"Subjacente a todas essas estratégias, está a quinta: a que trata do programa de desinformação. O elemento mais importante deste programa é a premeditada ruptura sino-soviética, a qual permitiu às duas potências comunistas empreender com sucesso a estratégia da tesoura, isto é, desenvolver políticas externas dualistas e complementares, das quais a íntima coordenação vem sendo ocultada do Ocidente, sem o menor sinal de que este a tenha sequer percebido. É esta estratégia da tesoura que contribuiu significativamente para todas as outras estratégias."
"Via de regra, os esforços chineses e soviéticos podem ser entendidos não como rivalidades, mas como uma bem coordenada divisão de trabalho que trouxe dividendos para a estratégia comum. Quando existe alguma disputa séria entre dois países do Terceiro Mundo, é possível discernir um padrão nas políticas externas soviética e chinesa, no qual cada um toma posição a favor de um dos lados e adota uma bem definida dualidade em suas políticas. Dualidade entendida como a obtenção simultânea de dois benefícios. Quem quer que ganhe, ganham sempre a política e a estratégia comum. A União Soviética busca aumentar sua influência sobre um dos contendores e a China sobre o outro.
O exemplo clássico desse padrão é verificado no caso da Índia e do Paquistão. O conflito sino-indiano de 1962 foi provocado pelos chineses. Os soviéticos assumiram uma postura amplamente antichinesa e pró-indiana, a qual lhe granjeou certa afeição e reputação na Índia. À época da irrupção da polêmica pública entre os partidos soviético e chinês, em 1963, uma missão do exército e da força aérea indiana visitou a União Soviética. No ano seguinte, o ministro da defesa indiano foi a Moscou para discutir a cooperação militar soviético-indiana. Outras visitas mútuas de delegações militares tiveram lugar em 1967 e 1968. Em meados dos anos 60, já haviam sido estabelecidas reuniões regulares para consultas sobre problemas de interesse mútuo entre os ministros das relações exteriores da União Soviética e da Índia.
Os Estados Unidos consideraram a Índia responsável pelo conflito com o Paquistão em 1971, interrompendo a ajuda militar àquela. Os soviéticos fizeram um apelo, pedindo o fim do conflito, mas não obstante, mantiveram seu apoio moral à Índia, pelo qual Indira Gandhi expressou sua gratidão. Um tratado de amizade foi assinado entre a União Soviética e a Índia em agosto de 1971. Um grande influxo de visitantes soviéticos seguiu-se à assinatura do tratado. Em outubro, Firyubin foi à Índia, coincidentemente, no mesmo mês em que Tito lá esteve. Nos três meses seguintes, lá estiveram Kutakhov, chefe da aviação militar soviética e V.V. Kuznetsov, vice-ministro do exterior soviético.
Em dezembro, a Sra. Gandhi condenou a política americana no Vietnã. Em 1973, foi assinado um acordo entre a Gosplan, a agência soviética de planejamento e a comissão indiana de planejamento. Muito em função da habilidosa exploração soviética do conflito indo-paquistanês, em meados dos anos 70 a tendência na direção de relações cada vez mais estreitas entre a Índia e a União Soviética tornou-se virtualmente irreversível. O breve governo de Morarji Desai não foi capaz de ir contra a maré. As relações indo-soviéticas foram ainda mais fortalecidas pela visita de Brezhnev e suas tratativas com Indira Gandhi em 1981.
Enquanto os soviéticos reforçavam sua influência sobre a Índia, os chineses faziam o mesmo sobre o Paquistão, utilizando-se das mesmas técnicas de troca de vistas e delegações militares, especialmente entre 1962 e 1967. Quando os Estados Unidos cessaram a ajuda militar ao Paquistão em 1967, os chineses rapidamente preencheram o vácuo. Em 1968, o presidente Yahya Khan e seu ministro do exterior, visitaram a China. A cooperação foi incrementada. Em 1970, Kuo Mo-jo visitou o Paquistão. A essa altura, o Paquistão já se encontrava próximo o suficiente da China para servir de intermediário nos arranjos que levaram à visita de Kissinger à China, em 1971. Bhutto foi recebido por Mao em 1972, após outro conflito com a Índia e a formação de Bangladesh. O conflito resultou na saída do Paquistão da Comunidade Britânica (Commonwealth) e da SEATO. Outras trocas de vistas de alto nível continuaram a ocorrer entre paquistaneses e chineses, a despeito de mudanças no governo do Paquistão.
