Texto de Natan Sharansky
Dou respostas para três tipos de ceticismo. Primeiro, defendo que a liberdade é para todos. Hoje dizem que a liberdade política não serve para os árabes, ontem eram os russos que não eram afeitos à democracia, os japoneses, os latino-americanos. Para mim isso não passa de racismo. Meu princípio é o de que qualquer povo, se puder escolher, preferirá a liberdade ao medo.
Segundo: a minha segurança depende do nível de liberdade do meu vizinho. Como eu escrevo no livro, é preferível uma democracia que o odeie a uma ditadura que o ame. O motivo é simples: democracias precisam de paz para se desenvolver, ditaduras precisam de guerra para se manter. Cedo ou tarde, ditadores precisam de um inimigo externo para se legitimar. Já democracias, por mais hostis, têm a guerra como última opção, já que dependem do apoio de seu povo.
Terceiro: o mundo livre pode desempenhar um papel fundamental na propagação da democracia, mesmo sem disparar nem um tiro sequer. Isso porque ditaduras são muito fracas internamente, pois despendem muita energia para controlar sua própria gente. Portanto, o mundo livre deveria parar de apaziguá-las.
Em seu livro, o sr. insiste no termo "clareza moral" para definir o que deve dar o tom na democratização do mundo. Bush tem isso?
Sharansky - Clareza moral é entender que, com todas as grandes diferenças entre democracias, a diferença mais importante é entre as sociedades livres e as sociedades do medo. Nas democracias também há injustiças, mas elas podem ser corrigidas porque há instrumentos para isso. Sua pergunta é se os EUA têm padrões democráticos altos o suficiente para pregar sobre democracia. É claro que podemos falar de Watergate, de Guantánamo, mas é importante ver o desfecho que esses casos tiveram. Watergate levou ao impeachment de um presidente e [os maus-tratos em] Abu Ghraib levaram a punições. Nas ditaduras, as violações nem chegam ao conhecimento do público.
Artigo completo em:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2003200503.htm
Mais:
Liberdade e ordem
Lembranças da União Soviética
http://www.midiasemmascara.org/arquivos/3602-liberdade-e-ordem.html
*
Natan Sharansky é autor do livro NÃO TEMEREI O MAL onde relata sua luta para sobreviver moral e fisicamente ao Gulag soviético, que, aliás, ainda devo postar um trecho, pois é muito esclarecedor. Natan Sharansky descobriu por experiência concreta e diária dentro do sistema prisional soviético, que tinha que se ater à verdade dentro de si, caso contrário seria engolido por ele e não lhe restaria recursos para resistir. Acho que esse relato é mais uma contribuição ao que alguns autores afirmam: o comunismo não sobrevive à verdade, à honestidade, á transparencia. Ele só subsiste graças à propaganda, à manipulação, mentira sistemática, acobertamentos, desinformação, programação da mente, controle pelo terror, etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário