"É preciso estar disposto a todos os sacrifícios e, inclusive, empregar
todos os estratagemas, ardis e processos ilegais, silenciar e ocultar a
verdade." Lênin
No vídeo, COMUNISMO EM REDE , Olavo de Carvalho explica que Anatoliy Golitsyn fez previsões, em livro, sobre planos soviéticos para infiltrar o comunismo no mundo desarmado pela falsa "queda" da URSS. Essas previsões incluem a descentralização e a flexibilização das operações para disseminar o comunismo, como o que está acontecendo agora com o uso da web. Esses caras são mentirosos profissionais, discípulos diretos do pai da mentira.
O livro existe em PDF: http://www.4shared.com/document/hlWD9O6f/novas-mentiras-velhas_-_anatol.htm
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgg6gAG/novas-mentiras-velhas-anatoliy-golitsyn
Artigos traduzidos na Wikipédia:
ANATOLIY GOLITSYN
MARK RIEBLING
Escrito por Editoria MSM
| 15 Julho 2007
Arquivo
Edward Jay Epstein
Quando
Angleton apresentou a tese de Golitsyn para os executivos operacionais
da CIA, isto trouxe áspera resistência. Nem os recrutadores da CIA nem
do FBI estavam dispostos a aceitar a idéia de que eles estavam indo
atrás das pessoas erradas no lado soviético.A
estada de Golitsyn na Inglaterra acabou se tornando inesperadamente
curta. Durante o seu interrogatório sobre os agentes da KGB dentro da
Inteligência britânica, ele aludiu à situação semelhante da CIA.
A
possibilidade era de grande preocupação para o MI-5. Poderia explicar a
origem de alguns vazamentos de informação. Arthur Martin, um dos mais
competentes interrogadores no MI-5, rapidamente se inteirou do
tratamento dado à CIA às acusações de Golitsyn. Teriam suas pistas sido
seguidas?
Golitsyn insistia que a CIA
não havia acreditado em suas pistas. Ao invés, os interrogadores da
Divisão Soviética da CIA persistiam em fazer as perguntas erradas.
Queriam saber os nomes dos oficiais da KGB infiltrados, não o objetivo
por trás de suas atividades. Eles confundiam tática com estratégia.
Ele
explicou que a tática era de fazer contato com o “maior inimigo”, a
CIA, de modo a comprometer e recrutar agentes. A estratégia não era
meramente neutralizar a CIA mas torná-la um instrumento para servir aos
interesses soviéticos.
Martin escutou
atentamente. Ele sabia, da sua experiência com os recrutas o que a KGB
havia feito dentro da Inteligência britânica, da vulnerabilidade dos
oficiais de inteligência. Também sabia que a CIA havia depositado
confiança demais em procedimentos de segurança, tais como testes com
detetores de mentiras. Ele perguntou a Golitsyn se ele tinha alguma
idéia se seus interrogadores na CIA haviam subestimado, se não ignorado
completamente a questão.
Golitsyn disse
que sabia que a KGB havia sido bem sucedida recrutando pelo menos um, e
possivelmente mais, oficiais da CIA dentro da Divisão soviética. Ele
deduziu pela maneira com que foi tratado de que o infiltrado (ou os
infiltrados) ainda eram muito influentes na Divisão.
Estava
claro tanto para Martin como para De Mowbray que a CIA tinha conduzido
pessimamente o interrogatório de Golitsyn. Mesmo que eles não
“engolissem” a teoria de um infiltrado dentro da Divisão soviética da
CIA, eles perceberam que isto o havia inibido de discutir o assunto
abertamente com a CIA. De qualquer modo, suas alegações não poderiam ser
polidamente ignoradas. Se havia uma penetração desta parte sensível da
CIA, afetaria todos os serviços de inteligência aliados. Martin decidiu
ir ter diretamente com seu amigo, James Angleton.
Angleton
tinha chegado à conclusão similar sobre o interrogatório original de
Golitstyn. Quaisquer que fossem as razões, a Divisão para o Bloco
Soviético não havia obtido a história toda de Golitsyn. Ele então foi
até Helms com um pedido sem precedentes. Pediu que o desertor fosse
re-convocado sob responsabilidade de sua equipe de contra-inteligência.
