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domingo, 9 de março de 2014

A MENTIRA COLETIVAMENTE PARTILHADA TORNA-SE "VERDADE"...

       

"O grande arquiteto da desinformação sistemática foi Felix Edmundovitch Dzerzhinsky, criador da primeira polícia secreta soviética, a Tcheka. Quando Lênin perguntou, ainda em 1918 a Dzerzhinsky, sobre qual a estratégia que deveria ser adotada para influenciar o resto do mundo, recebeu como resposta: "diga sempre o que eles querem ouvir, minta, minta sempre e cada vez mais. De tanto repetir as mentiras elas acabam sendo tomadas como verdades".
"Esta expressão, levemente modificada, foi copiada por Paul Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda e do Esclarecimento do Povo do III Reich a quem foi atribuída, erroneamente e provavelmente de má-fé, a autoria. " Heitor de Paola

 A ESSÊNCIA DO COMUNISMO
A razão principal pela qual a maioria das pessoas se deixa enganar pelos embustes comunistas – indivíduos ou países – é a ignorância a respeito da essência do comunismo. Este tem sido sempre apresentado como a visão grandiosa de um futuro brilhante para a Humanidade onde haveria uma verdadeira cooperação entre os homens. Mesmo os que não acreditam nesta falácia e lutam contra ela, acreditam que esta intenção é sincera, mas utópica. Criticam-se os meios para alcançar os nobres fins – mas não se percebe que esta é, exatamente, a falácia.

As idéias assim chamadas socialistas são muito mais antigas do que Marx e Engels. A visão de um mundo menos competitivo com menos pobreza e desigualdade tem povoado os sonhos de inúmeros pensadores. Marx percebeu que este é um sonho impossível e por isto atribuiu a todos eles a qualificação de socialismos utópicos, em oposição ao comunismo, o único socialismo científico.

Em primeiro lugar é preciso deixar claro o que o comunismo não é. Não é um estado social a atingir; não é a ideologia do proletariado; não é um regime político; não é um sonho dos homens de bem; não tem, propriamente falando, uma causa pela qual lutar nem um objetivo a atingir nem um processo para atingi-lo.

Olavo de Carvalho tem dito que o comunismo não é um processo político mas uma cultura. Recentemente referiu que: ‘minha tese é que o comunismo não é um "regime" de maneira alguma, mas só o movimento enquanto tal, a "revolução permanente", o desgaste das melhores possibilidades humanas numa agitação feroz e sem finalidade. Afinal, etimologicamente, "revolução" quer dizer girar em círculos’ (comunicação pessoal). Portanto, causa, objetivo e processo se confundem numa coisa só: o comunismo já é, não será. Os fins não justificam os meios, são os próprios meios!

Aprofundando, acredito que a essência do comunismo é ser uma máquina de produção contínua, ininterrupta e eterna de mentiras. Pode-se dizer que Marx se deu conta do caráter utópico dos fins a que se propunham os diversos socialismos e, partindo de uma observação mais acurada da mente humana, chegou ao socialismo ‘científico’: Marx teria percebido – consciente ou inconscientemente – a preferência da Humanidade por mentiras agradáveis a ter que conviver com verdades por vezes dolorosas. Ou a um estado de dúvida, o mais temido e rechaçado de todos – embora o único que pode levar ao estudo e ao verdadeiro conhecimento. Substituiu então o velho lema socialista – a cada um de acordo com seu trabalho – por outro mais agradável - a cada um segundo suas necessidades. Enquanto o primeiro inclui necessariamente algum esforço, o segundo acena com um estado de coisas paradisíaco ou nirvânico no qual todos terão suas necessidades atendidas. A mudança é sutil mas fundamental.

