"A mentalidade revolucionária, com suas promessas auto-adiáveis,
tão prontas a se transformar nas suas contrárias com a
cara mais inocente do mundo, é o maior flagelo que já
se abateu sobre a humanidade. Suas vítimas, de 1789 até
hoje, não estão abaixo de trezentos milhões de
pessoas – mais que todas as epidemias, catástrofes naturais
e guerras entre nações mataram desde o início dos
tempos. A essência do seu discurso, como creio já ter demonstrado,
é a inversão do sentido do tempo: inventar um futuro e
reinterpretar à luz dele, como se fosse premissa certa e arquiprovada,
o presente e o passado. Inverter o processo normal do conhecimento,
passando a entender o conhecido pelo desconhecido, o certo pelo duvidoso,
o categórico pelo hipotético. É a falsificação
estrutural, sistemática, obsediante, hipnótica. O prof.
Duguin propõe o Império Eurasiano e reconstrói
toda a história do mundo como se fosse a longa preparação
para o advento dessa coisa linda." Olavo de Carvalho
Que é ser socialista?
Olavo de Carvalho
Jornal da Tarde, 28 de outubro de 1999
Jornal da Tarde, 28 de outubro de 1999
O socialismo matou mais de 100 milhões de
dissidentes e espalhou o terror, a miséria e a fome por um quarto da
superfície da Terra. Todos os terremotos, furacões, epidemias, tiranias e
guerras dos últimos quatro séculos, somados, não produziram resultados
tão devastadores. Isto é um fato puro e simples, ao alcance de qualquer
pessoa capaz de consultar O Livro Negro do Comunismo e fazer um cálculo elementar.
Como, porém, o que determina as nossas crenças
não são os fatos e sim as interpretações, resta sempre ao socialista
devoto o subterfúgio de explicar essa formidável sucessão de calamidades
como o efeito de acasos fortuitos sem relação com a essência da
doutrina socialista, a qual assim conservaria, imune a toda a miséria
das suas realizações, a beleza e a dignidade de um ideal superior.
Até que ponto essa alegação é intelectualmente respeitável e moralmente admissível? O ideal socialista é, em essência, a atenuação
ou eliminação das diferenças de poder econômico por meio do poder
político. Mas ninguém pode arbitrar eficazmente diferenças entre o mais
poderoso e o menos poderoso sem ser mais poderoso que ambos: o
socialismo tem de concentrar um poder capaz não apenas de se impor aos
pobres, mas de enfrentar vitoriosamente o conjunto dos ricos. Não lhe é
possível, portanto, nivelar as diferenças de poder econômico sem criar
desníveis ainda maiores de poder político. E como a estrutura de poder
político não se sustenta no ar mas custa dinheiro, não se vê como o
poder político poderia subjugar o poder econômico sem absorvê-lo em si,
tomando as riquezas dos ricos e administrando-as diretamente. Daí que no
socialismo, exatamente ao contrário do que se passa no capitalismo, não
haja diferença entre o poder político e o domínio sobre as riquezas:
quanto mais alta a posição de um indivíduo e de um grupo na hierarquia
política, mais riqueza estará à sua inteira e direta mercê: não haverá
classe mais rica do que os governantes. Logo, os desníveis econômicos
não apenas terão aumentado necessariamente, mas, consolidados pela
unidade de poder político e econômico, terão se tornado impossíveis de
eliminar exceto pela destruição completa do sistema socialista. E mesmo
esta destruição já não resolverá o problema, porque, não havendo classe
rica fora da nomenklatura , esta última conservará o poder
econômico em suas mãos, simplesmente trocando de legitimação jurídica e
autodenominando-se, agora, classe burguesa. A experiência socialista,
quando não se congela na oligarquia burocrática, dissolve-se em
capitalismo selvagem. Tertium non datur . O socialismo consiste na promessa de obter um resultado pelos meios que produzem necessariamente o resultado inverso.
Basta compreender isso para perceber, de
imediato, que o aparecimento de uma elite burocrática dotada de poder
político tirânico e riqueza nababesca não é um acidente de percurso, mas
a conseqüência lógica e inevitável do princípio mesmo da idéia
socialista.
Este raciocínio está ao alcance de qualquer
pessoa medianamente dotada, mas, dada uma certa propensão das mentes
mais fracas para acreditar antes nos desejos do que na razão, ainda se
poderia perdoar a essas criaturas que cedessem à tentação de “fazer uma
fezinha” na loteria da realidade, apostando no acaso contra a
necessidade lógica.
Ainda que imensamente cretino, isso é humano. É
humanamente burro insistir em aprender com a experiência própria,
quando fomos dotados de raciocínio lógico justamente para poder reduzir a
quantidade de experiência necessária ao aprendizado.
O que não é humano de maneira alguma é rejeitar
a um tempo a lição da lógica que nos mostra a autocontradição de um
projeto e a lição de uma experiência que, para redescobrir o que a
lógica já lhe havia ensinado, causou a morte de 100 milhões de pessoas.
Nenhum ser humano intelectualmente são tem o
direito de apegar-se tão obstinadamente a uma idéia ao ponto de exigir
que a humanidade sacrifique, no altar das suas promessas, não apenas a
inteligência racional, mas o próprio instinto de sobrevivência.
Tamanha incapacidade ou recusa de aprender
denuncia, na mente do socialista, o rebaixamento voluntário e perverso
da inteligência a um nível infra-humano, a renúncia consciente àquela
capacidade de discernimento básico que é a condição mesma da hominidade
do homem. Ser socialista é recusar-se, por orgulho, a assumir as
responsabilidades de uma consciência humana.
Olavo de Carvalho é autor do livro "O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA NÃO SER UM IDIOTA"
SOBRE A ARGUMENTAÇÃO DESONESTA QUE NÃO-ESQUERDISTAS ENFRENTAM DIARIAMENTE:
Lógica da canalhice
Olavo de Carvalho
O Globo, 31 de Março de 2001
O Globo, 31 de Março de 2001
Quando alguém me diz que o comunismo é coisa do passado, que advertir contra ele é açoitar um cavalo morto, tenho às vezes uma certa suspeita de estar conversando com um canalha. Não que o sujeito o seja necessariamente. Mas, a rigor, somente um canalha descontaria 1,2 bilhão de pessoas que ainda vivem sob a tirania comunista como uma quantidade negligenciável, um infinitesimal no infinito. Somente um canalha desprezaria como irrelevantes os 40 fuzilamentos mensais de mulheres chinesas (e seus respectivos médicos) que se recusam a praticar aborto. Somente um canalha se persuadiria de que, só porque meia dúzia de firmas americanas estão ganhando dinheiro em Pequim (como se já não tivessem faturado outro tanto na Rússia de Lenin), o comunismo se tornou inofensivo como um rinoceronte de pano. Somente um canalha fingiria ignorar que, após a dissolução da URSS, nenhum torcionário da KGB foi demitido, muito menos punido, e que a maior máquina de espionagem, polícia política, terror estatal e tortura institucionalizada que já existiu no universo, com um orçamento superior ao de todos os serviços secretos ocidentais somados, continua funcionando como se nada tivesse acontecido.
Somente um canalha induziria o povo a ignorar essas coisas, para que, quando a revolução que se prepara no Brasil com dinheiro do narcotráfico tomar o poder, ninguém perceba estar revivendo a tragédia da Rússia, da China e de Cuba.
Pois não é preciso ir para o exterior, basta olhar para o Brasil mesmo para ver a força monstruosa que o movimento comunista, seja lá com que nome for - pois ao longo da história ele mudou de nome muitas vezes, ao sabor de seus interesses do momento - vem adquirindo a cada dia que passa. Só para dar um exemplo, a difusão de idéias comunistas nas escolas, da qual muitos brasileiros ainda nem tomaram consciência, e que outros insistem em ignorar propositadamente (entre eles o ministro da Educação), já passou da fase de simples "doutrinação" para a do direto e franco estupro das consciências. Em milhares de escolas oficiais, professores pagos com dinheiro público usam de sua influência e de seu poder não apenas para instaurar o culto de líderes genocidas e o mito da democracia socialista, mas para intimidar e punir qualquer criança que não consinta em repetir seu discurso magistral. A mais leve divergência, às vezes a simples dúvida, sujeitam o aluno ao constrangimento diante dos colegas, incutindo nele o temor pelo futuro da sua carreira escolar e profissional. Meus próprios filhos passaram por isso, e recebo mensalmente dezenas de e-mails com relatos de situações similares. Chamar a isso "propaganda", "doutrinação", é brandura terminológica de quem não quer ver a gravidade do que se passa. E o que se passa é que o terrorismo psicológico já impôs seu domínio sobre os corações infantis, preparando-os para aceitar, como coisa normal, inevitável e até boa, um governo de assassinos e psicopatas como aquele que ainda vigora em Cuba e que já vigora nas regiões sob o domínio das Farc.
Em face disso, os brasileiros reagem... encobrindo fatos com palavras, amortecendo a consciência do perigo mediante chavões soporíferos, exibindo aquele ar de calma fingida que trai o medo, o pavor de encarar a realidade. Direi que isso é ingenuidade? Não. A ingenuidade não tem a astúcia verbal requerida para tamanho auto-engano.