Assim como no caso da influência soviética sobre a Índia, a influência chinesa sobre o Paquistão está criando condições para uma aliança entre eles e para uma tomada de controle comunista. Já existe uma situação que pode ser explorada ainda mais pelos movimentos calculados e coordenados de chineses e soviéticos, em conexão, por exemplo, com a intervenção soviética no Afeganistão. A recente postura moderada chinesa tem a intenção de ajudar a construir uma imagem de respeitabilidade da diplomacia de détente chinesa diante dos países industriais avançados e também dos países do Terceiro Mundo. Essa postura é também consistente com o padrão emergente de dualidade sino-soviética; enquanto a União Soviética constrói frentes unidas com nacionalistas contra os Estados Unidos, a China procura seduzir e conduzir os Estados Unidos e outros países conservadores, inclusive estados africanos e asiáticos, para a formação de alianças ardilosas, traiçoeiras e artificiais, tanto com a China mesma como com suas parceiras, mas ostensivamente contra a União Soviética. A China busca penetrar o campo do adversário, não somente sem enfrentar resistência, mas sendo bem recebida como aliada contra o expansionismo soviético, devidamente equipada com tecnologia e armas ocidentais. Na fase atual da política, nem a União Soviética e tampouco a China colocam os partidos comunistas locais como armas estratégicas na vanguarda. Somente quando o objetivo de isolar os Estados Unidos do Terceiro Mundo for atingido, os partidos comunistas locais assumirão o seu lugar, ajustando as contas acumuladas com os nacionalistas que os reprimiram no passado.
A nova metodologia esclarece a contribuição ao sucesso das estratégias comunistas feita pela divisão de trabalho entre soviéticos e chineses, a qual implica na dualidade coordenada de suas políticas. Nos primeiros anos da détente e parafraseando Lênin, aos chineses foi dada a tarefa de tocar o “terrível contra-baixo”, em contraste com o “violino sentimental” dos soviéticos."
("Meias Verdades, Velhas Mentiras" Anatoliy Golitsyn, primeira edição em 1984)
*
"O mundo Ocidental como um todo, e os Estados Unidos em particular, se equivocaram seriamente sobre a natureza das mudanças no mundo comunista. Não estamos testemunhando a morte do comunismo, mas uma nova ofensiva estratégica de desinformação." Anatoliy Golitsyn https://conspiratio3.blogspot.com/2018/01/finalmente-republicaram-o-livro.html
*
Eu não sei muito sobre a Ucrânia, mais sei, há muito tempo, que a KGB é a mestra da desinformação. Desinformação não é só uma mentira posta para circular nas esferas-alvo, é uma operação complexa, cara, às vezes longamente preparada, envolvendo várias etapas.
"Por exemplo, a onda de pânico da mídia européia ante a “ameaça
neonazista” na Alemanha cessou quando, com a reunificação do país, os
documentos da Stasi vieram à tona, mostrando que os principais
movimentos neonazistas na Alemanha Ocidental e até alguns nas nações
vizinhas eram fantoches criados e subsidiados pelo governo comunista da
Alemanha Oriental para despistar operações de terrorismo e assassinatos
políticos (o atentado ao Papa João Paulo II foi um caso típico: leiam
The Time of the Assassins de Claire Sterling e Le KGB au Coeur du
Vatican, de Pierre e Danièle de Villemarest). " https://olavodecarvalho.org/credibilidade-zero/
*
[iii] Edward Jay Epstein, Deception: The Invisible War Between the KGB and CIA (New York: Simon and Schuster, 1989), pp. 97-98. De acordo com o desertor da KGB Golitsyn, “divisões falsas” no bloco comunista foram usadas para atrair os Estados Unidos para apoiar países comunistas supostamente “independentes” que supostamente estavam em desacordo com Moscou. Após uma palestra em 1958 sobre esse assunto, o presidente da KGB, Shelepin, “deixou escapar que a China seria o candidato perfeito para tal engano”. Depois de trabalhar com a equipe de contra-inteligência da CIA em 1968, Golitsyn encontrou evidências do falso sino-soviético. Mas os especialistas americanos não levaram essa evidência a sério. Sem fazer mais pesquisas, até Epstein concluiu que os especialistas estavam certos e Golitsyn estava errado sobre a divisão sino-soviética. Epstein chegou a essa conclusão por causa da documentada “guerra de fronteira entre tropas chinesas e soviéticas no rio Ussuri”. O que Epstein não conseguiu descobrir foi que um desertor chinês, escrevendo sob o pseudônimo de Yao Ming-le, alegou que o chefe do ELP, Lin Biao, havia encenado a guerra de fronteira sino-soviética em conluio com generais soviéticos. De acordo com Yao, regimentos reais seriam dizimados nesta luta, mas foi – de acordo com Yao – puramente para exibição. A história bizarra do desertor Yao, que pretende esclarecer o mistério da conspiração e morte de Lin Biao, chega perto do cenário de Golitsyn de encenar uma “falsa divisão”. Como explicamos o testemunho de um desertor chinês sobre uma falsa guerra de fronteira sino-soviética? No cenário de Golitsyn, as batalhas teriam sido encenadas como um espetáculo externo para o consumo americano; em outras palavras, enganar o Ocidente para que aceite a cisão sino-soviética como autêntica. No cenário de Yao, as batalhas foram encenadas para enganar Mao (para que o líder do PCC se abrigasse em um bunker onde Lin Biao iria gastá-lo). A história de Yao é inerentemente improvável como uma trama de golpe. Existem maneiras mais fáceis de assassinar e derrubar um líder do que criar uma guerra falsa. Em uma análise mais detalhada, Yao deve ter sido um desertor enviado para dissipar as suspeitas das autoridades dos EUA. Essas suspeitas podem ter surgido de um incidente relacionado à inteligência durante esse período, mencionado nas memórias de Kissinger e Nixon. Um detalhe mais interessante do testemunho de desertores sobre este assunto surgiu em agosto de 1998, quando GRU Coronel Stanislav Lunev me disse que um amigo próximo dele tinha estado no suposto local do acidente de Lin Biao perto de Öndörkhaan Mongólia (Lin Biao ou seus companheiros golpistas – dependendo de qual versão da história você acredita - supostamente tentou fugir para a União Soviética e foi abatido quando o avião entrou no espaço aéreo da Mongólia). De acordo com Lunev, os investigadores soviéticos no local determinaram que todos na aeronave caída haviam sido assassinados antes do voo e colocados a bordo para parecer que estavam tentando chegar à URSS. Uma vez que a União Soviética foi acusada de tentar derrubar Mao Zedong, e as provas fabricadas pretendiam implicar Moscou em um golpe contra Mao, por que as autoridades soviéticas não divulgaram as provas e as usaram para negar envolvimento no suposto golpe? Por que permanecer em silêncio e permitir que o mundo acredite nas falsas alegações chinesas? Novamente, a explicação mais provável nos leva de volta ao cenário de Golitsyn de uma falsa divisão sino-soviética. https://jrnyquist.blog/2022/07/19/the-inversion-of-jordon-peterson/
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LIVROS
A ERA DOS ASSASSINOS — A NOVA KGB E O FENÕMENO VLADIMIR PUTIN https://conspiratio3.blogspot.com/2013/10/a-era-dos-assassinos-nova-kgb-e-o.html
KGB e a Desinformação Soviética - Ladislav Bittman https://livraria.seminariodefilosofia.org/a-kgb-e-a-desinformacao-sovietica
DESINFORMAÇÃO - A PRINCIPAL ARMA COMUNISTA - ION MIHAI PACEPA
https://conspiratio3.blogspot.com/2016/01/desinformacao-livro-de-ion-mihai-pacepaq.html
ESTRATÉGIA DA TESOURA - ANATOLIY GOLITSIN (livro MEIAS VERDADES, VELHAS MENTIRAS) https://conspiratio3.blogspot.com/2022/03/um-exemplo-da-estrategia-da-tesoura.html
O livro de Natalie Grant intitulado ‘Disinformation: Soviet Political Warfare, 1917-1991’ oferece-nos percepções adicionais. Há um antigo princípio operacional russo: “simular o que não é, dissimular o que existe”. https://conspiratio3.blogspot.com/2021/08/jeffrey-nyquist-desinformacao-101.html
MAIS EM: https://conspiratio3.blogspot.com/search/label/DESINFORMA%C3%87%C3%83O
A ESTRATÉGIA DAS TESOURAS ENTRE PT E PSDB
5 de agosto de 2002 - A mídia nacional já levou longe demais essa farsa de rotular o tucanato de “direita”, um truque inventado pela esquerda para poder condenar como extremismo e fascismo tudo o que esteja à direita de FHC, ou seja, à direita da centro-esquerda.