Este estado já foi atingido pelos próprios líderes comunistas: nenhum exerceu qualquer trabalho sistemático por muito tempo. Marx viveu às custas de sua mulher aristocrática e depois, de Engels. Este nunca precisou trabalhar. Lênin formou-se em Direito mas teve uma única causa que abandonou para viver às custas da irmã, depois dos exilados e finalmente do Estado. Mao exerceu por pouco tempo o magistério, Chou Enlai era descendente de ricos mandarins. Fidel só defendeu a si mesmo e desde então vive às custas do Partido e do Estado. Prestes nunca mais trabalhou desde que desertou de forma desonrosa. A lista é infinita e serve para mostrar que, para os mais iguais entre os ‘iguais’ (apud Orwell) a teoria deu certo! Conseguiram recriar o estado aristocrático de parasitas tão indolentes quanto inúteis!

Não foi à toa que Orwell colocou seu personagem principal em 1984, Winston, como funcionário do ‘Ministério da Verdade’, encarregado de produzir mentiras; nem que o jornal principal do comunismo seja A Verdade (Pravda)! A máquina de produzir mentiras começou com Marx e segue até hoje produzindo incansavelmente. Os alegados objetivos do comunismo são como uma cenoura que se amarra na frente do cavalo: sempre perseguida, nunca atingida, pois cada vez que se move, o cavalo empurra a cenoura à sua frente. Assim, quando há alguma crítica ao eufemisticamente chamado socialismo real sempre vem a desculpa que aquilo não era o comunismo ainda, foi desvirtuado pelo stalinismo, o verdadeiro comunismo ainda não foi atingido. Mas nunca o será!, pois não é realmente algo alcançável e o processo de busca se esgota como fim em si mesmo.

Por possuir este caráter polimorfo, protéico, é sempre capaz de escapar a críticas e impossível de ser refutado. Ao mesmo tempo, é extremamente adaptável a qualquer circunstância, até ao fracasso, do qual, como uma Fênix, renasce em nova forma dissimulada, irreconhecível a não ser por um observador que conheça sua essência mentirosa. Realizam-se mudanças meramente cosméticas e se as apresentam como profundas.

Uma outra característica que o torna praticamente invulnerável é o mimetismo. Sabe-se que determinados animais, como o camaleão, mimetizam a cor e o aspecto da árvore em que se encontram para passarem desapercebidos dos seus predadores. Mas é só aparência, um camaleão mimetiza mas não se torna árvore, continua camaleão. Assim o comunismo mimetiza ‘avanços democráticos’, ou ‘liberação econômica’, mas apenas dissimula sua natureza, não deixa de ser o que sempre foi. Só se engana quem precisa ser enganado, embora seja preciso reconhecer que o mimetismo é tão próximo da perfeição que é difícil perceber que continua o mesmo com novas cores e aparências.

Assim foram a Nova Política Econômica de Lênin, os planos Qüinqüenais de Stalin, o Grande Salto a Frente e a Revolução Cultural (que floresçam mil flores - para serem devidamente extirpadas!), de Mao Zedong, as Quatro Modernizações, de Deng Xiaoping e a Perestroika, de Gorbachëv. Todos não passaram de mimetismo da democracia – o democratismo, com oposição controlada – ou do liberalismo – ‘economia de mercado’ socialista, totalmente controlada pelo Estado. Não apenas se travestem do que não são para evitar ataques, como o fazem como uma armadilha para atrair o inimigo e atacar de volta. Por exemplo, abandona-se a ‘ditadura do proletariado’ por um slogan mais palatável, o do ‘governo de todo o povo’. A abolição do termo ditadura não passa de uma dessas mudanças cosméticas para atrair incautos que acreditam em palavrório e não buscam o conteúdo oculto das palavras.

No nível pessoal isto se traduz pela imensa hipocrisia e desfaçatez que caracteriza individualmente os comunistas e que pode ser expressa com exatidão pela ironia usada por Agamenon Mendes Pedreira (leia-se Casseta e Planeta) do Globo de 23/05/2004: ‘espero um dia poder ser comunista, mas não tenho conta bancária suficiente ainda!’ O que demonstra, a meu ver, o que Olavo de Carvalho denomina ‘o desgaste das melhores possibilidades humanas’: um abandono total das noções éticas e morais.

Mas ai de quem tentar discutir isto a sério: é logo taxado de reacionário, burro, ignorante que não é capaz de perceber o distanciamento de que estes seres magnânimos são capazes.

