Bolsonaro protocola PDL contra ‘censura na internet escudada na falácia do crime de ódio’ - Felipe Moura Brasil
Recebi na quarta-feira (17) a seguinte mensagem do deputado federal Jair Messias Bolsonaro (PP-RJ) em referência ao meu post “Software do governo contra crimes de ódio na internet é arma de propaganda e censura“:
“Prezado Felipe, inspirado nesta sua matéria protocolei hoje o Projeto de Decreto Legislativo 1662/2014, que visa sustar os efeitos da Portaria Interministerial de 2 de novembro de 2014 que instituiu a censura na internet escudada na falácia do CRIME DE ÓDIO.
Veja aqui: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=858775“
Vejo sim. Bom saber. A oposição, de fato, tem de impedir esse abuso cínico de um governo que – ele próprio – paga militantes virtuais para atacar seus adversários na internet. Na campanha eleitoral, eram pelo menos 2 mil MAVs atuantes, recebendo 2 mil reais cada um. Pelo menos mil continuam em ação e não há motivo algum para crer que eles entrarão no radar do software.
Investigar crime é função da polícia. A função do governo é não cometê-lo, o que tem sido bem difícil para o de Dilma Rousseff, como mostram o Petrolão, a LDO e companhia.
Falei com Bolsonaro para confirmar sua mensagem. O deputado me disse:
“Eu entendo que os agentes do governo vão começar a fazer uma caça na internet. Botam uma palavra-chave como ‘Maria do Rosário’ e vão atrás de quem interessar a eles pegarem.”
Como até o anúncio do lançamento jé embutia a associação de um crime de ódio a seu nome, Bolsonaro não tem dúvidas de que será um dos alvos favoritos do PT.
“Eu só tenho espaço na mídia por causa da internet. Sem a internet, eu estou ferrado”, disse ele, embora mencionando o espaço que conseguiu hoje na Folha para o seu artigo “O grito dos canalhas“, publicado dois dias após o presidente do PT, Rui Falcão (“logo quem!”), o “esculachar” no artigo “O silêncio que leva à barbárie“.
A comparação entre os dois textos é mais uma prova do quão absurdo é igualar Bolsonaro a um petista. Ignorando solenemente a injúria inicial de Rosário, o mesmo Falcão que espalha MAVs pelas redes e preside um partido envolvido nos maiores escândalos de corrupção da história do país afirma que:
- “A sociedade brasileira não pode se calar diante da disseminação do ódio”;
- o deputado “incitou ao estupro”;
- “trata-se de defender o crime e a barbárie”;
- “disparou covardemente ameaças e ofensas contra a deputada”;
- “atacou a honra da presidenta da República”;
- “achincalhou direitos humanos universais mais uma vez”;
- “pediu o fuzilamento do então presidente Fernando Henrique Cardoso”;
- “discrimina, induz e incita a discriminação étnica, racial e de gênero”;
- “ameaça veladamente a deputada, incorre em crime e atenta diretamente contra a humanidade”;
- “A gravidade do episódio caracteriza uma situação de perseguição, discriminação odiosa”;
- “É preciso responsabilizar Bolsonaro criminalmente”.
Falcão diz tudo isso, obviamente, com a mesma afetação de bom-mocismo e indignação que ensina aos MAVs, ou seja: aquela que aponta “Olha isso! Olha isso! Que absurdo!”, sem analisar o contexto, o conteúdo efetivo das palavras e por que elas merecem cada uma das acusações disparadas contra seu autor.
De quebra, ainda atribui a “chaga social” dos “mais de 50 mil
estupros” registrados no país, “número estarrecedor, mas subestimado,
segundo as autoridades”, a “posturas intolerantes, machistas e
criminosas de trogloditas”, e não ao seu partido que está há 12 anos no
poder literalmente elevando as taxas nacionais de criminalidade,
enquanto Bolsonaro luta por penas mais severas para bandidos e
estupradores, bem como pela redução da maioridade penal. Mas a culpa é
do PT, ele coloca em quem quiser. O ódio é do PT, ele caça quem quiser.
Já demonstrei numerosas vezes neste blog que crimes de estupro nada têm a ver com frases ditas pelos adversários do partido, mas o leitor pode ver a matéria da VEJA.com “Por dentro da mente de um estuprador” se quiser um resumo sobre os diversos perfis desses criminosos que “desprezam a condição humana das vítimas, são capazes de recorrer à violência extrema e sempre voltam a atacar – sem remorsos”. Destaque para o trecho: “estupradores, depois de algum tempo presos, voltam para as ruas e cometem outros abusos. A saída não está, portanto, em práticas ou políticas de tratamento, mas na eficácia das investigações, nas estatísticas criminais e na segurança pública – todas deficientes na maior parte do país.” Pois é.
E o que fez Bolsonaro em seu artigo?
