo. Ele pode extinguir não somente a liberdade, mas também o próprio anseio natural por ela. Tal perversidade é tão horrível, que repugna até mesmo pensar nela; contudo, nós devemos tè-la em nosso pensamento, por não ser mais somente uma sombra terrível no futuro, mas uma ameaça com que nos defrontamos aqui e agora.
The Review 0[ The NEWS (EUA) Março/1972.
MENSAGEM A TODOS OS CRISTÃOS DOS PAISES LIVRES
Apelo divulgado por um grupo de Bispos da Igreja Ortodoxa Russa Livre — não católica — reunidos em Frankfurt am Main (Frankfurt sobre o Meno — Alemanha Ocidental), em 26 e 27 de junho de 1971.
Do Rússia nos chegam notícias terríveis: o Governo ateu, convencido da impossibilidade de criar, por meio de propaganda, o <<homo sovieticus>>, submetido pelo terror aos ditadores, envia os defensores da .fé e outros cidadãos, que defendem o direito de pensar de um modo diferente daquele do Partido, ao que se chama de «Hospitais Psiquiátricos Especiais>>. Ali, são submetidos à ação de drogas que os convertem em idiotas, incapazes de resistir e defender sua fé e reduzidos à impotência.
O Professor de Matemática Vasili Ivanovitch, que está internado no Hospital Psiquiátrico Especial de Leningrado, escreve:
«Não tenho medo da morte e prefiro que me fuzilem! É repugnante e terrível pensar que mancharam e esmagaram minha alma! ... O homem perde aqui sua individualidade, seu espírito se dilui, suas faculdades emotivas se destroem, sua memória desaparece. Mas o mais terrível do tratamento é que faz desaparecer tudo o que constitui o caráter pessoal próprio. É a morte da criatividade. Os que estão submetidos à ação da aminazina não podem nem ler depois de assimilá-la, convertem-se intelectualmente em seres nulos e primitivos”.
V. I. Tchernitchev afirma que nesse “hospital” definha, há vinte e cinco anos, N. I. Broslavsky, um homem que gozava de boa saúde. Oferecem-lhe a liberdade em troca de sua fé.
No Ocidente, acaba-se de receber, enviado clandestinamente da Rússia, o relato «As Recordações da Casa Vermelha”, escrito nos “hos pitais>> de Moscou por Guenedi Mikhailovitch Chimanov. Chimanov prova que, depois do “tratamento” a que está sendo submetido, sairá do hospital para voltar à sua casa “idiotizado”, temeroso e sacudido por uma risada nervosa.
«Há um progresso! — dirá um médico de cabeceira — já não crê em Deus!” «É verdade que reflete pouco e sua língua se move com dificuldade, mas antes, sua lógica era só exterior: na realidade, delirava”.
Apesar de tudo, Chimanov confessa:
«Que a vontade do Senhor se faça em todas as coisas!... Que me convertam em louco ou me deixem a razão, tudo é maravilhoso sob o céu do Todo-Poderoso. Eu aceito tudo que Deus me envia, aceito tudo como uma criança nas mãos de seu pai: a doçura, a dor e a loucura, e a luz e as trevas, todo mal e todo bem...»
Conhecem~se «Hospitais Psiquiátricos Especiais” em Kazam, em Gitchevka (província de Smolensk), em Leningrado, Tcharniakhovsk, Minsk, Dniepropetrovsk e Orel. Existem, seguramente, também em outros lugares. Em muitos Hospitais Psiquiátricos Gerais existem, também, serviços especiais para “curar” os não conformistas ou os que têm fé em Deus.
No exterior, foram tornados públicos os nomes de mais de sessenta pessoas vitimas desses tratamentos. O Patriarcado de Moscou, reconhecido e controlado pelo poder ateu, guarda silêncio.
Nós, bispos livres da Igreja Ortodoxa Russa, não podemos calar. Alexandre Soljenitzin chama a reclusão de pessoas sãs nestes hospitais psiquiátricos de «uma variante das câmaras de gás» .
Clamamos à consciência do mundo, em nome da Igreja Ortodoxa Russa e em nome de nosso povo sofrido e perseguido.
Condenai os crimes comunistas contra a humanidade, do mesmo modo que haveis condenado os do nazismo.
Fazei pressão sobre os criminosos.
Forçai os governos dos países livres, as organizações internacionais, a imprensa,' a televisão e o rádio a tomarem a defesa dessas pessoas mutiladas por médicos-verdugos,
Orai por vossos irmãos perseguidos.
— Filareto, Metropolita de Nova York e da América Central,
— Arcebispo Filoteo, administrador da Diocese de Berlim e Ale. manha.
— Antõnio, Arcebispo de Genebra e da Europa Ocidental.
— Bispo Natanael, Superior do Mosteiro de San Job de Potchaev, em Munich.
— Jacobo, Bispo de Haia, Chefe da Missão Ortodoxa na Holanda.
— Paulo, Bispo de Stuttgart.
REVISTA ROMA — ANO V -- NQ 22 — Buenos Aires. 1971-72, pág. 61 e 62.
Outra versão:
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https://youtu.be/Gqbk_bDJmVY
Eu estava procurando por ele! Muito OBRIGADO!!
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