Fico enojado quando em jantares sofisticados as pessoas comentam a necessidade de um estado socialista para melhorar a distribuição de renda, sem se darem conta de que a cada garfada de faisão e gole de Champagne Cristal, engolem o equivalente a uma semana de comida para toda uma família das que hipocritamente fingem defender.

Mas convenhamos que não é fácil para algumas pessoas se tornarem comunistas. Viktor Kravchenko, em seu livro Escolhi a Liberdade, mostra com crueza o grau de degradação moral e ético, além da corrupção do processo de pensar, que é necessário para um indivíduo assistir a morte por inanição de milhares de semelhantes em nome exatamente da melhora de situação destes mesmos semelhantes – no futuro! – por obra e graça do ‘Plano Qüinqüenal do Genial Paizinho Stalin’. É preciso atingir um nível de organização mental esquizóide, de uma tal divisão da mente – dois sistemas mentais incomunicáveis - que permite que o indivíduo seja capaz de não dialogar consigo mesmo e afastar as objeções morais, éticas ou religiosas que ameaçam com sentimentos de culpa, compaixão e empatia. Mas também de corrupção do próprio processo de pensar, o que torna a verdade cada vez mais persecutória e temida.
Portanto, não se trata aqui de mentiras quaisquer, mentirinhas mais ou menos graves que todos usamos em dadas circunstâncias, conscientemente percebidas como tal. Trata-se de um verdadeiro sistema mentiroso que se aproxima – e freqüentemente atinge – o franco delírio psicótico. Penso que o status ontológico da mentira foi observado pelo psiquiatra e psicanalista britânico Wilfred Bion quando afirmou que ‘a verdade não precisa de um pensador que a pense – ela pré-existe e transcende o pensador, o qual adquire significação ao pensá-la. A mentira, no entanto, só existe em função de ser pensada (inventada) por alguém’, (...) A verdade pertence a um sistema transcendente e como tal, ameaça irromper como algo estranho e ameaçador (...) já a mentira é vista – e é - como criação própria’ conferindo ao mentiroso um sentimento de onipotência e onisciência. (The Lie and the Thinker, in Attention and Interpretation, Tavistock Publications, London).

Mas como estes dois sistemas incomunicáveis não conseguem ser tão estanques como desejariam, é necessária a re-afirmação constante por parte do grupo que partilha ardorosamente a mesma mentira. Por isto, um comunista não existe senão em grupo. Se alguém tenta expressar uma verdade num grupo desses desperta imediatamente intenso ódio e inveja, e maior coesão do grupo – e da mente de cada um em particular que ameaça uma cisão terrível - para reforçar o delírio megalomaníaco e expulsar o perturbador de suas idéias.
É claro que o comunismo é muito mais que isto, mas esta, a meu ver, é a sua essência.
HEITOR DE PAOLA
MSM em 27 de maio de 2004 




"Neurose, dizia um outro ás da clínica psicológica, o meu falecido amigo Juan Alfredo César Müller, é uma mentira esquecida na qual você ainda acredita. Não é só uma figura de linguagem. É o resumo compacto de uma ordem causal que a observação clínica confirma todos os dias. O processo tem três etapas: mentir, ocultar a mentira de si próprio e, por fim, entregar-se à produção compulsiva de pretextos, fingimentos e racionalizações sem fim, os mais postiços e contraditórios, para poder continuar agindo com base naquilo que se nega e ao mesmo tempo defender-se desesperadamente da revelação dos motivos iniciais verdadeiros que determinaram o curso inteiro da mutação patológica. "

"Aplicado ao estudo dos processos histórico-políticos, o conceito tem de ser ajustado para dar conta de várias seqüências neurotizantes simultâneas e sucessivas, que, ao entremesclar-se num caleidoscópio de falsificações, tornam a forma geral do processo totalmente invisível à massa de suas vítimas, e ao mesmo tempo dão visibilidade hipnótica a aspectos isolados e inconexos, artificialmente dramatizados como “problemas urgentes”, fazendo com que do mero caos mental se passe às ações arbitrárias e desesperadas que complicam o quadro da vida real até à alucinação completa. Diversamente do que acontece na neurose individual, onde o autor e a vítima da mentira são a mesma pessoa, as neuroses coletivas são produzidas desde fora, por grupos de estrategistas e engenheiros sociais que, ao menos num primeiro momento, imaginam poder controlá-las em proveito próprio, mas que em geral acabam sendo eles mesmos arrebatados pelo movimento de destruição que geraram: nunca houve grupo de líderes revolucionários que não acabasse sendo dizimado pela própria revolução. "

Olavo de Carvalho Richmond, VA, 29 de maio de 2008
Do prefácio ao livro O EIXO DO MAL LATINO-AMERICANO




Heitor De Paola
Talvez não exista acontecimento da história mais documentado do que a Segunda Guerra Mundial. Não obstante, as falsificações sobre este período tomaram foros de verdade.
Pode-se concordar com Vladimir Volkoff (Pequena História da Desinformação – Do Cavalo de Tróia à Internet) que a desinformação como um todo – e a manipulação da História em particular – passou de “uma infância balbuciante para uma juventude esclarecida” com a invenção da imprensa por Gutenberg em 1434. O velho adágio ‘acredito porque eu vi’ passou a ser ‘acredito porque eu li’. O monopólio real e clerical – os éditos do rei e as prédicas pastorais – foi intensamente desafiado pela proliferação de panfletos, brochuras, libelos, que vieram num crescendo até o século XVIII com a sistematização enciclopédica. Já é produto da falsificação da História que apenas os óbvios aspectos positivos deste desenvolvimento tenham sido ressaltados, deixando de lado o fato de que este invento possibilitou também a disseminação de toda a sorte de mentiras, infâmias e falsas reconstruções.
Quando os Philosophes iluministas se lançaram a compilar a Encyclopédie, ou Dictionnaire Raisonné des Sciences, des Arts et des Métiers seguiram a orientação de seu principal representante, Denis Diderot, que dizia que ‘a natureza de um bom dicionário deve ser a de mudar a forma habitual de pensar’. Volkoff considera esta obra monumental com 28 volumes como o perfeito cavalo de Tróia da Revolução Francesa. Os escritores da enciclopédia viram-na ‘como a destruição das superstições e o acesso ao conhecimento humano’. O que não contaram para ninguém é que estavam criando novas superstições e dando acesso, não à verdade dos fatos, mas a seus próprios preconceitos. Voltaire, um desinformador inescrupuloso, compreendeu bem que o alvo da obra era mudar a opinião pública contra a monarquia e a Igreja Católica. Não através de expor simplesmente as efetivas mazelas das duas instituições mas, com um total desprezo pela verdade – até mesmo criando vários pseudônimos – criando mentiras e as transformando em verdades absolutas como produtos da ‘razão’ e da ‘ciência’.
O primeiro grande falsificador – a obra de Voltaire não pode ser considerada uma sistemática violação da História – foi Karl Marx cuja visão fraudulenta da História, o ‘materialismo histórico’, precisava ser provada de qualquer maneira sob pena de ruir toda a estrutura charlatanesca que começara a inventar. Re-interpretações históricas, como O 18 Brumário de Luis Bonaparte demonstram cabalmente suas intenções. Nesta obra Marx não somente faz uma interpretação dos acontecimentos de 1848 na França à luz de suas idéias como, retroativamente, ironicamente distorce o ocorrido nesta data em 1799 quando o tio de Luís, Napoleão, deu o golpe no Diretório e tornou-se Imperador. Data desta obra a re-interpretação da falácia hegeliana de que a história se repete: ‘(Hegel demonstrou que) todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa’ (Marx, 18 Brumário).

A ‘juventude esclarecida’ chegou à plena maturidade com a instalação do primeiro governo comunista, em 1917 na Rússia. O grande arquiteto da desinformação sistemática foi Felix Edmundovitch Dzerzhinsky, criador da primeira polícia secreta soviética, Tcheka (das duas letras cirílicas Ч [tche] e К [ka]). A primeira fraude fotográfica importante de que tenho notícia foi a supressão da imagem de Trotsky ao lado da tribuna de onde Lenin discursava para as tropas na Praça Sverdlov em 1920, obra de seu sucessor, Lavrenty Pavlovich Beria sob as ordens de Stalin.

