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Olavo de Carvalho - “A linguagem não é uma imagem do real”, assegura o Sr. Rorty, filósofo pragmatista e antiplatônico. Devemos interpretar essa frase no sentido que o Sr. Rorty chama “platônico”, isto é, como negação de um atributo a uma substância? Seria contraditório: uma linguagem que não é imagem do real não pode nos dar uma imagem real das suas relações com o real. Logo, a sentença deve ser interpretada no sentido pragmatista: nada afirma sobre o que é a linguagem, mas indica apenas a intenção de usá-la de um determinado modo. A tese central do pensamento do Sr. Rorty é uma declaração de intenções. “A linguagem não é uma imagem do real” significa rigorosamente isto e mais nada: “Eu, Richard Rorty, estou firmemente decidido a não usar a linguagem como uma imagem do real”. É uma tese “irrefutável”: não se pode impugnar logicamente uma expressão da vontade. Não há, pois, nada a debater: dentro dos limites da decência e do Código Penal, o Sr. Rorty tem o direito de usar a linguagem como bem entenda."
(...)
"Diante dessa dolorosa constatação, o Sr. Rorty alega que sua filosofia consiste em propor um vocabulário novo, no qual serão abolidas as distinções entre absoluto e relativo, aparência e realidade, natural e artificial, verdadeiro e falso. Ele reconhece que não tem nenhum argumento a oferecer em defesa da sua proposta, de vez que ela, “não podendo ser expressa na terminologia platônica”, está acima, ou abaixo, da possibilidade de ser provada ou refutada. “Por isto, conclui ele em nome de todos os pragmatistas, nossos esforços de persuasão assumem a forma de uma inculcação gradual de novos modos de falar“. O Sr. Rorty, portanto, não pretende convencer-nos da veracidade de suas teses: pretende apenas “inculcar-nos gradualmente” seu modo de falar, uma vez adotado o qual iremos gradualmente nos esquecendo de perguntar se o que se fala é verdadeiro ou falso. Mas inculcar gradualmente nos outros um hábito lingüístico, colocando-o ao mesmo tempo fora do alcance de toda arbitragem racional, é pura manipulação psicológica. Saímos, portanto, do terreno da discussão filosófica — que o rortyanismo recusa como “platônico” — para entrar no da sutil imposição de vontades mediante a repetição de slogans e a mudança de vocabulário. É o que George Orwell denominou Newspeak, a Novilíngua de1984.
Essa é talvez a razão profunda e secreta pela qual, após ter declarado
que os homens nada mais são do que bichos em busca do prazer, e de ter
reduzido a linguagem a um instrumento para os bichos mais fortes
dominarem os mais fracos, o Sr. Rorty ainda pode proclamar que “nós, os
pragmatistas, não nos comportamos como animais”, quando seu discurso
parecia indicar precisamente o contrário. É que eles são, na verdade,
amestradores de animais. Um domador de cavalos não argumenta com os
cavalos: usa apenas da influência psicológica para lhes “inculcar
gradualmente” os hábitos desejados."
https://olavodecarvalho.org/rorty-e-os-animais/
DA BURRICE AO TOTALITARISMO
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Pior é que a esquerda está redefinindo conceitos fundamentais só para
que a lei atinja os seus alvos e inimigos. Eis aqui 2 casos:
1
- URSS limpa sua reputação mudando a definição de genocídio - Em 1947 a
URSS conseguiu retirar "grupos políticos" da definição de genocídio da
ONU para não ser investigada e condenada por seus crimes, mantendo sua
reputação ilesa:
"Ademais, "todos os esboços iniciais da Convenção de Genocídio,
incluindo o esboço inicial do Secretariado da ONU, feito em maio de
1947, incluiam grupos políticos em sua definição. Os soviéticos, os
poloneses e mesmo alguns membros não-comunistas dos comitês da comissão
de redação objetaram" (Vladimir Tismaneanu, O Diabo na História)
2
- OMS redefine o conceito de PANDEMIA para abranger a gripe suína -
Mudando a definição de pandemia - Vários membros da comunidade
científica ficaram preocupados quando a OMS passou rapidamente para o
nível 6 de pandemia, no momento em que a gripe apresentava sintomas
relativamente leves. Isso combinado com a mudança na definição de níveis
de pandemia pouco antes da declaração da pandemia de H1N1 aumentou as
preocupações. Como destacou o Dr. Wolfgang Wodarg, epidemiologista
alemão e ex-membro da Assembléia Parlamentar na audiência pública em 26
de janeiro de 2010, a declaração da pandemia atual só foi possível
alterando a definição de pandemia e diminuindo o limiar da sua
declaração.
