"OS EUA E A NOVA ORDEM MUNDIAL - Um Debate entre Alexandre Dugin e Olavo de Carvalho".
Quais são os fatores e os atores históricos, políticos, ideológicos e econômicos que definem atualmente a dinâmica e a configuração do poder no mundo e qual a posição dos Estados Unidos da América no que é conhecido como Nova Ordem Mundial?
Essa é a pergunta que o cientista político russo Alexandre Dugin e o filósofo brasileiro Olavo de Carvalho procuram responder nesse debate, que atingiu momentos acalorados e polêmicos. Partindo de posições radicalmente diversas, cada autor esclarece como vê o atual conflito de interesses no plano internacional, elucidando quem são seus principais atores e quais as forças e objetivos envolvidos.
https://livraria.seminariodefilosofia.org/os-eua-e-a-nom
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Debate com Duguin – I
Descontado o cristianismo católico e protestante, do qual falarei mais tarde, as forças históricas que hoje disputam o poder no mundo articulam-se em três projetos de dominação global, que vou denominar provisoriamente “russo-chinês”, “ocidental” (às vezes chamado erroneamente “anglo-americano”) e “islâmico”.
Cada um tem uma história bem documentada, mostrando suas origens remotas, as transformações que sofreu ao longo do tempo e o estado atual da sua implementação.
Os agentes que hoje os personificam são respectivamente:
- A elite governante da Rússia e da China, especialmente os serviços secretos desses dois países.
- A elite financeira ocidental, tal como representada especialmente no Clube Bilderberg, no Council on Foreign Relations e na Comissão Trilateral.
- A Fraternidade Islâmica, as lideranças religiosas de vários países islâmicos e também alguns governos de países muçulmanos.
Desses três agentes, só o primeiro pode ser concebido em termos estritamente geopolíticos, já que seus planos e ações correspondem a interesses nacionais e regionais bem definidos. O segundo, que está mais avançado na consecução de seus planos de governo mundial, coloca-se explicitamente acima de quaisquer interesses nacionais, inclusive os dos países onde se originou e que lhe servem de base de operações. No terceiro, eventuais conflitos de interesses entre os governos nacionais e o objetivo maior do Califado Universal acabam sempre resolvidos em favor deste último, que embora só exista atualmente como ideal tem sua autoridade simbólica fundada em mandamentos corânicos que nenhum governo islâmico ousaria contrariar de frente.
As concepções de poder global que esses três agentes se esforçam para realizar são muito diferentes entre si porque brotam de inspirações ideológicas heterogêneas e às vezes incompatíveis.
Embora nominalmente as relações entre eles sejam de competição e disputa, às vezes até militar, existem imensas zonas de fusão e colaboração, ainda que móveis e cambiantes. Este fenômeno desorienta os observadores, produzindo toda sorte de interpretações deslocadas e fantasiosas, algumas sob a forma de “teorias da conspiração”, outras como contestações soi disant “realistas” e “científicas” dessas teorias.
As análises estratégicas de parte a parte refletem, cada uma, o viés ideológico que lhe é próprio. Ainda que tentando levar em conta a totalidade dos fatores disponíveis, o esquema russo-chinês privilegia o ponto de vista geopolítico e militar, o ocidental o ponto de vista econômico, o islâmico a disputa de religiões.
Essa diferença reflete, por sua vez, a composição sociológica das classes dominantes nas áreas geográficas respectivas:
1) Oriunda da Nomenklatura comunista, a classe dominante russo-chinesa compõe-se essencialmente de burocratas, agentes dos serviços de inteligência e oficiais militares.
2) O predomínio dos financistas e banqueiros internacionais no establishment ocidental é demasiado conhecido para que seja necessário insistir sobre isso.
3) Nos vários países do complexo islâmico, a autoridade do governante depende substancialmente da aprovação da umma – a comunidade multitudinária dos intérpretes categorizados da religião tradicional. Embora haja ali uma grande variedade de situações internas, não é exagerado descrever como teocrática a estrutura do poder dominante.
Assim, pela primeira vez na história do mundo, as três modalidades essenciais do poder – político-militar, econômico e religioso – se encontram personificadas em blocos supranacionais distintos, cada qual com seus planos de dominação mundial e seus modos de ação peculiares. Isso não quer dizer que cada um deles não atue em todos os fronts, mas apenas que suas respectivas visões históricas e estratégicas são delimitadas, em última instância, pela modalidade de poder que representam. Não é exagero dizer que o mundo de hoje é objeto de uma disputa entre militares, banqueiros e pregadores.