Talvez não exista acontecimento da história mais documentado por artigos, livros, fotos e filmes do que a Segunda Guerra Mundial. Não obstante, as falsificações sobre este período tomaram foros de verdade, e esta, impotente de se mostrar por si mesma, sucumbiu a montanhas de mentiras de várias origens, entre as quais as falsificações baseadas no ‘materialismo histórico’. O texto que apresentamos a seguir, de autoria do Professor Gustavo Corção e originalmente publicado em Maio de 1970, em Permanência, visa a esclarecer fraudes baseadas naquela que se tornou, aberta ou sigilosamente, a grande verdade sobre este período, a falácia denominada Grande Guerra Patriótica, como os soviéticos chamavam o front oriental da Segunda Guerra. Encomendada por Stalin e nomeada segundo a Guerra Patriótica de 1812 contra a invasão napoleônica, é uma exaltação à Stalin e à liderança do Partido Comunista, omitindo que a URSS teria sido presa fácil da Wermacht que rapidamente chegaria aos Urais não fora a maciça ajuda americana em armas e dinheiro. Mas deixemos a palavra com Corção.

***

FALSIFICAÇÕES DA HISTÓRIA

A História em todos os tempos tem mais nódoas do que brancuras, ou mais buracos do que queijo, como o suíço; mas pode-se dizer que a mais falsificada das histórias é justamente a dos anos em que o mundo dispõe do aparatoso instrumental de comunicações, com que tanto se empolgam hoje os religiosos.
Conhecemos melhor a história da Grécia de Péricles do que a história da última guerra mundial. Já dei vários exemplos. Trago hoje novos, e não serão certamente os últimos.
Para início de conversa devo confessar que caí no "conto" de Presses Universitaires de France e comprei sua Histoire Générale des Civilizations publicada sob a direção do sr. Maurice Crouzet que era na época, 1957, Inspecteur général de l'instruction publique; e é autor do último volume, que justamente versa sobre a História contemporânea. A coleção, composta de vários volumes, tem alguns razoavelmente bons, e até posso dizer que o volume do século XVI e XVII de Roland Mousnier é muito bom. Mas o volume escrito pelo próprio Maurice Crouzet é da mais deslavada e cínica inspiração comunista. Alguém talvez ache que e ssa inspiração é habilmente disfarçada. Nem isto, acho eu; e provo.
Vamos aos pontos nevrálgicos. Como é que esse falsificador conta a história da guerra II? Abrigado atrás de uma prestigiada metodologia que dá realce especial às causas materiais, o autor começa por tratar paralelamente e simultaneamente das duas guerras mundiais, para comparar e salientar as diferenças de concepções estratégicas e de armas. Na página 319, e com um tranqüilo cinismo, o autor descreve a fraqueza da Wehrmacht e fala no "bluff" de Hitler, sem lhe ocorrer que a França foi esmagada por essa fraqueza e por esse bluff.
Mas o mais espantoso é o seguinte: o leitor vê de repente que está numa guerra sem saber onde e porque começou. Não há nenhuma menção ao pacto germano-soviético para a partilha da Polônia e para o assassinato de milhões de judeus. Todos os velhos se lembram das sinistras figuras de Molotov e Ribentropp selando esse pacto infernal; mas os moços estão proibidos de saber que houve esse pacto e que a guerra começou pela invasão da Polônia, assaltada quase simultaneamente pelos demônios do comunismo e pelos demônios do nazismo.
Sim senhores, o volume de quase 1.000 páginas da História contemporânea não explica como começou a Guerra II e oculta a maior monstruosidade do século. Mas não se detém aí o cinismo do sr. Maurice Crouzet. Tendo de dizer alguma coisa sobre a Polônia, já que esse povo ainda existe e se acha acorrentado à Rússia soviética, o Inspecteur de l'instruction publique tem uma idéia genial: diz que foi a Polônia que quis agredir a Alemanha nazista e a Rússia comunista. É incrível mas aqui está o dolo, a falsificação na página 340: "Na Polônia, onde se forma desde 1939 um exército secreto dirigido ao mesmo tempo contra os alemães e contra os russos, as divisões são profundas entre comunistas e anti-comunistas".
