22/08 - GRAMSCI E A COMUNIZAÇÃO DO BRASIL |
O FORO DE SÃO PAULO
Por Anatoli Oliynik
Em
junho de 1988 foi realizada a 19ª Conferência do Partido Comunista da
União Soviética. Naquela oportunidade debateram-se os caminhos da
“PERESTROIKA” de Mikhail Gorbachev, e já se vislumbrava a eminente queda
do Muro de Berlim, o que de fato aconteceu em 9/11/1989.
Com
a queda do Muro e com o desmoronamento planejado do comunismo pela
União Soviética, Fidel Castro e as esquerdas latino-americanas perderam
seu tutor financeiro e ideológico, a Rússia. Era preciso, portanto,
articular a criação de um organismo que pudesse manter viva a “chama
ideológica marxista-leninista”, bem como orientar e coordenar as suas
ações comunistas no Continente.
Antes, porém, em janeiro de
1989, em Havana, por ocasião da reunião de cúpula do Partido Comunista
de Cuba e o PT do Brasil foi estabelecido que, se Lula não ganhasse as
eleições em novembro de 1989, deveria ser formada uma organização para
coordenar as ações de toda a esquerda continental e que a liderança e
organização do processo caberia a Luiz Inácio “Lula” da Silva. Portanto,
Fidel já sabia dos planos arquitetados na 19ª Conferência do Partido
Comunista e preparava terreno no Continente.
Aproveitando o poder
parlamentar que tinha o Partido dos Trabalhadores (PT) no Brasil, Fidel
Castro, com o apoio de Luis Inácio “Lula” da Silva, convocou os
principais grupos terroristas revolucionários da América Latina para uma
reunião na cidade de São Paulo. Acudiram ao chamado de Fidel e Lula,
além do próprio PT e do Partido Comunista de Cuba, o Exército de
Libertação Nacional (ELN), as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(FARC), a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) da Nicarágua,
a União Revolucionária Nacional da Guatemala (URNG), a Frente Farabundo
Martí de Libertação Nacional (FMLN) de El Salvador, e o Partido da
Revolução Democrática (PRD) do México.
O
primeiro Encontro aconteceu no Hotel Danúbio na cidade de São Paulo, no
período de 1 a 4 de julho de1990. O nome “FORO DE SÃO PAULO” foi adotado
na segunda reunião realizada na cidade do México, no período de 12 a 15
de junho de 1991, quando reuniu 68
Para dirigi-lo centralizadamente,
foi criado um Estado Maior civil constituído por Fidel Castro, Lula,
Tomás Borge e Frei Betto, entre outros, e um Estado Maior militar,
comandado também pelo próprio Fidel Castro, além do líder sandinista
Daniel Ortega e o argentino Enrique Gorriarán Merlo [1].
Em
1991, foram elaborados os estatutos do Foro e escolhida uma direção que
ficou composta pelo Partido Comunista Cubano (Cuba), Partido da
Revolução Democrática (México), Partido dos Trabalhadores (Brasil),
Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (El Salvador), Movimento
Lavalas (Haiti), Movimento Bolívia Livre e os 6 partidos integrantes da
Esquerda Unida (Peru) e da Frente Ampla (Uruguai, uma frente constituída
por diversos partidos e organizações, dentro da qual o Movimento
Tupamaros é hegemônico). Em 1992, a URNG - União Revolucionária Nacional
Guatemalteca, que agrupa várias organizações voltadas para a luta
armada, foi admitida como membro dessa direção.
A
partir do II Encontro, realizado no México no período de 12 a 15 de
junho de 1991, o FORO DE SÃO PAULO passou a ter CARÁTER CONSULTIVO e
DELIBERATIVO dos Encontros. Isso significa que as decisões aprovadas em
plenárias e constantes das Declarações finais passaram, a partir de
então, a ser consideradas DELIBERATIVAS, isto é, DECISÓRIAS EM TERMOS DE
ACEITAÇÃO e CUMPRIMENTO pelos membros do Foro, subordinando-os,
portanto, aos ditames dos Encontros na ação a ser desenvolvida em nível
internacional e nos respectivos países. Tais deliberações obedecem a uma
política internacionalista, com vistas à implantação do socialismo no
continente, fato que transfere para um segundo plano os interesses
nacionais e fere os princípios da soberania e autodeterminação. A Lei
Orgânica dos Partidos Políticos (LOPP) e a Constituição da República
definem que “A ação do partido tem caráter nacional e é exercida de
acordo com o seu estatuto e programa, sem subordinação a entidades ou
governos estrangeiros” (artigo 17 da Constituição e item II, artigo 5º
da LOPP). Isso no conceito dos dirigentes dos países membros do FORO DE
SÃO PAULO é letra morta.
O FORO DE SÃO PAULO
foi descoberto por José Carlos Graça Wagner, um advogado paulista e que o
denunciou publicamente em 1º de setembro de 1997, em painel realizado
na Escola Superior de Guerra, que versava sobre o tema “Movimentos
Sociais e Contestação Sócio-Política – a Questão Fundiária no Brasil”.
Com a sua morte, passou a acompanhar e denunciar a formação “eixo do
mal” pelo Foro de São Paulo, o jornalista, filósofo e ensaísta, Olavo de
Carvalho, o que lhe custou o emprego no jornal “O Globo” e muitos
outros periódicos nos quais era articulista.
O
FORO DE SÃO PAULO permaneceu no mais absoluto anonimato, eficientemente
protegido pela mídia brasileira, toda ela engajada no esquerdismo
marxista. O publico brasileiro, mais atento, somente tomou conhecimento e
muito discretamente, quase que imperceptivelmente, por ocasião do 7º
Encontro realizado na cidade de Porto Alegre em julho de 1997. Foi
apenas uma discreta aparição que a imprensa brasileira procurou ocultar
por meio da suspensão de todo e qualquer destaque que pudesse levantar
suspeitas do que se tratava esse encontro, apesar de presentes 158
delegados, 58 partidos procedentes de 20 países, 36 organizações
fraternas e cerca de 400 representantes de partidos e organizações de
esquerda do continente.
“Foi assim que nós pudemos atuar junto a outros países com os nossos companheiros do movimento social, dos partidos daqueles países, do movimento sindical, sempre utilizando a relação construída no Foro de São Paulo para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política. Foi assim que surgiu a nossa convicção de que era preciso fazer com que a integração da América Latina deixasse de ser um discurso feito por todos aqueles que, em algum momento, se candidataram a alguma coisa, para se tornar uma política concreta e real de ação dos governantes. Foi assim que nós assistimos a evolução política no nosso continente.”
“E
é por isso que eu, talvez mais do que muitos, valorize o Foro de São
Paulo, porque tinha noção do que éramos antes, tinha noção do que foi a
nossa primeira reunião e tenho noção do avanço que nós tivemos no nosso
continente, sobretudo na nossa querida América do Sul.”
“Por
isso, meus companheiros, minhas companheiras, saio daqui para Brasília
com a consciência tranqüila de que esse filho nosso, de 15 anos de
idade, chamado Foro de São Paulo, já adquiriu maturidade, já se
transformou num adulto sábio. E eu estou certo de que nós poderemos
continuar dando contribuição para outras forças políticas, em outros
continentes, porque logo, logo, vamos ter que trazer os companheiros de
países africanos para participarem do nosso movimento, para que a gente
possa transformar as nossas convicções de relações Sul-Sul numa coisa
muito verdadeira e não apenas numa coisa teórica.”
(Discurso de comemoração dos 15 anos do Foro, julho de 2005)
A
documentação acerca do FORO DE SÃO PAULO jamais teve ampla divulgação,
tendo sido inicialmente publicado apenas na edição doméstica do GRANMA,
órgão oficial do Partido Comunista Cubano. Na edição internacional nada
transpirou. Mais tarde, passou a ter algum tipo de noticiário restrito
em poucos jornais de alguns países e, até numa revista editada na
Argentina chamada “América Libre”, quase de circulação interna, dirigida
por Frei Betto.
O objetivo do Foro de São
Paulo é implantar governos socialistas na América Latina, via eleições
“democráticas”, que mais tarde serão convertidos em governos
totalitários, a exemplo do modelo cubano em vigor, tudo sob a falsa
retórica de “democracia”, tal como eles, os comunistas entendem. Os
campos de atividade do Foro são a subversão política e social de todo o
continente latino-americano. Veja-se o caso de Zelaya na embaixada
brasileira em Honduras. Tudo sob a falsa retórica da “democracia”,
repito. Trata-se, portanto, de uma organização que se mantém no
anonimato para que seus projetos totalitários não sejam identificados
antes que se complete o plano de dominação e implantação do pensamento
hegemônico no Brasil e no continente Latino-americano. Para este
desiderato o FORO DE SÃO PAULO conta com o apoio da ONU e da OEA.(...)
(...)Como
vimos, participam do FORO DE SÃO PAULO partidos e organizações de
esquerda, reformistas e revolucionárias; Partidos Comunistas que se
definem como marxistas-leninistas; organizações e grupos trotskistas;
Partidos Comunistas que continuam se definindo como
marxistas-leninistas-maoístas (da Argentina, Peru e Uruguai) e que
possuem uma articulação internacional própria em 17 países; Partidos
Socialistas filiados ou não à Internacional Socialista; organizações que
continuam desenvolvendo processos de luta armada, como as FARC e ELN,
na Colômbia e organizações que participaram da luta armada e hoje atuam
na legalidade, como o Movimento 19 de Abril, também da Colômbia e os
Tupamaros, do Uruguai.
Esta é, portanto, a
breve radiografia do FORO DE SÃO PAULO, uma organização que os
brasileiros não conhecem e a maioria nem sabe que existe, e cujo
objetivo maior é comprar a sua alma para vendê-la ao demônio.
[1]
Enrique Gorriarán Merlo foi o fundador do Exército Revolucionário do
Povo (ERP) e posteriormente do Movimento Todos pela Pátria (MTP).
Gorriarán Merlo foi, também, o autor do ataque terrorista em janeiro de
1980 ao regimento de infantaria La Tablada, em Buenos Aires, no qual
morreram 39 pessoas, e foi quem encabeçou a esquadra que assassinou
Anastásio Somoza em Assunção, Paraguai, em setembro de 1980. Organizou a
máquina militar do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), o mesmo
que tomou a residência do embaixador japonês em Lima
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MARLON ADAMI: O QUE É O FORO DE SÃO PAULO?
http://www.4shared.com/mp3/_qDxjDvkce
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