FHC fez mais pelo avanço da revolução comunista no Brasil do que o próprio João Goulart, que ficou só na ameaça. Se, não obstante, seu governo ainda é rotulado de “direitista”, é somente graças a um fenômeno bastante conhecido na mecânica das revoluções: sempre que uma facção revolucionária toma o poder, suas próprias dissensões internas se substituem às divisões de partidos e facções existentes no regime anterior. Assim, por exemplo, após a revolução de 1917, a ala revolucionária menchevique passou a ser atacada pela ala radical como direitista e reacionária. Evidentemente, o sentido de “direita” havia mudado por completo: antes, era ser contra a revolução; agora, era não ser revolucionário o bastante. A diferença entre o caso russo e o brasileiro é que naquele a mudança foi declarada e consciente, ao passo que entre nós ela está proibida de ser mencionada em público.
Um dos elementos primordiais da revolução cultural gramsciana em curso é o lento e inexorável deslocamento de todo o eixo de referência dos debates públicos para a esquerda, de modo a estreitar a margem de direitismo possível e, aos poucos, substituir a direita genuína pela facção direita da própria esquerda ou por algum fanatismo hidrófobo estereotipado e fácil de desmoralizar. O processo deve ser conduzido de maneira tácita e, se alguém o denuncia, negado com veemência. As coisas devem acontecer como se não estivessem acontecendo. Os discordes e recalcitrantes, mais que censurados, são jogados para o limbo da inexistência e se tornam tão deslocados que parecem malucos. https://olavodecarvalho.org/transicao-revolucionaria/*
20 de junho de 2002 - O controle da mídia por uma classe ideologicamente homogênea leva inevitavelmente a opinião popular a viver num mundo falso e a rejeitar como loucura qualquer informação que não combine com o estreito padrão de verossimilhança aprovado pelos detentores do microfone.
Quem são esses detentores? Os jornalistas de esquerda continuam se
fazendo de coitadinhos oprimidos pelas empresas jornalísticas. Mas o
fato é que hoje nenhuma empresa jornalística, do Brasil, dos EUA ou
da Europa, se aventura a tentar controlar o esquerdismo desvairado que
impera nas redações. A “ocupação de espaços” pela militância esquerdista
cresceu junto com o poder da própria classe jornalística, e hoje ambas,
fundidas numa unidade indissolúvel, exercem sobre a opinião pública uma
tirania mental que só meia dúzia de inconformados ousa desafiar. Quando
esse estado de coisas dura por tempo suficiente, mesmo aqueles que o
criaram já não se lembram mais de que é um produto artificial: vivem no
mundo ficcional que criaram e adaptam para as dimensões dele todas as
distinções entre realidade e fantasia, tornadas por sua vez pura
fantasia.
Assim, pois, todos já se esqueceram de que o PT e o PSDB foram
essencialmente criações de um mesmo grupo de intelectuais esquerdistas
empenhados em aplicar no Brasil o que Lênin chamava “estratégia das
tesouras”: a partilha do espaço político entre dois partidos de
esquerda, um moderado, outro radical, de modo a eliminar toda
resistência conservadora ao avanço da hegemonia esquerdista e a desviar
para a esquerda o quadro inteiro das possibilidades em disputa. Tendo-se
esquecido disso, interpretam o predomínio temporário da esquerda
moderada, que eles próprios instauraram para fins de transição, como um
efetivo império do “conservadorismo”, e então se sentem –sinceramente —
oprimidos e jogados para escanteio no momento mesmo em que sua
estratégia triunfa por completo.
*
03 de agosto de 2002 - Desde seus fundadores, Sidney e Beatrice Webb, o fabianismo nunca passou de um instrumento auxiliar da revolução marxista, incumbido de ganhar respeitabilidade nos círculos burgueses para destruir o capitalismo desde dentro. Os conservadores ingleses diziam isso e eram ridicularizados pela mídia, mas a abertura dos Arquivos de Moscou provou que o mais famoso livro do casal não foi escrito pelo marido nem pela esposa, mas veio pronto do governo soviético.
A articulação dos dois socialismos era
chamada por Stalin de “estratégia das tesouras”: consiste em fazer com
que a ala aparentemente inofensiva do movimento apareça como única
alternativa à revolução marxista, ocupando o espaço da direita de modo
que esta, picotada entre duas lâminas, acabe por desaparecer. A oposição
tradicional de direita e esquerda é então substituída pela divisão
interna da esquerda, de modo que a completa homogeneinização socialista
da opinião pública é obtida sem nenhuma ruptura aparente da normalidade.
A discussão da esquerda com a própria esquerda, sendo a única que
resta, torna-se um simulacro verossímil da competição democrática e é
exibida como prova de que tudo está na mais perfeita ordem. https://olavodecarvalho.org/a-mao-de-stalin-esta-sobre-nos/
*
15 de junho de 2003 - Desde 1988 cada novo governo está um pouco mais à esquerda, fechando o SNI, engordando o MST, premiando terroristas com verbas oficiais, endossando uma a uma todas as exigências “politicamente corretas”, difundindo propaganda marxista pelas escolas, etc. etc. Em vez de alegrar-se com isso, os esquerdistas ficam cada vez mais irritados e seu discurso mais violento. A escalada da brutalidade verbal, com o sr. Caio César Benjamin mandando o presidente “se f…r”, mostra que o esquerdismo se torna tanto mais prepotente quanto mais vitorioso, que nada pode safisfazê-lo senão a obediência total e incondicional, que cada concessão, em vez de aplacá-lo, só excita ainda mais sua fome de poder absoluto.
Inspirada pela fórmula leninista da “estratrégia das tesouras”, a esquerda cresce por cissiparidade, ou esquizogênese, dividindo-se contra si mesma para tomar o lugar de quaisquer concorrentes possíveis, que hoje se reduzem a quase nada.
Quem domina o centro, domina o conjunto. A
esquerda inventa sua própria direita, criminalizando e excluindo do jogo
todas as demais direitas imagináveis. Uns anos atrás, tornou-se feio
estar à direita de FHC. Agora é impensável estar à direita de Lula. A
política nacional inteira já não é senão um subproduto da estratégia
esquerdista, realizando a fórmula de Gramsci, de que o Partido deve
imperar sobre toda a sociedade, não com uma autoridade externa que a
oprima ostensivamente, mas com a força invisível e onipresente de uma
fatalidade natural, de “um imperativo categórico, um mandamento divino” (sic). https://olavodecarvalho.org/a-clareza-do-processo/
*
Quantas vezes será preciso explicar que não se leva um país ao comunismo
por meio da propaganda direta, simples e unívoca, e sim através da
inteligente manipulação dos conflitos por meio do que Lênin chamava
“estratégia das tesouras”? https://olavodecarvalho.org/namoro-com-o-genocidio/
*
4 de dezembro de 2004 - O diálogo entre Christovam Buarque e Fernando Henrique Cardoso em Providence, EUA, gravado pelo próprio Buarque e publicado pela repórter Lydia Medeiros em http://oglobo.globo.com/jornal /pais/147246986.asp, é um documento de excepcional importância para a compreensão do que vem acontecendo e do que está para acontecer neste país. Seu conteúdo é de uma clareza estonteante. Nele os dois líderes admitem que seus partidos têm os mesmos objetivos, a mesma ideologia e até a mesma estratégia, não havendo entre eles outra disputa senão a do poder puro e simples, a da primazia no comando de um processo que em ambos os casos vai na mesma direção. Anos atrás, escrevi que a partilha do espaço eleitoral entre PT e PSDB correspondia à “estratégia das tesouras” preconizada por Lênin: à absorção de todas as correntes numa disputa insubstantiva, de modo que a ideologia comum, protegida por trás de um simulacro verossímil de concorrência democrática, ficasse a salvo de qualquer ataque mais sério. Para os que não são capazes de tirar conclusões dos fatos e só se convencem diante de uma confissão explícita, aí está o que pediam. https://olavodecarvalho.org/sindrome-do-piu-piu/
*
4 de setembro de 2006 - OLAVO DE CARVALHO – Quando essa gangue uspiana
começou a “campanha pela ética na política”, uma década e meia atrás,
já anunciei que era tudo uma empulhação destinada a entregar o poder
total à esquerda, usando e prostituindo a indignação moral do povo com
os miúdos corruptos da época para encobrir a montagem da maior máquina
de corrupção de todos os tempos.
Os tucanos estão hoje com choradeira, mas eles são amplamente culpados
pela ascensão do petismo, do qual foram cúmplices na “estratégia das
tesouras” calculada para suprimir da política todas as demais correntes e
dividir o bolo entre os dois partidos nascidos da USP. O que quer que
venha da boca de Chauis e Giannottis é sempre camuflagem, pose,
hipocrisia. Essa gente já deveria estar embalsamada faz muito tempo em
alguma espécie de IML intelectual. Cansei de ouvir besteira.
“Intelectual de esquerda”, seja tucano, petista ou qualquer outra
porcaria, tem para mim a confiabilidade de uma nota de R$ 32.
A USP sempre foi o templo da vigarice intelectual, e o sujeito que
começa com safadeza no campo das idéias acaba sempre inventando algum
mensalão para se remunerar do esforço de embrulhar a platéia. Os tucanos
ainda podem se redimir do mal que fizeram. A carta de 7 de setembro do
ex-presidente Fernando Henrique é um bom começo, mas é preciso um
arrependimento mais fundo e uma tomada de posição mais clara.
Não adianta querer um “choque de capitalismo” quando ao mesmo tempo se
cortejam “movimentos sociais” cujos programas “politicamente corretos”
exigem sempre maior controle estatal da sociedade. Um capitalismo assim
acaba virando capitalismo chinês. https://olavodecarvalho.org/usp-e-templo-de-vigarice/
*
7 de junho de 2011 - Existe alguma diferença entre o PT e o PSDB, ou eles são farinha do mesmo saco como se diz no linguajar popular?
Carvalho – Não são bem
farinha do mesmo saco, são as duas lâminas opostas e complementares
daquilo que Lênin chamava “a estratégia das tesouras”. Cortam por lados
opostos, mas produzem uma figura planejada em comum. Veja, por exemplo,
essa campanha obscena do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em
favor da liberação das drogas. Dirigindo a questão para os aspectos
jurídicos e econômicos mais gerais e abstratos, ele camufla o resultado
político concreto que a liberação das drogas produzirá fatalmente: a
ascensão das Farc à condição de empresa multinacional legítima e partido
político legalmente constituído. Isso é a coisa mais clara do mundo.
Liberado o comércio de drogas, quem dominará o mercado senão aqueles que
já têm o controle absoluto da produção, da distribuição e dos pontos de
venda? Transformar-se em empresa e partido, com uma via aberta para a
conquista legal do poder, sempre foi o objetivo permanente das Farc,
porque guerrilhas, por definição, não visam a uma vitória militar, e sim
a uma vitória política. Dar-lhes essa vitória é o objetivo comum do
governo e dessa oposição farsesca personificada em Fernando Henrique
Cardoso. Não esqueça que PT e PSDB nasceram do mesmo grupo intelectual
uspiano que agora domina o cenário político por dois lados. https://olavodecarvalho.org/barack-obama-e-um-semi-analfabeto/
*
PT e PSDB são os dois grandes pilares do esquerdismo nacional, Se um
cai, o outro não se sustenta. Ambos nos impuseram a "Nova República", o
MST, o abortismo, a ideologia de gênero, a propaganda comunista nas
escolas, a destruição da educação nacional, a paparicação dos
criminosos, a beatificação dos terroristas, o desarmamento civil, a
tolerância para com o narcotráfico etc. Segundo o próprio FHC, não têm
divergências ideológicas, brigam apenas pela partilha de cargos, e
nenhum dos dois pretende que isso mude no mais mínimo que seja.
https://www.facebook.com/carvalho.olavo/posts/627380474080697
SOCIALISMO FABIANO E SOCIALISMO MARXISTA
O socialismo fabiano distingue-se do marxista porque forma quadros de
elite para influenciar as coisas desde cima em vez de organizar movimentos
de massa.
A articulação dos dois socialismos era
chamada por Stalin de “estratégia das tesouras”: consiste em fazer com
que a ala aparentemente inofensiva do movimento apareça como única
alternativa à revolução marxista, ocupando o espaço da direita de modo
que esta, picotada entre duas lâminas, acabe por desaparecer.
http://www.olavodecarvalho.org/semana/08032002globo.htm
*
O. CARVALHO – Esquerda é toda corrente que legitima suas pretensões ambiciosas em nome de um futuro hipotético. Direita é quem legitima promessas modestas com base na experiência passada. https://olavodecarvalho.org/usp-e-templo-de-vigarice/
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