E da Rússia de 1920 a 1930 não diz uma palavra sobre a fome espantosa provocada pela coletivização da propriedade agrícola; e muito menos sobre os socorros prestados por Pio XI e pela American Relief Association que salvou da morte milhões de russos.
No caso da Espanha o autor francês usa a mesma prestidigitação: põe-nos diante do levante militar e "fascisant", menciona o apoio dado pela Itália e pela Alemanha pela falange de Franco, mas não dá um pio sobre as razões que levaram os militares espanhóis a essa extremidade. E essas razões não são microscópicas. O que houve na Espanha, num dos mais belos países católicos do mundo, foi simplesmente o seguinte: os vermelhos incendiaram todas as igrejas; e não podendo infiltrar esquerdismo nas ordens religiosas como fizeram na França, os comunistas chegaram a esta límpida conclusão: "los curas? hay que matarlos". E mataram fartamente; violaram freiras, violaram mortas, expuseram cadáveres de carmelitas nuas e festejaram tal exibição de múmias de virgens oferecidas a Cristo. Tudo isto e muitíssimo mais. Pois bem, o volume VII da Histoire Générale des Civilizations não tem uma palavra para apresentar um fato que durante alguns anos cobriu de sangue um dos mais nobres e belos países do planeta.
Ah! esquecia-me. De todos os horrores praticados contra as mais indefesas criaturas, as Presses Universitaires de France só mencionam o bombardeio de Guernica, e reservam uma bela estampa de página inteira para o quadro de Picasso.
Disse que não mencionaram a fome de Moscou e da Rússia inteira? Esqueci-me de acrescentar: em compensação reservaram uma página inteira para a fome da Índia.
Essa obra canalha e falsificadora está traduzida e provavelmente muitos moços já firmaram suas convicções a respeito do que aconteceu no mundo nestes últimos anos. Daí o elevado número de pessoas que me atribuem excessiva contundência e exagerada indignação.
* * *
Falou-se muito do dia da Vitória. Que vitória? Ah! Sim, vitória das "democracias" sobre Hitler. Rio-me ou choro? Naquele tempo acompanhei com paixão todos os lances da guerra e tive horror à brutalidade nazista com toda a força de minha mocidade. Chorei quando vi num filme documentário alemão, UFA, a cena do estupro ritual da Polônia. Diante de uma porteira os tanques invasores estacionavam, e eu vi um oficial graduado avançar e violar a porteira com o passo de ganso. Rangi os dentes de ódio. E daí por diante era raro o dia sem lágrimas e ranger de dentes.
Mas agora, tantos anos depois, vejo que caí no mesmo erro geral em que o mundo inteiro caía. E qual era esse erro? Era simplesmente o de só ver um lado da guerra. No mesmo filme que anunciava o martírio da Polônia, não me veio à mente a idéia do outro lado. O monstro URSS esteve constantemente eclipsado pelas caretas de Hitler, pela encenação wagneriana do nazismo. O mundo inteiro só pensava, só falava numa guerra, a guerra convencional de Hitler, a guerra superficial que em 1941 já estava ganha pela Inglaterra; e todos deixavam de ver a verdadeira guerra: a guerra revolucionária, e o verdadeiro inimigo: o "ideal" socialista.
A União Soviética, depois do bombardeio de Helsinque, saiu completamente do noticiário e mergulhou na escuridão. E o tolo mundo inteiro, e eu dentro dele, pensava que o que importava era vencer Hitler. É curioso, é estranho, e sobretudo é humilhante pensar que as façanhas fulgurantes de um louco tenham despistado totalmente o mundo dito democrático. Em 1940 cai a França e os alemães entram em Paris. Pois bem, durante um ano e meio, quando ainda funcionava o pacto germano-soviético, os patriotas franceses da "Resistance" só viam o inimigo alemão e por uma inexplicável derrisão já começavam a ver nos comunistas o aliado. Subitamente, em junho de 41, Hitler ataca a URSS, num lance de loucura e desespero. E então a URSS sai da obscuridade e vem para a boca da cena como vítima e como aliada!!!