http://assembly.coe.int/CommitteeDocs/2010/20100604_H1N1pandemic_E.pdf
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O "direito" de perseguir e matar decorre do direito de
condenar e demonizar adversários (inimigos) e, antes disso, de redefinir
o que é bem e mal, certo e errado, verdade e mentira, com o aval da
população manipulada e acovardada. https://conspiratio3.blogspot.com/p/antiga-tecnica-totalitaria-da.html
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OLAVO DE CARVALHO - Eric Voegelin ensina que, nas civilizações antigas, como Egito e
Mesopotâmia, a idéia da "verdade" era idêntica à da ordem social
vigente. A noção de uma verdade divina superior à sociedade e acessível à
consciência individual mesmo CONTRA a ordem social só aparece na Grécia
-- primeiro no teatro, depois na vida de Sócrates -- e se consolida no
cristianismo.
Aqueles que hoje em dia se erguem contra qualquer
idéia que vá contra o "establishment" pertencem ainda a uma fase
civilizacional já superada há muitos milênios. - https://www.facebook.com/olavo.decarvalho/posts/10157353685507192
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VERDADE SUBSTITUÍDA POR CONSENSO
"No lugar da objetividade, temos apenas "inter-subjetividade "- em outras palavras, consenso.
Verdades, significados, fatos e valores são agora considerados negociáveis. O curioso, entretanto,
é que este subjetivismo de mente louca anda de mãos dadas com uma vigorosa censura.
Aqueles que colocam o consenso no lugar da verdade encontram-se distinguindo o verdadeiro do falso consenso.
Assim, o consenso que Rorty assume exclui rigorosamente todos os conservadores, tradicionalistas e reacionários ".
ROGER SCRUTON
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VERDADE SUBSTITUÍDA POR PODER - ROGER
SCRUTON "A ideologia comunista descartou a idéia de verdade como se
fosse uma construção burguesa. O que importava era poder — e você
batizou como verdade aquelas doutrinas que o fornecem. Essa maneira
invencível de marginalizar a realidade foi exposta para todos por
Orwell, Koestler, Solzhenitsyn e, mais recentemente, Havel. Somente a
educação em uma universidade moderna, com doses repetidas de Foucault,
Deleuze e Vattimo, pode cegar para os perigos de uma filosofia que vê o
poder como o verdadeiro objetivo do discurso. Infelizmente, essa
educação existe, e temos que viver com o resultado disso.
Todos os
que encontraram a máquina comunista estavam familiarizados com a
abolição da distinção entre verdade e poder, incluindo companheiros de
viagem como Eric Hobsbawm e Ralph Miliband, que aprovaram isso. O que
importava ao Partido Comunista era a meta: a instalação do controle
comunista sobre o máximo possível do mundo civilizado. O mito do “cerco
capitalista” — a descrição da expansão militar soviética como uma
“ofensiva de paz”, as invasões da Hungria, da Tchecoslováquia e do
Afeganistão como “assistência fraterna”: tudo parte da diplomacia da
pós-verdade. A falsificação do discurso político estendia-se às
minúcias. Os judeus eram perseguidos não como judeus, mas como parte da
conspiração burguesa-sionista-capitalista. Os católicos foram presos por
“subversão da república em colaboração com uma potência estrangeira”.
As tentativas da OTAN de instalar defesas antimísseis tornaram-se “atos
de agressão que desestabilizavam a Europa”. E assim por diante. O
resultado era uma espécie de discurso paranóico que não podia ser
respondido com argumento racional, já que cada argumento era mais uma
prova de que todos os que denunciavam as mentiras também as diziam. A
máquina de propaganda soviética enfrentava todos os fatos gritando a
plenos pulmões “mentiras!”, como um lógico louco que grita “essa frase é
falsa!”
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LEIS X ESTADO DE DIREITO - direitos fundamentais estão sendo violados por outros "direitos" https://youtu.be/0RgEmPF0ZPw?t=3445
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"PROIBIÇÃO DE PERGUNTAR". Não se trata aí, diz Voegelin, de uma simples resistência à análise, coisa que, decerto, também existia no passado. Não estamos falando apenas de um apego passional a opiniões (doxai) em face de uma análise (episteme) que as contrarie. Como esclarece o filósofo alemão: "Em vez disso, confrontamos-nos aqui com pessoas que sabem que, e por que, suas opiniões não podem resistir a uma análise crítica, e que, portanto, fazem da proibição do exame de suas premissas parte do seu dogma." (Eric Voegelin). Essa linguagem ideológica, sustentada sobre a proibição de perguntar, é um dos traços mais característicos do ambiente intelectual marxista e esquerdista de modo geral. (...) Gramsci foi, inegavelmente, um dos mais hábeis técnicos em linguagem ideológica. (FLÁVIO GORDON - A CORRUPÇÃO DA INTELIGÊNCIA)
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