Embora nas discussões correntes esses três blocos sejam quase que invariavelmente designados pelos nomes de nações, Estados e governos, descrever a relação entre eles em termos de uma disputa entre nações ou interesses nacionais é um hábito residual da antiga geopolítica que não ajuda em nada a compreender a situação de hoje.
Só no caso russo-chinês o projeto globalista corresponde simetricamente aos interesses nacionais e os agentes principais são os respectivos Estados e governos. Isso acontece pela simples razão de que o regime comunista, vigorando ali por décadas, dissolveu ou eliminou todos os demais agentes possíveis. A elite globalista da Rússia e da China é os governos desses dois países.
Já a elite globalista do Ocidente não representa nenhum interesse nacional e não se identifica com nenhum Estado ou governo em particular, embora domine muitos deles. Ao contrário: quando seus interesses colidem com os das suas nações de origem (e isso acontece necessariamente), ela não hesita em voltar-se contra a própria pátria, subjugá-la e, se preciso, destruí-la.
Os globalistas islâmicos atendem, em princípio, a interesses gerais de todos os Estados muçulmanos, unidos no grande projeto do Califado Universal. Divergências produzidas por choques de interesses nacionais (como por exemplo entre o Irã e a Arábia Saudita) não têm sido suficientes para abrir feridas insanáveis na unidade do projeto islâmico de longo prazo. A Fraternidade Islâmica, condutora maior do processo, é uma organização transnacional: ela governa alguns países, em outros está na oposição, mas sua influência é onipresente no mundo islâmico.
A heterogeneidade e assimetria dos três blocos reflete-se na imagem que fazem uns dos outros, tal como transparece nos seus discursos de propaganda – um sistema de erros do qual se depreende a forte sugestão de que os destinos do mundo estão nas mãos de loucos delirantes:
- A perspectiva russo-chinesa (hoje ampliada sob a forma do eurasismo, que será um dos tópicos deste debate) descreve o bloco ocidental como (a) uma expansão mundial do poder nacional americano; (b) a expressão materializada da ideologia liberal da “sociedade aberta” tal como propugnada eminentemente por Sir Karl Popper; (c) a encarnação viva da mentalidade materialista, cientificista e racionalista do Iluminismo e, portanto, a inimiga por excelência de toda espiritualidade tradicional.
- O globalismo ocidental declara não ter outros inimigos senão “o terrorismo”, que ele não identifica de maneira alguma com o bloco islâmico, mas descreve como resíduo de crenças bárbaras em vias de extinção, e “o fundamentalismo”, noção em que se misturam indistintamente os porta-vozes ideológicos do terrorismo islâmico e a “direita cristã”, como se esta fosse aliada daquele e não uma de suas principais vítimas (de modo que o medo do terrorismo islâmico é usado como pretexto para justificar o boicote oficial à religião cristã na Europa e nos EUA!). A Rússia e a China não são apresentadas jamais como possíveis agressoras, mas como aliadas do Ocidente, a China na pior das hipóteses como concorrente comercial. Em suma: a ideologia do globalismo ocidental fala como se já personificasse um consenso universal estabelecido, só hostilizado por grupos marginais e religiosos um tanto insanos.
- O bloco islâmico descreve o seu inimigo ocidental em termos que só revelam sua disposição de odiá-lo per fas et per nefas, já que ora o apresenta como herdeiro dos antigos cruzados, ora como personificação do materialismo e do hedonismo modernos. A generosa colaboração da Rússia e da China com os grupos terroristas é decerto a razão pela qual esses dois países são como que inexistentes no discurso ideológico islâmico. Contornam-se com isso incompatibilidades teóricas insanáveis. Alguns teóricos do Califado alegam que o socialismo, uma vez vitorioso no mundo, precisará de uma alma, e o Islam lhe dará um.