Um leitor, todo empombado de falsa ciência, me escreve que o comunismo não foi mais violento do que as guerras de religião, o Santo Ofício, a queima de bruxas ou a Noite de S. Bartolomeu. Com aquele ar sabe-tudo de professorzinho de ginásio, cita o horror de Montaigne ante a crueldade das guerras civis de seu tempo e conclui que "a violência sempre esteve presente nas diferentes fases da história". Nada como uma frase-feita para um brasileiro brilhar falando do que não sabe. Nada como um belo chavão para igualar, numa pasta verbal uniforme, as mais prodigiosas diferenças. A Inquisição espanhola, o tribunal mais cruel de que se teve notícia antes do século XX, matou 20 mil pessoas ao longo de quatro séculos. O governo leninista completou cifra idêntica em poucas semanas. Ademais, quase todos os exemplos de crueldade em massa observados ao longo da história se deram por ocasião de guerras, seja entre estados, tribos ou grupos religiosos. A repressão soviética foi o primeiro caso de violência estatal permanente contra cidadãos desarmados, em tempo de paz. O exemplo proliferou. Quando os alemães começaram a enviar judeus a Auschwitz, 20 milhões de russos já tinham sido mortos pelo governo soviético. Mesmo ao término da sua obra macabra, em 1945, o nazismo, com toda a máquina genocida montada para esse fim, não tinha conseguido igualar a produtividade da indústria soviética da morte.
Sob qualquer aspecto que se examine, o socialismo não é de maneira alguma uma idéia decente, que se possa discutir tranqüilamente como alternativa viável para um país, ou que se possa, sem crime de pedofilia intelectual, incutir em crianças nas escolas. É uma doutrina hedionda, macabra, nem um pouco melhor que a ideologia nazista, e que, para cúmulo de cinismo, ainda ousa falar grosso, em nome da moral, quando condena os excessos e violências, incomparavelmente menores, que seus adversários cometeram no afã de deter sua marcha homicida de devoradora de povos e continentes.
Tão logo aceitamos a lógica infernal da sua propaganda, obscurecemos nossa inteligência, perdemos o senso da verdade e o senso das proporções. Perdemos até o senso do antes e do depois. Incutem-nos, por exemplo, a noção de que a guerrilha brasileira foi a única saída que lhes foi deixada pelo governo repressor que, em 31 de março de 1964, fechou todas as portas à oposição legal. Mas como pode ter sido isso, se a guerrilha começou em 1961, sempre dirigida e financiada desde Cuba? Dizem-nos que a "Operação Condor" foi uma conspiração internacional entre ditaduras, para sufocar movimentos pacíficos e democráticos. Mas como pode ter sido isso, se a tal operação só surgiu tardiamente, em resposta ao movimento armado tricontinental, dirigido desde Havana e financiado com dinheiro soviético? Mediante as lições dos mestres socialistas, desaprendemos até o senso instintivo da ordem temporal dos fatos.
Acreditar nessa gente, ainda que por breves instantes, é desmantelar o próprio cérebro, é destruir em nossas almas a capacidade para as distinções mais elementares e auto-evidentes. Por isso já não tenho mais paciência com pessoas que consentem que seus filhos sejam submetidos a esse tipo de estupidificação. Por um tempo, imaginei que fossem apenas idiotas, covardes ou preguiçosos. Mas a idiotice, a covardia e a preguiça têm limites: ultrapassado um certo ponto, transformam-se na modalidade mais requintada e sutil de canalhice.
Olavo de Carvalho é autor do livro "O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER PARA NÃO SER UM IDIOTA"
Mais sobre o tema:
"Ainda a canalhice"
"O paradoxo esquerdista"
"A autoridade religiosa do mal"
"O ovo do maluco"
"Mais um crime do capitalismo"
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DETURPARAM MARX...
DESENHOS DO GULAG
An important new book was published earlier this year. It’s called Drawings from the Gulag,
containing an extraordinary and disturbing collection of sketches by
one Danzig Baldaev, a former official in the NKVD, Stalin’s security
police. I was fully aware of the horror of the Soviet camp system from
the work of people like Alexander Solzhenitsyn and Varlam Shalamov among
others. But these graphic drawings give the sheer savagery of it all a
terrible immediacy.
A VERDADEIRA HISTÓRIA DO COMUNISMO SOVIÉTICO
(Agora queremos a verdadeira história do comunismo chinés, cubano, etc)
"Não temos compaixão e não lhe pedimos compaixão alguma. Quando chegar nossa vez, não inventaremos pretextos para o terror." (Karl Marx Newe Rheinische Zeitung, 19/05/1849 )
http://pessoas.hsw.uol.com.br/socialism.htm
ResponderExcluirDetalhe: em empresa do grupo Abril.
É, tem idéias gerais sobre o socialismo sonhado. Vc já viu uma água-forte de Goya chamada "O SONHO DA RAZÃO PRODUZ MONSTROS"?
ResponderExcluirPara que nós da Europa do Leste nos libertamos totalmente do assassino comunista, precisamos primeiro destruir o Ocidente podre que sustenta o comunismo! O sanguinário ditador Fidel Castro por exemplo e, sustentado pela Maçonaria Americana só porque Castro deixou a maçonaria livre em Cuba!
ResponderExcluirDeixa de ser idiota !!! Se o Ocidente sustentasse o Fidel e favorecesse seu regime, Cuba não seria submetida ao embargo que perdura até hoje.
ExcluirCOMUNISMO=FASCISMO=NAZISMO=RACISMO
ResponderExcluirOlavo tem sempre razão. Esse velho é demais.
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