Helms
considerou o caso de Angleton persuasivo. Ele não somente aprovou a
re-convocação mas, como explicou a mim, deu a Angleton “carta branca”
para usar os recursos que necessitasse. Fazendo isso, embora sem
perceber na época, ele colocou em movimento o mais longo e mais incrível
caso de interrogatório na História da CIA.
Em julho de 1963, através de um arranjo do MI-5, uma história apareceu no Daily Telegraph
revelando que Golitsyn (sob o codinome “Dolitson”) estava na
Inglaterra. Isto teve o efeito calculado em persuadir Golitsyn que sua
segurança não poderia ser assegurada na Inglaterra. Três semanas depois,
Golitsyn desembarcava de volta nos Estados Unidos. Sob a tutela de
Angleton, não haveria mais exaustivas sessões torturantes ou
apresentações repetitivas de fotos de diplomatas soviéticos. Angleton
falou-lhe que seu interesse não era no staff da KGB, ou “ordem de batalha”, como ele chamava; mas na “lógica da infiltração soviética”
Como Angleton via, isto não era um interrogatório, mas um “brainstorm”.
Golitsyn tornou-se um parceiro intelectual no processo onde simples
jantares se tornavam discussões sobre a política soviética e que
continuavam até as primeiras horas da manhã. A Golitsyn foi permitido
fuçar através de cópias (devidamente sanitizadas) do arquivo pessoal de
Angleton, procurando por conexões entre estas pistas.
Para
ganhar confiança, Angleton arranjou para Golitsyn um encontro com o
Procurador-Geral Robert F. Kennedy para falar dos perigos da KGB e o
levou em viagens à Europa e Israel para falar aos executivos da
Inteligência aliada. Golitsyn, encorajado por sua atenção, propôs que um
novo serviço de inteligência deveria ser organizado, que seria
independente da CIA. Angleton tomou esta proposta em consideração,
embora não tivesse chance de acontecer, para depois obter mais idéias de
Golitsyn sobre a KGB.
Enquanto o “brainstorming”
prosseguia, Angleton moveu-se para tapar o “vazamento” na Divisão
soviética. Golitsyn insistia que tinha de haver mais de um agente, e
usou a analogia de um “câncer progressivo” que o paciente se recusa a
reconhecer ou extirpar. Com a assistência do Escritório de Segurança da
CIA, que tinha a responsabilidade de expulsar os infiltrados, ele
arranjou uma série de “cartas marcadas” para a Divisão soviética. Estas
eram fragmentos de informações selecionadas sobre futuras operações da
CIA que eram passadas adiante, para diferentes unidades da Divisão par
ver qual delas, se havia, vazavam informações para o inimigo. A “carta
marcada” no teste inicial revelava que um esforço de recrutamento
deveria ser feito sobre um determinado diplomata soviético no Canadá. Os
agentes do Escritório de Segurança, observando o diplomata a uma
distância discreta, então observaram que a KGB o tinha posto sob sua
própria vigilância no exato dia do contato planejado, percebendo então
que a “carta marcada” havia chegado até a KGB. Este teste confirmou as
suspeitas de Golitsyn que o infiltrado ainda estava ativo.
Através
de um processo de eliminação, cartas subseqüentes estreitaram a busca
na unidade diretamente envolvida no recrutamento REDTOPS. Uma vez que
mais de um indivíduo havia sido exposto à informação “marcada”, não
havia maneira de saber se havia mais do que um vazamento naquela
unidade, e a investigação não apontaria o infiltrado dentro rol de
suspeitos. Ao invés disso, no início de 1966, a unidade inteira foi
desligada dos casos mais importantes at&
eacute; que seu pessoal fosse trocado. Murphy, Bagley e uma dúzia de
oficiais foram realocados na Europa, África e Ásia. Esta medida
“profilática”, como Angleton a chamava, pareceu aos não-iniciados como
um “expurgo” com relação ao caso Nosenko. De qualquer maneira, depois
das transferências, “cartas marcadas” adicionais indicaram que a
penetração no departamento havia sido remediada.
O
interesse de Angleton, contudo, ia muito além de problemas de segurança
relativos ao recrutamento de agentes ocidentais pela KGB. Ele queria
saber por que a KGB havia focado sua atenção em unidades particulares da
CIA, tais como o lado operacional da Divisão Soviética. A questão real
para Angleton era saber para quais usos estas penetrações avançaram.
Golitsyn
explicou que as penetrações eram parte necessária da máquina de
desinformação que foi colocada em operação na CIA em 1959. Seu trabalho
era reportar de volta como a CIA estava avaliando o material que recebia
de outros agentes da KGB. Estes infiltrados tentavam trabalhar em
posições de acesso dentro da Divisão soviética ou outras partes da
Inteligência americana que interceptasse dados vindos da URSS. Com eles
no local, a desinformação se tornava um jogo de “esconder e contar” para
a KGB. Eles despachavam desertores e outros provocadores, que poderia
ser qualquer um, de um diplomata soviético ou um cientista em viagem,
que “mostravam” algum segredo soviético à CIA e então os infiltrados
diziam à KGB como a CIA havia interpretado isto. Era tudo coordenado de
Moscou como uma orquestra. O sistema foi desenhado pela KGB, de acordo
com Golitsyn, para gradualmente converter a CIA em sua próprio mecanismo
de manipulação do governo americano.
Angleton
queria saber mais sobre o aparato soviético de desinformação. Por quê a
KGB se moveu da simples espionagem para a desinformação? Por quê havia
sido reorganizada?
Golitsyn sugeriu que tudo havia começado com uma recomendação do Politburo
no meio dos anos cinqüenta, informando que a União Soviética
provavelmente não venceria uma Guerra Nuclear. Prosseguia dizendo que
para vencer o Ocidente, era necessário recorrer à fraude e não à força.
Por seu uso singular, a Inteligência Soviética teria que se especializar
no intrincado trabalho de manipular as informações que os líderes
ocidentais recebiam.
Este tipo de
manipulação não era um papel novo para a Inteligência Soviética. Afinal,
sob a liderança de Felix Dzerzhinskii nos anos vinte, ela havia
executado campanhas de desinformação, tais como “O Truste” (The
Trust) contra o Ocidente. Aleksandr Shelepin, alto executivo do Partido
Comunista, foi posto no comando da KGB em 1959 com a missão de retornar
à KGB a missão de desinformação estratégica.
Sob
Shepelin, durante a reorganização da KGB, Golitsyn trabalhou numa
análise que pretendia demonstrar como a espionagem tradicional poderia
estar subordinada aos objetivos da desinformação, sem potencialmente
comprometer a necessidade de segredo absoluto desta última. O problema
intrínseco era que os oficiais da KGB em contato com agentes da
Inteligência Ocidental, tanto poderiam recrutá-los ou passar a eles
desinformação, como poderiam ter oportunidades para desertar ou pelo
menos ficar comprometidos com o Ocidente.
De
fato, houve relatos de oficiais da Inteligência Soviética que, ou
desertaram ou ofereceram informações à CIA desde o final da Segunda
Guerra. Enquanto alguns deles poderiam ser considerados como desertores
enviados pela própria KGB, um grande número deles mostrou ser legítimo.
Como poderia a KGB sustentar a desinformação, se era provável que alguns
de seus oficiais poderiam desertar ou trair seus segredos?
Golitsyn
explicou que a reorganização da KGB em 1958-59 foi feita com o objetivo
de evitar esta vulnerabilidade. Ela efetivamente separou a KGB em duas
entidades. Uma KGB externa e outra KGB interna.
A
KGB “externa” era composta de pessoas que, sem necessidade, tiveram
tido contato com estrangeiros e eram portanto passíveis de cooptação.
Esta parte da KGB incluía recrutadores e olheiros alocados em embaixadas
e missões diplomáticas, adidos militares, agentes de propaganda e
desinformação e oficiais ilegais que já haviam trabalhado no exterior.
Uma vez que haviam tido contato com ocidentais, mesmo que somente para
recrutá-los como espiões, eles eram considerados como “espiões
marcados”. Um certo percentual poderia, pela lei da probabilidade, ser
pego. Estes “agentes marcados” eram o equivalente a pilotos enviados em
missões sobre o território inimigo. A eles não era somente restringido o
conhecimento de qualquer tipo de segredo de Estado (outro que não o
estritamente necessário à suas missões), mas eles eram também orientados
sobre o que seria útil do inimigo saber no caso de serem capturados.
A
KGB “interna” era o repositório real dos segredos. Era limitada a um
pequeno número de oficiais de confiança, sob supervisão direta do Politburo
que planejava, orquestrava, controlava e analisava as operações. (De
acordo com Golitsyn, todo os riscos de segurança potenciais, que
incluíam muitos oficiais de descendência judia, foram transferidos para o
serviço exterior na preparação para a reorganização).