Contextualizou o episódio com Rosário, alegou que o chamam de homofóbico e racista por ser contra o “kit gay” e as cotas, mostrou que o caso “Preta Gil” foi arquivado porque o CQC informou não possuir mais a fita “bruta” do programa, e apontou os verdadeiros motivos pelos quais o PT se incomoda com ele, como a revelação dos crimes de ícones esquerdistas como Carlos Lamarca e dos grupos terroristas de Dilma Rousseff, além de um projeto de nova (ou melhor: verdadeira) Comissão da Verdade para apurar os crimes da esquerda na época da luta armada. Pode-se discordar de determinadas opiniões do deputado, e não resta dúvida de que suas reações intempestivas revelam uma falta de domínio do idioma que dá margem a distorções e ilações, como ele próprio admite, mas não se pode negar que Bolsonaro se atém muito mais aos fatos que Falcão, Rosário, Jandira Feghali e companhia.
Ele ainda falou ao blog sobre o projeto do deputado Carlos Zarattini, do PT de São Paulo, para abrir as urnas a estrangeiros que vivem no Brasil, sendo ou não naturalizados, conforme exposto no meu artigo “Como o PT quer garantir o poder com a Unasul, fachada do Foro de São Paulo, por meio de mais ‘exércitos’ e ‘eleitores’“. Bolsonaro fez uma analogia com as tentativas do presidente Obama de atrair o eleitorado hispânico, inclusive com o fim do embargo americano à ilha dos irmãos Castro, e declarou:
“Eu sou contra esse projeto. Em estados como o Acre, daqui a pouco são os haitianos que vão decidir as eleições. E ainda querem distribuir não sei quantos Bolsa-Família aos estrangeiros em São Paulo. Daqui a pouco São Paulo também vai ter esses xis por cento de eleitores nas mãos do PT.”
É isso aí. Será que o software do governo já detectou este post?
Felipe Moura Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil
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Já demonstrei numerosas vezes neste blog que crimes de estupro nada têm a ver com frases ditas pelos adversários do partido, mas o leitor pode ver a matéria da VEJA.com “Por dentro da mente de um estuprador” se quiser um resumo sobre os diversos perfis desses criminosos que “desprezam a condição humana das vítimas, são capazes de recorrer à violência extrema e sempre voltam a atacar – sem remorsos”. Destaque para o trecho: “estupradores, depois de algum tempo presos, voltam para as ruas e cometem outros abusos. A saída não está, portanto, em práticas ou políticas de tratamento, mas na eficácia das investigações, nas estatísticas criminais e na segurança pública – todas deficientes na maior parte do país.” Pois é.
E o que fez Bolsonaro em seu artigo?
Contextualizou o episódio com Rosário, alegou que o chamam de homofóbico e racista por ser contra o “kit gay” e as cotas, mostrou que o caso “Preta Gil” foi arquivado porque o CQC informou não possuir mais a fita “bruta” do programa, e apontou os verdadeiros motivos pelos quais o PT se incomoda com ele, como a revelação dos crimes de ícones esquerdistas como Carlos Lamarca e dos grupos terroristas de Dilma Rousseff, além de um projeto de nova (ou melhor: verdadeira) Comissão da Verdade para apurar os crimes da esquerda na época da luta armada. Pode-se discordar de determinadas opiniões do deputado, e não resta dúvida de que suas reações intempestivas revelam uma falta de domínio do idioma que dá margem a distorções e ilações, como ele próprio admite, mas não se pode negar que Bolsonaro se atém muito mais aos fatos que Falcão, Rosário, Jandira Feghali e companhia.
Ele ainda falou ao blog sobre o projeto do deputado Carlos Zarattini, do PT de São Paulo, para abrir as urnas a estrangeiros que vivem no Brasil, sendo ou não naturalizados, conforme exposto no meu artigo “Como o PT quer garantir o poder com a Unasul, fachada do Foro de São Paulo, por meio de mais ‘exércitos’ e ‘eleitores’“. Bolsonaro fez uma analogia com as tentativas do presidente Obama de atrair o eleitorado hispânico, inclusive com o fim do embargo americano à ilha dos irmãos Castro, e declarou:
“Eu sou contra esse projeto. Em estados como o Acre, daqui a pouco são os haitianos que vão decidir as eleições. E ainda querem distribuir não sei quantos Bolsa-Família aos estrangeiros em São Paulo. Daqui a pouco São Paulo também vai ter esses xis por cento de eleitores nas mãos do PT.”
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Tags: crimes de ódio, Jair Bolsonaro, Projeto de Decreto Legislativo 1662/2014, Rui Falcão, software
AYRES BRITTO, EX-MINISTRO DO STF, DIZ NÃO À CENSURA, À CONSTITUINTE E A CONSELHOS POPULARES
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