Passaram todos a ver na URSS uma vítima e uma aliada. E aí está a supremíssima estupidez em que todos caímos, e que hoje tem uma dolorosa evidência. O mundo ocidental dopado, mal armado de critérios, ENGANOU-SE DE INIMIGO. Churchill, o sagaz, o genial Churchill deixou confissão pública de sua total obnubilação. Ele só pensava em Hitler, Churchill, um inglês de pura raça, inteligentíssimo, ficou hipnotizado pelas caretas de um sinistro Carlitos. E no dia da invasão da URSS disse estas palavras aos seus pares para justificar o imediato apoio dado aos soviéticos: “Se Hitler invadir o inferno eu faço um pacto com satã”. E fez um pacto com o comunismo.
Precipitaram-se todos a ajudar a URSS quando já se tinham boas razões para cr er na vitória anglo-americana. Em 1942 os ingleses, primeiros inventores do radar, revidam os raids aéreos. Em ataques noturnos que se repetirão até o fim da guerra, destroem a Alemanha Ocidental. Tudo indicava que quanto mais longe afundavam na Rússia as tropas de Hitler mais próxima estava a vitória, sem necessidade de enviar 11 bilhões de dólares para o cúmplice da tragédia mundial, ou melhor, para o principal inimigo. Os alemães entraram Rússia adentro e chegariam ao estreito de Bhering se não fosse a estúpida idéia de ajudar os soviéticos. E até hoje estariam perdidos na Sibéria os farrapos da bandeira nazista.
O país que invadia facilmente a Rússia era mais um país em fuga do que um exército vencedor. Foi um regime agonizante que penetrou até Stalingrado, e o mundo inteiro, para glorificar o Inimigo Número Um inventou o apelido: vitória de Stalingrado.
Na continuação dos disparates temos em Ialta uma capitulação infinitamente mais grave do que a de Munique. O inimigo vencido recebe as honras de vencedor e ganha muito mais do que pretendia ganhar antes da guerra. A guerra começou porque os franceses e ingleses acharam que, depois de várias humilhações deviam honrar a palavra e não permitir a invasão da Polônia; termina a guerra com a entrega total da Polônia!!!
Mais tarde os anglo-americanos têm a idéia de armar o tribunal de Nuremberg para punir os crimes de guerra. A primeira sessão é presidida por um general soviético que trata logo de extraviar o processo do massacre de Katina. Nesse meio tempo os franceses também querem proceder à epuration, também querem castigar seus traidores. E o que fazem? Procuram os comunistas e inventam o amálgama democrata-cristão para fuzilarem sem processo 105 mil franceses.
* * *
Perguntei: Que vitória? A resposta é clara: vitória da guerra revolucionária, subterrânea, que vem minando a civilização desde a Reforma e da Revolução Francesa, e que esteve eclipsada por um efêmero anormal. Agora o inimigo espalhou-se e já se infiltrou no último lugar que esperava alcançar: a Igreja Católica.
Não me canso de pasmar diante de tamanho disparate
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ESQUERDISMO E DOENÇA MENTAL
Sobre Valores – Maynard Marques de Santa Rosa

"Quando um país se encontra à deriva, a vítima principal é a confiança, um ingrediente vital. Sem ela, grassa a insegurança e falta crédito na economia. Sem crédito, não há investimento. E sem investimento, não há progresso, nem emprego.

"O revisionismo cultural produzido pela opinião ideológica é antinatural e corrosivo. A Dra. Marie Louise von Franz concluiu, na década de 1950, que: “O sucesso da propaganda provoca uma repressão das reações inconscientes. E a repressão da massa leva à dissociação neurótica e à enfermidade mental, já que está em oposição aos nossos instintos
 
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