Uma
“muralha da China” existia entre estes dois níveis. Nenhum pessoal do
serviço externo poderia ser transferido para o serviço interno, ou
vice-versa. Ninguém poderia no serviço externo ser exposto à segredos
estratégicos outros que não o que havia sido preparado para ser
divulgado como desinformação.
Angleton
entendeu as implicações desta reorganização. Se Golitsyn estivesse
correto, significava que a CIA sabia virtualmente nada sobre a
capacidade do seu adversário para desinformação orquestrada. Para ser
sincero, a CIA havia recebido provas fragmentárias de outras fontes que a
Inteligência Soviética estava aplicando mudanças no seu pessoal em
1959, mas não havia como encaixar estas informações dentro de um modelo
com algum significado. Agora visto sob esta nova perspectiva que
Golitsyn trazia, a KGB havia se transformado em um instrumento muito
diferente e muito mais perigoso da política soviética. Seu principal
objetivo era prover informação para a CIA que pudesse servir de base
para que o governo dos Estados Unidos tomasse as decisões erradas. Tais
informações pareceriam críveis porque seriam feitas de modo a encaixar
com outras informações que a Inteligência Americana recebia de outras
fontes.
Isto significava, ainda,
que muitos alvos que a CIA estava perseguindo como recrutas –
diplomatas, adidos militares, jornalistas, dissidentes e oficiais da
inteligência – eram os que portavam estas desinformações. Eles eram
todos da KGB “externa”. Mesmo que se fossem persuadidos a trabalhar como
infiltrados para a CIA, sua informação seria de valor duvidoso. Tudo o
que eles tinham acesso, além de dados triviais sobre o seu próprio
aparato de espionagem, era desinformação.
Nenhum
microfone plantado pela CIA em embaixadas soviéticas seria de qualquer
uso. As conversas que seriam obtidas daqueles que foram excluídos dos
segredos estratégicos reais da KGB “interna”. Eles poderiam apenas
reforçar a desinformação.
A tese de
Golitsyn ia além de apenas invalidar as táticas atuais da CIA e do FBI.
Desacreditava muitos dos seus sucessos passados – pelo menos desde a
reorganização em 1959. Esta nova visão seria particularmente danosa aos
agentes-duplos e desertores que proclamavam ter acesso a segredos
estratégicos. Se eles não tivessem tido tal acesso, como Golitsyn
assegurava, eles tinham de ser definidos ou como fraudes ou como agentes
de desinformação. Sob esta nova luz, heróis se tornavam vilões e
vitórias se transformavam em derrotas. Era o equivalente para a CIA como
passar para o outro lado do espelho.
Quando
Angleton apresentou a tese de Golitsyn para os executivos operacionais
da CIA, isto trouxe áspera resistência. Nem os recrutadores da CIA nem
do FBI estavam dispostos a aceitar a idéia de que eles estavam indo
atrás das pessoas erradas no lado soviético. Esta tese faria deles
cúmplices, mesmo que inconscientes, dos planejadores da desinformação
soviética. Eles não foram receptivos também à concepção da CIA que
desacreditava fontes valiosas, tais como Oleg Penkovskiy, sobre o qual
muitos haviam erigido suas carreiras. Havia também o problema prático de
que as conclusões obtidas destas fontes tinham sido encaminhadas ao
longo dos anos para o Conselho de Segurança Nacional e ao Presidente. A
suposição de que o trabalho da CIA fora baseado em desinformação não era
portanto atrativa para a maior parte dos executivos da CIA.
No
FBI, a tese de Golitsyn foi rejeitada por J. Edgar Hoover. Ele tinha um
motivo muito poderoso uma vez que os agentes do FBI haviam recrutado
diplomatas soviéticos na ONU, tais como Fedora e Tophat, como fontes.
Eles não haviam anunciado somente que tinham acesso aos segredos ao
nível de tomada de decisões do Politburo, mas forneceram a
eles, sob pedido do FBI. Hoover havia passado pessoalmente alguns destes
materiais diretamente ao Presidente. Ele não estava disposto a aceitar
uma interpretação que apresentasse estes dados como desinformação da
KGB.
Em 1967, ele encerrou o assunto,
pelo menos dentro do FBI, por definir Golitsyn como um “agente
provocador e de infiltração” controlado pelos soviéticos. Ele avançou na
teoria de que a KGB havia forjado sua deserção para desacreditar o FBI.
