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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Deu na Telha: Jornalistas saindo do armário

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A Revista Veja mudou. Acho que por isso afastaram a Joice Hasselmann
dos debates. O PT puxou o rabo preso da revista e agora ela está
enfiando desinformação no meio da conversa, como se fosse nada. É o que
eu acho. IMPRENSA DE RABO PRESO - O INÍCIO
Ipojuca Pontes publicou
em 2004 este flagra do Lula comprando a mídia com empréstimos do BNDES, a
pretexto de fortalecer a imprensa democrática.

Ocorre no
Congresso Nacional um jogo de pressão e contrapressão da maior
importância. Trata-se da abertura da farta linha de crédito específica
para o setor de comunicação (leia-se jornais da grande imprensa do eixo
Rio-São Paulo e algumas emissoras de TV), na ordem de R$10 bilhões, com
recursos provenientes do BNDES. Segundo o noticiário, o grosso dos
recursos do financiamento seria destinado à restauração de dívidas das
empresas e/ou aos investimentos em tecnologia e produção.
O
presidente do BNDES, Carlos Lessa, economista brasileiro ligado à "Musa
do Cruzado", a portuguesa Maria da Conceição Tavares, figura no mínimo
abusada, deixa transparecer abertamente que é a favor da transação, mas
diante da crise de credibilidade que acomete muito justamente o governo
Lula, procura demonstrar isenção: "Nós já levamos a nossa posição e
creio que isto será objeto de uma discussão bastante ampla na sociedade.
Será um debate em que o Congresso Nacional, os partidos políticos, os
colunistas e os formadores de opinião darão suas impressões sobre o
tema."
Mas ele próprio, Lessa, na ânsia de encaminhar o negócio,
compareceu a um encontro com deputados do Nordeste na Câmara dos
Deputados, em Brasília, para vender o colossal peixe: "Tanto para a
democracia, quanto para a civilização, uma sociedade nacional tem que
ter uma indústria de comunicação forte. Se a indústria de comunicação
estiver abalada, como aparentemente está, cabe fortalecê-la. Mas o setor
tem que ser fortalecido de uma maneira equilibrada, equânime e é
preciso garantir que não tenhamos qualquer interferência na construção
da controvérsia e dos conteúdos."
É aí que a porca torce o rabo e o
trololó de Lessa esboroa numa nuvem de poeira tóxica. Em primeiro lugar,
porque é pouco provável que a sociedade tenha condições de entrar no
debate, ainda que parte substancial do que forma o capital do BNDES
venha do Fundo do Amparo ao Trabalhador (FAT). Em segundo lugar, porque
os principais atores da negociação estão discordes entre si: enquanto a
TV Globo e Bandeirantes querem o grosso do crédito para liquidar dívidas
contraídas em negócios passados, a Record, a Rede TV e a SBT discordam
que se enterre o dinheiro público no pagamento de dívidas que não criam
empregos e a ampliação do mercado de trabalho.
De fato, na cessão da
linha de crédito, parcela considerável dos recursos seria cedida às
Organizações Globo (sempre útil ao governo) para saudar débitos com
bancos internacionais, segundo o Jornal do Brasil, na ordem de US$ dois
bilhões. Os opositores dos interesses das Organizações Globo protestam
que a emissora chegou a tal situação pelo fomento de uma política de
"dumping" — por exemplo, com a aquisição de programas que simplesmente
não usava nem permitia usar, atingindo, pelo boicote, a livre
competição.
0 BNDES, cujo ativo se aproxima da casa dos R$115
bilhões, é o maior banco de fomento da América Latina. Sem o "s" no
final da sigla, foi criado em 1952, no governo Vargas, como órgão
voltado para fornecer a contrapartida, em cruzeiros, dos financiamentos
externos obtidos para os projetos da Comissão Mista Brasil-Estados
Unidos (CMBEU, uma espécie de plano Marshall caboclo), destinados a
obras de infraestrutura nos setores de serviços de energia e
transportes. Os seus recursos são os mais cobiçados do mundo, pois são
empréstimos de juros baixos e de muito longo prazo.
Grande parte da
pressão inflacionária que torna a vida do brasileiro uma permanente
infelicidade vem do excesso dos déficits previdenciários (acima de R$ 26
bilhões), das insolventes e crescentes renúncias fiscais (mais de R$ 15
bilhões anuais), sem falar nos R$ 220 bilhões devidos e nunca recebidos
nas diversas agências financeiras oficiais, dentre elas o BNDES. 0
brasileirinho da "quentinha" e da fila do ônibus talvez não tenha
consciência, mas é ele quem paga o "furo" do alarmante buraco negro
financeiro.
A partir de retrospecto histórico, assinale-se que o
governo, ao tentar cooptar a grande mídia com empréstimos faraônicos,
labora em arma de dois gumes. Mino Carta, ex-editor da Veja, diz que o
"leninista" Golbery financiou no período revolucionário o Grupo Abril
com empréstimo especial de US$ 50 milhões, para resultados editoriais e
políticos considerados, posteriormente, insatisfatórios. E a trágica
queda de Vargas, em 1954, começou quando Chateaubriand (Diários
Associados) e Roberto Marinho (0 Globo) abriram câmeras e microfones
para Carlos Lacerda (Tribuna da Imprensa) denunciar o milionário
contrato de financiamento de compra de papel, por vinte anos, feito a
preço de banana Gelo Banco do Brasil à Última Hora de Samuel Wainer,
culminando tudo – no "mar de lama" do Catete – com um tiro no peito.

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