https://olavodecarvalho.org/debate-com-duguin-i/
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THE USA AND THE NEW WORLD ORDERA Debate Between Olavo de Carvalho and Aleksandr Dugin https://inter-american.org/the-usa-and-the-new-world-order-a-debate/
The USA and the New World Order: A Debate Between Olavo de Carvalho and Aleksandr Dugin, the Brains Behind the New Russian Geopolitical Strategy
SOBRE O DEBATE OLAVO X DUGIN - Patapievici explica o Eurasianismo (Nacional-Bolchevismo) de Dugin e Putin (Legendado PT-BR) https://conspiratio3.blogspot.com/2020/08/sobre-o-debate-qlavo-x-dugin.html
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"Uma vez implementadas, tais linhas de crítica serão futuramente punidas e punidas com prisão e / ou reeducação! (...) O Presidente da Comissão Europeia e, portanto, o mais alto político europeu, apresentou abertamente a estratégia por trás dessa abordagem antidemocrática no Spiegel já em 1999: “Nós decidimos algo, então colocamos na sala e esperamos um pouco para ver o que acontece. Se não houver grandes gritos e revoltas, porque a maioria deles não entende o que foi decidido, então continuamos - passo a passo, até que não haja mais volta ”. Doze anos depois, ele acrescentou: "Quando as coisas ficam sérias, você tem que mentir." https://conspiratio3.blogspot.com/2021/01/caio-alemao-nom-invisivel-e.html
Olavo de Carvalho - Foi então que um grupo de bilionários criou o plano
estratégico mais maquiavélico da história econômica mundial --
inventaram a fórmula assim resumida ironicamente pela colunista Edith
Kermit Roosevelt (neta de Theodore Roosevelt): “A melhor maneira de
combater o comunismo seria uma Nova Ordem socialista governada por
‘especialistas’ como eles próprios.” Essa idéia espalhou-se como fogo
entre os membros do CFR, Council on Foreign Relations, o poderoso
think tank novaiorquino. A política adotada desde
então por todos os governos americanos (exceto Reagan) para com o
Terceiro Mundo, na base de combater a “extrema esquerda” mediante o
apoio dado à “esquerda moderada”, foi criada diretamente pelo CFR. O
esquema era infalível: se os “moderados” vencessem a parada, estaria
instaurado o monopolismo; se os comunistas subissem ao poder, entraria
automaticamente em ação o Plano B, o capitalismo clandestino. A
“extrema esquerda”, apresentada como “o” inimigo, não era na verdade o
alvo visado, era apenas a mão esquerda do plano. O verdadeiro alvo
era o livre mercado, que deveria perecer sob o duplo ataque de seus
inimigos e de seus “defensores” os quais, usando o espantalho da
revolução comunista, o induziam a fazer concessões cada vez maiores
ao socialismo alegadamente profilático da esquerda “boazinha”.
http://www.olavodecarvalho.org/semana/060611zh.html
Olavo de Carvalho - "Os
acontecimentos mais básicos dos últimos cinqüenta
anos são: primeiro, a ascensão de elites
globalistas, desligadas de qualquer interesse nacional
identificável e empenhadas na construção não
somente de um Estado mundial mas de uma pseudocivilização
planetária unificada, inteiramente artificial, concebida
não como expressão da sociedade mas como instrumento
de controle da sociedade pelo Estado; segundo, os progressos
fabulosos das ciências humanas, que depositam nas
mãos dessas elites meios de dominação social jamais
sonhados pelos tiranos de outras épocas."
http://www.olavodecarvalho.org/semana/091217dc.html
Nada o
ilustra melhor do que a renitente ignorância das elites brasileiras em
torno da questão do governo mundial. Nossos líderes empresariais e
políticos ainda vivem na época em que toda menção ao assunto podia ser
tranqüilamente rejeitada, com um sorriso de desdém, como “teoria da
conspiração”. No entanto, há pelo menos dez anos a ONU já declarou
oficialmente sua intenção de consolidar-se como administração
planetária: “Os problemas da humanidade já não podem ser resolvidos
pelos governos nacionais. O que é preciso é um Governo Mundial. A melhor
maneira de realizá-lo é fortalecendo as Nações Unidas” (Relatório sobre
o Desenvolvimento Humano, 1994).
O projeto do governo mundial é originariamente comunista (v. Elliot R.
Goodman, O Plano Soviético de Estado Mundial, Rio, Presença, 1965), e os
grupos econômicos ocidentais que se deixaram seduzir pela idéia,
esperando tirar proveito dela, sempre acabaram financiando movimentos
comunistas ao mesmo tempo que expandiam globalmente seus próprios
negócios. As fundações Ford e Rockefeller são os exemplos mais notórios.