Então recusou qualquer posterior cooperação com a CIA que objetivasse
substanciar a história de Golitsyn. Por exemplo, ele ordenou que o FBI
retirasse a equipe de vigilância que tinha estado vigiando um suspeito a
pedido da CIA. E, como a tensão sobre o caso aumentava, Hoover quebrou
todas os elos de ligação com a CIA. (Em 1978, depois da morte de Hoover,
o FBI reconheceu que Fedora e Tophat eram agentes de desinformação
controlados pela KGB).
Por volta de
1968, a Inteligência Americana estava, como Helms descreveu, “uma casa
dividida contra ela mesma”. O pessoal de Angleton e outros executivos
que aceitavam a tese de Golitsyn, viram que necessitavam tomar ações
contra uma KGB reorganizada. Ao invés de ter como alvo o pessoal das
embaixadas do bloco soviético, como era feito antes, eles quiseram
procurar novos meios de penetrar no coração da Inteligência Soviética.
Eles também tinham que estar certos que suas decisões não seriam
informadas de volta à KGB – mesmo que isso significasse uma carreira
tumultuada na CIA.
Aqueles envolvidos
em obter informações de inteligência viram a situação em termos muito
diferentes. A tentativa de validar a tese de um desertor soviético havia
feito a Divisão Soviética da CIA paralisar suas ações de ir em busca de
novos recrutas soviéticos. Também havia deixado desertores no exterior
para evitar um outro incidente como o caso “Nosenko”. E isto manteve
oficiais de reporte, cujo trabalho era extrair informações dos relatos
dos agentes, sem fazer o seu trabalho de extrair informações das fontes
que eles já haviam recrutado. Isto havia, sob o seu ponto de vista,
paralisado as ações normais de inteligência.
A
frustração destes oficiais era intensificada pelo segredo envolvendo a
disputa. Poucos deles foram informados sobre a tese de Golitsyn. Tudo
que sabiam era que seu trabalho estava sendo questionado por Angleton e
seu pessoal. Com o passar dos anos, a misteriosa investigação pareceu a
eles nada mais do que um “pensamento doentio”.
O
que nenhum dos lados da CIA podia ver era a lógica do outro lado. Era
como aquele célebre experimento Gestalt em psicologia no qual alguém
pode ver duas faces ou uma taça de vinho numa imagem, mas não os dois.
Similarmente, a CIA não podia lidar com dois conceitos mutualmente
excludentes sobre o seu inimigo. O que os oficiais operacionais e
analistas olhavam como se fosse informação válida, fornecida por fontes
soviéticas que arriscaram suas vidas para cooperar, era visto pelo
pessoal de contra-inteligência como desinformação, provida por fontes
controladas e enviadas pela KGB.
Finalmente,
Helms decidiu que o nó górdio teria de ser cortado. Ele sugeriu que o
teste da tese de Golitsyn deveria ser sua utilidade. Poderia ser usada
para identificar falsificações do Kremlin? Se não, que vantagem teria
para a CIA? Helm perguntou: o que os sete anos de interrogações à
Golitsyn haviam produzido em resultados práticos, “um elefante ou um
rato?”.
Golitsyn nunca proclamou haver
participado de qualquer planejamento de desinformação. Ele apenas havia
visto o mecanismo para a execução delas ser colocado em ação.
Quando
pressionado pelo pessoal de Angleton sobre quais as desinformações que
poderiam ser executadas, Golitsyn poderia apenas extrapolar sobre pistas
velhas há mais de uma década. Elas eram, no máximo, teorias não
provadas. Por exemplo, ele especulou que muitas das aparentes divisões
no bloco soviético, incluindo o rompimento entre China e a União
Soviética, teria sido encenada para tirar o equilíbrio do Ocidente.
Quando
ele apresentou-as em 1968 ao comitê que Helms havia organizado, ele não
pode convencer os seus membros, especialmente desde qu
e eles contradiziam a imagem da CIA sobre os eventos mundiais. Quando os
céticos o pressionaram por evidências, ele se tornou extremamente
defensivo e ordenou que eles apresentassem evidências para concorrer com
suas teorias. A reunião terminou de modo áspero, com Golitsyn gritando
para os experts da CIA como se eles o tivessem submetido à um fogo
cruzado de objeções.
Helms concluiu
que qualquer que fosse o valor da informação “antiga” que ele houvesse
suprido, as especulações de Golitsyn sobre as operações atuais da KGB,
para as quais ele não tinha acesso direto, eram sem valor algum para a
CIA. Ele havia falhado no teste.
Angleton,
que havia sobrevivido dentro da burocracia da CIA por vinte anos,
entendeu que isto significava que Golitsyn teria de ser colocado na
“geladeira”. Como o homem paciente que era, estava disposto a esperar
para ver se futuras evidências poderiam aparecer. Enquanto isso, ele
encorajou Golitsyn a descrever os detalhes da reorganização da KGB num
manuscrito.
A questão da desinformação
soviética não foi encerrada até 1973. Enquanto Helms era disposto a
tolerar as dúvidas de Angleton, o novo diretor William E. Colby, não.
Colby, filho de um missionário jesuíta, cuja maior experiência na CIA
havia sido em atividades políticas e paramilitares, rejeitou a
complicada visão de Angleton sobre a desinformação estratégica da KGB.
Ele via o trabalho da CIA como uma tarefa única de obter informações de
inteligência para o Presidente. Ele considerava a “KGB como uma coisa para ser evitada”. Não era para ser “objeto das operações da CIA”.
Onde Angleton havia encorajado uma política de suspeitas sobre novos
desertores e agentes duplos, Colby decidiu encorajar tais recrutamentos.
Ele explicava:
“Nós gastamos um
tempo enorme preocupando-nos com falsos desertores e falsos agentes.
Estou perfeitamente disposto a aceitar se você for lá fora e trouxer dez
agentes e que um ou dois possam ser maus. Você deveria estar apto a
contra-checar sua informação de modo que não seja levado muito longe no
caminho; pelo menos terá oito bons agentes.”
Esta mudança conceitual foi refletida numa ordem “top secret”
que foi enviada a todas as operações da CIA em 1973. Ao invés de
rejeitar o pessoal da unidade REDTOPS que haviam feito contato até que
sua ficha fosse analisada, a mensagem ordenava:
“Análises
de abordagens recebidas pelo REDTOP nos anos recentes claramente
indicam que os serviços da REDTOP não têm estado usando seriamente
sofisticados e sérios contatos como uma técnica de invasão. Contudo, o
medo de que sejam agentes provocadores, tem sido o grande responsável
pela má gerencia destes recursos mais do que qualquer outra causa.
Concluímos que fazemos a nós mesmos um desserviço se deixarmos de lado
casos promissores pelo medo da provocação... Nós estamos confiantes que
podemos determinar se um agente produtivo está suprindo informação
confiável”.
Angleton havia perdido a batalha. Era apenas uma questão de tempo antes que Colby formalmente se livrasse dele.
Notas:
Publicado originalmente por
http://www.edwardjayepstein.com/archived/looking.htm
Tradução: MSM
Leia também
A história secreta de Anatoli Golitsyn 1a Parte
O ENGODO DA PERESTROIKA - ANATOLIY GOLITSYN E PROFECIAS DE FÁTIMA
http://conspiratio3.blogspot.com.br/2013/10/o-engodo-da-perestroika-anatoliy.html
A SEGUIR EXCERTO DO BLOG
http://juliosevero.blogspot.com.br/2013/02/marina-silva-e-heloisa-helena-como.html
De acordo com as novas diretrizes
ditadas pelo partido comunista soviético, ambas abraçaram formas modernas de
militância ideológica, tal como denunciadas pelo dissidente Anatoli Golitsyn,
por meio do seu livro "New Lies for Old" ("Novas Mentiras
Velhas"), quais sejam, respectivamente, a causa ambientalista, para
Marina Silva, e a infiltração marxista da religião pela Teologia da Libertação,
por Heloísa Helena.
Vale citá-lo:
A adoção da nova política do bloco
e a estratégia de desinformação envolveu mudanças organizacionais na União
Soviética e por todo o bloco. Na União Soviética, como em outros países
comunistas, foi o Comitê Central do partido que reorganizou os serviços de
segurança e de inteligência, o ministério de relações exteriores, outras seções
do governo e aparatos político-governamentais, além das organizações de massa,
a fim de adequá-las todas à implementação da nova política e torná-las
instrumentos desta. (p. 45) (grifos meus)
Sobre Marina Silva e a Teologia
da Libertação, veja este rápido e informativo vídeo postado por Julio Severo: http://youtu.be/ZGvsIXajiVs
Um papagaio pode se apresentar como
um ativista pró-vida. Como todos sabem, este simpático animal possui a
habilidade de imitar os sons humanos, porém, falta-lhe a compreensão sobre os
significados das palavras, e especialmente sobre os fundamentos de
conceitos.
Não pode, sem chance de
alternativa, haver um ativista, militante ou político socialista que seja
pró-vida sob um fundamento mais profundo que o da imitação dos
papagaios. Como podem, a não ser imitando os papagaios, que estas senhoras
se apresentem como ativistas "pró-vida" enquanto defendem tiranias
que condenam milhares de pessoas ao morticínio pelos motivos mais
injustificáveis?
Sob a concepção socialista, o homem
serve à sociedade, esta sim considerada um fim em si, tal como uma engrenagem
que pertence a um maquinário qualquer e que, uma vez imprestável, cumpre-lhe a
substituição.
Ser pró-vida significa defender o
caráter transcendental e finalístico do indivíduo. Sob uma sociedade livre
e cristã, a sociedade serve ao homem, que buscará por si próprio as respostas
para a sua existência, fazendo de si mesmo o único e intransferível responsável
por ela, conduzindo-a ao norte que achar melhor segundo seu próprio
juízo.
Em uma sociedade livre, a sociedade
existe para as pessoas realizarem seus projetos de vida. Em uma sociedade
socialista, as pessoas existem para realizar o projeto do grande líder do
momento, daí a efemeridade de sua vida, que pode ser sumariamente descartada ao
menor sinal de mostrar-se inútil. Em uma sociedade socialista, em última
instância, as pessoas não vivem. Como pode então haver políticos de esquerda reivindicando
a posição de serem pró-vida?
Ademais, posições individuais
contam nada ou muito pouco para os grupos políticos e partidos de esquerda.
Assim, tanto faz que Marina Silva e Heloísa Helena sejam autênticas defensoras
de bebês e fetos. O abortismo é uma diretriz dos partidos de esquerda, e não
uma causa individual. Na hora oportuna, uma vez tomado o poder, será empossada
uma aborteira cruel e sanguinária tal como fez a atual mandatária Dilma
Rousseff, que se dizia cristã às vésperas de sua eleição, ao nomear Eleonora
Menicucci para a Secretaria de Políticas para as Mulheres. Para elas, se ou
quando assumirem a faixa presidencial, será muito fácil dizer: "- foi uma
escolha do povo" (isto é, do partido).
O aborto é uma política
absolutamente necessária aos partidos de esquerda. Estes não podem abrir mão
deste múltiplo instrumento de controle populacional, de empregos, de seleção
racial, de criminalidade e de eventuais dissidências. O socialismo é o regime
que se caracteriza por controlar variáveis na saída dos processos, e não nas
causas. Ilustrativamente, é o regime onde havendo dez cabeças e nove chapéus,
opta preferencialmente por decepar uma cabeça. Ou duas ou três.
NOVAS MENTIRAS EM LUGAR DAS VELHAS - ANATOLIY GOLITSYN
O LIVRO JÁ ESTÁ NA INTERNET
DESINFORMAÇÃO -KGB E A ESTRTÉGIA DA MENTIRA EM ESCALA PLANETÁRIA - NOVAS MENTIRAS EM LUGAR DAS VELHAS - ANATOLIY GOLITSYN
"O mundo Ocidental como um todo, e os Estados Unidos em particular, se equivocaram seriamente sobre a natureza das mudanças no mundo comunista. Não estamos testemunhando a morte do comunismo, mas uma nova ofensiva estratégica de desinformação."Anatoliy Goliytsyn
http://conspiratio3.blogspot.com.br/2014/09/novas-mentiras-em-lugar-das-velhas.htmlCONSPIRATIO
ALGUNS DADOS ELEMENTARES SOBRE O MOVIMENTO COMUNISTA - OLAVO DE CARVALHO
http://conspiratio3.blogspot.com.br/2017/01/alguns-dados-elementares-sobre-o.html
ESTRATÉGIAS DE ESPIONAGEM, INFILTRAÇÃO, MANIPULAÇÃO, DESINFORMAÇÃO, DESTRUIÇÃO - YURI BEZMENOV https://conspiratio3.blogspot.com/2015/11/estrategias-de-espionagem-infiltracao.html
*
A HISTÓRIA SECRETA DE ANATOLIY GOLITSYN - COMUNISMO EM REDE E A FALSA QUEDA DO COMUNISMO