Nesses como em outros casos, a contradição entre o interesse econômico
envolvido e as ambições políticas de longo prazo é origem de inumeráveis
ambigüidades que desorientam o observador e, se ele é preguiçoso, o
induzem a não pensar mais no assunto. https://conspiratio3.blogspot.com/2015/11/o-projeto-do-governo-mundial-e.html
OLAVO DE CARVALHO - O Brasil perante a nova ordem mundial https://conspiratio3.blogspot.com/2019/03/olavo-de-carvalho-o-brasil-perante-nova.html
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“A América é como um corpo saudável e sua resistência é tripla: seu patriotismo, sua moralidade e sua vida espiritual. Se pudermos minar essas três áreas, a América entrará em colapso desde dentro.” Stalin
Debate entre Olavo de Carvalho e Aleksandr Dugin - Leitura e comentários – Olavo de Carvalho
Palestra feita por Olavo de Carvalho na OAB de São Paulo em 2004. Uma introdução ao assunto Nova Ordem Mundial
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OLAVO DE CARVALHO - "Ideológicamente o eurasismo é diferente do
comunismo, mas, como definiu Karl Marx, ideologia é um vestido de idéias
a encobrir um esquema de poder. O esquema de poder na Rússia trocou de vestido, mas continua o mesmo." https://youtu.be/ZpjwJ_jRpMo?t=3483
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Resposta de Václav Havel aos soviéticos, que afirmam que "tudo é política": "No sistema "pós-totalitário", o verdadeiro pano de fundo dos movimentos que gradualmente assumem significado político não consiste normalmente em eventos abertamente políticos ou em confrontos entre diferentes forças ou conceitos. que são abertamente políticos. A maior parte destes movimentos tem origem noutros lugares, na área muito mais ampla do “pré-político”, onde viver dentro de uma mentira confronta viver dentro da verdade, isto é, onde as exigências do sistema pós-totalitário entram em conflito com os objectivos reais. da vida. Estes objectivos reais podem naturalmente assumir muitas formas. Às vezes aparecem como interesses materiais ou sociais básicos de um grupo ou de um indivíduo; outras vezes, podem aparecer como certos interesses intelectuais e espirituais; em outros momentos, podem ser as exigências existenciais mais fundamentais, como o simples desejo das pessoas de viverem as suas próprias vidas com dignidade. Tal conflito adquire, portanto, um carácter político, não devido à natureza política elementar dos objectivos que exigem ser ouvidos, mas simplesmente porque, dado o complexo sistema de manipulação em que se baseia o sistema pós-totalitário e do qual também depende, todo ato ou expressão humana livre, toda tentativa de viver dentro da verdade, deve necessariamente aparecer como uma ameaça ao sistema e, portanto, como algo que é político por excelência." https://web.archive.org/web/20120107141633/http://www.vaclavhavel.cz/showtrans.php?cat=clanky&val=72_aj_clanky.html&typ=HTML
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DO VÍDEO DE PATAPIEVICI CONTRA O EURASIANISMO - Palavras finais de Horia-Roman Patapievici acerca de Olavo de Carvalho
em seu debate com Dugin: “Encerro, dizendo-vos o seguinte.
Negligenciei Olavo de Carvalho e errei. Não tive tempo à disposição para
lhe dar lugar. Porque a voz dele é completamente diferente. É uma voz
da racionalidade, da informação científica e da coragem moral. Porque
não encontrareis uma voz que ladra, não encontrareis uma voz que se
lamenta, uma voz que treme e que diz, como fez a comissária de política
externa da União Européia, Mogherini, que rompeu em choro quando
aconteceu não sei que atentado. Não rompe em choro, não, tens de fazer
tremer os que cometeram o crime. Ora, Olavo não tem a voz que treme, tem
a voz viril, do lutador, mas que é o lutador individual que sabe em que
valores crê e que sabe que esta luta merece ser travada. Porque, no
fundo, é a luta pela nossa civilização e por toda a diferença que faz a
evolução lenta, de dezenas milhares de anos, até em 1780 e a evolução
espetacularmente exponencial de 1780 em diante, que é o dom concedido à
humanidade pela modernidade.” https://olavodecarvalhofb.wordpress.com/2016/12/18/elpidio-fonseca-2/
A direita depende da verdade e a verdade depende da direita. Se não fizermos nada por ela, a mentira e a censura nos transformarão na esquerda totalitária que tanto nos horroriza.
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"Quando se deixa de acreditar em Deus, passa-se a acreditar em qualquer coisa." G. K. Chesterton
REZE PELO BRASIL. REZE PELA VERDADE.
Ela está em perigo de extinção permanente, substituída por ideologias e pretextos.
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