http://conspiratio3.blogspot.com.br/2013/07/a-historia-secreta-de-anatoliy-golitsyn.html
*
CONSPIRATIO 3: DESINFORMAÇÃO -KGB E A ESTRATÉGIA DA MENTIRA EM ESCALA PLANETÁRIA - NOVAS MENTIRAS EM LUGAR DAS VELHAS - http://conspiratio3.blogspot.com.br/2014/09/novas-mentiras-em-lugar-das-velhas.html
*
DESINFORMAÇÃO
- ION MIHAI PACEPA - A ARMA COMUNISTA PARA DESTRUIR A CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL
http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2015/11/agora-em-portugues-o-livro-bomba-que.html
*
ARQUIVOS SOVIÉTICOS - UMA HISTÓRIA OCULTA DO MAL https://conspiratio3.blogspot.com/2015/12/arquivos-sovieticos-uma-historia-oculta.html
*
"Mentira foi o princípio que pôs em marcha o
regime totalitário." "A força incomparável de Soljenitsyn está ligada à
sua pessoa, ao que define sua mensagem: a recusa incondicional da
mentira. Pode acontecer que não se possa dizer a verdade, ele repete,
mas sempre se pode recusar a mentira. O regime soviético parece-lhe
perverso como tal porque institucionaliza a mentira: o despotismo chama,
a si mesmo, liberdade, a imprensa subjugada a um partido finge ser
livre e, no momento da Grande Purgação, Stalin declarou que a
Constituição era a mais democrático do mundo. A voz de Solzhenitsyn
alcança longe e alto, porque não se cansa de nos chamar de volta à
perversidade intrínseca do totalitarismo." https://conspiratio3.blogspot.com/2019/06/comunismo-ideologia-mentira-e.html
*
"O mundo Ocidental como um todo, e os Estados Unidos em particular, se
equivocaram seriamente sobre a natureza das mudanças no mundo comunista.
Não estamos testemunhando a morte do comunismo, mas uma nova ofensiva
estratégica de desinformação." Anatoliy Golitsyn
https://conspiratio3.blogspot.com/2018/01/finalmente-republicaram-o-livro.html
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Eu não sei muito sobre a Ucrânia, mais sei, há muito
tempo, que a KGB é a mestra da desinformação. Desinformação não é só uma
mentira posta para circular nas esferas-alvo, é uma operação complexa,
cara, às vezes longamente preparada, envolvendo várias etapas.
"Por exemplo, a onda de pânico da mídia européia ante a “ameaça
neonazista” na Alemanha cessou quando, com a reunificação do país, os
documentos da Stasi vieram à tona, mostrando que os principais
movimentos neonazistas na Alemanha Ocidental e até alguns nas nações
vizinhas eram fantoches criados e subsidiados pelo governo comunista da
Alemanha Oriental para despistar operações de terrorismo e assassinatos
políticos (o atentado ao Papa João Paulo II foi um caso típico: leiam
The Time of the Assassins de Claire Sterling e Le KGB au Coeur du
Vatican, de Pierre e Danièle de Villemarest). "
LIVROS
KGB e a Desinformação Soviética - Ladislav Bittman https://livraria.seminariodefilosofia.org/a-kgb-e-a-desinformacao-sovietica
DESINFORMAÇÃO - A PRINCIPAL ARMA COMUNISTA - ION MIHAI PACEPA
https://conspiratio3.blogspot.com/2016/01/desinformacao-livro-de-ion-mihai-pacepaq.html
ESTRATÉGIA DA TESOURA - ANATOLIY GOLITSIN (livro MEIAS VERDADES, VELHAS MENTIRAS) https://conspiratio3.blogspot.com/2022/03/um-exemplo-da-estrategia-da-tesoura.html
O livro de Natalie Grant intitulado ‘Disinformation: Soviet Political
Warfare, 1917-1991’ oferece-nos percepções adicionais. Há um antigo
princípio operacional russo: “simular o que não é, dissimular o que
existe”. https://conspiratio3.blogspot.com/2021/08/jeffrey-nyquist-desinformacao-101.html
MAIS EM: https://conspiratio3.blogspot.com/search/label/DESINFORMA%C3%87%C3%83O *
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